CAPÍTULO 2.1
Cindy ouve gritos à sua volta. "Ela acordou, ela voltou". Abre lentamente os olhos e vê sua tia com seus negros cabelos desgrenhados nas maos, seus olhos sempre muito azuis e brilhantes, agora cansados e opacos.
— Tia Dianna, – falou em um fio de voz, com um sorriso sua tia cai em lágrimas.
— Minha querida, finalmente voltou para nós.
Cindy logo se lembra de estar com visão preto e vermelho, porém naquele momento ela enxergava normalmente, sua memória estava bem e ativa, recordou rapidamente do acidente e perguntou?
— E meus pais? – Diana vira o rosto para esconder as lágrimas, volta para ela e diz:
— Vamos focar na sua recuperação, então conversamos.
— Eles morreram, não é?
— Eu…
Cindy não precisava de mais confirmação, sabia oque tinha acontecido, só pela expressão de sua tia, ela sentiu seu mundo desabar, estava viva por algum motivo, porém no momento desejava não estar. Se enchendo de coragem, que sabia não ser dela, engole o choro e diz a Dianna:
— Calma, tia, eu já imaginava agora temos que fazer o possível para superar nossa perda. Apertou as mãos dela, na mesma hora Dianna sentiu uma paz inexplicável, de alguma forma sabia que tudo ficaria bem.
— Vamos sim, agora você precisa se concentrar em se recuperar e em breve estará fora daqui, é um alívio que sua memória tenha voltado, como está a visão?
— Perfeita, tia, na verdade me sinto ótima.
A junta médica chega com expressões surpresas, eles tem mais perguntas que respostas então, a levam aos exames agora Cindy sabia que passará três dias e noites em coma. Passou o dia todo ocupada com isso, então teve tempo para pensar.
Sabia que algo de importante tinha acontecido nesse intervalo de tempo em que apagou, só que não conseguia se lembrar oque era porém, a cada vez que fechava os olhos ela via um rosto de olhos negros e cabelos estranhos a mirando, era uma imagem bem turva, mas sabia que ele era especial embora não fosse nenhum dos seus amigos.
Um dos médicos chega a sua tia com notícias(pobre tia Dianna, não saiu do lado de Cindy em momento algum, só ia para casa para pegar roupas).
— Ola – disse doutor Geovan — tenho ótimas notícias, sua sobrinha está quase recuperada, se o andamento da recuperação dela for nesse ritmo, em uma semana estará em casa.
— Há doutor que maravilha, minha menina é super forte.
O tempo vai passando e Cindy supera todas as expectativas, ela só está chateada porque seus amigos não tinham vindo vê-la nenhum deles, mas tudo bem em breve estaria fora daquele lugar e a nova vida no lugar era prioridade .
Uma semana se passou e Cindy estava em casa, embora aquela fosse a da sua tia, entrou no quarto reservado para ela, com seus pensamentos em Dianna, " sempre risonha, linda, carinhosa e muito profissional." Cindy se sentia mal por estar pondo o peso de sua presença na vida de uma pessoa tão comedida como sua tia, coitada a um ano seu marido depois de 7 anos de casamento, achou que tinha que apimentar as aulas de aeróbica e abandonou tudo pela professora. Dianna no entanto, apesar de ter ficado triste, enterrou toda frustração desse relacionamento dissolvido e se envolveu muito na carreira, Cindy sempre a admirou, queria muito poder ajudar em algo porém, agora tinha que resolver seus próprios problemas para não acabar acarretando problemas para tia, o ano letivo estava no meio e ela havia perdido diversas aulas, liga para seu colégio e resolve com o diretor para voltar logo no outro dia.
— Como está seu quarto querida, gostou ?
— Claro, tia, está perfeito, liguei para o colégio – disse Cindy balançando o celular. -- Amanhã retorno às aulas, adorei mudar para esse novo, não estou afim de bater de frente com a galera de lá.
— Olha, você não acha que está cedo para retornar? Deveria descansar mais .
— Não se preocupe, eu estou preparada.
— Sei que entrar em um novo colégio no meio do ano letivo pode ser muito chato e complicado, pessoas diferentes, mal vai dar tempo de fazer amigos e achar um garoto legal para o baile de formatura.
— Kkkk, tia eu sinceramente não estou preocupada com isso, só oque quero é conseguir recuperar as minhas notas.
— Isso aí garota, foco nos estudos, só não esquece dos amigos.
Cindy pensa em seus amigos, ela era uma abelha rainha no grupo dela, Abhi a engraçada, Ellen a descolada, Carol a patricinha, Cleiton o atleta, John o pegador, Cristoffer o mala e é claro Jeff seu namorado, mas todos eles ficaram para trás pois tinham se afastado dela depois do acidente, nem mesmo um whats ou ligação, quando ela deu uma olhada no Facebook uns dias atrás, havia sido excluída, o perfil do Jeff estava como solteiro, então de amizades como essas ela estava de boa.
Cindy está se preparando para dormir quando vai a janela para fechar as cortinas vê um vulto como se alguém estivesse a observando, abre a janela com rapidez procura com os olhos mas nada parece anormal.
— Eita! Acho que estou vendo coisas.
Está dormindo profundamente quando se vê de frente a um espelho e está com um brilho muito forte saindo dela, parecia que iria explodir, fica em agonia então ouve uma voz:
— Precisa dar vazão a sua luz ou vai ser destruída por ela, não se assuste, estarei ao seu lado para te ajudar.
Logo ela vê um cavalo branco e ouve o som de freios, sente o corpo voar e bater no chão com força, olha para o carro e o clarão da explosão a envolve.
Acorda aos berros se debatendo, Dianna está ao lado de sua cama, com o rosto preocupado, abraça Cindy com carinho.
— Calma querida, já passou, vou ficar aqui com você.
— Não se preocupe, tia, me desculpe, já estou melhor.
— Tem certeza?
— Sim, tia, fique tranquila.
— Qualquer coisa é só me chamar, estou logo ali do outro lado do corredor.