Capítulo 05 Confronto com Henrique:
Caleb, com olhos faiscantes, vira abruptamente em direção a Henrique. "Moleque, como ousa chegar aqui lançando acusações sem fundamento?"
Henrique não recua, seus olhos também exibindo uma fúria contida. "Eu fiz uma pergunta direta, pai. Não pense que vou aceitar evasivas ou desculpas esfarrapadas!"
Elizabete, sua paciência esgotada, intervém com uma voz repleta de indignação. "Quem diabos você pensa que é? A arrogância que irradia de você é insuportável. Seus pensamentos sórdidos e difamatórios o traem."
"Eu não estou falando com você!", Henrique rosna, apontando um dedo acusador na direção de Elizabete.
Ela não recua, sua expressão determinada mostrando que não será amedrontada. "Estamos no jardim da minha casa, meu território. Você entrou aqui sem convite, agindo como se fosse rei do mundo."
"Eu estou falando com o meu pai, não com você", Henrique retruca, seus olhos lançando centelhas de desafio.
Elizabete ergue o queixo, uma fagulha de ira acesa em seu olhar. "Ah, é só o que faltava. Você acha que pode invadir a minha casa, desrespeitar as regras e ainda determinar com quem eu posso ou não falar?"
O rosto de Henrique se contorce com raiva. "Você não tem nada a ver com isso! Eu estou falando com o meu pai, e não vou permitir que você se intrometa."
A voz de Elizabete se eleva, ecoando pela varanda. "Essa é a minha casa, e eu vou defender o que é meu. Se não sair imediatamente, não hesitarei em chamar a polícia e denunciá-lo por invasão."
Os dois se enfrentam, seus olhares trocando faíscas de desafio e raiva. O ar fica carregado com a tensão dessa discussão, acalorada, cada um deles defendendo suas posições com fervor inabalável. O jardim se torna palco dessa batalha verbal intensa, onde as palavras afiadas são lançadas como espadas e a determinação em seus olhos reflete a resolução de não ceder.
Caleb, inicialmente preocupado com a intensidade da discussão, percebeu rapidamente que Elizabete não estava para brincadeira. Ele olhou discretamente ao redor, como um gato prestes a se esgueirar, e sem fazer barulho, fez uma retirada estratégica, deslizando para dentro da casa dela. A porta se fechou suavemente atrás dele, e ele soltou um suspiro aliviado, sentindo como se tivesse escapado de um campo minado.
Já dentro da casa, Caleb fez seu caminho até o quarto onde Miguel estava pacificamente tirando uma soneca. Ele olhou para o pequeno rosto adorável e um sorriso carinhoso se formou em seus lábios. "Bem, meu amigo, parece que vamos ter que deixar esses dois resolverem suas diferenças por conta própria."
Miguel, inconsciente dos dramas do mundo exterior, deu um pequeno suspiro em resposta, como se estivesse concordando com a avaliação de Caleb. Caleb se sentou ao lado do berço, observando o sono tranquilo de Miguel. A energia intensa da discussão lá fora parecia distante agora, substituída pela calma reconfortante do quarto.
"É, meu pequeno, você ainda não entende a complexidade das relações humanas, e talvez seja melhor assim." Caleb acariciou suavemente a bochecha de Miguel, sentindo uma sensação de paz se espalhar por ele.
Enquanto isso, do lado de fora, a discussão continuava.
"Não se meta em assuntos de família", ele rosnou com raiva, suas sobrancelhas franzidas.
"Não grite comigo, e menos ainda na minha própria casa", Elizabete respondeu, sua expressão endurecendo enquanto segurava o telefone com firmeza.
Henrique olhou para ela, uma mistura de surpresa e indignação em seu rosto. "O que pensa que está fazendo?"
Ela olhou para ele com determinação. "Chamando a polícia. Não vou permitir que você perturbe a paz aqui."
Em um impulso, Henrique tentou agarrar o telefone de sua mão, mas Elizabete agiu no instinto, torcendo seu braço e imobilizando-o. "Sua louca!", ele exclamou, claramente surpreso com a reação dela.
"Solte-me!", ele demandou, claramente abalado pela reviravolta da situação.
Elizabete soltou seu braço e o empurrou para trás. "Nunca mais tente algo assim. Não subestime minha capacidade de me defender só porque sou uma mulher."
Henrique, que nunca havia experimentado tal revés, ficou chocado. Ele acabara de ser derrotado por uma mulher, e essa realidade o atingiu de forma inesperada.
"Onde está meu pai?" Henrique perguntou, olhando em volta.
"Com certeza, ele deve estar com Miguel. Deve estar envergonhado por ter um filho ogro e imbecil", Elizabete respondeu com um tom de sarcasmo, cruzando os braços. "Agora, fora daqui! Caleb volta para casa quando quiser. Foraaa!" Ela fez um gesto de expulsão.
Henrique lançou um último olhar à casa e saiu, sentindo-se um tanto desconcertado e surpreso com a atitude firme de Elizabete. Ela respirou fundo, permitindo que a raiva diminuísse, e depois lembrou de Miguel e Caleb. Ela entrou na casa e os encontrou no quarto.
"Desculpe, Elizabete, mas quando percebi que Henrique não estava intimidando você, decidi ficar com Miguel", Caleb explicou, olhando para ela.
"Obrigada, e peço desculpas pelo que aconteceu. Eu perdi a calma ao ouvir as acusações de seu filho", ela respondeu, sentando-se ao lado dele.
Caleb suspirou, parecendo um pouco preocupado. "Acho que devo voltar para casa. Já trouxe problemas desnecessários."
