Capítulo 7
—Não é seu, não se preocupe—, Michael responde.
Thomas nem parece estar ouvindo.
Xavier observa Cohen pelo canto do olho. Eles discutiram?
Só existe uma pessoa que sempre sabe tudo.
Certificando-me de que eles não me ouvem, me aproximo de Violet, que está apoiada na mala. —E Cohen? -
Violet bufa. —Ele e Xavier discutiram no vestiário. -
- Para que? -
Violet morde o interior da bochecha. - Para uma menina. -
- Uma mulher? -
Ele encolhe os ombros. - Assim parece. -
Coloquei os fones nos ouvidos e sentei ao lado dele, também apoiada na mala. Por que eles brigariam por uma garota? Então quem?
Cohen estava olhando para outras pessoas enquanto olhava para mim? Então você não se importou quando viu a foto minha e do Xavier? Só posso insinuar que ele não se importou, já que não lhe dei a oportunidade de falar naquele dia na escola.
Mas de qualquer forma, beijei Xav enquanto assistia Cohen, então não me importo se ele estava fazendo o mesmo. Mas Xavier? Ele não parece ser do tipo que briga por uma garota.
Aumento o volume da música, como sempre faço quando quero mudar de ideia e espero que sejam sete e meia.
***
- Vamos lá pessoal! Tudo dentro! -
A professora na entrada do avião, na escada, atua como aeromoça.
Fazemos o check-in e colocamos nossas malas naquele robô preto em movimento. Eu realmente espero não perder minha mala assim.
Eu mando uma mensagem para meu pai e coloco meu telefone no modo avião.
Tendo entrado com Violet atrás de mim, nos sentamos no número indicado na passagem. Sento-me perto da janela.
Assim que as portas se fecham, uma aeromoça começa a dançar com os braços explicando como se salvar.
— Como se saber colocar um colete salva-vidas bastasse para me salvar caso esse avião caísse — comenta uma voz muito familiar atrás de mim.
Viro-me e olho entre os assentos e vejo Martin e Xavier.
Xavier me nota. —Você não concorda, Corvina? -
Ignorando-o, volto direto para o meu lugar.
À medida que o avião decola, a habitual sensação de vazio cresce em meu estômago, até que estamos no alto das nuvens, e Chicago ainda é uma pequena peça do quebra-cabeça do lado de fora da minha janela.
Mal espero para colocar um filme na tela na minha frente. Imediatamente uma aeromoça passa entre os assentos para oferecer comida, e quando recuso me arrependo imediatamente porque começo a ficar com fome.
Depois da primeira hora no avião, Violet avisa que precisa ir ao banheiro, então se levanta, deixando o assento ao meu lado vazio, mas não fica assim por muito tempo porque alguém o ocupa logo em seguida.
—O que você não entende, Xavier? — Eu nem assisto e continuo assistindo o filme.
“Este é o meu filme favorito”, comenta ele, notando Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban na tela.
“Você acabou de arruinar meu filme favorito, obrigado,” eu bufei.
— Veja, temos coisas em comum. -
Pauso o filme e tiro os fones de ouvido. - O que você quer? Você achou que eu estava brincando na festa? Eu não quero você por perto. -
— Bem, você disse vamos voltar a ser como éramos antes, e eu pensei 'o que eu fiz antes?' Exatamente o que faço agora: incomodo você. — Ele apoia o queixo no punho fechado e sorri inofensivamente.
"Você não quer me fazer passar as próximas nove horas assim?" — Melhor se Violet voltar.
— Eles chegam mais cedo se você estiver se divertindo. — Dito isso, ele tira uma caixa da mochila. - Quer jogar? —Ele me mostra um jogo de xadrez de viagem.
- Não. -
Ele não me escuta. Ele abaixa a mesinha à sua frente e coloca o tabuleiro de xadrez sobre ela, colocando as peças em cima. “Uma turbulência fará tudo cair”, digo.
—Bem, guarde isso como desculpa quando perder. -
— Eu sei jogar xadrez. -
- Vamos ver. -
- Nao aceito. -
— Você não quer me ver perder? -
Ele sempre sabe como me convencer. — Vamos fazer isso — e agora eu estabeleço as regras do jogo. —Se você perder, me deixe em paz durante toda a viagem. -
Xavier sorri e me mostra suas covinhas. - Está bem. -
Ele aperta minha mão e o jogo começa.
Xavier começa com xadrez branco. Mova o peão para o centro quatro casas à frente. Pego um peão preto e coloco-o na casa escura em frente ao dele.
Ele então pega o cavalo branco e o coloca na casa três, ou seja, um passo atrás do peão.
Quando coloco meu cavalo ao lado do dela, Violet retorna com os braços cruzados. - Sair. -
— Vamos, Michael não morde, fique no meu lugar até o final do jogo — diz Xavier.
“Não vou prometer nada”, brinca Michael no banco de trás. Violet olha para mim e eu aceno. “Uma pontuação”, ele sugere antes de se sentar no fundo.
A partida continua em silêncio, até que Xavier fala novamente. — Você sabe por que a rainha é a peça mais importante do tabuleiro de xadrez? ele pergunta, movendo a rainha uma plataforma à frente.
—O rei não é o mais importante? -
—O que é um rei sem rainha? -
— No xadrez a rainha só pode ajudar, o rei é importante: você bloqueia o rei e vence, — respondo, fazendo um movimento subsequente.
— Um rei não é nada sem a ajuda da rainha, se você não derrubar a rainha primeiro o rei não chegará. -
Com isso, o rei me impede. — Xeque-mate, Corvina. -
Cruzo os braços enquanto ele coloca tudo de volta na caixa. Antes de se levantar, ele pisca para mim com um sorriso. — Vamos nos divertir na França, senhorita. -
***
“Aterrissei há um segundo, pai”, digo com o celular no ouvido enquanto espero ver minha mala passar com os outros.
