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Suspeitas

– Bom dia! – Marla cumprimentou a todos.

– Bom dia! – E todos cumprimentaram Marla, a observando com atenção.

– O que? Tô com a cara torta? Porque estão olhando desse jeito para mim? – Ela estava começando a se irritar.

– Estamos espantados de como de uma ratinha feia, você passou a uma pantera – Explicou Maicon, se saindo bem com a desculpa.

– Pantera também, é um pouco demais, mas tudo bem. Tô com fome – falou sem rodeios.

– O que você quer comer, princesa? Um bife bem passado ou um bife mal passado, escorrendo s a n g u e? – Jansen não sabia ser sutil, seus amigos olharam para ele com a cara fechada.

– Eca! Eu acabei de acordar, quero café, legumes e ovos mexidos, com torradas, dá pra ser? - Ela aproveitou e sentou-se, esperando.

– Você acha que nós vamos cozinhar para você, querida? Levanta a bunda da cadeira, encoste a barriga no fogão e faça você mesma. Tem tudo aí, pode pegar. – Mandou Jansen.

– O que? Você me fez prisioneira, cobrou dívida que não era minha, me trouxe pra cá sem me dar satisfação e ainda quer que eu cozinhe? Tô dizendo, você é todo do avesso. Você precisa tomar Rivotril pra ficar calminho. – Esbravejou ela.

Jasen roncou alto, tentando não rugir, mas mesmo assim, ela olhou para ele com os olhos arregalados.

– O que foi isso? Tem um monstro aí dentro de você? Sai fora capeta – ela falou, tentando ir mais para trás, mas era tarde, ele já avançava sobre a mesa e segurou seus dois braços com força, a puxando para si, com os dentes trincados. – Me solta, seu estúpido.

Os outros correram a puxar Jansen, tentando soltar a pequena e acalmar a fera.

– Solta ela, Jansen, vamos pra mata agora, cara. Se acalme, vamos correr, vamos…– insistiu Serge.

Aos poucos ele foi se acalmando e largou ela, no lugar do agarro, ficou a marca dos dedos dele, com certeza ficaria roxo.

–Vamos rapazes, não aguento ficar do lado dela – comecou a sair, mas parou ao ouvir:

– Porque me trouxe então? Idiota arrogante!

Ele se virou e num salto estava ao lado dela, segurou seus cabelos e a forçou a ficar de pé, grudou seus corpos e segurando-a pela nuca, para firmar sua cabeça, consumiu seus lábios. Não foi um beijo, foi a tentativa de uma dominação, mas algo aconteceu dentro dele, que transformou a fúria em total paixão e ele amoleceu os lábios para beijá-la com sofreguidão.

Marla, com o susto ficou parada, mas seu corpo começou a esquentar e sentir coisas que nunca havia sentido e foi-se deixando levar. Correspondeu aquela sucção gostosa e gemeu. Quando ela gemeu, ele a suspendeu pelo traseiro, colocando suas pernas à volta de sua cintura. Foi quando Marla se deu conta do que estava acontecendo, pois sentiu algo duro entre suas pernas, exatamente lá, na sua xaninha. No susto, mordeu forte a boca que a beijava.

Jasen deu um grito, a largando de uma vez e ela caiu no chão.

– Ai, seu estupido! – Gritou ela.

– Chega! – Gritou Maicon, vamos embora. Se vira aí pra comer, ninguém mandou você dormir o dia inteiro! – Puxou Jansen e o arrastou para fora, antes que começasse outra discussão.

Marla se levantou e passou os dedos pelos lábios, foi até a janela para olhar os rapazes indo para a floresta.  Acompanhou-os até que começaram a tirar a roupa e num segundo, não eram mais eles, eram panteras negras, correndo para dentro da floresta. 

Ela ficou parada, com a boca aberta e só percebeu que havia prendido a respiração, quando sentiu a falta do ar em seus pulmões, puxou o ar com força e se escorou no peitoral da janela.

