O pervertido Naruhiro
O sol já estava se pondo e o tempo ficava mais frio. As nuvens estavam em cor de fogo e uma brisa estava se manifestando na cidade de Osaka.
Um homem de mais ou menos trinta e quatro anos, de cabelos ruivos e espetados, pele branca, olhos amarelos e usando um quimono vermelho, caminhava tranquilamente na cidade. Ele parecia procurar por algo, já que os seus olhos iam para um lado e para o outro.
De repente, ele encontra uma mulher morena, pele branca, olhos negros, usava um quimono vermelho também e tinha seios fartos. O homem estava olhando diretamente para os seios da mulher. Estava muito discreto e ela estava distraída, caminhando um pouco longe dele. Estava de lado.
O homem corre até a mulher e esta tem sua atenção tomada por ele.
— Não acredito! Naruhiro, pare! — Grita a mulher e sai correndo.
— Eu quero tocar neles! Venha aqui! — Disse o homem, chamado Naruhiro.
Algumas pessoas estavam olhando para eles enquanto faziam suas atividades. A cidade não estava muito movimentada e conservava aquela aparência típica de Japão Feudal.
A mulher corria, mas já estava cansada. Ela vê um outro homem, de mais ou menos trinta e três anos, cabelos negros que cobriam as orelhas, olhos da mesma cor, sardas no rosto e tinha uma túnica estilo RPG de cor marrom, acompanhada de um cachecol.
— Miwa! Ele está me incomodando de novo! — Grita a mulher.
O homem chamado Miwa olha para eles, mas parece desapontado com a situação, como se ele já soubesse o que estava acontecendo.
— Todo dia isso. — Disse Miwa, com uma voz sombria.
A mulher se esconde atrás de Miwa e ambos vêem Naruhiro parar de correr na frente deles.
— Você andou treinando, hein, mulher? — Disse o ruivo.
— Naruhiro, eu já estou cansado de ver você correndo atrás de Akura. — Responde Miwa.
— Bem, é só não ficar no nosso caminho.
Miwa olha friamente para Naruhiro.
— Bem, uma coisa que direi. Se não quer que eu mencione aquela mulher para você, então pare.
Isso deixou Naruhiro mais quieto. Ele simplesmente sai e ignora qualquer tipo de ofensa que possa vir.
— Vou pescar. — Disse o ruivo.
— Pescar? Mas é perigoso. — Disse Akuna.
— Deixe ele. É melhor pescar do que lhe incomodar, não concorda? — Indaga Miwa.
— Bem, você tem razão. Obrigada, Miwa. — A mulher sorri.
— Certo. — O homem apenas sai de perto.
Miwa conservava aquela personalidade fria e reservada. Não era de muito papo e estava sempre com cinco anéis em seus dedos da mão direita. Cada anel tinha uma cor, o que poderia significar algo para ele.
— Bem, eu vou voltar para casa e descansar. Quase arrebentei minhas sandálias por causa do Naruhiro. — Disse Akuna.
Enquanto isso, já anoitecendo, nossos heróis estavam chegando em Osaka. Estavam montados em cavalos feitos da energia vital de Bygan, o chi. Como dito antes, ele tinha a capacidade de projetar qualquer coisa com o seu chi, inclusive animais.
— Então esta é a cidade de Osaka. — Disse Mokuro.
— Sim, é aqui mesmo. — Responde Bygan.
Nossos heróis saem dos cavalos, que somem. Ficaram olhando um pouco para a entrada da cidade, até que de repente, Kasira fica com o rosto corado. Sentia alguém ter puxado sua calça para trás e estivesse talvez olhando sua calcinha.
— Mas o que é isso? — Indaga Mokuro, que nota algo de diferente em Kasira.
— Você tem uma calcinha bonita e uma bunda bem saliente, menina. — Dizia aquele que era Naruhiro.
— Mas o que significa isso? — Katana fica na frente de Kasira e saca sua espada.
Naruhiro estava emanando calor em suas mãos, além de uma esfera feita de energia gélida.
— Senhor Naruhiro, está tudo bem. — Aparece Bygan na frente de Naruhiro.
Todos olham para o menino confusos.
— Você o conhece? — Indaga Mokuro.
