♥ seis ♥
HELENA
Ajeito o chapéu sobre minha cabeça, não gosto de usá-lo, além de me fazer soar mais, amassa meus cabelos, mas como muitas coisas “novas” em minha vida, esse é uma recomendação médica, evitar contato direto com sol tão quente como os das três da tarde.
— Boa tarde, poderia chamar o proprietário, por favor? — Me aproximei do grande portão de madeira, onde havia uma casinha com o porteiro, a mesma tinha uma janela para o lado de fora, possibilitando um contato direto com o homem dentro dela.
— Boa tarde — Ele sorriu amigável — Seu Noah não se encontra no momento, mas caso queira deixar recado. — Resmungou atenciosamente, mas franzi os lábios, esse homem era difícil de se encontrar.
— Pode me dizer em que horário mais ou menos ele estará por aqui? — Pergunto, ele sorri como se desculpasse.
— Não posso, senhorita, tenho recomendação de deixar recados, e se quiser passar seu número também, passo para ele… mas tentar contato diretamente, não é recomendado.
— Recomendado? — Arqueio a sobrancelha.
— Seu Noah é um homem reservado, então, ele não é muito fã de interações desnecessárias. — Franzo o cenho.
— Desnecessárias? — Me sinto ofendida outra vez, o porteiro abre um pouco mais seus olhos.
— Não me entenda mal, senhorita, não digo que a senhorita seja… mas seu Noah evita qualquer pessoa, então, deixe seu recado, sim? Farei o possível para ele retornar. — Garante, mas não posso simplesmente voltar para casa de mãos vazias, mesmo que vê-lo me deixe a merce de um grande não, eu prefiro fracassar do que dar-me por derrotada, e eu não me permito sentir assim, estou quase falando para o senhor a minha frente que aguardarei sentada em algum lugar aqui fora por seu patrão, quando uma buzina forte ecoa. Meu olhar desvia rapidamente para a direção do barulho, ele vem de uma picape branca parada em frente ao portão de madeira como se fosse entrar na propriedade, meu coração eleva algumas batidas, ansiosa ponderando quem seja, olho para o porteiro, e por seu olhar e pressa em abrir os portões, sei que minha suposição é certa, e sem pensar muito sobre meus atos, quando o portão se abre e a picape adentra, eu simplesmente a sigo em passos rápidos, ouvindo o porteiro chamar nervosamente por mim.
— Senhorita… — Ele insiste um pouco incerto se verifica se o portão foi fechado ou tenta vir atrás da intrusa, um riso travesso me esvai, e eu não paro, continuo a seguir a caminhonete, até ela parar abruptamente.
♥♥♥
Não estava preparada para ver o dono da Sol Nascente tão de perto, tão tangível, sendo mais que a descrição maliciosa de minha amiga... Embora já fizesse um tempo de sua chegada, eu ainda não estive tão perto dele como estava agora, tentei ordenar a minha mente, por que sinceramente... Eu estava dominada pela sua aparência e presença do homem diante de mim... Já havia observado de longe, até mesmo me permiti observar cada uma de suas características, os fios desgrenhados de cabelos em um tom de castanho mel, o corpo musculoso e alto... Se eu achava meu irmão alto, forte… eu não saberia definir o homem próximo de mim, talvez imenso lhe definisse bem, mas ele era mais que isso… como minha amiga o havia chamado? Tenebrosamente gostoso? Merda, o que estou pensando?
— Senhor ela simplesmente entrou, não pude contê-la... — O senhor explicou minha presença repentina com temor, o que me pareceu brevemente exagerado, bom, não mais do que meus últimos feitos, eu praticamente havia me posto entre seu chefe e o carro, assim que ele parou em frente a grande propriedade. O lugar não era muita coisa maior que a minha casa, e sua estrutura era um pouco mais moderna do que a minha.
O homem me olhou impaciente, mas não se dirigiu a mim.
