Mokuro e Katana se encontram
Chegava perto do meio-dia.
A primeira parada de Mokuro e Kasira seria na cidade de Quioto, local onde iriam se encontrar com a Defensora da Justiça. Eles tinham que procurar por esta e também por um integrante dos Heróis de Shogun que morava na cidade. Em seguida, teriam que ir até Osaka, onde ficariam mais dois heróis e por último, teriam que ir para a Ilha de Okinawa. Seria uma jornada bem extensa, onde poderia levar dias. A última parada era em Edo (Tóquio), onde vive o Imperador do Japão, alvo principal da organização conhecida como Chou.
O sol estava fraco e o frio tomava conta da cidade. Mokuro e Kasira finalmente chegaram e um sentimento de nostalgia veio neles. Isto porque Mokuro nasceu em Quioto, mas viveu nas ruas da mesma. Por outro lado, Kasira e seu pai sempre vinham para a cidade por conta das feiras, mas nunca chegaram a explorar a cidade, ainda mais que a garota de cabelos rosados não sabe, tão pouco conhece o integrante dos Heróis de Shogun.
Nesse meio tempo, uma pessoa encapuzada, usando uma roupa preta estava os seguindo, mas se escondia em alguns lugares para não ser notado. Assustava algumas pessoas que passavam, mas ela sinalizava para ficarem em silêncio ou chamaria atenção de Mokuro e Kasira.
A cidade estava bem movimentada. As pessoas riam, conversavam, aproveitavam as promoções que eram realizadas pelos vendedores, enfim, curtiam aquele momento. Homens se reuniam para falar de seus feitos, já que tinham alguns espadachins, além de outros profissionais, mulheres geishas se reuniam. Para conversar sobre suas vidas e colocar as fofocas em dia e de vez em quando, aparecia uma criança ou outra para brincar e correr por aí, mas que estavam sendo monitoradas pelos seus pais.
— O bom nessa cidade é que ela é bem movimentada, não é? — Indaga Mokuro.
— É sim. — Responde Kasira.
Um ronco era ouvido e vinha do estômago de Mokuro.
— Você está com fome? — Kasira indaga, corada.
— Sim.
A garota sorri. Ela sempre gostou de cuidar de Mokuro, mas nunca imaginou ter que pagar algo para ele e essa seria sua primeira vez.
— Venha. Vamos em algum restaurante aqui por perto. Depois podemos procurar pela Defensora da Justiça. — Sugere Kasira.
— Boa ideia. — Mokuro sorri.
Não demoraram muito a encontrar um restaurante. Havia um logo adiante e tinha o telhado vermelho, a parede era preta e a porta de entrada também era vermelha. Tinha uma estrutura grande, que poderia abrigar dez por cento da população de Quioto.
— É bonito, não é? — Indaga Kasira.
— É sim. — Rssponde Mokuro.
Eles entram no restaurante e por dentro tinha as paredes pretas também. No meio, tinha um balcão da mesma cor e as mesas também. As cadeiras eram vermelhas e cada mesa tinha um menu. O material das cadeiras e mesas eram de madeira, assim como toda a estrutura do restaurante.
Mokuro e Kasira se sentaram perto da janela. O restaurante estava bem movimentado, com as garçonetes caminhando para lá e para cá. Eram três. Os cozinheiros estavam trabalhando duro, sendo três também.
— Olá, bem-vindos ao Restaurante de Quioto. Meu nome é Kirima Ishigawa. No que posso ajudá-los? — Uma garota de cabelos negros, sendo que havia uma franja que lhe cobria apenas um dos olhos da mesma cor, pele branca, batom amarelo e usando um quimono vermelho com brilho em ouro, aparecia para atender Mokuro e Kasira.
— Oh, sim. Eu vou querer comer um pouco de temaki. — Responde Mokuro.
— Eu quero o prato do dia. — Disse Kasira.
— Certo. Vou passar para os chefes. — Kirima tinha anotado os pedidos dos dois e ela vê quem chegava agora no restaurante.
Uma anciã de cabelos platinados presos em um coque, pele branca, olhos acinzentados, usava um quimono vermelho fraco e tinha mais um xale nos ombros.
— Senhora Uchida, a senhora vai querer o de sempre? — Indaga Kirima, que ia na mesa da anciã.
