Biblioteca
Português

O magnate e a mãe solteira

62.0K · Finalizado
3ndes
37
Capítulos
443
Visualizações
9.0
Notas

Resumo

A pequena Mira precisa de uma família, mas Louste Hart corre o risco de nem mesmo poder lhe oferecer uma casa... De fato, se ela não conseguir o dinheiro o mais rápido possível, poderá ficar arruinada. Só lhe resta um caminho a seguir... Um caminho que Louste não quer seguir é ligar para Jonas. Mas quem é Jonas e o que ele faz na vida? Jonas Brantley é um empresário charmoso que, no entanto, não faz ideia de que é... pai. A princípio surpreso com a revelação de Louste, ele aceita com grande relutância e ceticismo ver a pequena Mira. Mas, desde o primeiro encontro, ele percebe que a garotinha se parece com ele como uma gota d'água e, por isso, decide fazer parte da vida da filha. Assim, ele convence Louste a ir morar com ele. Junto com a garota, é claro...

romanceRomance doce / Amor fofo CEObilionário

Capítulo 1

- Não há mais nada a fazer... Não vejo outra saída... Somente ele... - disse ela suavemente, passando os dedos sobre as teclas do laptop, mas sem pressioná-las.

A decisão de recorrer a Jonas Brantley foi dolorosa, depois de meses de busca da alma, depois de todas as outras soluções possíveis terem sido examinadas e descartadas.

Louste percebeu que não tinha outra opção. Mas... como contar a ele? Como ele deveria contar a ela? Deveria ter telefonado? Não, era uma situação delicada demais para ser tratada por telefone. Ele deveria descobrir onde ela morava e fazer uma visita surpresa? Não, ela não queria que ele morresse de choque, pois não tinha ideia da idade dele ou do estado de suas artérias coronárias.

No final, depois de mil reflexões, ela decidiu escrever um e-mail para ele, conciso o suficiente para despertar sua curiosidade, mas não o suficiente para jogá-lo imediatamente no lixo.

A tarefa não tinha sido das mais fáceis, já que Louste não sabia quase nada sobre o homem. Ele nem sequer suspeitava de sua existência até a confissão breve, confusa e desesperada de Roxanne. Uma confissão chocante, feita em um sussurro em uma cama de hospital.

Naquele momento, Louste havia evitado fazer perguntas e sua irmã não estava mais lá para responder. Agora, olhando para a tela do laptop onde estava a resposta, ela se sentia exatamente como havia previsto: insegura.

Será que ela tinha feito a coisa certa?

Teria traído a confiança da irmã ou ela entenderia?

Ela olhou para a resposta de seu e-mail por mais um momento e balançou a cabeça levemente... Ela nunca deveria ter se encontrado nas cordas dessa maneira. As coisas deveriam ter sido diferentes.

- O que está acontecendo? -

Louste olhou rapidamente para a tela e fechou o laptop, depois balançou a cabeça e sorriu para a garota que a olhava com olhos grandes e inocentes.

- Nada... Tudo bem... Você já escovou o cabelo, Mira? Você não pode ir para a escola assim. Parece que o gato do vizinho penteou seu cabelo. -

Ela olhou para a sobrinha, tentando apagar qualquer vestígio de preocupação do rosto. Mira não deveria saber. Ela já havia sofrido o suficiente.

- É para a casa, não é? - perguntou a menina em voz baixa. - Eles querem tomar nossa casa, não é? -

O coração de Louste disparou.

- Mas... Como você teve essa ideia? -

- Isso me ocorreu porque... Ontem à noite eu ouvi você falando com a Liza ao telefone. -

Eles se olharam nos olhos por alguns segundos. Louste sentiu uma sensação de impotência... e não era a primeira vez que isso acontecia com ela. Era tudo tão frustrante...

Ela havia sido atingida por um ciclone e queria fugir para bem longe, mas não podia porque Mira estava lá. Sua sobrinha pequena... A filha de sua irmã, um anjinho indefeso do qual ela tinha que cuidar.

Como ele poderia explicar a ela o que estava acontecendo?

- Ela devia estar dormindo àquela hora, Srta. Mira! -

A garota não disse uma palavra. Ela estava perfeitamente imóvel, em seu uniforme escolar de inverno. Como ela era séria... Séria demais para seus sete anos... Louste olhou com ternura para seus longos cabelos escuros e para aqueles belos e solenes olhos verdes.