Elizabete colocou uma mão reconfortante no ombro dele. "Caleb, desculpe se você está tendo problemas com seu filho por minha causa. Eu o expulsei e imobilizei o braço dele, quando ele tentou pegar o telefone. Estou avisando para que não seja pego de surpresa quando o encontrar novamente." Ela explicou a situação com calma.
Henrique saiu da casa, um turbilhão de emoções o dominando. Sentia-se furioso e humilhado por ser derrotado por uma mulher, mas também reconhecia que estava errado ao invadir a propriedade dela. Se Elizabete ligasse para a polícia, ele estaria em apuros. Com as mãos trêmulas, entrou no carro e ordenou ao motorista que o levasse para casa.
Seu rosto estava sombrio e tenso, sua mente girando em um ciclo incessante de pensamentos tumultuados. Ele olhou para fora da janela, perdido em suas próprias reflexões. O motorista, observando a expressão carregada de Henrique pelo retrovisor, engoliu em seco e decidiu manter o silêncio. O medo de desencadear a fúria de Henrique o mantinha calado, e ele dirigia com cautela, evitando fazer qualquer pergunta.
Enquanto isso, Caleb havia chamado seu motorista e estava prestes a deixar a casa de Elizabete. Ele sabia que teria que enfrentar Henrique quando chegasse em casa, mas não podia deixar de se sentir grato por Elizabete ter protegido tanto ele quanto Miguel. Com um olhar de apreensão, ele se despediu dela e entrou no carro.
O trajeto de Caleb também era cheio de tensão, mas por razões diferentes. Ele se perguntava como lidaria com a situação delicada entre ele e seu filho. O relacionamento já estava estremecido, e a explosão de Henrique certamente não ajudaria. Enquanto o carro avançava, Caleb ponderava sobre como abordar a conversa que inevitavelmente teriam.
Enquanto Henrique se aproximava de sua casa, seu telefone começou a tocar. Ele o pegou com um suspiro e respondeu com voz seca: "Diga."
“Já tenho algumas informações do que pediu”, disse o detetive do outro lado da linha.
Henrique ficou atento. “Continue.”
“Seu pai foi socorrido pela garota na praia, um vendedor viu ele passando mal, mas ela chegou primeiro e o socorreu, levando-o até a casa dela. Ele não soube dizer o que aconteceu. Mais tarde, um carro parou e o levou de volta para casa. Pelo que investiguei, ela chegou no dia em que o encontrou, por dois dias, saiu para fazer compras e o encontrou novamente hoje. O resto, o senhor acompanhou.”
Henrique fez uma pausa, assimilando as informações. "Investigue quem é ela, de onde veio e o que faz. Quero tudo o mais rápido possível."
Sem esperar por uma resposta, ele desligou o telefone com um movimento brusco. As peças do quebra-cabeça estavam começando a se encaixar, mas ainda havia muitas incógnitas. Ele estava determinado a descobrir mais sobre essa mulher que parecia ter entrado na vida de seu pai de maneira tão súbita e misteriosa.
Henrique sente uma onda de preocupação tomar conta dele à medida que pensa no que seu pai havia passado. Caleb estava fazendo tratamento para controlar sua pressão alta, e o episódio na praia o deixou desconfortável. A possibilidade de seu pai passar mal novamente o deixava inquieto. Ao entrar em casa, ele não hesita e segue direto para o escritório, suas preocupações dominando seus pensamentos.
Caleb, por sua vez, chega em casa e busca por seu filho. A empregada prontamente se oferece para informar Henrique de sua chegada, mas Caleb balança a cabeça. "Não, eu vou deitar um pouco. Minha cabeça está pesada. Por favor, leve o aparelho de medir pressão para o meu quarto", ele pede enquanto sobe as escadas.
A empregada segue Caleb até seu quarto e o auxilia a medir sua pressão. Ao constatar que ela está um pouco alta, ela lhe administra a medicação recomendada, e Caleb se deita, buscando descansar. Mais tarde, ela não hesita em comunicar a Henrique sobre Caleb.
"Eu vou dar uma olhada nele", Henrique diz, levantando-se de onde estava.
"Ele adormeceu depois de deitar", a empregada explica a Henrique.
Henrique concorda silenciosamente e sobe as escadas para verificar seu pai. Ao entrar no quarto, ele observa Caleb dormindo, vulnerável e frágil. Um aperto no peito o acomete ao perceber a fragilidade da figura paterna que sempre fora tão forte. Caleb era a pessoa mais importante em sua vida, e vê-lo dessa maneira desperta uma profunda preocupação.
Após se certificar de que seu pai está bem, Henrique fecha a porta do quarto silenciosamente e desce para a sala, seu rosto carregado de pensamentos. Enquanto se senta, ele reflete sobre o que aconteceu.
Enquanto isso, Elizabete se ocupa cuidando de Miguel, mas sua mente está inquieta, repleta de pensamentos sobre o que Caleb pode enfrentar ao chegar em casa. Ela não consegue evitar a sensação de apreensão, sabendo que a situação com Henrique trouxe uma tensão adicional à vida dele. Cada toque amoroso e cada riso de Miguel a lembram da importância de proteger e apoiar aqueles que ama.
No entanto, entre os cuidados dedicados ao bebê, uma sensação de culpa se infiltra em seu coração. Elizabete relembra o momento em que perdeu a paciência com Henrique. Embora justificável dada a situação, ela se questiona se poderia ter agido de maneira diferente. Ela se pergunta se suas palavras e ações contribuíram para aumentar a tensão já presente entre pai e filho.