Esta tinha percebido a presença de duas pessoas que não eram de Quioto, mas não se tratava de Mokuro e Kasira e sim de uma ninja que estava sentada atrás de Mokuro e virada para ele, ou seja, na outra mesa e mais aquela pessoa encapuzada, que tinha coberto seu rosto com um cardápio.
— Sim, minha querida. O de sempre. — Seu nome era Yunma Uchida. Era conhecida por ser a moradora mais antiga de Quioto. Adorava frequentar o restaurante e sempre que podia, Kirima aceitava que ela pagasse fiado, mas não podia abusar muito disso, senão poderia perder o emprego.
Enquanto a garçonete foi levar os pedidos para os chefes, Yunma também nota a presença de Mokuro e Kasira. Ficou impressionada com algo. Era como se ela já soubesse do que se tratava. Tinha um nível de intuição muito forte e segundo o que ela dizia, Mokuro e a ninja já se encontraram, mas não se descobriram. Ela sabia que ele era o Guardião da Paz e a ninja, que sim, meu amigo leitor, é Katana e é a Defensora da Justiça. Também deduziu que Kasira estava apaixonada por Mokuro, mas nunca ousou comentar isso com ele por conta de sentir vergonha. Tinha vontade de aproximar os dois, mas como se tratava do amor, deixaria que a própria garota resolvesse isso. Quanto a Mokuro e Katana, eles tinham que se descobrir. Estavam destinados a se descobrirem e buscar proteger o Imperador do Japão, que sofria com as ameaças de Chou. No entanto, de alguma maneira, sua intuição não dizia nada a respeito da pessoa de capuz. Por que com ele não funcionava o seu alto nível de dedução?
Yunma vê Kirima entregando os pedidos para Mokuro e Kasira. Em seguida, ela volta para o balcão e pega um copo de chá. Ela leva para a anciã, que agradece. Logo, ela ia atender outros clientes que chegavam.
A anciã estava pensativa. Deduziu uma coisa para saber quem era a pessoa de capuz. Se gritasse que o Guardião da Paz e a Defensora da Justiça estavam entre eles, isso poderia espantá-lo, mas também iria acabar com a paz deles. Decidiu arriscar. Viu que Mokuro e Kasira comiam e conversavam, enquanto Katana apenas olhava a janela. Tinha terminado de fazer sua refeição.
Yunma se levanta da cadeira e grita:
— Senhoras e senhores, estamos salvos!
Todos olham para a anciã sem entender, mas ao mesmo tempo já sabiam o que ela provavelmente iria dizer. Era muito famosa pela sua intuição.
— O Guardião da Paz e a Defensora da Justiça estão entre nós!
Mokuro se espanta ao saber disso. Onde estaria a Defensora da Justiça? Kasira tem a mesma reação, assim como Katana.
A pessoa encapuzada pareceu assustada. Talvez tivesse vontade de matar Mokuro, mas por conta de ter a Defensora da Justiça juntos, não teria vantagem. Decidiu sair do restaurante amedrontada.
Yunma aponta para Mokuro.
— O Guardião da Paz!
Em seguida, aponta para Katana.
— A Defensora da Justiça!
Mokuro e Katana se olham e as pessoas começam a comemorar. Estavam todas felizes porque agora, o Guardião da Paz e a Defensora da Justiça estavam unidos. Para que o leitor possa entender melhor a linha de raciocínio, o Imperador do Japão já tinha anunciado para todo o país que estava em busca do Guardião da Paz e da Defensora da Justiça para que possam protegê-lo, além de que eles viriam do Centro das Sakuras e do Vale dos Bambus. As pessoas, depois que souberam dessa possível união, começaram a torcer para que eles fossem aparecer logo. Depois que Chou se manifestou, o medo tomou conta de várias cidades japonesas.
As pessoas aplaudiam, gritavam o nome do Imperador do Japão e torciam para que ambos derrotassem Chou de uma vez.
Mokuro e Katana ficaram um pouco sem jeito, já que várias pessoas faziam algazarra e torciam para que eles cumprissem com o objetivo que lhes foi proposto.
