Capítulo 5
- O que você vai querer? - Falo com a voz rouca, pegando o bloquinho para anotar.
- Bom dia querido, você sabe exatamente do que eu gosto – ele diz com aquele sorriso nojento que se pudesse me quebraria de uma só vez.
- Ok – digo me virando para ir buscar o bolo de carne e a coca que ele sempre pede, não nego que já cuspi ali uma vez com raiva, na próxima poderia jogar veneno nele.
- não vá embora ainda – ele diz e pega meu pulso – queria te convidar
"Não, obrigada", digo antes que ele termine a frase e puxe meu pulso, mas ele o segura novamente.
- Eu sei que logo seu encanto vai acabar e você vai ceder, querido, e então você vai ver o que tem perdido – ele diz sorrindo e antes que eu retire sua mão e responda, ele abaixa a sua até alcançar a minha. coxa, me tocando, eu me afasto uma vez
- Não me toque, eu já te falei que não quero ter nada a ver com você, me deixe em paz e vá procurar outra pessoa para encher seu saco - digo e saio sem paciência.
Cansei desse trabalho de merda, não aguento mais, todos os dias passo por isso e ainda recebo meu salário atrasado e às vezes pela metade. Já estou no meu limite. Sigo em direção ao escritório de Thomson nos fundos.
“Precisamos conversar” digo entrando na sala.
- A gente precisa muito, começando por: não entre no quarto sem bater na porta, entendeu?
- Peço demissão – digo colocando o crachá em sua mesa, ele me olha sem qualquer expressão
- Já falei mais de uma vez do Moore, você não faz nada, muito menos meu pagamento está atrasado um mês, não tenho mais paciência, amanhã venho aqui acertar o resto. as coisas.
- Ok, foi bom ter você aqui nesse momento Analuisa – diz ele com a cara mais falsa do mundo.
Dou-lhe um pequeno sorriso e saio da sala. Vou até meu armário e pego minhas coisas, vou ao banheiro e troco de roupa, se eu tivesse meu carro não me importaria de estar de uniforme, mas hoje vim de ônibus, Liza pediu o carro porque ela estava Estava indo. Era um teste e o local era do outro lado da cidade, então deixei o carro com ele.
Depois de tirar o uniforme, aproveito e deixo em um banquinho e saio do café, pego meu celular para ver as horas, e já estava completamente escuro, coloco meu celular na bolsa e rezo para que eles não Não vou roubar você no caminho para o ponto de ônibus. No ônibus.
Quando dou o primeiro passo em direção ao ponto de ônibus, tudo fica escuro, a cidade inteira, e percebo que acabou de ocorrer um apagão em toda a cidade. Sem ver nada pego minha bolsa para tirar meu celular, quando consigo tirá-lo, antes de ligar sinto alguém me bater de repente e caio de bunda, quando ligo a lanterna aparece a pessoa que me bateu. Abaixo, ele também liga a lanterna do celular e vai direto na minha cara. Meu dia não poderia ser melhor.
Francisco
Estou sobrecarregado de trabalho, teria que ficar aqui mais tarde. Eu estava com fome e o uísque não ia encher minha barriga, então resolvi ir comprar alguma coisa na lanchonete ao lado.
Saio da empresa e vou em direção ao refeitório, quando estou na metade do caminho a energia acaba na cidade e tudo fica escuro, antes de parar de andar acabo esbarrando em alguém e percebo que caiu.
Abro bem os olhos e pego meu celular para acender a lanterna, aponto a lanterna para o rosto da pessoa e vejo que é a garota do refeitório.
"Merda", ela resmunga e se levanta, passando as mãos pela blusa vermelha com bolinhas pretas que estava usando.
"Sinto muito", digo sem jeito e ela olha para mim.
- não tem problema, acho que hoje o universo está contra mim, hoje está tudo dando errado para mim, dia de merda, e ainda não consigo parar de falar palavrões - ele fala sem parar e eu levanto as sobrancelhas surpresa com a forma como uma pessoa pode falar tão rápido e tanto em segundos
- Me desculpe, começo a falar demais quando estou nervosa – diz ela com um sorriso sem jeito.
- ok, você se machucou?
- Acho que não – diz ele olhando para os pés e passando as mãos pelo corpo – sim, está tudo bem
- Desculpe, por isso não te vi por causa da queda de energia - digo isso e percebo que todo esse tempo estávamos na calçada conversando no meio do apagão com as lanternas acesas.
- Não tem problema – ele diz e aponta a lanterna para a rua, e eu também me viro vendo que o trânsito parou.
- O ônibus pode chegar em pouco tempo? - ela pergunta, mais para si mesma do que para mim, mas eu ainda digo
- Acho que não, os carros provavelmente ficarão presos no trânsito até o semáforo voltar a acender.
- Sim, isso faz sentido, então a única coisa que posso fazer é esperar - ele diz com um pequeno sorriso e então se aproxima da beira da calçada, limpa a sujeira do chão e se senta, ficando ali com a lanterna apontada em direção a ele. rua.
Viro-me para voltar à empresa e, quando estou quase na porta, sinto uma pontada na consciência. Não sei porque me importo já que geralmente não me importo com nada, posso ser um idiota e ignorante, mas sei que deixar aquela garota sozinha na calçada, com a cidade inteira sem luz, seria um ato extremo . de estupidez. Então me viro novamente, vendo-a ainda na calçada, vou até ela, toco seu ombro e ela se vira. Eu estava quase, quase pensando em ser o idiota que normalmente sou e deixá-la lá, mas pensei em todos os perigos que poderia correr aqui.
- Sim, se quiser pode ficar dentro de casa até a luz voltar, acho que ficar aqui na rua no escuro sozinho não é uma ideia muito inteligente - digo coçando a nuca e esperando ela responder.