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“ Quer mais alguma coisa, Willa?” disse a garota de avental e roupa azul padronizada. Compunha-se também de um pequeno sorriso no rosto e uma bandeja nas mãos.

“Apenas outro café puro, por favor.” – Respondi-a com um sorriso, a fim de ser educada.

“Só um momento!” - exclamou a ‘donzela’, feliz em ser útil.

Natália terminou os últimos retoques de minha maquiagem e em seguida sentou-se na cadeira de madeira posta ao meu lado, mascando o seu chiclete com um pouco de euforia.

Ela banhou os pincéis na água e logo me olhou, deixando os pincéis em repouso após tanta sombra preta em seus fios.

Seus olhos castanhos vieram em meu rosto, seu pescoço curvou-se, analisando-me. Ela piscou três vezes. Era um tique que Nat possuía, quando fazia isso, significava que estava tentando saber o que você está pensando.

“ Tem algo borrado? - murmurei, com a finalidade de quebrar aquele olhar observador sobre mim.

“ Não, pelo contrário. Está perfeito hoje, estou até orgulhosa. - Respondeu-me, com um sorriso presunçoso.

“ Hm... - sussurrei baixando a visão.

“ É que você parece abatida. - Arriscou ela, pousando o seu chiclete cor-de-rosa sobre a língua e agora, mais do que nunca, encarando-me como se encara uma criança quando vamos ver se esta tem febre.

“ Você acha? Impressão sua. - Sorri alargado, com um pouco de força na expressão. Não queria sorrir naquele momento, mas também não estava abatida.

“ Impressão? Certo, certo... Espero mesmo que seja, Willa. Você sabe como fico chateada quando você não confia em mim pra contar os seus problemas, não sabe? - ela empinou o nariz de forma engraçada e introduziu o dedo nos lábios, passando a enrolar o chiclete no indicador e a mordiscá-lo de volta à língua.

Era impressionante o quanto Natalie adorava brincar com gomas de mascar.

“ É sim, Nat. - Sorri, agora de verdade, deixando escapar um grunhido espontâneo. A camareira veio até mim, com minha xícara de café.

“ Obrigado.” Disse eu, pegando a caneca do recipiente prateado e, conseqüentemente, fazendo com que a mulher fosse embora, deixando-me de volta apenas um “ disponha” sorridente.

Levei o café até os lábios, sentindo a fumaça subir pela xícara. Assoprei antes da minha golada, e, posteriormente, pude sentir o prazer que a cafeína quente me proporcionava.

“ Está gostoso?” disse Nat, com a testa franzida e uma expressão agoniada.

“ Está sim.” Respondi-a, enquanto ainda assoprava o líquido, a fim de tomá-lo todo depressa.

“ Odeio café.” Comentou gargalhando.

“ Isso é porque a senhorita nunca tomou um cappuccino.” Tomei outro gole com uma expressão prazerosa, a fim de causar-lhe um pouco mais de repugnância.

“ Já tomei sim, ok? E é horrível.” Respondeu minha amiga, sem deixar-se vencer.

“ Será que dá tempo de me fazerem mais um?” perguntei, sugando o restinho que ficava pregado à xícara e proporcionando ao ambiente o barulho de um chiado divertido. “ Café me dá energia.”

“ Ai, ai. Gosto é que nem braço.” Ela pausou.

“ O que?” questionei curioso e ao mesmo tempo divertido.

“ Tem uns que não tem.” Ela respondeu rude, fazendo-me rir por conseqüência.

“ Mas dá tempo sim, Senhorita Willa. Aliás, dá tempo e sobra tempo pra você tomar uns cinqüenta cafezinhos.” Falou enquanto esfregava um dedo sobre a superfície de uma das unhas, observando o estado do esmalte.

“ Tanto tempo assim?” arregalei os olhos.

“ Segundo o David Lost, você ainda tem uma hora antes do show.” Ela tornou a olhar pra mim, com uma cara um tanto mal-humorada.

“ Uma hora? E eu aqui pronto?” minha expressão tornou-se igualmente mal humorada.

“ Ordens do seu produtor querido.” Disse Natalie, ainda indiferente.

“ Então vou ao meu quarto afinar mais um pouco.” Falei ao mesmo tempo em que pousava a xícara sobre a bancada de maquiagem.

“ E o café?” fez-me uma cara de interrogação.

“ Pede para entregarem pra mim depois do show?” supliquei, fazendo sinal de missa com minhas mãos e olhos penosos a minha pequena amiga.

“ Peço sim.” Sorriu Natalie.

“ Aliás, não peça café... Vou estar cansado depois do show e só terei uma hora para dormir antes de pegar o avião. Pede um copo de leite quente e um calmante, ‘ta certo?”

“ Beleza, linda.” Ela sorriu e largou os seus braços sobre o corpo, observando-me sair, enquanto eu mandava um beijo para ela.