- Está tudo bem, cachorrinho... Há um pequeno problema com a casa, mas você não precisa se preocupar. Eu cuidarei de tudo. -

- Você acha que devemos sair daqui? -

- Veremos... -

Ele fez uma pausa e suspirou.

- Vamos ver... -

- Tia Sparks... Mas você... você não vai me deixar, vai? - Mira sussurrou.

Louste se ajoelhou e segurou o rosto dela com as mãos. Não era a primeira vez que ela era obrigada a fazer isso para convencer a sobrinha de que não iria desaparecer. O psicólogo da escola havia explicado a Louste que essa era uma reação completamente normal. Depois da morte de seus pais, Mira tinha uma necessidade constante de segurança e se agarrou a Louste como se fosse uma hera.

- Nem pense nisso, você é um anão! - brincou Louste. - Você está presa a mim por toda a eternidade... quer queira ou não... E agora você está presa a mim por toda a eternidade! Quer você goste ou não! E agora vamos dar um jeito nesse cabelo. Depois você toma o café da manhã e vamos para a escola. Vamos lá! Vamos logo com isso, senão, nesse ritmo, você vai se atrasar... de novo! -

Ele beijou a testa dela.

- Vamos nos apressar, princesa, ou a Sra. Stephens me dará seu sermão habitual sobre pontualidade e me fará chegar atrasado ao trabalho! -

Ela foi até a cozinha para preparar o café da manhã e se forçou a agir normalmente, embora aquele e-mail ainda estivesse dando voltas em sua cabeça.

O Sr. Jonas Brantley queria conhecê-la. Em dois dias. Em seu clube na cidade.

Ele não havia pedido nada. Não fez nenhum comentário. Não havia nenhum traço naquelas duas linhas que a fizesse entender que tipo de homem ele era.

Roxie, por que eu não fiz mais perguntas a você sobre ele?

- Desculpe-me, Sparks... - sua irmã murmurou fracamente, respirando pesadamente. - Sei que isso vai chocar você, mas não quero deixar esse segredo comigo. Não posso fazer isso com você. Preciso contar a você, para explicar... -

Louste não havia pedido nada. Estava chocado demais com o que estava ouvindo. Ela sempre considerara Michael o pai de Mira... Ele era o pai de Mira e o marido de Roxie... Mas ela havia descoberto que as coisas eram diferentes... Que tudo era uma maldita ilusão...

Durante todo o tempo, ele os viu como um casal perfeito, pais felizes de uma linda garotinha, e agora, sua irmã trouxe um terceiro personagem para essa história... Outro homem! Um homem que ela nunca havia conhecido pessoalmente.

Roxanne confessou a ele que foi um caso de uma noite. Um impulso que a tomou quando ela estava passando por um período de desespero... um momento de loucura que Michael a perdoou e que ambos deixaram para trás.

Outro homem cujo nome ele só havia dito a ela. Esse nome, rabiscado em um pedaço de papel, havia sido esquecido por um ano e meio no fundo de uma gaveta. Após a morte de sua irmã e de seu cunhado, Louste se viu perdida, literalmente sobrecarregada por um mar de coisas para fazer e resolver.

Mas ela sabia que não podia demonstrar fraqueza na frente de Mira. A menina foi deixada sozinha e não havia mais ninguém para cuidar dela.

De repente, as responsabilidades caíram sobre ela como uma pedra, destruindo todos os seus sonhos e planos. Escola de artes... um grande emprego em uma grande agência de publicidade.

E então, uma semana depois, veio a bomba das bombas... havia grandes problemas financeiros. Louste sempre achou que a empresa de decoração de interiores de Michael e Roxanne era lucrativa, mas o contador acabou com suas ilusões. Ele ligou para ela e colocou os registros na sua frente, explicando a situação em termos bem claros.

Louste ficou olhando atordoada para a pilha de papéis.

- Você não consegue encontrar alguém para cuidar disso? - perguntou ela, desesperada. - O que os colaboradores fazem? Bob, Nick... Dan? -

- Infelizmente, eles se enquadram na categoria de desempregados. -

O contador deu de ombros.

- A empresa já está à beira da falência. O último pedido data de ..... -

Ele olhou para um pedaço de papel.