O sol estava se pondo. É nesse momento que o grande movimento de Quioto diminuía e poucas pessoas apareciam nas ruas. Estavam apenas Mokuro, Katana, Kasira e Yunma caminhando. Estavam caminhando lentamente, onde podia se ouvir inclusive o som da terra que era pisoteada.
— Bem, desculpem o meu escândalo, mas eu senti que vocês não iriam se encontrar nunca. — Disse Yunma. — Como podem derrotar Chou se nem percebem o que está acontecendo à volta de vocês, ainda mais você, moça, que é uma ninja.
— "Mas que velha mais traiçoeira. Pelo menos ela não é que nem o velho que me treinava".— Pensa Katana.
— Bem, moça. — Yunma se dirigia para Kasira. — Preciso falar com você em particular.
— Comigo? — Indaga a garota.
— Sim. Esses dois precisam se conhecer melhor para que possam estar bem unidos na hora de enfrentarem Chou.
Kasira pareceu concordar e elas se afastaram um pouco de Mokuro e Katana que decidiram conversar um pouco entre eles.
— Escute, menina, por que não se declara para o Mokuro? — Indaga Yunma.
Kasira fica corada.
— Como a senhora sabe que eu gosto do Mokuro?
— Seu coração diz tudo. Você fica nervosa quando está perto dele ou então sem jeito, ao mesmo tempo que sente segurança, como se ele fosse lhe proteger de todo o mal desse mundo.
Kasira estava impressionada com o alto nível de dedução de Yunma. Como ela sabia tudo aquilo?
— É melhor não demorar para se declarar ao rapaz, senão alguém irá furar a fila e você não poderia fazer nada.
Kasira ainda estava sem graça, mas decidiu aceitar o que a anciã estava lhe dizendo.
Depois que conversaram um pouco sobre isso, elas se uniram aos outros dois.
— Bem, está ficando tarde e uma velha como eu não pode ficar perambulando por aí. — Disse Yunma. — Irei voltar para a minha casa, mas eu queria saber se vocês têm um lugar para ficar.
— Bem, nós vamos encontrar uma estadia e passar uma ou duas noites. Pelo menos Kasira e eu temos isso planejado. Eu não sei você. — Mokuro olha para Katana.
— Para mim, tanto faz. Eu tenho que ficar junto de vocês. — Responde a ninja.
Yunma sorriu, mas antes que pudesse sair, Kasira fala:
— Espere, eu queria perguntar uma coisa.
— Perguntar uma coisa? E o que seria? — Indaga Yunma.
— Onde podemos encontrar o integrante dos Heróis de Shogun?
A anciã sorri.
— Bem, aquela criança é um prodígio mesmo. Parece que vocês começaram com o pé direito, pois aquela criança é uma das integrantes mais fortes dos Heróis de Shogun.
— Espera. Uma criança está no meio deles? — Indaga Mokuro.
— Bem, não me impressiona que o pessoal do Centro das Sakuras e do Vale dos Bambus não tenha conhecimento dos Heróis de Shogun. Sim, é uma criança. Seu nome é Bygan Yoshibaki. Ele tem treze anos e sua habilidade especial é a manipulação da energia vital chamada chi. Ele é muito poderoso, de fato.
Os três estavam impressionados com as informações que receberam.
— Ele tem treze anos? — Indaga Katana.
— Sim. E é muito responsável, parece até que ele tem mais.
— Onde ele mora?
— Vocês precisam aproveitar um pouco. É uma tarefa estressante e quanto mais tempo de descanso vocês tiverem, melhor. Não se preocupem em encontrar Bygan ou não, apenas descansem um pouco. Entenderam?
Eles decidem concordar com Yunma. Seria bom mesmo se eles fossem descansar e relaxar. De fato, viajar por todo o Japão em busca de cinco pessoas era uma tarefa estressante e precisavam se distrair um pouco para não enloquecerem.
Despediram-se de Yunma e foram procurar por uma estadia. Sofreram um pouco, já que não era um conhecimento profundo de Quioto que Kasira e Mokuro tinham. Katana tão pouco conheciam a cidade. Mas depois de meia hora, finalmente encontraram uma estadia. O preço era salgado, mas Kasira disse que não era problema.
E assim, aproveitaram essa noite para se conhecerem melhor e foi o que fizeram até o momento em que toda a Quioto vai dormir.