Capítulo 07 Desafiando Henrique:
Elizabete respira fundo, consciente da importância de evitar qualquer escândalo na frente da clínica. Ela passa a mão pelo rosto, recompondo-se antes de encarar Henrique com firmeza.
"Escute bem, eu não tenho interesse em conhecê-lo ou entender sua forma distorcida de pensar. Quando encontrei Caleb, ele estava à beira de um colapso na praia, e foi por isso que eu o ajudei. Nós nos conhecemos há poucos dias, mas agora fica claro o motivo pelo qual ele passou mal. A culpa é toda sua por ele estar aqui agora. Sabe, tenho repulsa por homens como você, que acham que dinheiro pode comprar tudo. Mas vou deixar algo bem claro: seu dinheiro sujo e corrompido não tem qualquer influência sobre mim", ela dispara, sua voz carregada de rancor.
Henrique fica visivelmente irritado e está prestes a responder, mas ela o interrompe com determinação.
"Não ouse dizer uma palavra sequer! Você vai me ouvir agora. Enquanto Caleb quiser, serei uma amiga para ele. E em relação a você? Fique longe do meu caminho. Pessoas como você são como um câncer, deixam uma trilha de destruição por onde passam. É triste que Caleb tenha um filho tão desprezível, mesquinho e arrogante como você. No entanto, fique tranquilo, não me encontrará novamente em seu caminho, e faça um favor a você mesmo: não pise na minha propriedade, porque se o fizer, não hesitarei em chamar as autoridades para removê-lo. Espero que tenha ficado claro o que penso a seu respeito", suas palavras saem quase descontroladas, carregadas de indignação.
Henrique não suporta o desafio e ameaça: "Quem você pensa que é? Vou garantir que meu pai nunca mais a veja, eu juro!"
Ela o encara sem medo, a fúria faiscando em seus olhos. "Vai em frente! Saiba que eu conheço as leis, e não hesitarei em denunciá-lo por maus-tratos. Ah, e quanto à sua ameaça vazia, ela não me intimida. Eu cuspo no seu desprezível comportamento", ela cospe no chão com desprezo e entra em seu carro, partindo com determinação.
Henrique, pouco habituado a ser desafiado, observa o carro de Elizabete se distanciando, suas mãos trêmulas de raiva.
“Quem ela pensa que é, para me enfrentar? Eu a liquidaria.” Declara com indignação. As pessoas que estavam nas proximidades e ouviram a troca de palavras o observam com temor. Consciente de estar sendo objeto de fofocas, Henrique sai em passos firmes, alcança as chaves do carro e anuncia com frieza:
“Preciso de um tempo sozinho. Fique com meu pai até eu retornar.” Ele entra no veículo e parte, ignorando o olhar perplexo do motorista.
Enquanto dirige, Henrique rumina as palavras de Elizabete, suas mãos apertando o volante com ira. O motorista entra no quarto para fazer companhia a Caleb.
“Onde está Henrique? Por que está aqui?” Pergunta surpreso.
“Não sei, senhor. Ele saiu para dar uma volta.”
“Esse rapaz está se tornando cada vez mais audacioso”, comenta, se acomodando para descansar.
“Talvez esteja preocupado com questões de trabalho”, sugere o motorista, tentando suavizar a situação.
“Sua presença aqui não era necessária, voltarei para casa de manhã”, informa Caleb.
"É reconfortante saber que está bem, todos ficaram preocupados, quando veio para a clínica", afirma o motorista.
"É uma reação comum em tratamentos, mas estou me sentindo melhor agora", murmura Caleb antes de cair no sono.
Quando Henrique retorna ao quarto, encontra seu pai em um sono tranquilo.
“Pode ir para casa, venha me buscar amanhã cedo,” diz de forma lacônica.
“Entendido, senhor,” responde o motorista, saindo do quarto. Henrique se acomoda no sofá e decide se dedicar ao trabalho por um tempo. Ele faz um esforço consciente para afastar qualquer pensamento que o remeta a Elizabete.
Enquanto isso, Elizabete está ocupada cuidando de Miguel. Após desabafar suas emoções, ela finalmente se acalma. Quando seu filho adormece, ela pega seu notebook e começa a procurar academias na região. Sua surpresa é evidente quando descobre que oferecem aulas de natação infantil.
“Interessante, eu não fazia ideia de que isso existia,” comenta com um sorriso ao se deparar com essa nova descoberta. A jornada de ser mãe está revelando a ela um mundo completamente novo. Determinada, ela decide matricular Miguel nas aulas de natação na mesma academia onde vai treinar. Depois de um lanche revigorante, ela se deita para descansar, satisfeita com os planos que está traçando para o futuro.
Caleb mantém contato constante com Elizabete após sair da clínica. Ao ficar sabendo das novidades sobre as aulas de natação para Miguel, ele demonstra genuíno entusiasmo e expressa o desejo de se envolver.
"Isso parece ótimo. As aulas dele acontecem após o meu treino, então pode ser o acompanhante dele na natação," Elizabete oferece, um sorriso amigável adornando seu rosto.
A proposta anima Caleb, que aceita prontamente e se compromete a cuidar de Miguel enquanto ela se dedica aos seus treinos.
No dia da primeira aula, Caleb está cheio de empolgação ao se preparar para passar um tempo com Miguel.