As mãos dos alunos agarram as dele e então se alinham atrás do professor. - Bom? Você ainda ouve pessoas falando francês? -
— Claro — eu rio — estamos na França. -
Violet pega sua mala Gucci e espera ao meu lado. Minhas pernas ainda estão dormentes de tanto ficar sentado.
Xavier dormiu durante toda a viagem, como quase todos no avião. Já os ouvi dizer que querem ser levados a bordo para passar a noite na França e tenho medo de pensar no que querem fazer.
— Então vou trabalhar, me mantenha informado. -
São cinco da manhã em Chicago, enquanto aqui são dez da noite. Jantamos todos no avião (chamemos de jantar se possível) e agora, conforme o roteiro, temos que ir direto para o resort dormir. — Sim, pai, bom trabalho. -
Finalmente vejo minha mala velha, que pego imediatamente. Depois que todos pegaram suas malas, voltamos para os ônibus.
- Você está cansado? —Violet pergunta, sentando ao meu lado, depois que eu bocejei.
- Sim, eu admito.
Mal posso esperar para experimentar essas camas francesas.
O ônibus não é tão silencioso quanto o avião, mas há muitos sussurros entre os estudantes. —O que eles estão murmurando? —Pergunto a Vee.
— Onde nos encontraremos hoje à noite e quem ficará de guarda para não nos metermos em encrencas — ele responde, movendo o dedo no telefone.
Algo me diz que eles terão problemas no primeiro dia.
Assim que chegamos, uma massa branca bloqueia minha visão. O local é o típico balneário de montanha: arborizado e coberto de neve.
Tendo feito a minha pesquisa antes de vir, este local não só tem um restaurante, mas também uma sauna, interior e exterior, e uma daquelas rodas de esqui que te lançam directamente para a neve; Não entendo, mas não tenho intenção de tentar.
- Todos na fila pessoal! — O professor grita às portas do grande balneário. A turma se reúne na frente em pequenos grupos, e não em filas. O professor já entrega uma chave a Xavier, entendendo que a sala ficará com ele, Cohen, Martin e Thomas.
Os demais meninos e meninas formam grupos de quatro e pegam as chaves, enquanto um segundo professor verifica se todas as crianças estão presentes.
— Temos espaço? — Na minha frente está uma garota de óculos, com outra loira, que acho que vi na minha aula de educação física. — Meu nome é Ivy —, a garota de óculos, grandes olhos verdes e volumosos cabelos castanhos, estende a mão.
Eu me afasto e me apresento. —Esta é Ofélia. -
A outra garota tem olhos castanhos, lábios carnudos e perfeitos e cabelo loiro escuro. De alguma forma, eles me lembram Violet e eu.
“Os outros são desagradáveis demais para abrir espaço para nós”, diz Ivy. “Lia acabaria cometendo assassinato em massa”, acrescenta ela, apontando para a amiga.
Eu sorrio. —Você acha que não sou tão desagradável quanto eles? -
— Ah, bom, eu vi você dando uma surra no Oliver no carnaval, no campo de tiro, e daí em diante gostei de você — diz Lia.
— Se você quiser dividir um quarto comigo, saiba que estou emparelhado com Violet — anuncio.
Ivy balança a cabeça. —Quase quebrei aquele nariz falso na Lucy, ela pode gostar de mim também. -
Tranquilizada, chamo a atenção de Vee, que está mandando mensagens de texto para alguém o tempo todo. — Eles querem acrescentar, você se importa? -
Violet desliga o telefone. — Não, eles são melhores que os capangas de Lucy. -
A professora aplaude. —Todos têm as chaves? -
Em uníssono respondemos: — Sim! -
— Pois bem, levem suas malas para seus quartos e fiquem lá até o amanhecer, quando iremos acordá-los. -
As portas se abrem e todos entramos no aconchegante resort.
Nosso quarto fica no segundo andar, no número . Mais uma vez, sete está me perseguindo.
Ao passar pelas grandes janelas que formam a parede de uma das estruturas do resort, avisto uma piscina com uma fonte que jorra água. O vapor que sai indica que a água está aquecida, até porque está ao ar livre, e de facto a neve emoldura a piscina.
Antes de desaparecer para o segundo andar, seguindo a outra professora, um dos meninos pergunta à professora de francês: — Você dorme no chão, professora? -
E a professora responde dizendo para dormir no terceiro andar com a outra professora.
Chegamos na frente do meu quarto. — Só tem mulher neste andar, não mude isso — ele nos avisa, antes de seguir para o terceiro andar.
Algumas garotas riem ao entrar em seus quartos, incluindo Lucy.
Nosso quarto é maior do que eu imaginava, com duas camas de casal, uma pequena varanda de onde você pode ver o céu estrelado e a neve escura à noite, um frigobar, duas mesas de cabeceira e um grande guarda-roupa.
A casa de banho tem ainda bidé, bem como duche, banheira e lavatório duplo, todos em mármore contrastando com a madeira do quarto.
Abro a mala que coloquei na cama escolhida como minha e vejo as meninas fazendo o mesmo. Pego o que preciso e coloco na cama.
- O que você está fazendo? - Ofélia pergunta.
— Devo trazer meu pijama? Não é esse o costume na França? -
Ivy ri. —Vista seu maiô, quer descer de pijama? -
- Terno? — Eu não trouxe maiô para um resort nas montanhas.
— Comprei para você, se não tiver, deveríamos ser do mesmo tamanho — diz Ophelia.