Ficou pensando em tudo que ja tinha visto de estranho no clube e relacionou ao fato, incluindo o nome do clube, Pantera Negra. Por isso aqueles roncos dele, parecendo rugidos baixos e também devia ser por isso que não gostava de ser chamado de gato. Foi aí que ela se descontraiu e deu risada sozinha. Agora sim, tinha um bom modo de perturbá-lo.

Decidida a não ficar esquentando a cabeça com aquilo, foi procurar o que comer. Abriu a geladeira e tinha tanta coisa, que pensou em fazer diversas coisas, como panquecas, sanduíches, omeletes, mas no final optou pelo que pensou primeiro: brócolis com ovos e café. Provavelmente, os meninos não voltariam tão cedo e poderia investigar bem o local.

**

As quatro panteras corriam por dentro da mata, usando toda energia represada por tanto tempo sem se soltar. Saltaram, pularam um no outro, caçaram e comeram e foram até a cachoeira se lavar. Capeta, o apelido nada carinhoso da pantera de Kasen, era o maior e mais forte entre os três felinos, era o Alfa do bando, como gostava de chamá-los.

Chamar de Alcateia, implica um número maior do que são e pode confundir com lobos, por isso acha melhor chamá-los de bando. Espreguiçou-se em uma pedra, roçou as costas se coçando e depois, num pulo, rugiu tão alto, que, de casa, Marla escutou e sorriu. Achou que ele estava se exibindo para ela.

Maicon roncou e perguntou em sua mente:

O que foi isso, tá pensando que é um leão, o rei dos animais? 

Tá com inveja Maicon? Quer se exibir pra sua fêmea? A não, você não encontrou ela ainda. – Jansen zombou.

E por acaso, você tem? – Serge entrou na conversa.

Então você não percebeu Serge, ele agora tem certeza que ela é sua companheira. – explicou Maicon.

Todos rugiram alto, comemorando a sorte do amigo. Era muito difícil para panteras negras encontrarem suas companheiras. Existiam muito poucas e agora ver uma companheira que não era uma felina, dava a todos esperança de encontrar suas companheiras também. Só assim teriam seus filhotes e formariam uma verdadeira Alcateia.

Quando enfim voltaram para a cabana, já estava amanhecendo. Vestiram-se e entraram na cabana, logo a seguir. Cada um foi para o seu quarto, mas no caminho viram a maior bagunça que já teve na cabana. A pia estava cheia de louça, pratos sujos estavam sobre a mesa e havia pipoca por todo lado, como se tivessem esquecido de tampar a panela.

Uma trilha de pipoca chegava até o sofá do espaço de vídeo e uma sem noção de uma garota, dormia abraçada na bacia vazia. Será que ela comeu tanto assim? Porque a louça era imensa. Os quatro pararam, observando aquela pessoa tão pequena, mas que conseguira fazer tanta bagunça.

– Cara, tô cansado demais para limpar essa bagunça, a femea é tua, se vira – falou Maicon.

– É e aqui não sou teu funcionário não, tô de folga – falou Serge.

– E eu também, tô indo – completou George.

Todos se viraram e saíram, deixando Jansen  com a peteca na mão, ou melhor, com a bagunça para arrumar. Mas ele não reclamou, desde que a beijou, teve a certeza de que aquela ratinha é sua companheira, então pôs mãos à obra e em uma hora já tinha limpado tudo. A folgada não acordou nem com o barulho do aspirador de pó.

Por fim, ele pegou-a no colo e colocou-a na cama. Pelo sono pesado dela, era provável que dormisse até o final da tarde novamente. Mas no dia seguinte já teriam que voltar, pois o clube não pode parar.

Jansen tomou um banho e vestiu só uma calça de moletom, verificou se tudo estava no lugar e a cabana fechada e deitou, puxando sua pequena para si e dormiu agarradinho nela.

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