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Capítulo 04.

Naquele sábado eu pedi, me lembro que até choraminguei para que eles me levassem com eles, mamãe só aceitou porque não iriam até os recifes, não iríamos para longe mesmo assim me sentia feliz iria me aventurar com os pescadores que mais admiro, meus pais e tios, enquanto meus primos estavam envolvidos com assuntos religiosos.

Aos sábados eles costumavam ir a catequese segundo eles só faltava a crisma, enquanto eu só batizei ano antepassado porque ainda ouvia sem questionar, ainda acreditava nas suas histórias bobas sem lógica nenhuma.

Estava fascinada vendo a quantidade de peixes que eles tiravam para o barco, mais algo que me lembro, me deixou incomodada é que aqueles peixes pareciam olhar para mim, quando olhava para suas bocas era como quisessem me dizer algo, eu achei que fosse algo da minha cabeça, afinal peixes não falam, muito menos peixes mortos ficam encarando pessoas, mais eu sabia eu sentia, eu sentia que estavam me olhando, usei a cabeça e disse que era só minha imaginação, até a mesma sensação daquela vez voltar, eu queria saltar do barco, era como se o mar me chamasse, como se estivessem esperando por mim, quando encarei meu reflexo no mar eu jurei ter visto um homem, ligando as histórias eu podia dizer que aquele homem era Yam, sua boca se movia, mais eu não entendia o que ele dizia.

Outra coisa surpreendente é que eu podia ver através de seu reflexo, lá eu vinha tudo num tom escuro como se fosse uma serpente com sete caudas, com corpo de um humano, dentes de um tubarão, costas de uma baleia, braço que pareciam pegajosos como dos polvos, parecia cobras não tentáculos, mas os tentáculos tinha cabeças humanos por isso chamo de cobra

Mamã: Eco, Eco, Eco_ quando notei estava encharcada e sendo reanimada_ filha

Eu: mãe_ tusso água, até que volto a mim reparando suas feições preocupadas_ o que aconteceu?

Papai: você se jogou na água derepende, depois afundou, seu tio é que foi rápido a se jogar para te salvar, você está bem?

Eu: sim, eu acho que estou_ notei que o barco estava cheio de Peixes a sensação de estar ser encarada por eles tinha diminuído, quando o barco voltava para casa, lá num fundo, lá onde os barcos estacionavão, na terra firme era como se eu visse minha avó, ela me encarava era o mesmo olhar de pena e desilusão.

Tia: Eco, mamãe ti falou algo antes de morrer_ fez uma pausa notei que todos prestavam a atenção nessa conversa_ você pode não saber mais sua avó tinha o dom de prever certos acontecimentos, então Eco ela não ti falou nada?

Tio: como você foi a última que falou com ela, ela não ti instruíu algo?

Eu: … não, ela não disse nada,_ eu podia ver a expressão de decepção mesmo que ela estivesse longe, eu se sentia que mais ninguém a via além de mim, e eu tinha razão, afinal ela estava morta e aquilo era seu espírito me protegendo.

(...)

Os sonhos com o mar, com aquele monstro e aquele homem, para mim aquilo era o efeito das histórias que a minha avó me contava, mais decidi não arriscar por causa dos dois últimos acontecimentos. Então me matinha o mais afastada possível seja da água ou do mar, até olhar para o céu quando ele estava carregado de nuvens pesadas e obscuras o que era sinal de fortes chuvas para mim, era atormentador, era como se aquela água toda que estava no céu podesse cair sobre meu corpo, podesse me engulir.

Quando chovia e a chuva batia contra o telhado da casa a sensação de conforto que antes tinha desaparecido, a melodia dos pingos tornou-se acusadora, era como se a água quisesse me engulir. Decide me afastar disso tudo me focando no mundo fora do mar e assim foi, até eu chegar até o meu último ano de secundário tinha feito um grupinho de amigos na escola e dentre as pessoas desse grupo eu gostava especialmente de um, seu nome era Yoite, era engraçado da forma que nos dávamos bem mesmo quando às vezes ele descordando das coisas que eu dizia ou pelo fato de me titular ateu, mesmo assim eu gostava dele e sentia que ele gostava de mim também.

Yoite era um garoto da mesma idade que eu na época, 17 anos ele era, reservado, equilibrado, confiável, perspicaz e além disso tinha um espírito analítico. Alguém que valorizava a espiritualidade.

Sempre envolvido com seus pensamentos podendo passar a impressão de solitário. Sério, não aceitando intimidades ou brincadeiras inoportunas.

Bastente reservado, torna-se dificil ter sua confiança, e guarda seus segredos sempre para si.

Não se familiariza com encontros sociais, prefere sempre atividades que exijam concentração. Fala pouco, e evita comentários óbvios, nunca age com a intenção de impressionar, por isso só participa de conversas quando está embasada de sua observação e cuidadosa analise. Preocupa-se com o conteúdo e nunca com a forma.

Foi isso que me atraiu nele, eu gostava de estar com ele, por isso em todos os trabalhos escolares fazia a questão de estar com ele sim eu estava apaixonada por ele, e acho que foi esse meu amor cego e ignorante que tirou ele de mim, como eu queria voltar no tempo e fazer tudo de novo.

