Cheiro Bom
Era metade do dia e Marla acordou quentinha e sentindo um aroma delicioso e sem abrir os olhos, foi em direção ao aroma que lhe apetecia. Sentiu que estava deitada sobre um corpo confortável e seu nariz encostou em um pescoço.
Sentiu a pulsação da artéria e num instinto primitivo, que nem sabia que tinha, arreganhou os dentes, seus caninos se sobressaindo, mordeu, suavemente, saboreando, compartilhando suas endorfinas e bebendo, bebendo e bebendo…
Jensen sentiu uma picada em seu pescoço, mas a sensação que se seguiu foi tão agradável, que não acordou para verificar o que estava acontecendo e somente se entregou ao prazer e foi sentindo seu corpo amolecer, ficar cada vez mais leve, a ponto de quase desfalecer, mas não se importou, estava tão bom…
Marla percebeu o que estava fazendo, ao sentir o corpo junto a si, estava quase desfalecido. Então parou e em uma ação automática, lambeu a ferida e só então abriu os olhos e se deu conta do que fez. Apoiada com o braço direito na cama e o esquerdo no peito de Jansen, observava seu rosto sentindo toda a extensão de seu corpo, grudada a lateral do dele.
O braço esquerdo dele, que contornava o corpo dela, do pescoço à cintura, relaxou e deslizou por suas costas, até bater estático, na cama. Ela, apoiada nos braços, ergueu o rosto para olhar para ele e se surpreendeu com a expressão suave e satisfeita de seu rosto. Não, isso não foi normal, precisava fazer alguma coisa.
Chamou ele, dando tapinhas em seu rosto, mas ele não acordava. Foi mais enérgica e sacudiu ele com força, chamando alto:
– Jansen, Jansen acorda, por favor!
Seus gritos chegaram aos quatro cantos da casa e logo houve uma invasão em seu quarto, três homens com peitos desnudos, entraram como avalanche e foram até a cama ver o que estava acontecendo e perceberam, primeiro o desespero da ratinha e segundo, o semblante de quase sorriso do felino.
– O que houve aqui? – Perguntou Maicon desconfiado.
Marla quando se viu cercada por aqueles três armários, lembrou que eram panteras e o que tinha feito, levantou-se num pulo e tentou correr para o banheiro, mas a seguraram antes que chegasse ao seu refúgio.
– Fala Marla, o que aconteceu? Vocês acasalaram? – George assumiu a postura de segurança que era e a segurando pelos braços, a questionava, sério.
– Eu... eu senti um cheiro tão delicioso e...e…
– E o que Marla? Você o mordeu? – Maicon estava quase gritando com a garota.
Ela abaixou a cabeça e consentiu, emitindo um gemido baixo. Uma lágrima rolou de seu rosto e apoiou a testa no peito de George.
– Eu nunca fiz isso, nem sabia que poderia acontecer, só que aconteceria mudanças em meu corpo, quando encontrasse meu companheiro. – Explicou falando baixinho.
– Ainda por cima, uma vampira inexperiente – falou Serge, que ainda olhava para a expressão de prazer no rosto do Alfa – e vocês nem acasalaram? Como isso é possível?
– Chega gente! Volte para a cama, Marla, agora você não vai sentir sede por um tempo, é seguro. Quanto ao nosso amigo feliz ali, só precisa continuar dormindo até seu organismo repor o sangue que uma certa ratinha bebeu. Vamos voltar a dormir, mais tarde teremos que voltar para o clube. – Aconselha Maicon.
Todos se dispersaram e Marla deitou o mais longe possível do macho, com medo de matá-lo enquanto dormia. Bem que Albert a avisara, que uma hora ou outra, isto iria acontecer. Até então sua outra natureza tinha mantido o controle, pois era o oposto de um vampiro. Era mansa, doce e vegetariana. Eles a chamavam de ratinha sem nem saber que era verdade.
