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Capítulo 5

Acordo em uma cama de hospital, sedada!

Chamo para que alguém me tire desse pesadelo e me diga que tudo não passou de um sonho ruim, não acredito que me tiraram meu amor.

Involuntariamente entro em um estado de negação, minha irmã chega no quarto e me abraça, logo em seguida minha mãe também entra e nem precisa palavras para que eu entenda que é real. Permito que as lágrimas tomem conta do meu rosto.

— Por que mãe? Por que tiraram ele de mim? Como eu vou viver? — Falo chorando e ela me abraça.

— Calma maninha, Deus sabe o que faz! — Minha irmã fala alisando meu cabelo.

— Talvez fosse a hora dele, tenta ser forte, nossos bebês precisam de você, e não se esqueça que tem a nós. — Minha mãe me consola e seca minhas lágrimas.

— Eu quero vê-lo! Onde ele está? Eu preciso ver… — Pergunto me sentando na beira da cama, minha voz ecoa alterada e chorosa.

Elas me explicam que meu sogro está cuidando de tudo e providenciando a liberação do corpo. Enquanto choro abraçada em minha irmã, uma enfermeira entra e começa a retirar o soro da minha mão.

— A médica a liberou, e apesar do momento delicado é recomendado que evite passar nervoso. — Ela me orienta e aperta minha mão em forma de acolhimento.

— Obrigada! — Agradeço e ficando de pé, apesar de não mais gritar as lágrimas continuam a cair.

Abraço minha mãe e firmo parte do meu peso nela, ainda estou zonza mas sei que é pela circunstância e os calmantes que me deram.

Encontro com meu cunhado na frente do hospital, ele me abraça e choramos juntos. Nunca tivemos uma aproximação e nem uma boa relação, no entanto não e hora para picuinhas.

— Como foi? Quem fez isso com ele? — Pergunto entre lágrimas e choro.

— Ele foi alvejado com seis tiros, alguém o chamou, acreditamos que alguém que ele conheça, assim que ele estacionou a moto dispararam contra ele. Meu pai foi até o local, ele ainda estava com vida, porém não aguentou chegar ao pronto socorro — Ele fala enquanto abre a porta do carro para eu entrar.

— Já liberaram o corpo dele? Eu quero vê-lo! — Apelo.

— Bia, ainda não! Você precisa controlar essa ansiedade ou não vai conseguir aguentar. Pensa na sua bebê na sua barriga.— Minha mãe responde e eu olho de canto de olho.

— Maninha calma, eu passei por algo parecido, eu sei que é difícil, mas você tem que aguentar firme — Minha irmã tenta me acalmar lembrando de quando o ex dela faleceu, mas as palavras dela só pioram.

Chegamos e meu cunhado foi direto na casa deles, desço e a vozinha me recebe com lágrimas, ele era tão jovem, tão cheio de saúde, ninguém esperava perdê-lo tão precocemente.

— O velório será na igreja! Assim que terminarem, o corpo será levado para lá. — Ela me comunica.

— Vamos Bia, vem tomar um banho... eu te ajudo! — Minha irmã chama me puxando pelo braço.

Estou em choque, não sei o que fazer, não sei o que estou sentindo, é como se tivessem tirado uma parte de mim, André é a pessoa que mais amei na vida depois dos meus filhos, ele não tinha o direito de me abandonar assim, não depois de me prometer que éramos para todo o sempre.

Tomo um banho, visto uma roupa sutil e confortável, minha mãe e minha irmã se revezam entre ficar comigo e com as crianças, minha barriga dói, meu coração dói, minha cabeça parece que vai explodir a qualquer momento.

A ficha só começa a cair quando o vejo no caixão, meu amor se foi para sempre. Se eu pudesse voltar no tempo certamente teria amado mais, beijado mais, aproveitado mais cada momento que tivemos.

É como se ele já soubesse, os últimos dias foi como uma despedida, ele se esforçou para ser o que eu sempre quis, ele tentou me fazer feliz em cada detalhe, não me conformo com tamanha covardia.

No velório apareceram alguns que se diziam amigos, mas que tenho certeza estar aqui só para constatar a veracidade, de tudo o pior momento é o enterro, se eu pudesse me enterraria junto dele, metade do meu mundo desceu sete palmos abaixo da terra, preciso de muita força para conseguir seguir os dias.

As pessoas vão saindo aos poucos, eu permaneço em pé ao lado do meu amor, choro inconsolável e meu cunhado me puxa para irmos para casa.

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