Depois de Andreas, Natália é com certeza a minha melhor amiga. O que é algo fantástico já que na teoria ela é apenas a minha maquiadora.

Talvez tenha sido o seu humor sarcástico e o seu companheirismo que nos tenha aproximado; além de que, com Natalie eu tinha confiança. Sabia que dela não viria maiores e nem menores intenções. Ela era homossexual e tinha namorada. Muito bonita por sinal... Seu nome era Kate, fotógrafa, fez vários photoshoots da banda e assim como Natalie, era muito bem humorada e sarcástica. Faziam um belo par.

Peguei as chaves de meu camarim com um dos produtores e abri o meu mini-quarto. Estava entre a tentação de cair na cama e afinar um pouco mais a voz. É claro que preferi o segundo, afinal, dormir estragaria o meu cabelo, amarrotaria minha roupa e borraria a maquiagem recém-feita; enquanto afinar me daria mais perfeição na hora de cantar.

Acendi a luz e fui em direção à minha cama. Notei logo um livro aberto de qualquer jeito sobre o lençol. Peguei-o, fechando-o e virando a capa aos meus olhos.

Para

Will

“ Meu diário.” Sussurrei, pensando alto.

Livrando o pensamento de que alguém tinha entrado em meu recinto e mexido em minhas coisas, apenas sorri por lembrar de que eu não escrevia ali desde que tinha quatorze anos.

Sentei-me na cama, abrindo a primeira página. Logo no verso da capa havia uma foto minha com Tom, em preto e branco. Nós sorríamos e estávamos abraçados. Eu agarrava-me em suas costas enquanto ele se esforçava para manter-me sobre seu corpo. Lembro-me que este fora o nosso primeiro photoshoot com a banda formada e, agora, lembro-me também que fora a única foto que colei em meu diário. E que no dia em que a colei, era próximo ao dia em que eu passei a esquecer o meu pequeno cúmplice na gaveta.

Sorri notando nossa inocência e o sorriso bobo que habitava em nossos rostos. Não pude resistir a continuar folheando aquele pequeno livro.

Passei várias folhas de anotações, notando como era a minha letra, mas parei de folhear com tanto desleixo ao notar o primeiro desenho do diário. Foi como se minha memória houvesse tomado um banho de refresco, pois, de repente, mil lembranças a clareavam.

Eu toquei a folha com uma das mãos, enquanto a outra apoiava o livro, e meus olhos, atentamente, passaram a checar cada detalhe.

“ Estou muito feliz hoje. Pela primeira vez consegui ficar de pé em meu skate. E é claro... O meu querido irmão ajudou-me. Realmente não sei o que seria de mim se eu não o tivesse... Mal consigo pensar nisso.”

Abaixo, com riscos fortes de um lápis preto, estava o meu desenho borrado. Era possível notar com visibilidade a minha imagem, com a franja, que, posteriormente, originaria o meu look tão marcado, começando a crescer e os olhos já pintados de preto. Eu punha-me encima de um skate perfeitamente desenhado e meu irmão, já loiro, porém livre de touca ou boné, segurava em minha mão para que eu não caísse. No meu rosto havia um sorriso e no dele uma expressão tensa, mostrando o cuidado que ele estava tendo para evitar uma queda de minha parte.

(...)

“ Você precisa aprender a andar de skate como eu.” Ele olhava-me, com o seu transporte pré-adolescente encaixado nas mãos. Sua expressão era séria, causando um ar engraçado.

“ Por quê?” eu o respondi; igualmente sério.

“ Não quero que fiquem rindo de você por não conseguir.” Ele pousou o seu skate no chão e passou a olhar dentro dos meus olhos, apertando um lábio contra o outro e comprimindo-os em sua secura.

Olhei para o objeto de tão difícil domínio posto a minha frente como um desafio, sentindo a saliva apertar minha goela. Ergui meus olhos de volta a ele, desconcentrando-me do skate.

“ Mas Tom... Você sabe... Eu nem gosto de andar de skate. Por isso não sei usar.” Tentei driblá-lo, enquanto mantinha as mãos dentro do bolso.

“ Eu odeio natação e nem por isso deixo de nadar.” Insistiu ele.

“ Mas você deveria deixar de nadar se não gosta.” Olhei para baixo com um sorriso se esboçando nos lábios. Eu começava a ter certeza de que os meus argumentos o estariam convencendo.

“ Não! Faço, pois não quero nenhum otário me enxergando como um imbecil. Preciso ser bom nos esportes! E você também, porque é meu irmão.” Ele disse com voz autoritária, broxando o meu sorrisinho de vitória antecipada.

Reergui meus olhos, ainda disposto a insistir.

“ Eu sou bom em literatura.” Pronunciei choroso.