Me lembro que como aquele era nosso último anos juntos porque não sabíamos para que faculdade iríamos posteriormente decidimos comemorar, então eu ofereci minha casa, já que tem uma ótima vista ao mar, meus pais não negaram já que era um encontro entre amigos e eu não causava confusão para eles.

Ton: pensei que ateus não se apaixonassem_ debochou, nos estávamos na varanda naquele dia conversando acerca da vinda do meu grupo para aqui, e como foram os últimos anos estudando

Eu: não a nenhuma lei que impede um ateu de se apaixonar

Ton: mais como?_ fingiu estar espantado e me olhou cínico_ então existe uma lei que os impeça de rezar?

Eu: só acredito no que vejo,

Sandra: hahaha você não pode ver o amor Eco

Eu: posso senti-lo

Ton: uau Eco usado a emoção em vez do cérebro

Eu: chega, parem vocês dois porque sei que que você_ apontei para o Ton_ tem uma namorada_ você_ apontei para Sandra_ tem um namorado, agora me deixem em paz.

Ton: tá dona da razão_ zombou

Eu: esse sábado viram meus amigos para cá, vamos comemorar

Sandra: olha que maravilha, os meus e do Ton também viram_ disse com um sorriso na cara

Eu: não_ disse incrédula_ era para ser só eu e meus amigos não vossos

Ton: para de drama porque são quase mesmos amigos, e quanto mais pessoas mais diversão, sacou_ disse sério depois sorriu

Eu: hã tá, tá que saco

Sandra: … Eco_ a encarei_ você vai entrar na água?

Naquele momento eu me perguntei como eles descobriram, então conclui que eles sempre souberam, a vovó antes de falar comigo já tinha os dito, eles sabiam que eu mentia quando dizia que ela não disse nada. Enguli em seco

Eu: não, não, eu não irei!

(...)

Tinha uma churrasqueira com alguns frutos do mar, um som animado, conversa para lá e para cá estava sendo divertido, outros corriam de um lado para o outro na água era lindo de se ver, enquanto eu me sentava na área daquela praia olhando para eles, pareciam crianças do primário não pré universitários.

Yoite: Oy_disse se sentando próximo a mim_ você não vem brincar

Eu: eh não, não posso entrar na água_ ele me olhou sem entender, eu não ia contar para ele algo que nem eu acreditava por isso_ coisas de mulheres sabe

Yoite: hã… o por do Sol daqui é lindo tal como você

Eu: obrigada_ sorri envergonhada depois olhei para o mar e para o sol que estava laranja enquanto meus amigos e primos brincavam de vôlei na água_ se olhar atentamente, vai parecer que o mar está engulindo o sol

Yoite: ou que o sol é uma gema e o mar uma clara, totalizando um ovo_ dito isso rimos, estar com Yoite dava uma sensação de calma, como se tudo a nossa volta desaparecesse

Marco: Cara e sua vez no vôlei_ disse um de meus amigos, percebi que Yoite ia negar_ você não entra Eco?

Eu: coisas de mulher sabe_ ele fez cara de nojo o que me vez revirar os olhos e rir_ Yoite vá lá

Yoite: e você? Só vai ficar nos olhando se divertir

Eu: eu também estou me divertindo e olha, a Sandra, o Gustavo, Mary estão vindo vou conversar com eles enquanto vos observo_ sorri

Yoite: está bem_ ele se inclinou e selou nossos lábios_ torce por mim

Eu: com certeza

Marco: agora vamos_ puxou Yoite pelo braço_ você fica na minha equipe

Yoite: porquê tenho que ficar na sua?

Marco: porque eu vim de chamar e você é bom nisso_ foi engraçado ver Yoite revirar os olhos

Depois de algum tempo, se cansaram de brincar na água corria de um lado para o outro enquanto outros fingia ser uma dosela em apuros foi engraçado ver Ren fingir estar afundando preocupou todo mundo, depois foi o Marco depois disso ficamos num clima estranho até perceber que Yoite não estava, procuramos ele por todo o lado

Eu: Onde está o Yoite_ disse segurando as lágrimas enquanto agarrava Marco pelo colarinho

Marco: eu não sei, ele estava connosco lá_ apontou para a metade do mar, lá às águas são mais fundas_ nos pensamos que ele estava consigo

Eu: droga porque vocês tinham que ir para ali_ disse correndo para o mar mas Ton segurou meu braço

Ton: não faça isso será arriscado, já é noite você pode se afogar também_ tentei me soltar _ para com isso Eco você sabe que é perigoso

Eu: você quer… que eu deixe o Yoite lá, é isso que você está me dizendo que deixe ele morrer_ disse enquanto lágrimas transbordavão

Ton: Zen, Gustavo e Cláudio já foram a procura dele_ me olhou sério_ agora senta aí e não faça nada imprudente, use a cabeça, a cabeça Eco_ como foi duro receber do mesmo veneno, agora as minhas palavras estavam contra mim

Sandra: já fui chamar ajuda_ ela veio ter comigo e me abraçou_ fica calma nos vamos o achar

A lua estava cheia e branca, sua luz que ilumina as estrelas dava um tom prateado ao mar e ao céu a brisa fria batia contra o meu corpo e nada de Yoite aparecer.

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