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Capítulo 3

- Sinto muito... - começou Louste, - Hum... que eu tenha entrado na sua vida assim. -

Ele soltou uma risada nervosa, brincando com a base de sua taça de vinho. Ele não sorriu e sua expressão permaneceu a mesma. Cruzou os braços sobre o peito e esperou que ela continuasse.

Oh, Deus... Foi assim que aquelas pobres almas se sentiram quando foram arrastadas para a Santa Inquisição?

- Acho que você está pelo menos um pouco curioso para saber por que eu o procurei? -

Ele deixou a frase flutuar entre eles, esperando por uma resposta.

- Um pouco... sim", ele admitiu com dificuldade.

Um garçom trouxe as bebidas e Louste tomou um gole de água mineral, que não teve nenhum efeito sobre seus nervos.

Talvez eu devesse ter pedido um uísque duplo!

Ele o teria engolido de um só gole e, assim, teria encontrado coragem para contar a ela a notícia que mudaria sua vida... e a de Mira também....

Não trouxeram nenhum cardápio. George, que agora parecia quase humano para ela, educadamente listou os pratos do dia: carne assada, cordeiro assado ou salmão cozido no vapor e, como acompanhamento, uma incrível seleção de legumes cozidos e saladas. Ambos pediram salmão e, assim que George se afastou, olhando para o rosto imperturbável de Brantley, Louste teve um mau pressentimento.

"Então", disse ele finalmente, "você vai me dizer por que pediu para me ver?" Estou curioso, mas não a ponto de perder tempo tentando arrancar as palavras da boca dele com uma pinça! -

Ele tomou um gole de uísque com soda e olhou para ele através do copo. Louste se perguntou por um momento o que sua irmã havia visto em um homem assim. Ele tinha estilo de sobra, sim, mas não transmitia nem um pouco de calor humano.

Talvez Roxie nem tivesse olhado para ele. Talvez ele tenha sido apenas o instrumento de sua loucura momentânea.

- Eu realmente não sei por onde começar...", respondeu Louste com a maior honestidade.

Como ele desejava que sua irmã nunca tivesse lhe contado essa confidência! Por que ela havia sido forçada a essa situação?

"Tente desde o início, Srta. Hart", disse ele brevemente.

- Tudo bem, então. Nesse caso, devo começar com um episódio que ocorreu há cerca de oito anos. -

Louste baixou o olhar para não ver o impacto sobre ele do que estava prestes a dizer. Ela podia sentir a atenção do homem envolvendo-a completamente, quase fisicamente.

- Estou falando de algo que aconteceu em Maiorca, há cerca de oito anos? Um hotel grande e luxuoso no litoral. -

Naquela época, o negócio de estúdios de decoração estava em alta. Naquela época, o negócio do estúdio de decoração estava em alta. Eles nem conseguiam atender a todos os pedidos dos clientes, Louste se lembrava bem.

Roxie e Michael estavam casados há cerca de um ano e sua irmã deveria estar no paraíso. Em vez disso, naquele momento, ela havia caído em uma estranha forma de depressão. Louste havia tentado conversar com ela, mas Roxie havia minimizado a situação e ela, que era pouco mais do que uma garotinha na época, havia ficado satisfeita com as explicações vagas da irmã, achando que estava tudo bem.

Ela achava difícil acreditar que Roxie estivesse com problemas. Ela sempre fez tudo o que pôde por ela, sempre esteve próxima a ela, desde que seus pais morreram, deixando-as sozinhas.

- Mallorca... - repetiu Jonas.

Louste viu que ele estava procurando em sua memória.

- Sim, eu poderia ter ido... - concluiu ele com um encolher de ombros. - Mas se você está tentando me dizer que nos conhecemos lá, esqueça. Tenho certeza de que nunca o vi. Eu nunca esqueço um rosto. -

Não, você não parece ser do tipo que esquece nada!

O garçom se aproximou da mesa para servir o almoço e Louste ficou feliz com a breve interrupção. Jonas Brantley tinha um efeito estranho sobre ela, algo indefinível que ela ainda não conseguia classificar.

Talvez fosse simplesmente porque ela nunca havia conhecido um homem assim em sua vida. Certamente ele era tão diferente do marido de sua irmã que ela se perguntava se eles eram da mesma espécie.

Michael era um homem alegre, simples e alegre. O rosto sempre sorridente e a figura ligeiramente pesada de alguém que adorava comer e, às vezes, beber demais.

Agora, comparando-o com o homem que sua irmã havia escolhido para um caso, Louste se sentiu desorientada.

- Ainda estou esperando para ouvir o que você tem a dizer, Srta. Hart. -

Louste olhou para ele e respondeu calmamente.

- Você tem razão, Sr. Brantley. Você está certo, Sr. Brantley. Nunca nos encontramos antes de hoje, mas... ela conhecia minha irmã. -

Como posso convencê-lo?