“ Desde quando literatura é esporte?” Tom franziu a sobrancelha, censurando-me.

“ Eu faço ballet.”

Ele pôs o indicador sobre os próprios lábios, e, bastante receoso, olhou para os lados. Ciente de que onde estávamos não havia ninguém, dirigiu-se a mim: “ Shh! Não diga isso alto... Droga.”

“ Tomi!” supliquei.

“ Cale a boca Will, você vai aprender a andar de skate e pronto. Eu sou o mais velho e você deve respeitar o que eu digo.”

Agachou por um momento, colocando o seu skate bem próximo dos meus pés. Ele segurou minha mão e passou a observar a parte debaixo de meu corpo. “ Sobe.” Disse ele.

“ Como se dez minutos fossem grande coisa.” Resmunguei, cedendo a sua insistência.

Finalmente, subi no skate, me desequilibrando de forma desastrosa nos primeiros passos.

Mas, felizmente, Tom esteve lá para me dar apoio até que eu ganhasse equilíbrio e, depois de algumas semanas, conseguisse andar sozinha. (...)

Com um sorriso bobo nos lábios, virei a página.

“ Papai finalmente arrumou uma desculpa sólida para sair de casa.”

(...)

“ Will!” abrindo a porta de nosso quarto, Tom gritou entusiasmado, pregando-me um susto. Seus olhos arregalados brilhavam e de seus lábios reluzia a cor vermelha maçã. Ele entrou e fechou a porta, trancando-a depois, sem justificar o porquê de tê-lo feito.

Assustado, deixei o meu lápis cair no chão e, sem querer, amassei a folha na qual eu fazia a tarefa de casa. Sentindo o coração, antes momentaneamente acelerado, começar a se acalmar, olhei-o e resmunguei. “ Que é, fedelho?”

“ Desce daí! Tenho uma coisa pra te mostrar!” dizia ele, ainda entusiasmado, enquanto mirava-me no alto da cama de beliche.

Pacientemente desci, pisando com minhas meias de algodão em cada degrau da escada. Ao descer, Tom sentou-se na cama de baixo, a que era a sua. Acabei por imitá-lo.

“ O que você quer mostrar?” questionei-o, franzindo o cenho.

“ Olha.” Ele disse brevemente. Depois, sem nenhum tipo de toque tátil, colou os lábios aos meus e enterrou sua língua por minha abertura trêmula. Lambeu brevemente o início de meus dentes inferiores até chegar ao centro da língua, onde se cessou e se distanciou de mim. Nossos lábios fizeram o barulho de um estalo e um filete de saliva fez com que nossas bocas permanecessem interligadas por ainda mais alguns meros milésimos.

Olhou para mim, enquanto eu não tinha nenhuma reação. Meus olhos estavam estáticos e a respiração descompassada. Sentia as mãos tremendo, pois sabia que de algum jeito, aquilo não era certo.

“ É bom?” perguntou-me, com um sorriso empolgado esboçado nos lábios.

Rolei os olhos por seu rosto, ainda com o restante do corpo sem muitas reações, além da respiração. Pisquei algumas vezes e o respondi. “ É.” Baixei os olhos. “ É bom...”

“ Então me beija de novo.” Ele avançou o peito, para novamente colar nossos lábios, mas o segurei antes que ele pudesse fazer isso, travando-o no tórax e privando-o de alcançar-me. Ele abriu os olhos, antes fechados com tanta inocência aparente, e passou a olhar-me desentendido.

Eu sabia que aquilo era errado de alguma forma, pois nós dois éramos homens e todas as pessoas que se beijavam eram sempre um homem e uma mulher. Assim como papai e mamãe, além dos casais de novela – as minhas únicas vistas a beijos. Nós dois éramos homens. Nós dois éramos irmãos.

“ O que foi, Will?” disse ele, olhando minha mão atrapalhando o seu avanço.

“ Quem te ensinou isso, Tom?” perguntei-o.

Ele, por sua vez, sentou-se direito, desistindo de voltar a beijar-me. “ Aprendi na escola.”

“ Com quem?” insisti.

“ Emillie.” Respondeu-me um tanto sem graça, como se não quisesse contar.

“ Vocês se beijaram?” virei minha cabeça, curioso.

“ Sim.” Disse-me ele, com normalidade.

“ Nunca vi gente da nossa idade se beijando.” Franzi a testa, achando estranho.

“ Nós já temos nove anos.” Ele cruzou o braço, erguendo a sobrancelha e mantendo a expressão séria.

“ Mesmo assim.” Opus-me, baixando os olhos.

“ Pois eu e Emillie já nos beijamos várias vezes!” gabou-se, erguendo mais ainda a sua sobrancelha.

“ Que nojeira.” Contrai os lábios, formando uma expressão de náusea, a fim de não ceder ao seu convencimento.