— Se não consegue conter uma garota, terei que reavaliar seu posto por aqui, Otávio... — A voz dele soou tão intimidante quanto... Tudo nele, procurei uma nota de zombaria em sua voz ou talvez expressão, mas não encontrei, o medo de custar o emprego de alguém me abateu, eu rapidamente me intrometi na interação deles.
— Me esgueirei pelo portão quando você passava com sua caminhonete, sendo tão pequena e baixa, posso passar despercebida. — Argumentei, mesmo que talvez isso tirasse minha credibilidade diante meu, talvez parceiro de negócios, mas isso não me incomodada tanto quanto a ideia de custar o emprego do senhor que nos olhava apreensivo.
— Está tentando me dizer que sou o culpado por não empenhar em proteger algo que contratei alguém? — Questionou inclinando se levemente para mim, me fazendo sentir levemente intimidada, vesti minha melhor figura controlada, firme.
— Longe disso, estou dizendo que talvez eu tenha sido inconveniente... — O amargor do meu orgulho sapecou minha língua, mas eu precisava garantir que o senhor não perdesse o emprego e que eu não perdesse minha longa caminhada até aqui. O homem bufou.
— Agora pode nos agraciar com a explicação de ter entrado dessa forma em minhas terras? Ou terei que chamar as autoridades... — Eu poderia ter revirado os olhos com tanto drama, mas me limitei em franzir os lábios.
— Estou tentando entrar em contato há um tempo... — Expliquei, ele me olhou impaciente, como se dissesse e daí? — Pensei que sua assistente anotasse suas ligações. — Ousei a comentar ou melhor, alfinetar, ele piscou algumas vezes, antes de suspirar.
— Ela anota as importantes... — Céus, esse cara realmente era um anti social, como esperar que ele me ajude?
— A... Hum, esquece, desculpa tomar seu tempo. — Forcei um sorriso, olhei para Otávio culpadamente. O conhecia de vista, pelo que se podia ver... Era um bom homem, e nesse instante parecia ter pena de mim — Obrigada por ser tão educado, Seu Otávio. — Me direcionei a ele, esperando que ele me perdoasse por dificultar seu trabalho.
— O quê? Onde pensa que vai? — O questionamento do homem ma.l-humorado me fez olha lo dê forma confusa.
— Embora? — Olhei com obviedade — Não quero incomoda lo.
— Se me perguntar, você já o fez, mas pode não ter desperdiçado meu tempo de almoço, então... Fale o que a trouxe a Sol nascente? — Inquiriu com dureza, eu poderia manter meu orgulho, afinal, ele estava me tratando pouco para alguém que não me conhecesse, mas a situação da minha família alarmou em minha mente, tudo por eles, por que por muito tempo foi tudo por mim...
— Tenho uma proposta de negócios para fazer. — Resmunguei por fim, e vi sua confusão dobrar, ele suspirou pesadamente.
— Volte ao seu posto, Otávio... E você... — Arqueou a sobrancelha, eu supus perguntar meu nome.
— Helena, Helena Alpes Garcia... — Me apresentei esticando minha mão em sua direção, ele mesmo incerto a pegou.
— Helena, suponho que saiba que meu nome é Noah... — Assenti, ele suspirou — Sabendo quem somos, posso dizer que não estou intere...
— Você não ouviu minha proposta... — O cortei, acreditando que ele negaria — Preciso de apenas dez minutos... — Pedi, ele suspirou.
— Posso dizer que mesmo dando esses minutos, minha resposta será a mesma… — Garantiu mal-humorado, eu dei de ombros.
— Tudo bem, mas, ainda peço os dez minutos… — Insisto, ele suspira.
— Você tem cinco, Helena Alpes Garcia... — Não sei por que, mas a pronúncia de meu nome completo por seus lábios soaram estranhas, não sei como... Mas havia algo inquietantemente instigante em seu olhar — Me acompanhe, Helena. — Demandou já seguindo em direção ao casarão requintado a poucos metros de nós. Um arrepio passou por minha coluna, mas eu ousadamente o segui… ele aceitaria minha proposta, ele tinha que aceitar!