Resumo
Willa não sabe, mas é completamente apaixonada por seu irmão gêmeo Thomas. Eles acabam de assinar um contrato com uma reconhecida produtora para trabalhar desempenhando o seu grande sonho: serem grandes artistas do rock internacional. No entanto, tudo isto começa a despertar um ciúme doentio em Willa, que fica cada vez mais obcecada com a ideia de poder perder o seu irmão para alguma outra artista, fã, ou qualquer mulher que se aproxime dele.
A Promesa
Estrondava na sala o barulho da música natalina. A neve caía do lado de fora da casa numa fria manhã alemã. Era dia seis de janeiro. Um dia feliz no calendário europeu, onde os nativos abrem os presentes deixados pelos reis magos, caso hajam sido bons no último ano.
Hoje era um dia especial, para além da ocasião. A família de Jorge e de Gustavo se encontrava na casa dos Krahm. O produtor David Lost era um novo amigo e, junto de sua namorada, participava da festa.
O cenário musical estava montado próximo à árvore de natal e a banda recém renomeada Chinatown tocaria em poucos minutos para a alegria dos tão conhecidos convidados.
Havia algumas porções de bebida derramadas pelo chão, laços de presentes e pratos de comida por todos os lados. Os convidados conversavam e alegremente sorriam. Não havia ninguém infeliz naquele dia, ainda que um deles se encontrasse preocupado.
Os irmãos estavam sentados no sofá. Falavam sobre o contrato que assinaram e sobre como a vida deles mudaria. Estavam entusiasmados, finalmente o sonho seria realizado. Estavam dispostos a dar tudo deles. Mas Willa tinha medo.
“Tom.” A garota chamou, ficando séria de repente. O loiro ainda tinha na cara resíduos de uma gargalhada antecessora ao chamado. Ele também ficou sério, imaginando o que Willa teria para lhe dizer.
“Hm?” Perguntou o mais velho.
“Nossa vida vai mudar de verdade.”
“É.” Tom concordou como se fosse obvio. Já haviam falado isso um montão de vezes. Ele bebeu um gole da coca-cola.
“Tom.” disse Willa, tornando a obter a atenção do irmão. “De verdade.” a morena repetiu, sinalando suas palavras.
“Eu sei, Willa... Sei que vai mudar de verdade. Mas a gente já falou que estamos dispostos.” Tom suspirou. A ideia de sua irmã fraquejando a respeito do que haviam decidido sobre a formação do novo grupo Chinatown atordoava Tom apenas com vagar por sua mente. O loiro já estava convicto demais sobre o que queria para a sua vida e se Willa desistisse agora sua dor seria irremediável. “Estamos, não estamos?” o loiro ergueu uma sobrancelha com uma expressão angustiada.
“Estamos. Mas eu não estou falando disso...” Willa cruzou os braços e suspirou também, mirando os pés.
“Então do que você está falando?” Tom apoiou o braço no sofá e a cabeça na mão. Seus olhos fixaram em Willa.
“Sobre a gente, sabe?” A expressão de Willa abateu-se um pouco e Tom recuperou a postura, ficando curioso a respeito do que a irmã lhe diria. “Tenho medo da nossa relação mudar.” Willa soltou e isso pareceu absurdo para o mais velho.
“Willa...” Tom assentiu negativamente. “É claro que a nossa relação não vai mudar. Eu não vou mudar com você.” disse firmemente, olhando-o nos olhos.
“Você jura?” Willa franziu as sobrancelhas e mordeu o lábio inferior. Sua boca formava um círculo invertido.
Tom assentiu. “Juro.”
“Se fizermos sucesso,” começou Willa, insegura. “Vai ter muita gente ao nosso redor. Poderemos ter tudo o que quisermos. Todo mundo vai querer ser nosso amigo, todas as meninas e meninos nossos namorados e todos vão tratar a gente bem.”
“É fantástico, não é?” Tom sorriu amplamente. “É o que sempre quisemos.” O loiro olhou para baixo um momento, ainda com o sorriso preso nos lábios, imaginando o quanto ele e Willa seriam felizes, aceitados e amados.
“É fantástico. Mas todas essas pessoas vão ser só ilusão.”
Tom olhou-o. “Não quero nunca que você as coloque por cima de mim, não quero nunca que você se esqueça de que eu te amo de verdade.”
“Willa...” Tom ficou mudo por um instante. Tinham uma relação muito forte. Willa e ele nasceram no mesmo dia, e estiveram juntos desde o berço. Tiveram os mesmos sonhos e ideias. Um apoiando o outro. Eram irmãos e passavam pelas mesmas coisas e sentiam quase o mesmo em relação aos pais. “Você é quem mais me importa. Estamos juntos nessa.”
“É você também quem me importa.” Willa disse firme e mais empolgada que Tom. “Para mim o mundo inteiro pode se foder se você continuar vivo.”
As palavras de Willa provocaram um sorriso tímido e feliz no mais velho.
“Mas eu não quero que você se esqueça disso. Nem que se esqueça das traições dos nossos falsos amigos, das pessoas que nos zombaram e falaram mal da gente nas costas, das nossas primeiras relações, do que o nosso pai nos fez e de quantas vezes já nos sentimos triste pela mamãe tratar a gente como um estorvo.”
O loiro suspirou, doía ouvir aquilo tudo, mas era a verdade.
“Você foi a única pessoa sincera comigo desde sempre” continuou Willa. “Não quero te perder nunca e não quero que você se esqueça de que eu também fui a única pessoa sincera e verdadeira com você. Do fundo do meu coração, eu vou continuar sendo, mano, mas eu preciso que você me prometa que você não vai mudar comigo porque seria a coisa mais triste de toda a minha vida e eu não sei o que me aconteceria se eu te perdesse.” Desabafou Willa.
“Willa.” O loiro pegou a mão da mais nova discretamente. “Tá prometido.”
Os dois sorriram.
“Nós vamos começar isso juntos e acabar isso juntos. E ninguém vai nos separar, nem amigos, nem namorada e nem mesmo a banda.”
Willa riu. Eles se cumprimentaram com um toque de mãos seguido de um soco. “Eu te amo.” declarou Willa.
“Eu também.”
“Muito.” Completou ela
“Também te amo muito.”
Willa sorriu, acompanhando o sorriso que Tom já tinha no rosto. “Vamos pra lá conversar com o Jota.W Sugeriu Tom.
“Ok.” Willa sorriu adoravelmente.
Os dois se levantaram do sofá e foram na direção do amigo, que falava com Gustavo e seu pai.
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