“ Mas você disse que era bom.” Foi sua vez de fazer uma expressão desentendida.

“ Nem tudo que é nojento é ruim.” Virei para o lado, cruzando os braços, a fim de não precisar olhar em seu rosto.

“ Então eu posso continuar te mostrando o que eu aprender mesmo se for nojento?” Olhei-o pelo cantinho do olho, podendo ver seus olhos brilharam de uma forma em que era impossível dizer não. E, além disso, o que tínhamos feito não tinha sido ruim. Parecia uma proposta interessante.

“ Pode.” respondi-o com um sorriso acanhado formado nos lábios.

“ Então vou lhe ensinar tudo o que eu aprender!” ele disse mais alto, esbanjando empolgue.

“ E eu posso te ensinar também?” apoiei minhas duas mãos sobre a cama, passando a ficar mais perto de seu rosto, enquanto falava com a mesma empolgação que ele possuía.

“ Você?” ele ergueu uma sobrancelha, em sinal de surpresa. Sua voz possuía um leve tom de deboche.

“ É.” Baixei o meu nível, um pouco desolado.

“ Se você aprender algo...” ele curvou o pescoço, ainda debochado.

***

“ Tom.” Eu apareci na porta de seu banheiro, com os braços colados nas costas e as mãos caindo levemente pela parte traseira do corpo. Meus olhos brilhavam e eu mantinha um sorriso sacana.

“ Sim?” ele respondeu, enquanto escovava, agora, a parte de cima dos dentes.

“ Eu e Emillie estamos namorando.” Falei em tom meigo e expandi ainda mais o meu sorriso, observando-o atentamente enquanto esperava a sua reação como um faminto espera por comida.

“ O quê?!” ele exclamou em alto som. Sua escova imediatamente caiu dos lábios, indo parar na pia. Encarou-me com a boca lotada de espuma e uma expressão extremamente raivosa. “ Mas ela estava namorando comigo!”

Baixei a visão até seus pés, por um momento, e depois os ergui, ainda sorrindo. Preparei-me para sair dali antes que ele pudesse dizer-me algo a mais, deixando-o apenas com a sua resposta. Um adorável “ Estava.” (...)

***

(...)

Eu estava sentado na grama de nosso quintal, com o laptop no colo, próximo a piscina, quando senti seus lábios macios estalarem em meu rosto. Fizeram o ruído de um crepito, deixando no ar a meiguice de seu ato.

Ele já estava lá, sentado comigo, exatamente ao meu lado, onde nossos reflexos podiam ser vistos na piscina. Nós dois, a cada ano que se passava, ficávamos mais diferentes um do outro. Tanto em aparência quanto em personalidade.

Ele olhou-me de forma maliciosa e com uma voz abrandada, sussurrou como se houvesse receio de que mais alguém o ouvisse. “ Papai e mamãe saíram e eu aprendi uma coisa nova.”

Olhei-o com estranheza, pois desde o nosso primeiro beijo, Tom nunca mais havia “ me ensinado” nada. Foquei-me em seus olhos, observando a malícia que ainda habitava no par. No alto de nossos recém-feitos treze anos, Tom e eu já tínhamos noção de várias coisas.

“ Ensinar o que, veadinho?” gargalhei, deixando o sorriso apossar-se do meu rosto após o momento de descontração. Passei a olhar para o reflexo, notando que ele não se importara muito com o apelido.

“ Aposto que você ainda não transou.” Ele coçou o queixo, enquanto falava. “ Aliás, aposto que você nem ao menos sabe o que é transar...” Ele ergueu a sobrancelha e curvou o pescoço, deixando seu queixo apontar para o peito. “ Não como eu sei.” Dizia ele, sorrindo divertido.

“ E o que importa?” rolei os meus olhos por meu notebook e o ajustei para frente, a fim de cobri-lo do reflexo do sol e desviar-me da atenção de Tom.

Ele bateu a mão sobre meu computador, fazendo com que as tampas se corrompessem uma a outra e produzirem um barulho de baque. Seu corpo aproximou-se, enquanto sua mão, ainda pousada no recipiente prata, trazia-o, conseqüentemente, para mais perto de meu rosto. Seus olhos miraram os meus e por ali ficaram. Na intensidade de seu olhar, era possível notar-me no reflexo de sua pupila.

Minhas bochechas coraram e, por um momento, senti-me com os lábios entreabertos.

A fim de quebrar a nossa situação, pisquei uma vez. Ele desviou-se no mesmo momento. “ Tomi...”

Ele olhou para baixo, pousando a ponta de seu tênis sobre a água azul da piscina e mergulhou os seus olhos no mesmo local em que seu tênis pousava. “ Você é o único amigo no qual posso confiar todas... Todas as minhas coisas.”

