6
Anne
— Prontinho, espero que goste, mocinha. Esse é o prato preferido do Vlad. — Diná fala enquanto serve a mesa e confesso que o aroma da comida está me dando água na boca. Contudo, ao nos deixar a sós Vladimir muda completamente de assunto e eu decido não especular mais. A final, se fosse algo para eu saber ele teria me contado, certo? No entanto, ele insiste em me fazer sorrir o tempo todo e céus como ninguém percebeu o quanto ele é divertido?
Ou isso só acontece quando ele está comigo?
— Estou apaixonado por você, Anne Summer! — Sua declaração me pega de surpresa e sinceramente eu não sei o que dizer. Vlad segura na minha mão que está sobre a mesa, porém, mantém o seu olhar firme fixo no meu. — E eu quero muito ficar com você.
— Vlad... eu não... eu não posso.
— Por que não? Por causa deles? — Engulo em seco e afasto a minha mão da sua. — Você acha justo que eles comandem a sua vida dessa maneira?
— Eles não... — Respiro fundo. — Eles não mandam na minha vida, não tomam as minhas decisões — rebato irritada.
— E então? — O encaro em silêncio por um tempo sem saber o que dizer. — Anne, eu quero que seja a minha namorada. — Chego a arfar.
— Vladmir, isso não vai dar certo!
— Por que acha isso?
— Porque eu sei que não vai!
— Posso perguntar uma coisa, Anne? — Apenas meneio a cabeça. — Você sente alguma coisa por mim? — Droga!
Eu sinto?
Deus, sinto que estou me afundando em um mar de sentimentos por esse homem. Sim, estou completamente envolvida por ele e Deus sabe como eu queria poder segurar na sua mão e mostrar para todos que estamos juntos. Mas eu sei que eles jamais aprovarão isso e que esse amor é impossível.
— Anne? — Vladmir insiste.
— Sim, você mexe comigo e preenche os meus pensamentos na maior parte do tempo, mas...
— Eu tenho uma proposta para você. Podemos ficar juntos e ninguém precisa saber por agora. Pelo menos até você ter certeza dos seus sentimentos por mim. O que acha?
— Eu não sei, Vlad — sibilo, porém, ele se levanta da sua cadeira para sentar-se do meu lado.
— Anne, eu não consigo parar de pensar em você. Eu não consigo mais ficar longe de você. Eu sei que parece clichê, mas com você eu me sinto diferente. Eu tenho motivos para sorrir, sinto-me mais leve, mais descontraído. Você me faz bem. — E inesperadamente ele me beija. É um beijo tão calmo e tão lento. E me pergunto se ele está esperando a minha permissão para dar mais intensidade para esse beijo. — Eu não posso e não quero perder isso. — Vladimir confessa tão baixo que é quase impossível escutar.
— Tudo bem! — Me pego dizendo e percebo que também não o quero perder. Portanto, o puxo para mais um beijo. Esse é demorado e envolvente, e quando se acaba Vladimir une a sua testa na minha respirando um tanto acelerado.
— Obrigado... por me dar uma chance!
Não lhe respondo, mas devo dizer que o meu coração está feliz com isso.
***
Alguns dias...
— Vamos lá, Artêmis, não seja um fracote! — Provoco o meu amigo o forçando a fazer mais um movimento com a perna na sala de fisioterapia.
— Você é uma carrasca, sabia disso? — Ele ralha um tanto sôfrego, enquanto faz força para erguê-las mais uma vez.
— Pense no seu grande amor. Pense que ela está do outro lado do oceano te esperando. O que você quer, chegar lá sentado naquela cadeira de rodas?
— Isso nunca! — Artêmis faz mais um esforço e logo as suas pernas desabam sobre o colchonete. Exausto, ele solta o ar com força e encara o teto. — O que tem feito ultimamente? — Arqueio as sobrancelhas.
— Como assim?
— Você tem saído mais vezes, principalmente à noite. — Sorrio.
— Estou saindo com alguém— respondo evasiva.
— Hum, espero que esse alguém esteja cuidando bem de você. — Meu sorriso se amplia.
— E ele está.
— Então, não vai me dizer quem é ele?
Oh!
— Não, Senhor Mazza — retruco com humor.
— Por quê?
— Porque ainda é muito cedo. Quer dizer, ainda estamos nos conhecendo e eu não quero levá-lo para casa antes de ter certeza de que é algo sério.
— Entendi. Você é uma pessoa especial, Anne e merece ser muito feliz. Sabe disso, não é? — Artêmis fala se sentando no colchonete e eu imediatamente o abraço demoradamente, e quando me afasto o olho nos olhos.
— Obrigada, Ártemis! — Ele pressiona os lábios.
— Você tem falado com ela? — Ele inquire mudando de assunto, referindo-se a sua bailarina.
— Sim, algumas vezes.
— E ela... perguntou por mim? — Suspiro em resposta.
— Você a magoou e ela precisa de um tempo. — O meu amigo trinca o maxilar. — Mas se quer saber, a Kim está amando o que fez por ela.
— Eu sei. Foi por isso que a magoei, para ela não desistir do seu sonho.
— Então vai valer a pena, não é? — Ele sorrir e eu penso que por amor tudo vale a pena, inclusive enfrentar todos que você ama por esse sentimento.
***
... Onde você está?
Olho rapidamente para a mensagem no meu celular e fito a minha mãe sentada no sofá, olhando para uma revista de moda.
... Sairei em alguns minutos.
Clico em enviar e volto a olhá-la.
— Mãe, eu vou sair um pouco.
— Mas para onde? Está frio lá fora, Anne!
— Eu vou... sair com um amigo. — A esperta ergue as sobrancelhas para mim. Contudo ela sorrir.
— Você tem saído muito com esse seu amigo. Quando vai me apresentá-lo?
— Apresentá-lo?
— Filha, tenho notado você diferente esses dias e eu sei que está apaixonada por esse rapaz, mas não sei quem ele é. Não acha que está na hora de trazê-lo aqui?
— Sim. Quer dizer... um dia o trago aqui para conhecê-lo.
— Está bem e se cuide! — Mamãe beija rapidamente a minha testa e eu pego a minha bolsa para sair apressada de casa.
Do lado de fora encontro o seu carro estacionado a poucos metros do portão e caminho com uma certa pressa na sua direção. Entretanto, assim que entro, me aproximo para beijá-lo no rosto, porém, Vlad se esquiva do meu beijo e com o maxilar trincado e liga o motor para sairmos dali.