- Ele remonta a cerca de... seis meses atrás. Há uma crise... As pessoas não estão gastando dinheiro para reformar suas casas. -

- Mas... a empresa não pode falir! E ainda há a Mira... Não tenho dinheiro para cuidar dela e das despesas com ela... Eu ainda vou para a universidade... -

- Você poderia deixar os estudos por um tempo e ver o que consegue fazer. Oferecerei a você minha assistência profissional gratuitamente... -

Fazia um ano e meio que ela havia feito tudo o que podia para garantir que Mira crescesse sem preocupações. Louste havia abandonado suas ambições artísticas e aceitado um emprego miserável e mal remunerado em um escritório.

Mas isso não foi suficiente. Os credores, que no início se mantiveram distantes, tendo perdido todo o traço de compreensão, estavam se tornando mais urgentes a cada dia. Por fim, Ed, o contador, disse-lhe que agora ela estava completamente falida. O banco havia decidido tomar providências com relação à casa.

Foi só então que aquele pedaço de papel, escondido por meses, começou a chamá-la do fundo da gaveta. Havia chegado a hora de você jogar aquela carta. Era a última chance...

Nos dois dias seguintes, enquanto pensava na data, Louste oscilou entre uma sensação de pavor e um otimismo forçado que se desfazia toda vez que ele parava para pensar racionalmente.

Na frente de Mira, ele tentou usar uma máscara de alegria natural, mas não conseguiu enganá-la completamente. Duas ou três vezes ele percebeu o olhar preocupado da menina e a abraçou com força, procurando uma maneira de tranquilizá-la.

Mas como? Será que ele poderia lhe dizer que, naquele momento, o futuro dela estava nas mãos de um tal de Jonas Brantley?

Havia muitas informações circulando sobre ele e, no final, não foi difícil descobrir quem ele era. Ele era bem conhecido nos círculos financeiros. O artigo que ela encontrou na revista "Le Star di Oggi" falava dele como um Rei Midas dos tempos modernos.

Oh, Roxie, por quê?

Mas não adiantava chorar pelo leite derramado. Além disso, ele já sabia a resposta para essa pergunta.

Naquela manhã de sexta-feira, ele se vestiu com muito cuidado, embora tivesse que admitir que não havia muito a ser feito com relação ao seu rosto. Ele resistia a qualquer tentativa de torná-lo atraente.

Ninguém poderia definir como felino ou sensual o olhar de seus olhos azuis, que não aceitavam delineador por nenhum motivo no mundo. Como se isso não bastasse, as sardas que cobriam seu rosto davam o toque final ao visual de duende crescido demais que ela tinha.

Ele se olhou no espelho, contemplando criticamente toda a imagem. Ela poderia ter procurado outra roupa, mas, naquele momento, não tinha certeza do tipo de pessoa que estava prestes a conhecer, então teve de aceitar sua escolha e ir ao encontro com a cabeça erguida.

Mira estava sentada na cama e se olhava no espelho, vendo o reflexo de Louste, que havia começado a fazer uma trança em seus longos cabelos escuros.

- Tia Sparks... Aonde você está indo? - perguntou ela quando terminou.

- O que faz você pensar que eu vou a algum lugar? -

- Vamos, tia! Você não costuma demorar muito para se vestir. -

- Por outro lado, sim... às vezes... - protestou Louste com uma careta na direção do espelho. - Tudo bem, Sherlock... eu desisto. Como sempre! Achei que era hora de mudar, o que você acha? -

Ela se virou, segurando a bainha de sua saia vermelha e preta entre os dedos.

- Você é linda, tia... - Mira respondeu e Louste quis abraçá-la com força. - Você tem que se encontrar com alguém? -

- Ah, não é nada demais... Só as pessoas de sempre... -

Ele deu de ombros e sorriu levemente.

- O que você vai fazer na escola hoje, princesa? - ele perguntou, mudando de assunto.

- Matemática, ciências e ginástica. -

Seus olhos se encontraram e Louste sorriu.

- Você recebeu o resultado do teste que fez na semana passada? -

- Ainda não, mas vamos recebê-los hoje", respondeu Mira sombriamente.

- Está tudo bem... Se você estiver bem, vamos comemorar depois da escola com hambúrgueres, batatas fritas e um bom milkshake", prometeu Louste.

Uma rara exceção, mas Mira merecia.

Era uma vez, quando suas finanças permitiam, Mira comia todos os hambúrgueres, batatas fritas e milkshakes que queria. Depois, durante aquele longo período de crise, eles cortaram todos os gastos desnecessários, mas ela nunca reclamou, adaptando-se às limitações com a maleabilidade das crianças.

- E se tudo der errado? - preocupou-se a menina.

- Bem, então... vamos comemorar mesmo assim. Prêmio de consolação... como dizem. -