“ Mas...” observei o nosso reflexo na água e a expressão desolada na qual se punha Tom. Imitei-o, pousando a ponta de meus dedos em pêlo no mesmo local de seu tênis esquerdo, podendo sentir a frieza na qual estava nossa piscina. “ Você tem tantos.”

Voltei ao olhá-lo e, automaticamente, ele fez o mesmo. Sua mão pousou-se na grama, dando-o apoio, enquanto seus olhos ainda eram baixos. “ Eles não são reais.”

“ ... Não como você.” Completou Tom.

“ Como eu?”

“ Você jamais me zombaria... Porque somos... Iguais.” Ele disse em pausas, enquanto tocava a grama com os dedos. “ Eu sinto que somos... Iguais.”

“ Do jeito que estou pensando?” franzi a testa, enquanto observava os seus olhos ainda baixos, mirados para minha sombra.

“ Não...” ele gargalhou por um instante, sendo acompanhado de seus olhos que, espremidos, pareciam sorrir, imitando vossos lábios. Senti as bochechas queimarem de vergonha por meus pensamentos enquanto ele finalizava o sorriso pouco a pouco. “ Mas... Eu acho que sim, eu acho que também somos iguais, nesse sentido.” ele disse, agora mais sério.

“ Talvez.” Rolei meus olhos horizontalmente pela grama, podendo ver a movimentação de suas, já largas, calças jeans. Elas fizeram um embolado de pernas e se aproximaram de mim. Erguendo meus olhos, lá estava o meu irmão, novamente. Olhava-me agora, apoiando suas mãos uma em cada joelho. Os lábios mantinham o sorriso de lado e os olhos brilhavam.

Ele se aproximou, elevando apenas o queixo até mim, enquanto, agora, mordia uma pequena porção de seu lábio inferior. Colei meus lábios na lateral de seu queixo e lá beijei, sentindo a fricção de minha saliva por sua pele. Ele fechou os olhos e apoiou uma mão em meu cabelo, o acariciando com delicadeza. Sua face andou alguns centímetros, até ficarmos com os lábios um a direção do outro. Pude sentir sua respiração vir em um sopro quente contra meus lábios e a presença dos seus magnetizar sobre os meus. Ele roçou-os, em um roçar que quase não se encostava, apenas fazia-se sentir o mínimo.

Nervoso, pude apenas sussurrar contra seus lábios, “ Seja doce comigo, Tomi.” E senti-lo colar nossas bocas e beijar-me. Beijava devagar, tocava nossas línguas, fazia estalos barulhentos com nossos lábios, babava-os por fora. O peso de seu corpo veio sobre o meu, espremendo-me entre ele e a grama. Nossos membros ficaram devidamente pressionados, arrancado sussurros de ambas as partes e tornando o nosso beijo mais rápido, mais intenso.

Segurei-o na borda da camiseta, pronto para subi-la, a fim de sentir nossas barrigas em fricção, mas uma sombra havia nos coberto e, de repente, ele não me beijava mais. Seus olhos eram direcionados pra cima e, covardemente, eu não me atrevia a fazer o mesmo.

A voz rouca de nosso pai soou palavrões e obscenidades inacabáveis. Nossos corpos foram levados no ar, um de cada vez, e fomos devidamente castigados. (...)

Angustiada e sentindo o coração batendo forte no peito, virei a página, encontrando um desenho de ódio que chamara minha atenção.

Coloquei um fio de cabelo atrás da orelha e deslizei a mão suavemente até o colchão, pousando-a ali e dando apoio para que eu me acomodasse melhor na cama, graças aos seus pulsos. Aproximei o diário de meu rosto.

Meus olhos giraram, misturando-se no preto da maquiagem. Minhas pupilas visualizaram atentamente aquele desenho. Em uma árvore havia a minha imagem, perfeitamente desenhada. Os cabelos já eram espetados e os olhos já eram pretos. As calças eram rasgadas, a blusa apertada. Em volta de meu pescoço havia uma corda, com ênfase na amarração. Em volta de meus olhos, lágrimas vermelhas que eram, sem dúvida, a principal fonte de cor da página.

Essas lágrimas vazavam até o final do papel, onde havia uma ausência de cor quebrada apenas por riscos vermelhos já finos. Minha cabeça era parcialmente caída e, ainda na mesma folha, porém na página ao lado, havia um desenho de Tom.

Ele estava rodeado de amigos. Tantos meninos, quanto meninas. Sorria, segurando o seu skate, enquanto eu continuava ali, morto.

A sua caracterização era feita pelo piercing no lábio e as rastas, mostrando que aquele sentimento mostrado na página era algo recente.

Ele se esquece de mim a cada dia mais.

(...)

Tudo o que eu mais queria era ser uma garota, então ele poderia gostar de mim, e me beijar, e transar comigo como transa com elas.

*rabiscado*

(...)

