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Capítulo 2

Às quatro horas da tarde, Louste pensou: "Estarei no mesmo barco que você. Do jeito que as coisas estavam indo, ela também merecia um hambúrguer, batatas fritas e um milkshake... Fresa!

- Ouça-me com atenção, cachorrinho. A nota não conta se você realmente se esforçar para ter sucesso. -

- É o que a Srta. Spencer sempre diz", respondeu Mira, sentindo-se um pouco mais encorajada.

- Bem, então não se preocupe. Nós dois não podemos estar errados, não é mesmo? -

Ela se virou para a pequena figura sentada na cama e sorriu de forma tranquilizadora. O que ele viu não foi Mira sentada de pernas cruzadas na cama, mas Mira, que em um futuro muito próximo receberia revelações que mudariam sua vida para sempre.

Suspirando profundamente, Louste vestiu sua blusa de gola alta e deu uma última olhada em si mesma no espelho antes de sair do quarto. No final, ela se declarou bastante satisfeita com a combinação de cores.

Ela vestiu uma saia vermelha e preta, um suéter preto de gola alta e sapatos baixos. Ela teria usado seu casaco preto porque, embora fosse apenas o final de outubro, o frio já estava intenso.

No final, a roupa ficou sóbria e elegante, ela se parabenizou. Muito apropriado, considerando o que estava em jogo.

Ela parou em frente à escola para deixar Mira e saiu, com a perspectiva de uma hora e meia de crescente apreensão. Ela foi consumida pela incerteza e pela terrível percepção de que tinha todo o futuro de Mira em suas mãos.

Infelizmente, não havia outros parentes em quem confiar e Louste nunca havia sentido tanto a falta de uma família como naquele momento difícil.

Ela gostaria de ter tido um namorado, um companheiro para lhe dar forças quando as suas estavam prestes a falhar. Oh, na verdade, havia alguém... o sensível e mal-humorado Alex... O artista, com cabelos longos presos em um rabo de cavalo e um desdém invejável pelos meros mortais. Mas a história não durou muito. A ideia de ajudá-la a criar um filho foi demais para ele.

"Sou uma alma livre", ele disse a ela, "não quero me sentir amarrado".

E assim foi. Louste ainda não conseguia pensar nisso sem sentir um profundo sentimento de amargura.

Ele levou muito tempo para encontrar o clube, que ficava o mais longe possível da estação de metrô. Quando finalmente chegou, Louste se sentiu exausto. Ela olhava para o enorme edifício georgiano e seus pés, que a haviam levado até lá, de repente pareciam pregados no chão. Ela não conseguia mover um músculo enquanto estava ali, estudando a porta.

Uma figura pequena e imóvel no meio de uma multidão de transeuntes, com cabelos voando por toda parte. Somente quando sentiu o frio penetrar em seus ossos é que decidiu se mover em direção à entrada.

Uma vez lá dentro, ele ficou sem palavras. Entrar nesse prédio era como entrar em algum tipo de universo paralelo, mas será que ela havia entrado em uma máquina do tempo que a levara de volta ao passado?

Louste prendeu a respiração e olhou ao redor com fascínio e desorientação. A decoração era muito discreta e não havia barulho. Era como se o século XX fosse algo abstrato que afetava apenas o mundo exterior - algo a ser esquecido imediatamente após você cruzar a porta.

Os móveis enormes estavam levemente desbotados. Tudo tinha aquela sensação de elegância e de vida, típica de grandes propriedades rurais, passadas de geração em geração. Ela olhou em volta intimidada, sentindo-se deslocada. Seu traje sóbrio e elegante... não era tão sóbrio nesse lugar... Seu cuidado com o esquema de cores parecia pouco ali.

Bem, era tarde demais para você ir para casa e trocar de roupa...

Louste alisou o cabelo com um aceno nervoso da mão e se dirigiu à sala de jantar. Mas não conseguiu ir muito longe. Um homem de meia-idade apareceu do nada na frente dela e lhe perguntou sem preâmbulos se ela era membro.

- Não, senhor, mas... -

"Este clube não é aberto ao público", ele a informou, olhando-a de cima a baixo com evidente desprezo. - Receio ter de pedir que você saia imediatamente. -

Ele colocou uma mão no cotovelo dela e Louste deu um pulo para trás, fazendo uma careta para ele.

- Ei, espere um minuto! - exclamou ela, irritada.

- Escute, senhorita... - disse o homem, olhando para ela com olhos penetrantes. - Espero que você não queira nos causar nenhum problema. -

E eu espero que você não cause problemas para mim! pensou Louste com amargura, lutando para manter a calma.

- Ouça, não estou aqui para causar problemas a você.... Tenho um compromisso com alguém aqui mesmo", ele informou em uma voz fria.