Talvez uma pessoa mais normal tivesse se lembrado do incidente isolado com Roxie, mas esse homem era tudo menos comum. Será que ele se lembraria de uma noite há oito anos, de um rosto entre as fileiras de mulheres que ele certamente havia deixado para trás?

Agora, o olhar de Brantley estava mais fixo. Parecia que ele estava tentando juntar as peças.

"O nome dela era Roxanne Evans", continuou Louste em um sussurro. - Ela não era nada parecida comigo. Era loira, extrovertida... vivaz. Ela ficou em Maiorca por uma semana, misturando trabalho e férias. Ela tinha um contrato para projetar a nova ala do hotel que estava sendo planejada. -

Eu precisava me afastar da Inglaterra... de Michael. Eu me sentia péssima e precisava pensar. Estava deprimida, esmagada pela angústia", disse Roxie a ele no hospital, em um sussurro.

Jonas Brantley lembrou-se dela....

Louste entendeu isso quando olhou nos olhos dele. Eles ficaram frios, como se ele tivesse começado a entender por que a havia trazido até ali.

"Droga, ele está pronto para me incinerar", pensou ela com um estremecimento.

- Era impossível não notá-la? - respondeu ela, olhando para Louste como se estivesse fazendo uma comparação.

- Sim.

Ela o encarou.

- Sim... Minha irmã era o oposto de mim. -

Ele não negou...

- Eu me lembro dela porque ela era uma pessoa decididamente animada. Talvez até demais. Muitas risadas, muitos bate-papos, muitos coquetéis... Como está sua irmã? -

Uma pergunta educada. Roxie não significava nada para ele. Ela era apenas uma moldura em sua memória. Era irônico pensar que aquele quadro mudaria sua vida, independentemente de sua reação.

- Infelizmente, ela... Roxie morreu em um acidente de carro, dezesseis meses atrás", respondeu Louste sem preâmbulos.

Ela mexeu na comida que estava esfriando no prato à sua frente, assim como Mira fazia quando não tinha vontade de comer vegetais.

- Oh... Meus pêsames, Srta. Hart. -

Jonas olhou para o relógio.

- No entanto, ainda não consigo entender o que exatamente isso tem a ver comigo. -

- Sr. Brantley", continuou Louste com cuidado, colocando a faca e o garfo na borda do prato. - Você é casado? -

Muito direto! Ótimo! Eu deveria saber... Os jornais e revistas não revelavam nada sobre sua vida particular. Os olhos verdes escureceram.

- Por que você me pergunta? -

- É ou não é, Sr. Brantley? -

- Não, eu não sou casado. -

Louste soltou um pequeno suspiro de alívio. Um problema a menos para você enfrentar!

- Diga o que você tem a dizer, Srta. Hart, estou realmente cansado desse jogo de palavras! Não tenho ideia de por que você está aqui e, francamente, estou começando a me arrepender de ter concordado com essa reunião. Você escreveu no e-mail que tinha algo a me dizer. Tudo bem, diga-me de uma vez por todas e pare com esse absurdo! -

Ele olhou para ela antes de continuar.

- Não quero que você perca o dia inteiro. -

- Você dormiu com a minha irmã, Sr. Brantley. Uma noite... -

Jonas se inclinou na direção dela com um olhar tão ameaçador que Louste recuou instintivamente.

- Sim, isso é verdade, Srta. Hart. Nós éramos dois adultos que consentiram. Se você está pensando em me chantagear de alguma forma, você está muito enganada.... -

- Eu não vim aqui com a intenção de chantagear você, Sr. Brantley! -

Ela olhou para ele com nojo. Em que tipo de mundo esse homem vivia para pensar imediatamente em chantagem?

- Eu vim aqui para lhe dizer que você, Sr. Brantley, é.... Em resumo, você é pai. Você tem uma filha de sete anos. O nome da criança é Mira. -

- O que você acabou de me dizer, Srta. Hart? -

Diante dessa notícia, Jonas Brantley ficou subitamente sem graça.

- Sei que tudo o que acabei de lhe contar deve ser um choque para você, Sr. Brantley, mas... - Louste começou, mas ele a interrompeu abruptamente, apoiando os cotovelos na mesa e inclinando-se ameaçadoramente em direção a ela.

- Eu também tenho outra pergunta para você, Srta. ..... Que diabos você está fazendo? Você tem coragem de vir aqui, para... contar a história mais maluca que já ouvi na vida e depois você vem falar comigo sobre choque? Não sei por que você inventou essa idiotice, mas você realmente não acha que sou burro o suficiente para acreditar em suas palavras? -

Louste nunca havia se sentido tão ameaçada em sua vida. Ele, que por um momento pareceu surpreso e chocado, apenas demonstrou uma calma terrível. A calma antes da tempestade.

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