Capitulo 06 Visita a Caleb:
Caleb sentiu-se mal, e Henrique não hesitou em levá-lo ao hospital. O médico, familiarizado com a situação de Caleb após anos de cuidados, chamou Henrique para uma conversa após ter prestado atendimento a seu pai.
"Seu pai está se tratando em casa, o que aconteceu para a pressão dele subir tanto?" perguntou o médico diretamente, ciente da história médica de Caleb e preocupado com sua condição.
Henrique não tentou esconder a verdade. "Deve ser culpa minha, nós tivemos uma discussão."
O médico suspirou, conhecendo a dinâmica familiar. "Vou ser claro, Henrique. Conheço vocês há muito tempo. Graças a Deus, seu pai foi socorrido a tempo. Pressão alta pode ser perigosa, até fatal. Não sei exatamente o que aconteceu, mas se a situação continuar assim, a saúde dele pode piorar."
Henrique sentiu o peso da preocupação. "Vou me esforçar para não causar mais aborrecimentos a meu pai", prometeu, determinado a evitar qualquer estresse adicional.
O médico assentiu. "Isso é importante para o tratamento dele. Além disso, seu pai também precisa encontrar maneiras de se distrair e relaxar. Ficar em casa constantemente não é benéfico. Agora, preciso ver outros pacientes. Se precisar de algo, não hesite em me chamar", disse ele, saindo pelo corredor enquanto deixava suas palavras ecoarem na mente de Henrique.
Henrique suspira enquanto fica sozinho, perdido em seus pensamentos. Finalmente, ele toma a decisão de entrar no quarto, onde encontra seu pai acordado.
"Como está se sentindo?", pergunta com sincera preocupação.
"Bem melhor. Não precisava me trazer aqui", responde Caleb.
"Na verdade, precisava sim. Sua pressão subiu muito. Apenas os remédios em casa não seriam suficientes", explica Henrique, enfatizando a necessidade da medida.
Caleb sente uma inquietação e deseja entrar em contato com Elizabete para tranquilizá-la. "Onde está meu telefone? Preciso avisar Elizabete. Não liguei quando cheguei e imagino que ela esteja preocupada."
"Deixe que eu aviso. Não fique ansioso, prometo ser educado", diz Henrique, pegando o número e fazendo a ligação enquanto está ao lado de seu pai.
Enquanto isso, Elizabete está em casa, lendo para Miguel, quando um número desconhecido aparece na tela de seu telefone. Ela atende com um cumprimento, e a voz de Henrique a surpreende do outro lado.
"Elizabete? Aqui é o Henrique. Estou ligando para informar que meu pai está na clínica. Sua pressão subiu consideravelmente, e ele deve ficar em observação. Estou fazendo isso a pedido dele, porque ele estava preocupado com você e pelo fato de não ter ligado antes", Henrique comunica de forma direta e quase fria.
Inicialmente, Elizabete sente um misto de raiva e confusão pela atitude de Henrique. No entanto, ao ouvir sobre a condição de saúde de Caleb, sua preocupação toma a dianteira.
"Poderia me passar o endereço da clínica?", ela pergunta rapidamente, já se levantando e pegando seu casaco.
"Ele precisa descansar, não se preocupe", responde Henrique, afastando-se do pai para falar com mais privacidade.
A voz de Elizabete denota chateação ao responder: "Me passe o endereço. Você não pode interferir em minha decisão de visitá-lo ou não."
Henrique encerra a ligação sem mais palavras, sentindo-se pressionado. Caleb, que estava atento à conversa, agora demonstra sua própria agitação.
"Entregue o celular, Henrique!", ele pede, visivelmente agitado.
"Pai, precisa descansar. Prometi a você que faria isso", Henrique argumenta, tentando acalmar os ânimos.
Caleb decide levantar-se, dirigindo-se à mesa para pegar seu celular. Após uma breve conversa com Elizabete, ele envia a ela o endereço da clínica por mensagem. Depois volta a deitar sem falar com o filho.
Elizabete rapidamente liga para Pedro e pede que ele a leve até a clínica. Enquanto espera, ela prepara Miguel e se organiza. No caminho, eles fazem uma parada em um mercado, onde Elizabete compra algumas frutas para levar a Caleb. Ao chegarem à clínica, ela se dirige à recepção e faz uma pergunta à enfermeira.
"Posso entrar com o bebê? Pergunta preocupada.
"O senhor Caleb está em uma ala de repouso. Não há riscos para o bebê", a enfermeira responde com simpatia, esclarecendo a situação.
Sentindo-se aliviada, Elizabete segue em direção ao quarto com Miguel em sua cadeirinha e a cesta de frutas em mãos. Ela bate suavemente na porta e aguarda permissão para entrar.
Henrique abre a porta e seu rosto mostra surpresa ao vê-la ali. Nos braços de Elizabete, encontra-se Miguel e uma cesta de frutas. Sem hesitar, ele pega a cesta, aliviando o peso para ela.