O homem lhe lançou um olhar duvidoso.

- E posso perguntar com quem você tem esse... encontro? -

- Com um tal de Jonas Brantley. -

Esse nome foi suficiente para fazer com que Cerberus sofresse uma transformação imediata e completa. Ele até sorriu para ele... ou, pelo menos, parecia sorrir.

- Ah, mas com certeza, senhorita...? -

- cervo. -

- Srta. Hart. Ah! Se você fizer a gentileza de me seguir, eu a levarei diretamente à mesa do Sr. Brantley. -

Ele a conduziu sem pressa pelos enormes corredores e não parou de falar nem por um momento.

- Olhe, peço desculpas novamente, Srta. Hart, mas temos que ser muito cuidadosos aqui. Especialmente no inverno... As pessoas têm uma tendência alarmante de procurar abrigo do frio entrando no prédio. Os turistas às vezes pensam que é um restaurante exclusivo... -

"Verdadeiros idiotas!", dizia o tom mais alto de sua voz.

Louste não respondeu. Ele olhou em volta e entrou em um salão enorme, mobiliado com os móveis escuros de sempre, onde prevalecia a mesma atmosfera moderada. Muitos homens de negócios e pouquíssimas mulheres estavam sentados em cadeiras confortáveis, lendo o jornal ou conversando entre si em um tom clássico de biblioteca.

"O lugar para encontrar celebridades", pensou Louste.

Ninguém olhava para eles quando passavam, demonstrando total falta de curiosidade. Eles subiram um lance de escadas e atravessaram uma enorme biblioteca onde havia grandes poltronas de couro, aparentemente colocadas aleatoriamente aqui e ali.

Finalmente, entraram na elegante sala de jantar. Louste sentiu um nó no estômago.....

O momento crucial estava se aproximando.

Ela seguiu cegamente o exemplo dele, teimosamente observando suas costas em uma tentativa inútil de evitar o inevitável. Quando pararam perto de uma mesa, Louste se forçou a olhar para cima e viu o homem sentado à sua frente.

- Sr. Brantley, esta jovem senhora.... Srta. Hart, marque um horário para almoçar com ela. -

Aquele esnobe arrogante ainda não se convenceu de que ela tinha um encontro! E se o grande Sr. Brantley tivesse balançado a cabeça e dito que não sabia de nada? Será que ela teria sido expulsa, levantada pelo colarinho como um personagem de televisão?

- Sim, é isso mesmo. -

Sua voz era profunda e imponente, tanto que Louste finalmente se forçou a olhá-lo no rosto. Ele a estava avaliando com os olhos sem se preocupar em esconder. Seus olhos verdes, não muito claros, mas com a estranha cor que o fundo do mar às vezes assume, olhavam para ela sem pressa.

Não havia curiosidade naquele olhar. Louste teve a estranha sensação de querer memorizá-lo. Era desconcertante. Era desconcertante... e também intrigante...

- Você gostaria de um aperitivo, Srta. Hart? - ele ofereceu com educação formal.

Louste balançou a cabeça levemente e limpou a garganta.

- Um copo de água mineral, obrigado. Um refrigerante, por favor. -

Ele ouviu o timbre da voz dela e percebeu que não era tão adequado ao ambiente quanto suas roupas.

"Para mim, como sempre, George", acrescentou Jonas Brantley, sem tirar os olhos dela.

Embora nunca tivesse se sentido tão desconfortável em sua vida, Louste não conseguia tirar os olhos do rosto do homem mais bonito que já tinha visto. Durante sua pesquisa, ela havia visto algumas fotos de Jonas Brantley nos jornais, mas elas não a haviam preparado para o impacto.

Ele tinha um rosto hipnótico. Um rosto de feições duras que revelava apenas uma força interior que era difícil de neutralizar. Ele dava uma sensação de poder e segurança que impedia Louste de desviar o olhar. Seus cabelos escuros, assim como suas sobrancelhas, contrastavam violentamente com o verde de seus olhos.

- Você gostaria de se sentar, Srta. Hart? - ele perguntou sem sorrir. - Ou você pretende ficar aí de pé, segurando o encosto da cadeira entre os dedos e me encarando? -

Essas palavras a trouxeram abruptamente de volta ao mundo real. Ela se apressou em sentar-se e tirou o casaco, envergonhada. Ela sentiu como se seu coração estivesse derretendo no peito enquanto tentava reunir seus pensamentos para escolher as palavras certas.

Jonas Brantley não a ajudou nem a incentivou. A julgar por seu impecável terno cinza, ele havia concordado em encontrá-la entre compromissos de negócios, mas não tinha a menor intenção de facilitar as coisas para ela.

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