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O Inimigo

E no palácio do "Príncipe" Albert:

– Finalmente você fez algo corretamente, Eslaus. Fiquei satisfeito. Acho até que vou lhe dar um bônus! – Falou Albert empolgado. 

– Obrigado, mestre – Eslaus chega babava, imaginando se, desta vez, sairia da clausura.

– Não, Eslaus, não vou te tirar da clausura, você esqueceu de todo o estrago que fez, da última vez? Quanto sangue bom desperdiçado, quantas mulheres mortas, só uma coisa prestou, que foi aquela sua filha, que ainda não entendi o que ela é – lembrou-lhe o príncipe, que não é príncipe.

– Mas mestre, já faz tanto tempo! – resmungou o moribundo.

– Esqueceu que somos eternos e que um ano para nós é quase nada. Não! Você receberá uma porção extra de sua ração, seu mestiço dos infernos, agora tirem ele daqui! – Ordenou Albert, vulgo príncipe dos vampiros.

Levantou-se, olhou para a pequena fresta da cortina blackout e viu que o sol estava nascendo, se dirigiu a sua alcova no subsolo e deitou-se em sua cama de terra, que se abriu e o recebeu, fazendo com que dormisse profundamente.

Albert não é um vampiro comum, descende de uma raça de espartanos, que eram ligados à terra. Da terra tiravam sua vitalidade e se curavam, tendo assim uma vida muito longa. Como as bruxas que têm ligação, cada uma com um dos elementos: terra, água, ar e fogo. Os espartanos não eram bruxos, mas eram ligados à terra. Foram grandes guerreiros e ficaram famosos.

Mas poucos sobraram, por causa da praga que os assolou e demoraram a identificar o que precisavam para curar. A praga matou todos que não se adaptaram à mudança como Albert. Ele cedeu ao desejo louco de seu organismo, de beber sangue humano, assim se tornando um ser único, um vampiro ligado aos poderes da terra. 

Enquanto a terra o regenerava, sua alma procurava aquela que ele considerava seu grande desafio: Marla. Sua alma procurava rondava os recantos do clube, até que a encontrou no quarto do felino imundo.

– Maaaarrrrla, Maaaarrrrla – chamou em sua mente.

Marla sentiu a presença do vampiro e o toque do chamado em sua mente. Não quis acreditar que ele a tinha encontrado. Não respondeu ao chamado, trancou sua mente como havia descoberto que podia fazer. Estava se sentindo tão segura naquele lugar e agora isso, aquele demônio a achara.

Albert sentiu-se infeliz com a rejeição da garota, não entendia seus sentimentos. Os vampiros normais, não tinham emoções, mas ele, por ser espartano, sentia tudo profundamente. A tristeza o abateu e ele resolveu entregar-se completamente a terra e adormeceu. Quando acordasse, aqueles sentimentos confusos, teriam passado.

**

Jansen esperava no carro, que George e Serge terminassem de carregar tudo, inclusive a ratinha, que vinha sendo carregada nos ombros, pelo segurança. Vestia um suéter enorme, que mais parecia um vestido. Com certeza tirara de seu closet. Esquecera deste detalhe, Marla não tinha roupas. Pegou o telefone e ligou para um cliente do clube, que era dono de várias lojas de departamento.

– Alô Jansem, em que posso ser util? – O atendeu o empresário, do outro lado da linha.

– Preciso de um enxoval completo, o mais rápido possível, feminino, espera que te passo o manequim – olhou para Marla, que tinha sido colocada no banco de traz do carro e perguntou seu manequim e número de calçado – ouviu? Então é isso, pode trazer para o clube. Vou deixar George esperando. – Agradeceu e desligou.

Entrou no carro, do lado do carona e Serge ia ao volante. Ordenou que George esperasse as compras, pagasse com o cartão do clube e seguisse o mais rápido possível para sua cabana na floresta. Embora a cabana fosse quase uma mansão feita de toras de madeira, do próprio local.

