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Capítulo 04

Cada dia que passa é uma nova tortura psicológica, não consigo sair na rua sem sentir medo de que algo nos aconteça. Alguns amigos de André vem aqui em casa hoje, espero que seja com uma solução, não estou conseguindo lidar com tudo isso.

Visto as crianças e as deixo na casa dos meus sogros, não vejo uma ocasião apropriada para eles. André tenta me acalmar dizendo que está tudo sob controle e que vamos sair dessa, juro que tento me convencer disso mas meu coração não crê.

Ao fim do dia, chegam dois carros com três rapazes dentro, de todos eu só conheço um, este veio aqui algumas vezes. André os convida a entrar, meu corpo se arrepia tudo assim que se aproximam.

— Salve mano véio, boa noite dona! —  um deles cumprimenta e eu respondo com um aceno.

— Então mano, alguma novidade? — André pergunta sem rodeios e eu agradeço mentalmente por isso, minha ansiedade está nas alturas.

— Mano, sua situação não está fácil… conversei com o quadro e eles resolveram que você tem que mostrar que está a disposição do crime, tem que fazer alguma coisa para adquirir uma oportunidade, tomei a liberdade de colocá-lo à disposição da família, sempre que precisar vão te ligar e na hora certa você será reintegrado junto de nós— Um deles fala e eu observo sua feição, não engulo essa história, tem algo errado aí.

— Estou a disposição sim mano, qualquer coisa só ligar que eu dou atenção na hora— André fala e meu coração gela.

— "É nós" vou descer ali num barraco pra resolver umas paradas, vim só te passar uma visão mesmo— Ele fala e todos saem nos deixando a sós.

André vai até a porta, confere o portão e tranca, retorna e se senta ao meu lado, me abraça com carinho e ficamos em silêncio um bom tempo.

— Como vai ser isso? E se te usarem e depois fazerem mal? E se for uma "casinha"? — Pergunto quebrando o silêncio.

— A gente vai fugir, eu só aceitei para ganhar tempo, também não confio neles— André fala e me dá um beijo.

Fico perdida olhando para o "nada", André se levanta e sai, avisa que está indo buscar as crianças, respiro fundo algumas vezes tentando recobrar os sentidos.

Ele retorna e eu ainda estou do mesmo jeito, Maria me abraça com carinho e eu retribuo dando lhe beijinhos. Joaquim liga a TV e toda a movimentação das crianças me  tira os pensamentos ruins.

— Vamos confiar, meu amor! Enquanto isso vou tentando um plano B— André fala e entra para o banheiro.

Arrumo a casa e não estou com ânimo para cozinhar, penso em pedir algo pelo aplicativo, bato a porta e pergunto sobre o que André acha da ideia.

— Ótimo! Vamos descansar! — Ele fala e eu volto para a sala para aguardá-lo.

Abro o aplicativo para verificar os cardápios, deixo alguns pré selecionados, brinco com as crianças e uma dor toma conta do meu peito, provavelmente as tensões dos últimos acontecimentos estão afetando meu corpo.

— Amor, vamos lá buscar os lanches, vamos de moto que é rapidinho — André pergunta e eu aceno que não fazendo careta.

— Não estou me sentindo muito bem, melhor pedir. — Justifico passando a mão na barriga para dar força ao argumento.

André assenti e diz que vai só, argumenta que de moto é rápido e que logo está de volta, me abraça apertado e me dá um beijo apaixonado como há muito não acontecia. pega Maria no colo beija sua bochecha e abraça Joaquim, observo a cena com um aperto no coração.

— Não demora! — Alerto e ele volta me dando um selinho e acariciando nossa bebê na barriga.

— Um pulo só, daqui a pouco estou de volta! — Finalmente ele pega a chave da moto e sai.

Qualquer dia desses André vai me matar do coração, saiu para buscar lanche e até agora nada, já vai fazer uma hora, não acredito que ele escolheu hoje para aprontar comigo.

Ligo para o meu sogro e pergunto se ele sabe cadê o André ao que ele nega, diz apenas que o viu saindo aqui de casa um tempo atrás, mas não o viu chegar, explico que fora buscar um lanche e que ainda não retornou, ele me tranquiliza dizendo que ele deve ter encontrado algum amigo e por isso está demorando.

Preparo um macarrão para as crianças, dou janta e deito no sofá para esperar, escuto barulho na casa dos meus sogros e olho pela porta do fundo a fim de entender o que houve, no entanto só vejo o carro do meu cunhado saindo às pressas. 

Visto uma blusa e vou até lá saber o que houve, meu corpo está arrepiado e eu sinto que algo aconteceu com André. Assim que entro a Vozinha, mãe do meu sogro, me diz para sentar e me oferece um copo com água.

— O que houve com o André, vozinha? Não me esconda nada! — Falo sentindo minhas forças indo embora.

— Atiraram no André! — Ela fala me abraçando e deixando as lágrimas descerem.

Sinto contrações em minha barriga, meu corpo está mole e minha pressão está caindo. Não posso desmaiar, preciso ser forte é tudo que penso antes de ser engolida por uma escuridão.

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