Eu passava os canais de TV constantemente. Poderia dizer que já era a terceira vez que eu fazia isso. Nunca achava algo interessante o suficiente para me prender. Os desenhos animados do Japão pareciam ter tirado férias naquela manhã.

Eu estava sentado no chão, enquanto Tom punha-se no sofá, virado de costas e com uma almofada cobrindo-lhe toda a região da cabeça. Seu corpo estava encolhido e, ao tocar-lo, ele certamente resmungaria um “ Sai daqui.” .

Desliguei a televisão e, mesmo assim, dsecidi atormentá-lo.

“ Nós não vamos ao bar do Alasca hoje?” Pousei o controle sobre o carpete e o soltei enquanto tentava, com uma voz extremamente calma, ter um pouco de sua atenção.

Ele remexeu sua bunda magra sobre o tecido vermelho de nosso acento, fazendo ruidinhos de impacto. Depois, como eu previa, resmungou. “Eu estou passando mal.”

“ O que você tem?” perguntei, insistindo e, desta vez, olhando pra cima, a fim de vê-lo.

“ Indisposição, sono.” murmurou Tom.

“ Mas você não se lembra? Nós vamos nos apresentar no Alasca hoje à noite.” Contrapus, impaciente.

“ Mas é à noite, Willa, e ainda está de tarde.” Resmungou Tom.

“ Você precisa me ajudar a afinar.”

“ Não consigo... Pode pedir à mamãe que me traga um chá?” A fim de intensificar o drama, Tom levou as mãos até a cabeça.

“ Posso... Porque para você estar pedindo um chá em vez de uma coca gelada ou uma birita deve ser porque realmente está doente.” Gargalhei e levantei-me do chão, abandonando o meu adorado controle.

“ Shhh!” exclamou ele. “ Não diga essa palavra enquanto mamãe estiver por perto.”

“ Que palavra?”

“ Birita.”

“ E Por quê?” ergui a sobrancelha.

“ Porque ela não pode saber, idiota!” sussurrou.

Sem capacidade para respondê-lo, bufei e sai da sala. Encaminhei-me até a cozinha, o cômodo ao lado, a fim de pedir à mamãe que fizesse o tal chá.

“ Mãe, Tom quer um chá.”

Foi o que disse à nossa mãe que, rapidamente, parou de assistir o seu programa de culinária pela TV da cozinha e espanou o microondas.

“ Chá de quê?” perguntou, falando um pouco alto.

“ Não sei. Um que possa deixá-lo mais... Vivo.” Olhei para meus pés, escondendo um sorriso bobo.

“ Vivo?” Mamãe riu, enquanto mantinha um sorriso sarcástico nos lábios, ainda limpando a bancada, mas sem prestar atenção nela, e sim em mim. Estava me encarando com seu sorriso.

“ É. Talvez...” Apoiei minha mão sobre a pia e olhei-a retirar a panela e o sache de chá do armário e rapidamente ligar o fogão para o preparo da bebida.

Enquanto fazia, olhei para trás, podendo ter a visão da sala. Observei se Tom ainda estava deitado no sofá, e, ao contrário do que eu esperava, ele havia se virado de frente e estava parcialmente sentado. A coluna inclinada à frente, um pouco de preguiça nos olhos. Falava no celular.

Espichei os meus ouvidos, querendo, realmente, ouvir o que ele estava murmurando. E então me aproximei.

“ Tudo bem. Vou falar com minha mãe e já estou chegando aí, beleza?” ele bateu os dedos pela barriga, esticou as pernas e olhou para o teto. “ Não, não vou demorar, And!” continuou ele. “ Sim, sim. Até mais.” Ele bateu a tampa do celular e eu afastei minha cabeça depressa, a fim de não ser pego. À minha frente estava minha mãe, com uma caneca de chá em uma bandeja.

“ Pode levar ao Tom por mim, Will?”

“ Sim...” peguei a bandeja de suas mãos, notando minha imagem se refletindo automaticamente no prateado, e as costas de minha mãe se virando. “ Claro.” sussurrei.

Dei o primeiro passo e Tom apareceu no cômodo, fazendo-me quitar a idéia de ir até ele. Ele pegou a caneca de chá e com o ruído causado, mamãe olhou para trás. “ O que foi, Tom?”

“ Nada, mãe. Só um pouco indisposto.” Ele sorriu, tomando todo o chá em alguns poucos goles largos e depois colocando a caneca na bandeja que eu segurava, fazendo-me sentir um meio... Garçom.

Bafejou e puxou ar pelas narinas, atendendo ao pedido de oxigenação feito pelo seu corpo.

“ Mas com esse chazinho você vai melhorar!” disse mamãe, com um tom orgulhoso na voz.

“ Já estou melhor.” Tom sorriu. “ Posso ir à casa do Andreas? Ele está me esperando no ponto de ônibus.” Virou-se pra ela, franzindo as sobrancelhas e falando em um tom de súplica.