— Senhor Mokuro…
Naruhiro ri com um catarro preso na garganta. Fica fazendo isso muito alto.
— Você ainda chama todo mundo de senhor e senhora? Moleque, esse rapaz tem idade para ser seu irmão. — Disse Naruhiro.
— Bem… — Bygan fica sem jeito.
— Ô pirralho. — Chama Katana, que guarda sua espada. — Quem é ele?
— Bem, este é um integrante dos Heróis de Shogun, o Senhor…
— Eu tenho boca. Deixe que eu me apresento, moleque. — Disse o ruivo. — Meu nome é Naruhiro Akaruma, integrante dos Heróis de Shogun. Sou conhecido por ser o rei das mulheres. — Fazia uma expressão no rosto com um sorriso para tentar seduzir Kasira e Katana.
A ninja olha para ele como se não tivesse gostado e disse:
— Para mim, parece um fracassado.
— Também não gostei de você. Não tem peito, não tem bunda, é só uma tábua ambulante.
— Como é que é?! — Katana fica irritada e Mokuro tenta segurá-la.
— Calma. Não podemos esquecer que ele é membro dos Heróis de Shogun. Temos que recrutá-lo por ordens do imperador. — Disse o rapaz.
Katana fica quieta na dela e vê Mokuro se virar para Naruhiro.
— Bem, Naruhiro. Sou Mokuro Otsubaki. Sou o Guardião da Paz. Esta é Katana e esta é a minha amiga, Kasira Takayoshi.
— Sempre achei que fosse sua namorada. Vocês formam um belo casal. — Disse Naruhiro, com os braços cruzados.
Kasira fica um tomate e Mokuro fica tímido.
— "Bem, ele não está mentindo. Os dois formam mesmo um belo casal".— Pensa Katana.
— Bem, eu já sei do que se trata. O imperador nos chamou, não é? Por isso o moleque está aqui.
— Sim, seria isso. — Mokuro esperava que o ruivo aceitasse a ideia de ir com eles para Edo.
— Bem, mandem lembranças ao imperador.
— Mas Senhor Naruhiro. O senhor não vem?
O ruivo olha para eles. Estaria quase os deixando para trás.
— Tem algo que vocês podem fazer para que eu mude de ideia.
— O que seria? — Indaga Kasira.
— Quero que consigam uma calcinha de uma garota que…
— Ah, seu pervertido! — Grita Katana.
— Então estou saindo.
Todos olham confusos com esse favor que Naruhiro tinha pedido, até que Kasira grita:
— Eu o ajudo! Se é para que venha conosco, eu faço o que você quiser.
Isso faz Naruhiro parar de caminhar. Ele estava de novo quase saindo de perto deles.
— Mesmo, rosadinha? — Indaga Naruhiro que se vira para ela.
— Sim. — A garota fica corada.
Katana olha para ela e indaga:
— Tem certeza que vai fazer isso?
— Sim, Katana. Não tem outra alternativa. Se é isso que vai fazer com que ele venha conosco, então eu farei.
— Coragem…
Naruhiro se aproxima deles e Mokuro fala:
— Bem, então está decidido. Aliás, Naruhiro, sabe se tem outro Herói de Shogun aqui?
— Claro que tem. O mal humorado do Miwa. — Responde Naruhiro.
— O Senhor Miwa está aqui? Nossa!
— O que tem de mais nele? — Indaga Mokuro.
— No caminho eu lhes explico. Senhora Kasira. — Bygan se vira para a rosada, que ao olhar para ele, dá um sorriso.
— Diga, Bygan.
— Boa sorte com o Senhor Naruhiro.
— Obrigada. Nos vemos logo.
— Certo. Até mais. — Mokuro acena para os dois. Tinha Katana e Bygan consigo.
Agora, só estava Kasira e Naruhiro na entrada da cidade.
— Kasira, não é? — Indaga o ruivo.
— Sim, isso mesmo. — A garota sorri para ele.
— Bem, venha comigo. Irei lhe contar o que eu preciso que faça. Já disse que quero que pegue a calcinha de uma mulher, mas é alguém em específico.
Kasira achou isso interessante. Queria de fato que Naruhiro fosse com eles até Edo. Se esse favor era o requerimento para que ele ingressasse na turma, então não tinha outra alternativa senão fazê-lo.
