Capítulo 7
- Eu peço que você me desculpe? - perguntou a garota em um tom perplexo.
- Meu nome é Jonas. Vamos ter que nos chamar pelos nossos primeiros nomes... O Sr. Brantley parece um pouco estranho, considerando que sou um amigo de longa data. -
Ele olhou rapidamente para o relógio, pensando rapidamente no nome e no endereço do restaurante onde se encontrariam, e Louste, em um turbilhão de sentimentos confusos, observou-o se afastar com passos longos e determinados.
A maior parte já foi feita, agora vamos ver!
Ele se virou e, voltando para casa, tentou colocar seus pensamentos em ordem. Ela sabia com certeza que ele reconheceria Mira como sua filha. Naquele momento, ela teria concordado em lhe dar algum dinheiro....
Ela pensou em lhe pagar um pouco a cada mês.
"Será como se eu tivesse feito um empréstimo no banco."
Afinal de contas, ele não precisava de muito para cuidar de Mira adequadamente. Ele teria alugado um apartamento pequeno e funcional, em qualquer área, desde que fosse segura e bem conectada.
Uma vez que os credores estivessem fora do caminho, ele poderia respirar aliviado e procurar um emprego melhor que pagasse mais. A quantia que Louste precisava era como uma gota no oceano para esse homem, mas representaria a salvação para Mira e para ela.
Foi somente quando ela entrou na casa que um pensamento terrível passou por sua mente....
E se, ao olhar para Mira, ele tivesse sido tomado por um forte desejo de paternidade - uma paternidade que lhe havia sido negada por sete anos? E se o rico e poderoso Jonas Brantley decidisse pedir a custódia de Mira?
Louste tirou o paletó como um autômato, foi até a cozinha e preparou uma xícara de chá.
"Meu Deus... Eu não teria a menor chance de vencê-lo", ele sussurrou. - Mas não", acrescentou quase que imediatamente, como se quisesse se animar, "eu nunca conseguiria! -
Louste não sabia exatamente o que fazia para viver, mas com certeza consumia todo o seu tempo. Ele deve ter sido um daqueles homens odiosos que vivem para o trabalho.
Ela tinha certeza de que ele morava em um luxuoso apartamento de solteiro em algum bairro chique... Em um apartamento grande demais para uma pessoa solteira que nunca estava em casa... Um apartamento com serviço de empregada diário. O tipo de lugar onde animais... e crianças são proibidos.
- Vamos lá, não pense no pior antes que as coisas realmente comecem... -
Louste balançou e sacudiu a cabeça para limpar esses pensamentos negativos. Em nenhuma circunstância você deve deixar sua imaginação levar a melhor.
- Eu só consigo pensar na minha pequena Mira. -
- Tia Sparks, mas eu não quero usar o vestido. -
Amuada, de braços cruzados, Mira continuou a olhar para o vestidinho branco com bolinhas azuis, deitado na cama.
- Vamos, cachorrinho... Que vestido lindo! - disse Louste em um tom de súplica.
- Eu não quero! Quero usar uma calça jeans e um moletom. -
- Senhorita Mira, essa é a roupa para você ficar em casa... -
- Mas, tia Louste... Nós só precisamos sair para comer um hambúrguer", respondeu Mira, de forma lógica demais para o gosto de Louste. - Ninguém se veste bem para sair para comer um hambúrguer. Nunca fizemos isso. -
Até pouco tempo atrás, Mira usava tudo o que Louste colocava à sua frente, mas recentemente ela começou a defender suas preferências com uma teimosia impensável. Um sinal de uma mente forte e independente, pensou Louste. Ela se orgulhava disso, mas, no momento, só queria que Mira estivesse em sua melhor forma para o encontro com Jonas Brantley.
- E então... - disse Mira teimosamente, -Eu sou grande demais para usar isso. -
- Por que, garotinha? É um vestido lindo! -
Mas Louste já sabia que havia perdido tanto a batalha quanto a guerra contra a sobrinha. Ele olhou para Mira por um momento, depois balançou a cabeça e sorriu. Não havia motivo para insistir. Ele pegou o vestido e se virou para pendurá-lo de volta no guarda-roupa.
- Está tudo bem. Então, eu proponho um acordo. Você pode usar jeans, mas terá de combinar com o moletom laranja. -
Mira pensou por um momento e assentiu.
- E você pode usar botas com cadarço? -
- Por que não? - Louste concedeu com indulgência.
Isso acontece com todas as mães.... Louste se perguntava.
Ela havia se tornado a empresária de Mira da noite para o dia e agora se arrependia de não ter prestado mais atenção na irmã e na maneira como ela cuidava da menina. Ele só se lembrava de que nunca tinha visto Roxie levantar a voz para a filha... Mas como ele teria se comportado em um caso como esse?
Ele permaneceu onde estava, ajoelhado no chão, enquanto a sobrinha vestia jeans, uma camiseta azul de algodão e um moletom laranja. Ele olhou para ela com todo o amor que tinha em seu coração pela garotinha?
Mira era uma garota linda.
Vestida daquele jeito, ela não parecia ter saído de "Little House on the Prairie", mas era bonita e estava na moda. Além disso, Louste tinha certeza de que Jonas Brantley não tinha muitas outras garotas para compará-la. Ela duvidava que ele conhecesse muitas pessoas pequenas com menos de dez anos de idade e um metro e oitenta de altura.