“ Desde que não façam bagunça e volte antes das nove, tudo bem.”

“ Tranqüila.” Rebateu Tom.

“ Estou falando sério, Tom. A Sra. Liesel reclamou que quando vocês dois vão pra lá bagunçam muito a casa. Fiquei envergonhada. Parece até que eu e o Gordon não te demos educação.” disse mamãe.

“ Nós nunca fizemos bagunça!” afirmou Tom e, depois, passou as mãos dentre a camiseta, olhando pra baixo. “ Na verdade, só uma vez. Tínhamos quebrado um vaso caro... Ela ficou chateada.” justificou.

“ Não é pra menos.” Eu disse. “ Eu nunca quebro nada.” Sorri orgulhoso.

“ Cala a boca, pivete.” Murmurou.

“ Meninos...” disse nossa mãe.

“ Muito bem. Vá ficar na casa do Andreas. Só não se esqueça do Alasca hoje à noite, idiota.” completei.

“ Tranqüilo, pivete.” Tom ergueu e baixou a sobrancelha duas vezes rapidamente e abriu um sorriso imbecil. Logo se afastou de mim, deixando a cozinha e subindo para o quarto. Certamente iria pegar sua chave e algumas coisas para levar a casa de Andreas.

“ Porque não vai com ele em vez de se chatear? O Andreas não é seu amigo também?” perguntou mamãe.

“ Eu poderia ir, mãe. Mas hoje é a primeira vez que tocaremos juntos em um local em que há gente que não seja você, o Gordon e a vovó. Então estou ansioso. Nós tínhamos combinado de ensaiarmos juntos para que eu não ficasse tão nervoso e eu também o ajudaria com a questão da timidez, mas...” abri a geladeira, a fim de pegar um suco.

“ Vejo que ele já tem segurança suficiente.” Meu tom de voz mudou de expressivo para chateado.

(...)

Mudei as páginas novamente. As notei brancas. Voltei o diário pelo começo e, nostalgicamente, passei a folheá-lo.

Droga. Desenhos e desenhos e mais algumas escrituras que não eram muito diferentes das situações de minhas lembranças. Em minha mente, uma única conclusão: Tom continuava exatamente assim! Igual a antes.

Enquanto eu fazia de tudo para estar ao seu lado, ajudá-lo, ser um bom irmão; enquanto eu o tinha como meu confidente, considerava-o como o meu único amigo de verdade, enquanto eu me dedicava e dava a ele o amor que ele precisava enquanto estávamos longe de casa, deixava-o ter-me como um diário trancado no qual pudesse chorar e desabafar sem que ninguém pudesse saber de nada depois, enquanto eu morreria e mataria por ele, ele simplesmente não se sentia assim.

Abri o meu diário e de forma brusca e até ansiosa, busquei no apoio ao lado de minha cama uma caneta. Rapidamente encontrei uma folha em branco e comecei a escrever.

“ Sempre cuida de mim quando eu preciso. Dá-me carinho e apoio, mas... Trata-me como uma prostituta. No dia seguinte, está ocupado demais com outras pessoas, com coisas mais importantes. Desde deixar-me só nos intervalos escolares e, hoje em dia, nas fan’s party. Desde beijar e abraçar-me quando chegávamos do colégio, e depois largar os nossos jogos para abraçar e beijar os lábios de uma garota qualquer, como faz hoje, com as nossas fãs.

Não entendo. Se fosse ciúme, eu não preciso sentir isso. Se fosse inveja de suas garotas, muito menos. Posso ter todas que eu queira. Elas ainda gritam mais por mim do que por você. Sonham mais comigo do que com você. Têm em mim a imagem de um cara perfeito, que não é um conquistador, que é romântico e gosta de bichinhos. Um cara que quer encontrar um amor pra vida toda, enquanto você só quer saber de brincar com elas.

Mais uma hipocrisia. Enquanto você diz “ te amo” a todo mundo de forma tão convincente, ri deles nas costas. Será que faz isso comigo também? Dá autógrafo e depois zomba da cara de cada um, diz os seus defeitos, como se você fosse perfeito. Quando não estou por perto, zomba dos meus defeitos também?

Quando diz amo-te, eu acredito. Mas você se contradiz em vários momentos.

Onde você está? Você e o seu desleixo. O show vai começar. Nós poderíamos estar aqui, juntos, aquecendo Break Away. Sabe, gosto quando você toca na guitarra. Seus sentimentos parecem sinceros. Eles são? (...)” .

A maçaneta girou duas vezes, e então o indivíduo do lado de fora notou que era necessário passar o cartão de entrada para que a fechadura se abrisse. Assustado, passei os dedos pelos olhos, retirando uma lágrima que escorrera involuntariamente, enquanto eu estava perdido em meus pensamentos.