Elizabete entra no quarto, não se dando ao trabalho de cumprimentar Henrique. Seu foco está direcionado a Caleb, e ela avança diretamente até sua cama, onde ele está descansando.
"Caleb, como está? Sinto-me culpada por você estar aqui!", ela expressa sua preocupação sinceramente.
"Você é uma garota boba, ninguém tem culpa. Minha pressão está descontrolada, e nem sei por que estou sendo mantido aqui! Mas estou me sentindo bem", ele responde, tranquilizando-a e oferecendo um sorriso reconfortante.
"Eu trouxe algumas frutas para você. Não sei se é permitido trazer coisas de fora!", ela diz um pouco sem jeito.
"Não precisa se preocupar. Este é um espaço de observação na clínica. Não é proibido trazer frutas. No entanto, Miguel ainda é muito jovem para estar aqui", ele comenta ao olhar para o bebê.
"Eu não tenho com quem deixá-lo, por isso o levo onde quer que eu vá. Perguntei à enfermeira, e ela disse que não há problemas", ela explica enquanto acaricia carinhosamente o filho.
Neste momento, o médico entra no quarto e percebe que Caleb tem visitas.
"Estou surpreso, Caleb. É a primeira vez que vejo uma jovem lhe visitando, e com um bebê!", ele expressa sua surpresa.
"Conheci Elizabete recentemente. Ela é amiga minha, e este é seu filho", Caleb explica com um sorriso.
"Que bom. Vamos verificar como está sua pressão", o médico diz, se aproximando para fazer o exame.
Elizabete se afasta um pouco, e Henrique permanece calado, apenas observando a cena.
"Estabilizou. Mas evite situações estressantes e continue monitorando", o médico aconselha a Caleb.
"Doutor, ele está realmente bem? Eu sei que pressão alta é perigosa. Quando o conheci, ele não estava em boas condições. Eu queria que ele fosse a um hospital na época, mas ele não aceitou", Elizabete pergunta ao médico, preocupada.
"Como eu disse, Caleb precisa evitar o estresse, mas agora ele está melhor. Foi apenas um susto", o médico explica a ela.
"Você ouviu, não é? Se não cuidar de sua saúde, não poderá visitar Miguel", Elizabete finge estar zangada, mas com um tom brincalhão.
"Besteira, estou bem. E você também não pode voltar em sua promessa. Prometeu me deixar cuidar dele para que possa voltar aos treinos", Caleb lembra com um sorriso, mostrando a ela que está disposto a seguir em frente com os planos.
"Relaxa, eu não vou fazer isso. Mas você tem que prometer que vai se cuidar", Elizabete fala com um sorriso.
"Comentei mais cedo com o Henrique que é bom, para o Caleb ter algo para fazer, algo que ele goste. Isso pode ajudar no tratamento, desde que não seja algo estressante que o preocupe", ela explica a eles.
Henrique se aproxima e acrescenta de forma fria: "Cuidar de uma criança é problema na certa. Meu pai não pode assumir essa responsabilidade."
Todos olham para ele com surpresa, mas Elizabete responde olhando diretamente em seu rosto: "Ele não vai 'cuidar' da criança. Essa responsabilidade é minha. Ele apenas quer passar um tempo com o Miguel enquanto eu treino na academia. Não tenho a intenção de deixar outra pessoa assumir o meu compromisso."
"Henrique, não seja desagradável. Você não sabe o que está dizendo", Caleb chama a atenção do filho.
O médico olha para eles com um olhar reprovador, e Elizabete decide conversar com Henrique. Ela se desculpa com o médico: "Desculpe, doutor, não era minha intenção causar problemas. Caleb, como você precisa descansar, vou indo. Me liga para dar notícias."
"Está bem. O Pedro trouxe você?" Caleb pergunta, preocupado com ela.
"Sim, ele está me esperando no carro. Não faça nada de errado e volte logo para casa", ela diz sorrindo e se despede.
Ao sair, ela lança um olhar fulminante para Henrique. Após sua saída, Caleb quebra o silêncio.
"Henrique, você deveria ir também. Vou ficar bem sozinho. Sua presença me deixa nervoso", Caleb fala sem encarar o filho.
Henrique se sente insultado pelas palavras do pai. Antes que possa responder, o médico intervém.
"Seria bom você dar uma volta, arejar um pouco. Eu fico aqui com Caleb para que ele possa se acalmar", o médico fala com autoridade.
Henrique sai do quarto, frustrado, e percorre os corredores do hospital, tentando acalmar sua irritação. Enquanto isso, o médico distrai Caleb com perguntas sobre Elizabete e seu filho. A conversa logo faz com que Caleb se acalme.
Henrique finalmente sai do hospital e encontra Elizabete sozinha na entrada. Ela se aproxima ao avistá-lo.
"Acho que precisamos conversar", ela diz com um toque de rancor em sua voz.
"Concordo. Você entrou de cabeça nas nossas vidas e bagunçou tudo! Diga-me, quanto quer para sumir? Para desaparecer?" Henrique desabafa, deixando transparecer sua raiva.