Capítulo 6
— Emergência em casa — gaguejo —, tenho que ir, sinto muito. -
Iris abre a porta, já de pijama. - O que acontece? Tomás está bem? -
— Sim, por que não deveria estar bem? Ela é minha mãe, amanhã te explico. -
- Bem. -
Dou-lhe um beijo rápido na bochecha e saio com minha mochila nos ombros. Já passa da meia-noite. A música ficou ligada enquanto estávamos limpando, então virou karaokê e perdemos muito tempo.
No frio de Chicago, caminho até a pista de skate.
Se não for Violet, ela pode estar caindo na armadilha de um psicopata assassino e acabando em um vídeo de True Crime.
Entro no parque e vejo Violet enrolada em um moletom preto com um cigarro entre os dedos.
- O que você quer? Eu pergunto a ela e ela olha para cima.
Ele sorri enquanto se levanta e caminha em minha direção. Apague o cigarro. —Vamos direto ao assunto, ok? -EU
Braços cruzados —Sim, seria melhor. -
- Você viu a imagem? -
Eu concordo. - Então? -
—Você não acha que seu irmão mais velho se importaria se todos descobrissem que ele é bicha? -
Não sei como você chama isso. — Acho que ele não se importa mais neste momento. -
Tomas não é estúpido. Ele sabe que eu sei e que seus amigos sabem, então não vejo como ele poderia se importar se todos soubessem. Até porque ele tem três guarda-costas. A última vez que alguém insultou Thomas, vi Xavier ficar vermelho.
“Bem, o meu se importaria”, diz ele.
— Você não vai direto ao ponto, Violeta. -
Ela move uma mecha loira atrás da orelha. — Se você não fizer o que vou mandar, eu publicar a foto anonimamente, meu irmão vai ficar bravo e descontar no Thomas, você quer que isso aconteça? -Que
cadela. Ethan é capaz de qualquer coisa. Qualquer um sabe que o pai foi preso por um assassinato não cometido por ele, mas pelo filho. Pessoas como ele não querem ser vistas como realmente são, se ele publicar a foto quem sabe o que fará com o Thomas...
- Oque Quer? -
Ela sorri, satisfeita. — Fácil: fique longe de Iris. -
Ele começou a rir. - Fala sério? -
Quando seu rosto confirma que ele não está brincando, eu recobro o juízo. - Porque? -
—Isso não deveria importar para você, afaste-se ou eu carrego a foto. -
Eu levanto minhas sobrancelhas. - O que está acontecendo? Com medo de roubar seu sonho lésbico...
Ela me agarra pelo pescoço e me puxa para mais perto dela. —Cale a boca, você não sabe o que está dizendo. -
—O mundo não é irônico? Pai homofóbico, um filho gay enrustido e uma filha que transa com homens mesmo gostando de outra coisa. -
Ele me solta e dá um passo para trás. -Que diabos você está falando? -
—Jamie me contou sobre quando você colocou a cabeça entre as pernas dela. -
Jamie me contou isso depois de uma festa há alguns meses. Ele me disse que queria flertar com uma mulher e uma Violet bêbada estava flertando com ela.
—Não tenha medo de se mostrar—, faço beicinho sarcástico.
—Se você mencionar isso para alguém, postarei a foto e direi ao Ethan que Thomas tornou isso público; Ele já está com problemas, não torne as coisas piores para mim. -
—Thomas está com problemas? -
Violeta assente. — Você não sabe de nada, então cale a boca e faça o que eu mandar. -
—Você acha que eu quero foder Iris? Olha, eu não sou como você. -
Cerre os punhos. —Você não sabe nada sobre como eu sou. Eu te disse o que fazer agora é com você. -
Ele passa por mim, me deixando lá sozinho.
—Ele reage, mas não entende que aos poucos ela foi levando tudo. —Cruela, Marracash.
Já faz uma semana desde a festa na minha casa. Felizmente ninguém descobriu nada.
Desde que Diana saiu da minha casa, não tive mais notícias dela. Perguntei-lhe como estava a mãe dela no dia seguinte, mas como a resposta dela foi bastante fria, decidi que se ela quisesse falar comigo, viria me ver.