- O chapéu? - propôs Mira, tirando do canto mais escuro de seu guarda-roupa uma coisa preta sem forma adornada com pele falsa.
Louste deu de ombros, acenou com a cabeça e se rendeu oficialmente.
- Então você é muito gentil", ele a tranquilizou. - Será um prazer passear com você hoje, Srta. Mira. -
Suas pernas ficaram dormentes e ela se esforçou para se levantar.
- Muito obrigada, tia Sparks - Mira sorriu e tentou fazer uma cara doce.
Na verdade, acabou sendo uma careta de divertimento.
- Sua amiga deve ser especial", adivinhou a garota. - Você está usando a saia de novo. -
- Não é minha amiga", respondeu Louste, olhando-se no espelho, inspecionando a saia cinza e marrom que caía suavemente sob o suéter que combinava com ela.
Ela colocou um colar de ouro com um pequeno pingente em forma de coração, que era toda a sua joia, esperando parecer mais... adulta, mas ficou desapontada. Ela ainda era a mesma Louste Hart! Comum e chata.
- Eu conheci sua mãe. -
Eu preferia brincar com a verdade a contar uma mentira tão descarada. Mira permaneceu pensativa. Durante meses, seus olhos se enchiam de lágrimas toda vez que Roxie era mencionada, mas o tempo estava lentamente curando a ferida.
- Estranho, a mamãe nunca me contou", comentou a menina, seguindo Louste para fora do quarto e falando com ela pelas costas.
Às vezes ela fazia comentários que não pareciam ser de uma criança? Ela já parecia uma pequena adulta!
"Talvez ela tenha feito isso e você não se lembre", sugeriu ela sem se virar. - Mas isso não importa... Hoje você vai conhecê-lo. Foi muito gentil da parte dele nos convidar para sair, você não acha? -
Legal?
Jonas Brantley... Simpático? Mas, por favor... Esse foi um comentário divertido. Aquele homem não reconheceria a gentileza nem se ela o atingisse na cara.
Eles pegaram o metrô para Covent Garden e chegaram ao restaurante um pouco mais cedo. Era um lugar movimentado. A música estava alta e uma multidão de garçons corria de um lado para o outro carregando bandejas cheias de pedidos sozinhos. Apesar de ser domingo, havia um vai e vem de clientes entrando e clientes pagantes saindo.
Louste pediu dois drinques. Ele bebeu com muita calma, pensando em um pequeno truque para se mostrar no controle da situação, mesmo que estivesse tremendo por dentro.... Seu copo não deveria estar muito vazio... para que Brantley não pensasse que ele havia corrido para lá horas antes, desesperado e impaciente, arrastando a menina pela cidade.
Ela sentiu seu estômago se contrair. A tensão dentro dela havia aumentado e ela se esforçou para permanecer imóvel na cadeira. Ela tentou conversar com Mira, responder a todas as perguntas da menina, mas não conseguia tirar os olhos da porta, esperando que ele chegasse.
Ela tomou um gole de sua bebida e se abaixou para pegar o guardanapo de Mira que havia caído. Quando se levantou, ficou surpresa ao vê-lo parado em frente à sua mesa.
Mira o observava com uma curiosidade descarada, enquanto ele a observava em silêncio.
Jonas ficou paralisado.
Louste viu isso em seu rosto e imediatamente percebeu o motivo. Visto de tão perto, a semelhança física entre eles era ainda mais impressionante do que ele havia imaginado.
Pai e filha tinham exatamente a mesma cor de cabelo, a mesma cor e formato de olhos, o mesmo formato de boca. Até mesmo suas expressões eram semelhantes. Uma semelhança quase assustadora.
- Olá", disse Louste, decidindo quebrar o silêncio para não incomodar Mira.
Jonas desviou o olhar da filha e se sentou.
- É bom ver você de novo, Jonas! -
Ele esperava que seu tom fosse o de alguém cumprimentando um velho amigo e não o de um estranho cumprimentando a possível solução para seus problemas.
- Jonas", ela repetiu o nome dele como se para trazê-lo de volta à realidade, "gostaria de apresentar a você Mira, minha neta. -
"Prazer em conhecer você, Mira", ele respondeu sem jeito. - Tomei a liberdade de trazer um presentinho para você. -
Ele colocou a mão no bolso do paletó e entregou a ela um pequeno pacote.
- Sinto muito pelo que aconteceu com você... pais de vocês. -
- O que é isso? - perguntou Mira, ignorando suas condolências excessivamente formais.
Ela não se atreveu a pegar o pequeno pacote. Depois de um momento, ela olhou para Louste pedindo permissão e, quando ele assentiu, ela estendeu a mão com cautela, como se temesse que o contato com aquele estranho pudesse causar algo desagradável. Louste entendia bem a atitude da garota.
- É só uma pequena reflexão... -
Jonas olhou para o rosto de Louste. Ele parecia tão... rígido. Mais uma vez, ela estava com aquela expressão impenetrável que ele tinha visto no primeiro encontro. Será que ele estava com raiva? Será que ele estava perplexo? Será que ele estava surpreso ao ver a prova de sua aventura de uma noite sentada na frente dele, abrindo lentamente o pequeno pacote que ela tinha trazido para ele?