Também fechei o diário e, antes que a cabeça do ser pudesse aparecer, escondi-o debaixo do travesseiro.

“ Vamos, Willa! Vamos, vamos, vamos!” gritou Jorge, invadindo o quarto. “ Vai, vamos!” ele bateu palmas, completamente agitado.

Soltei um riso de alívio e relaxei os ombros, saindo rapidamente da cama, enquanto o meu corpo embolava-se pelos lençóis macios.

Pensei que era Tom, mas seria algo impróprio demais. À uma hora dessas, ele estaria certamente no mini-bar, com alguma garota.

“ Faltam dois minutos, Cinderela. E se você se deitar vai estragar o cabelo, por isso, vamos já! Now!” zombou-me, ainda agitado.

Passei as mãos pelos meus fios e peguei o espelho de mão, a fim de ver se a maquiagem não havia borrado. Ainda estava tudo certo. Depois o olhei, desaprovando a brincadeirinha. “ Há-há, que engraçado você, Gê.” Dei-lhe uma palmada forte nas costas, partindo com ele para direção que nos levava pra fora do quarto.

Ele já estava caracterizado com o baixo em posição, cuja escrita no braço leva o nosso logo da banda. Os cabelos lisos como de hábito estavam em sincronia perfeita e, a cada dia que passa, Jorge parecia estar mais magro.

Pensei em brincar com isso, mas lembrei-me de que eu pesava cinqüenta quilos. Não teria graça.

Nós dois, orientados pelo pessoal da segurança, corremos para a plataforma inferior do palco, onde ficávamos antes do concerto começar. As fãs gritavam alto, clamavam por nós. O meu coração como sempre se acelerou rapidamente e a vontade de estar lá encima aumentou.

Silk, nosso coordenador, fez um sinal de jóia para mim, esperando o meu sinal, para que as cortinas pudessem se abrir e nós entrarmos. Olhei os meus dois companheiros de banda ao meu lado, Jorge e Gustavo, que pareciam estar igualmente estressados e ansiosos. Mas... Onde está o Tom? Oh, sim. Chegou correndo, com o habitual sorriso nos lábios. Sempre contornando tudo no último minuto. Sempre colocando todos com o coração a pular pela garganta. Droga.

“ Prontos?” Perguntou meu gêmeo, obtendo um ok apenas de Jorge e Gustavo. Eu preferi permanecer calada.

Quando Tom segurou em meu braço e preparou-se para perguntar se havia algo de errado comigo, ou se eu estava com raiva, um milagre aconteceu. O locutor começou a falar a nossa frase padrão do tour e eu dei jóia para o coordenador. Rapidamente, David fez sinal para que entrássemos imediatamente, pois já estávamos terminantemente atrasados.

Subi as escadas correndo, vendo a sombra de meus três companheiros me seguirem e, pela primeira vez, o rosto novo de todas aquelas pessoas que possuíam esmeraldas coloridas no lugar dos olhos.

Sorri. O sorriso mais sincero que uma cantora poderia fornecer a um fã. E cantei. Com toda a minha alma e confiança. Confiança adquirida com muito esforço, pois a consegui sozinha. Somente eu sei como é preciso ser fria e atriz em cima de um palco. E só recentemente estou à vontade comigo mesma. Desde que comecei a terapia hormonal, removi os meus seios, e fiz um leve aumento de lábios e seios. Agora sou como uma mulher.

Pois claro. Estávamos em um país novo, em uma cidade nova, mas tudo permanecia em seus devidos lugares. Os mesmos gritos, a mesma euforia, os mesmos cartazes, as mesmas músicas, as mesmas emoções, a mesma fachada. O mesmo espetáculo incestuoso, as mesmas groupies, os mesmos golpes. Tudo ensaiado, planejado, programado. Ao vivo, mas minuciosamente planejado.

Mais uma vez eu estava estirado na rotina. Logo eu que sempre achei que com a vida de músico jamais cairia em uma rotina. Logo eu, recoberto pela coisa que eu mais odiava de todas as pessoas de minha volta: a maldita rotina.

Simplesmente me enganei. A minha vida é muito agitada sim. Turbulenta, cansativa e lotada de coisas. Lotada de inveja, alegria, amor puro, amor falso, dinheiro, conforto e... Nostalgia.

Cidades novas, pessoas novas, lugares novos. Nada disso fez com que minha vida deixasse de ser uma rotina. As pessoas são diferentes todos os dias, mas as situações são iguais todos os dias.

Os que não irão me tocar. Os que gritarão que me amam sem nem saber quem eu realmente sou. Os que passam mal por mim, mesmo sem terem a certeza de que tenho órgãos, coração. Mesmo sem saberem se só quero dinheiro, se os acho imbecis.

Pessoas diferentes... Situações iguais.

O show correu bem.

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