Violet me escreveu novamente. Eu a vejo na escola, mas ainda tento ser evasivo, então agora me vejo fazendo as malas para passar dez dias na França, cercado por pessoas que quero evitar.
Mas meu pai já pagou, então não posso desistir.
São quatro da tarde, temos que estar no aeroporto às seis, sair às sete e meia e depois passar umas boas dez horas, se não mais, sentados no avião de Chicago para Megève.
Não é o primeiro avião que tomo, mas só estive na Itália.
Fecho a mala e reviso mentalmente o essencial, esperando não ter esquecido nada.
Uma batida na porta me distrai. Entre pai. - Tudo está pronto? -
Eu concordo. Ele olha para mim. - Você não está feliz? -
Deixo escapar um suspiro e dou de ombros. Papai se aproxima e me envolve com um abraço.
Nas últimas semanas, entre todos os acontecimentos, não consigo me lembrar da última vez que abracei papai.
— Você não precisa ir se não quiser — ele me lembra.
- Você já pagou. — Encosto minha bochecha em seu peito.
- Bom? Dinheiro não nos falta. -
Ele passa a mão pelo meu pescoço. "Eu quero ir", eu digo.
- Claro? -
Eu levanto meu rosto para olhar para ele.
— Sim. O que importa se eu não me divertir? Pelo menos ficarei entediado na França. -
Papai sorri. - Me liga quando quiser. -
“Você já sabe disso”, respondo.
— Desça se estiver pronto, vamos ver The Walking Dead? -
Eu sorrio genuinamente pela primeira vez esta semana. Eu aceno e o sigo.
The Walking Dead é uma das séries que assistimos repetidas vezes juntos, além de Gilmore Girl (forçado por Stella e eu), a série de filmes Harry Potter, Jogos Vorazes, Maze Runner... Encheu minha vida de filmes, livros e música.
De todos os acontecimentos que ocorreram entre outubro e agora, o que mais me pesa é a discussão com o pai.
Quando descemos, encontramos Stella com alguns biscoitos recém-assados. Ele os coloca sobre a mesa em frente à televisão. -O que estamos olhando? -
Rindo, papai se senta no sofá, Stella faz o mesmo e eu me agacho entre eles.
***
Às seis, papai me leva ao aeroporto. - Escova de dentes? -
Eu concordo. - Levado. -
- Carregador? Aonde você vai com seu telefone morto? -
- Entendi, pai. -
- Pijama? Quantos tem? -
- Suficiente. -
Arrasto minha mala até ver Violet me obrigando a me aproximar dela, quase todo o quarto ano.
Então paro e digo olá ao papai. —O dinheiro é suficiente para você? -
Eu sorrio. —Sim pai, estou indo embora. -
Ele me abraça e eu o beijo na bochecha antes de ir embora. - Me ligue quando chegar! —ele exclama atrás de mim.
- Conta com isso! -
Aproximo-me de Violet e a saúdo com os lábios franzidos. O professor de francês está dando informações. — O diretor disse que você pode escolher com quem vai dormir no quarto, obviamente meninos com meninos, meninas com meninas, então não me faça arrepender de ter aceitado — diz ele. — São quatro quartos, entregaremos as chaves assim que chegar ao resort. -
Atrás dela vejo Martin ao lado de Xavier. Michael está com os braços cruzados e Thomas com a cabeça apoiada no ombro. Vocês estão juntos agora?
Cohen observa o professor, parado rigidamente ao lado de Xavier.
- Você tem tudo? —Violet me pergunta. A mala dela é duas vezes maior que a minha e muito mais rosada também. —Sim—, eu respondo.
—Estamos juntos na sala, certo? -
Melhor com ela do que com estranhos. - VERDADEIRO. -
A professora continua. — Agora fique aqui enquanto esperamos o voo. -
A turma fica sentada, alguns no chão porque não há cadeiras suficientes.
—Por que nos fazer chegar uma hora e meia mais cedo—reclama uma criança.
— Para idiotas como Lucas que chegam atrasados — responde Xavier.
—Mas estou aqui, idiota — responde o dito Lucas, sentando-se atrás dele.
Javier ri. - Bom? Ei, quem te viu? -
—Mas vocês dois? Você está ferrado agora? – comenta um garoto loiro, olhando para Martin.