Kasira e Naruhiro param em uma casa de madeira. Ela tinha uma área coberta na frente e uma porta de correr. Havia um kanji de primavera colado na parte superior da porta e Naruhiro a abre.
— Fique à vontade. Pode entrar primeiro. — Disse o ruivo.
Kasira tinha gostado do cavalheirismo e adentrou a casa de Naruhiro. Tinha uma mesa de chão onde ele fazia suas refeições, retangular e quatro almofadas. Estava no canto da casa e tinha uma rede no outro lado. Havia um tapete feito de pele de animal de cor marrom, parecia pêlo de urso e havia outra porta de correr. As paredes tinham fotos de Naruhiro com uma mulher parecida com Akuna, mas os cabelos eram rosas. Lembrava um pouco ela e um pouco Kasira.
A garota tinha gostado da casa de Naruhiro e fala:
— Bonita a casa.
— Obrigado. — O ruivo sorri. — Bem, eu quero que você vá até uma casa que tem depois de dois quarteirões e procure por Akuna Kitsuna. É uma mulher de trinta e um anos que tem os seios fartos. Faça amizade com ela e busque de alguma maneira pegar a calcinha dela. Pode fazer isso?
Kasira achou confusa da parte de Naruhiro querer a calcinha da tal de Akuna.
— Está bem, vou ver o que posso fazer… — Disse Kasira. — Mas posso perguntar uma coisa?
— O que é?
— Quem é essa mulher?
Naruhiro fica em silêncio e responde:
— Ela é minha falecida esposa. Seu nome era Sakura Akirima. Era dois anos mais nova que eu.
Kasira faz uma expressão de lamentação.
— Ela teria morrido de uma doença grave. Tinha escondido isso de mim e eu, o idiota não percebeu. — Naruhiro faz uma expressão agressiva, mas era consigo mesmo. — Ela morreu por conta de que eu não notei sua doença e agora, eu sinto muito a falta dela. Como eu queria ela nos meus braços, cuidando de mim, para que eu provasse a comida dela de novo ou então, que dançasse para mim. — Uma vontade de chorar invade sua situação atual. — Como eu queria ela de volta.
Naruhiro estava sentado na mesa e Kasira põe a mão em seu ombro.
— Olha, eu tenho certeza que ela está olhando para você de algum lugar. — Disse Kasira. — Talvez ela estivesse orgulhosa de ter alguém que pense nela todos os dias. Que conserve suas fotos para se lembrar dela. Mas eu acho que você não devia ser mal consigo mesmo. Não foi sua culpa. Ela deve ter escondido o que sentia para que não o machucasse. E se ela se foi, talvez porque tinha uma causa.
Naruhiro olha para Kasira e vê a imagem de Sakura, sua esposa, em sua mente. Kasira era idêntica à ela.
— Olha, garota. Você me lembra muito minha esposa. Até seu sorriso gentil e cheio de pureza me lembra o dela. — Naruhiro se segura para não chorar.
Kasira fica tímida.
— Bem, eu vou fazer o seu favor. Até depois.
Ela sai de lá, mas era óbvio que não queria pegar a calcinha de Akuna. Tinha que bolar outra coisa, mas não sabia o que era. Até que uma ideia lhe veio à mente.
Enquanto isso, Naruhiro se pôs a chorar.
— Sakura… Eu sinto tanta a sua falta… — Naruhiro diz em lágrimas. Estava com o rosto sobre a mesa, com os braços a confortá-lo. Enfim, estava de bruços e chorava bastante. Sentia muita saudade de Sakura. Usava sua perversão para esconder sua saudade, mas sentia que não funcionava, ainda mais com Kasira e Akuna que lembravam sua falecida esposa.
Enquanto isso, Kasira vai até onde estava Akuna. Teria a encontrado deitada na frente de sua casa, com uma toalha sobre o chão. Ela estava deitada sobre essa toalha. A garota percebe que ela era um mulherão. O corpo escultural e os seios fartos, além dos cabelos serem compridos e estarem espalhados pelos ombros. Era uma mulher muito bonita, por isso Naruhiro era louco por ela.
— Com licença. — Disse Kasira.
— Sim? Posso ajudar? — Indaga Akuna.