Marla dormiu pesado dessa vez, o sono da vampira e só acordou quando sentiu mãos fortes, passeando pelo seu corpo. Resmungou, não querendo acordar, empurrou a mão, mas ela insistiu, então ouviu:
– Vamos ratinha, acorde, já é noite e precisamos voltar. – Era Jansen.
Quando ela percebeu que era ele, abriu os olhos rapidamente e virou a cabeça para olhá-lo. Ele estava grudado em suas costas e ela precisou forçar o corpo, para poder virar-se e ficar de frente para ele. Passou a mão em seu rosto e lhe deu um tapinha.
– Hei?! Porque me bateu? – Perguntou ele com a testa franzida.
– Para confirmar se você tá vivo mesmo e por ter me assustado! – Resmungou ela, se virando e fugindo para o banheiro.
Jansen sentou apoiado no braço, ainda meio de lado, olhando para a porta do banheiro, para onde sua ratinha tinha corrido. Não estava entendendo nada. Podia ouvir as vozes alteradas do lado de fora do quarto e não entendeu o porquê de tanto alvoroço.
– Entrem logo e parem de brigar – mandou, deslizando e sentando na beirada da cama.
Os três entraram de supetão no quarto, pela segunda vez naquele dia, olharam em volta e George perguntou:
– Você tá bem? Cadê a ratinha? – Perguntou.
– O que está havendo aqui, Marla levantou estranha e vocês estão aqui, os três agindo estranho, porque?
– Clássico – falou Serge – ela não te contou?
– O que tinha para ser contado? – Perguntou Jansen, já muito cismado.
– Ela te mordeu,cara...quase bebeu seu sangue todo – informou Maicon.
A expressão de incredulidade no rosto de Jansen, era impagável, mas ninguém lembrou de tirar uma foto. Ele abaixou os olhos, fitando o carpete escuro do quarto, refletindo sobre o que tinha ouvido. Então ela realmente era uma vampira, mas porque só agora havia sentido sede? O tipo dela era estranho, tinha que admitir que fora ludibriado.
– MARLAAAAAAA!!! SAI LOGO DESSE BANHEIRO. – Ordenou gritando e emitindo a energia de poder da pantera, fazendo seus amigos tamparem os ouvidos sensíveis e se agacharem, quase deixando suas panteras assumirem o controle.
A porta do banheiro abriu devagar e uma Marla amedrontada saiu de lá andando pé ante pé, devagarinho.
– Explica isso Marla! – Exigiu com voz grossa, quase rosnando.
– Não sei explicar, nunca aconteceu antes e nem sabia que podia acontecer – falou ela, cutucando os dedos de uma mão com a outra.
– Vem cá ratinha, não tenha medo – chamou ele estendendo a mão e mandando os amigos saírem com a outra.
Ela foi se achegando até perto de sua mão, que a agarrou e puxou a colocando no seu colo. Os meninos já tinham saído e fechado a porta, mas Jansen sabia que estavam ouvindo atrás da porta.
Marla encarou seus olhos e fazendo beicinho, pediu:
– Desculpa?
– Foi a primeira vez mesmo? – Perguntou ele, querendo ter certeza.
– Sim. Quando minha mãe morreu, Albert apareceu e me levou para seu palácio e continuou minha criação e quando fiz 16 anos, me obrigou a beber um copo do seu sangue, mas eu não me transformei e nem senti sede. Ele ficou furioso, pois esperava que eu fosse sua companheira, mas não - narrou ela.
– Então ele não te mordeu. Ele disse mais alguma coisa, alguma instrução?
– Quando fiz dezoito anos e não aconteceu nada, ele fez lá umas pesquisas e disse que talvez quando eu encontrasse meu companheiro, o cheiro de seu sangue me abrisse o apetite – contou.
Então ele a surpreendeu, abraçando forte e beijando sua boca com ardor. Ela levou uns segundos para corresponder e passou os braços por trás de seu pescoço e deixou ele aprofundar o beijo e dançar com sua língua, achando aquilo delicioso e excitante.