Jansen observou Marla encolhida no banco de trás, virada para o encosto, ela dormia. O carro era bem amplo, uma SUV, com o ar condicionado ligado e os vidros escurecidos por Insulfilm no tom mais escuro, estava confortável para ela. A cabana ficava a uma hora dali, mais ou menos, no centro da floresta, no Monte Apalache.

A cidade do Alabama, foi o melhor local que Jansen encontrou para estabelecer seu bando. Tem áreas montanhosas, florestas, cavernas, lagos e cachoeiras, um clima temperado mais para frio e um povo bem miscigenado. Já vivem ali a anos e o único problema é o idiota do "principe" Albert.

Chegaram a cabana e Marla dormia profundamente, uma pena, pois não veria a paisagem linda que cercava a cabana. Por trás a floresta, com muitos pinheiros e pela frente um grande lago com águas plácidas, que espelhavam as nuvens no céu. Estacionaram na lateral e Jansen não deixou Serge pegá-la, ele mesmo a pegou no colo, levou-a para o seu quarto e deitou-a em sua cama, deixando o blackout bloqueando o sol.

Marla dormiu o dia inteiro, deixando todo o bando preocupado com a possibilidade de ela ser uma vampira. Já estavam com ela há quase 24 horas e ela só comeu pizza. Estavam ansiosos, esperando ela acordar para ver o que iria comer. George já havia chegado com muitas sacolas de roupas e calçados, inclusive uma mala grande para quando fossem embora.

Por via das dúvidas, Jansen pediu que George comprasse umas duas garrafas de sangue de boi fresco. Era fácil comprar sangue assim, vendia nos açougues para aqueles que gostavam de fazer linguiça.

Estava prevenido, para não ver ninguém mordido ou morto por exsanguinação.

Marla abriu os olhos devagar, observando onde estava e não reconheceu o lugar, sentou-se na cama e viu a hora no relógio digital, na mesinha de cabeceira. Eram 17 horas, a tarde estava terminando. O quarto estava escuro, mas ela enxergava bem. Foi até uma porta, que pensou ser o banheiro, quase acertou, era o closet e o banheiro ficava depois dele.

Ela olhou a sua volta e viu uma parte do closet repleto de roupas femininas, mexeu e olhou tudo. Em algumas gavetas, viu roupas íntimas, que pelo aroma, foram lavadas e guardadas. Sentiu o carinho de quem cuidou delas, pois estavam cheirosas, macias e perfeitamente dobradas e guardadas.

Depois de separar o que ia vestir, foi ao banheiro para sua rotina pós sono. Saiu vestindo uma legging e um blusão de botões largo, calçou um par de botas cano curto e saiu do quarto para descobrir onde estava e onde era a cozinha. Estava com muita fome. George a alcançou no corredor dos quartos.

– Boa tarde, princesa! Vim ver se já tinha acordado. Está com fome? – Perguntou George, sorrindo.

Marlon estranhou o tratamento, ele não parecia um pau mandado, mas um ser humano cordato e amigo. Correspondeu ao sorriso e fazendo um jeitinho doce, com as mãos unidas à frente do corpo e levantando e abaixando o corpo pelos calcanhares, respondeu:

– Boa tarde, George, acordei e bem, obrigada. Estava indo justamente em busca da cozinha, estou com muita fome, mesmo.

– Então venha comigo, que vou lhe mostrar a casa até chegarmos a cozinha – prontificou-se ele.

Passaram pelo corredor dos quartos, passaram por um salão, onde tinha área de vídeo e de jogos e então chegaram à cozinha, que era bem espaçosa, com uma mesa de jantar para dez pessoas. Já ocupando seus lugares à mesa em um bom bate-papo, estavam Jansen e Maicon, que se levantaram quando ela entrou.

– Ela já estava vindo e está com muuuuita fome. – A cara que George fez foi impagável e todos riram, menos Marli, que não entendeu nada.

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