"Você está certo de que quer deixar o Miguel nesse ambiente de treinos?" Ele pergunta, mostrando sua preocupação.
Elizabete reflete por um momento antes de responder. "Na verdade, não tinha considerado isso."
"Que tal se ficarmos esperando na lanchonete enquanto você faz a aula? Assim, provavelmente teremos um lugar mais tranquilo para ficar," Caleb sugere, levando em conta o ambiente mais agitado da sala de treinos.
Elizabete concorda com a sugestão. "Você tem razão, não tinha pensado no barulho da academia. Vamos procurar um local mais adequado para que vocês fiquem," ela responde, com um sorriso, grata pela preocupação de Caleb.
A academia é um verdadeiro luxo, e tanto Elizabete quanto Caleb estão encantados com os serviços e atividades que estão sendo oferecidos. A recepcionista os conduz por um tour detalhado pelas instalações.
"Percebam que proporcionamos o melhor serviço ao cliente aqui. A senhora e seu pai podem ficar juntos com o bebê, enquanto um aguarda o outro," explica a recepcionista.
Caleb, com um sorriso, esclarece a situação, "Na verdade, Elizabete não é minha filha, embora seria bom ter uma filha como ela. Nós somos amigos."
A recepcionista se desculpa, visivelmente constrangida, "Peço desculpas pela confusão, vocês realmente se parecem muito. Pensei que fossem parentes."
Elizabete ri da situação e acalma a recepcionista, "Não se preocupe, Caleb é como um avô para Miguel, apesar de não ser parente biológico."
Após tudo ser organizado, Elizabete segue para o seu treino enquanto Caleb aproveita para passear com Miguel. Quando chega a hora da aula de natação, Elizabete os observa na piscina, capturando momentos preciosos em fotos. Miguel parece adorar a água morna, e Caleb se sente revitalizado depois de brincar com ele.
"Estou me sentindo muito bem depois de brincar com Miguel na piscina," compartilha Caleb.
Elizabete sorri e menciona, "A natação é ótima para a saúde. Aliás, tirei várias fotos de vocês. Vamos revelá-las mais tarde."
Caleb expressa interesse, "Isso é ótimo! Me envie as melhores fotos para que eu possa tê-las no meu celular."
Elizabete cumpre a promessa e envia as melhores fotos dos dois momentos especiais na piscina.
Após compartilharem um lanche, cada um segue para sua respectiva casa. Caleb está repleto de alegria, um sentimento que se manifesta quando ele está com Elizabete e Miguel.
Ele percebe que não tem cruzado caminhos com Henrique ultimamente, mas sabe que seu filho tem sido mantido a par de suas atividades. Com a notável melhora na saúde do pai, Henrique parece não interferir mais em suas escolhas.
Enquanto isso, Henrique está imerso em seu trabalho. Seus dias começam cedo e terminam tarde, empenhado em conquistar um contrato com uma pequena, porém próspera, empresa de jogos no âmbito de sua área profissional. Seu objetivo é investir em jogos para dispositivos móveis com uma dinâmica inovadora. A empresa, no entanto, tem se mostrado hesitante em aceitar a colaboração dele, o que o deixa ansioso. Henrique reconhece que a concretização desse contrato poderia impulsionar consideravelmente os lucros de sua própria empresa. Ele tem feito tentativas pessoais de contato com os representantes da empresa de jogos, mas a resposta continua sendo a mesma, independente dos seus esforços.
Henrique decide voltar para casa mais cedo do que o habitual. Ao chegar, seu pai parece surpreso.
"Você está em casa cedo!"
"Confesso que estou cansado", ele diz, afrouxando a gravata e se jogando no sofá.
"Que problema, está enfrentando?", pergunta seu pai, curioso.
"Não é um problema, estou tentando estabelecer uma parceria com uma empresa externa, mas por alguma razão não revelada, eles não responderam à proposta."
"Essa parceria é vantajosa?" Caleb fica interessado.
"Sim, eles são especializados no desenvolvimento de jogos para dispositivos móveis. Se conseguirmos colaborar, poderia beneficiar bastante nossa empresa. Os jogos deles são excelentes, e a empresa, apesar de pequena, é bem estabelecida. Não consigo entender por que não aceitaram. Eu fiz uma oferta sólida", explica Henrique ao seu pai.
"Se a oferta é boa, tenha paciência. Provavelmente eles vão acabar cedendo", Caleb oferece consolo.
"Espero que sim. Vou tomar um banho. Que tal jantarmos juntos?", Henrique se levanta, se preparando para subir.
"Claro, estarei esperando", Caleb responde, sua atenção fixada no celular.
Henrique força um sorriso um tanto desanimado e sobe para tomar um banho. Durante o jantar, ele evita tocar em qualquer assunto que possa irritar Caleb. Após a refeição, seu pai vai ler, enquanto Henrique se recolhe ao seu escritório para trabalhar. Já faz um tempo desde que tiveram um jantar tranquilo. Ao relembrar disso, Henrique fica contemplativo; seu pai tem estado visivelmente mais feliz ultimamente. Ele reconhece que isso se deve em parte à jovem excêntrica com seu filho, que, apesar de suas peculiaridades, tem oferecido algum apoio a seu pai.