— Eu sou do Centro das Cerejeiras e vim aqui para Osaka porque eu… Estou fazendo uma viagem ao Japão. Eu sempre quis conhecer o país e nunca tive a oportunidade.
Akuna olhava para Kasira e tinha mesmo o jeito de não ser de Osaka.
— Queria comprar algumas lembranças para me lembrar da minha primeira viagem para conhecer o Japão e…
— Claro que eu a ajudo. O que acha de me levar algum dia desses para o Centro das Cerejeiras? — Akuna se levanta e fica de frente para ela.
— Err… Claro…
— Não se preocupe, hoje eu nem penso em sair daqui. Mas quando você voltar, quero que me leve para o Centro das Cerejeiras.
— Fechado!
— Agora vejamos… Uma lembrança que seria boa para você levar é uma roupa. Vamos até uma loja de roupas.
Kasira tem uma ideia. Iria comprar um quimono e mais um biquíni, onde daria sua calcinha para Naruhiro e fingiria que era de Akuna. Se pedisse a calcinha para a mesma, ela iria desconfiar.
Logo, elas estavam indo para uma loja de roupas. Tinha todo o tipo de roupa e haviam duas garotas gêmeas e mais um homem no caixa. As garotas só tinham a diferença dos cabelos, onde uma era loira e a outra era morena. Entretanto, conservavam a pele branca e um quimono vermelho, de uniforme. O homem tinha os cabelos negros e os três pareciam ter um certo parentesco.
— Oi, Irika. Oi Urika! — Fala Akuna, quando chega junto com Kasira. — Olá, Senhor Okura.
— Oi, Akuna! — A loira, Urika, vai até Akuna. — Quer alguma coisa?
— Não, não. Quero que ajude minha amiga a escolher umas roupas para ela. — Akuna para e olha para Kasira.
— Claro. E como você se chama? — Indaga Urika.
— É Kasira Takayoshi.
— Prazer. E bem, olhando para o tipo de pessoa que você é, vou arrumar uma roupa bem bonita.
— Sim. Ela é bonita, não é, Urika?
— É sim.
Kasira ficou tímida com os elogios. Ela sempre ficava assim quando a elogiavam ou ficavam muito tempo olhando para ela.
Logo, Urika ajudou Kasira a escolher algumas roupas. A garota aproveitou e escolheu também roupas de baixo.
Ela teria experimentado um quimono azul claro, com chinelos da mesma cor. Ela também fingiu ter tirado as roupas íntimas que iria comprar e guardou as que estava usando no lugar das que iria comprar.
Depois de tudo feito, Akuna pagou as roupas para Kasira e disse que faria isso para uma nova amiga que tinha feito.
De fato, ambas ficaram muito amigas. Kasira adorou ter conhecido Akuna. Achou-a muito simpática e querida. Agora, depois de ter se despedido de sua nova amiga e ter jurado que iria levá-la para o Centro das Cerejeiras, ela voltou para a casa de Naruhiro.
Chegando na casa do mesmo, já eram nove e meia da noite.
Entretanto, ela se surpreende porque a porta estava aberta. Talvez tivesse deixado ela entrar quando chegasse. Viu que ele estava dormindo e tinha os olhos inchados.
Kasira deixou a calcinha ao lado dele e estava com o rosto vermelho.
— "Não acredito que fiz isso."— Pensa a garota. — "Bem, quem sabe Mokuro tenha gostado das minhas roupas. Espero que sim. Vamos ver se ele me nota um pouco. Ele é meio lerdo, para ser sincera".
Ela vê que tinha a porta de correr aberta, a outra que tinha oposta à da entrada da casa. Tinha uma cama bem arrumada. Naruhiro teria esperado por ela e arrumado tudo para que quando chegasse, ela fosse dormir.
Kasira gostou da atitude de Naruhiro e mesmo que Katana o achasse pervertido, no fundo, ele era uma boa pessoa. Ela deu um beijo na testa do ruivo e em seguida, foi dormir. Estava acordada, no entanto. Com a porta de correr, ambas fechadas, ela olha para o teto. Pensava se Mokuro agora iria notá-la ou não.
Depois de muito pensar nisso, acabou dormindo e assim, a noite toma a posse do descanso de todos de Osaka.