4. Brincadeira de mau gosto
— Esquece o que eu disse. Foi uma bobagem. Não dê importância a isso. — Disse Eulália, acreditando que fizera outra estupidez.
— Não. — Disse Bryan a pegando pelos ombros e a encarando. — Eu digo que sou o seu namorado. Sem problemas.
— Não. Não precisa fazer isso, Bryan. É sério. Esquece o que eu disse.— Falou Eulália, morta de vergonha.
— Será um prazer para mim ser o seu namorado, mesmo que de mentira.
— Obrigada. — Falou Eulália e o abraçou.
— Você é o meu melhor amigo. — Disse Eulália recuando e o encarando
— Obrigado. Você também é minha melhor amiga, na verdade, a única. Não sou muito popular.
— Gostaria de jantar na minha casa essa noite? — Convidou ela.
— S-sim. — Aceitou Bryan, muito feliz com o convite.
— Tenho certeza de que você vai adorar a comida da minha mãe.
— Ela cozinha bem? Porque a minha mãe não sabe fritar um ovo. — Falou Bryan, rindo.
— Coitadinho de você! — Falou Eulália rindo e apertou a bochecha dele.
— Não precisa se preocupar, minha mãe cozinha super bem. Você vai ver essa noite. — Disse Eulália.
— Mal posso esperar. — Falou Bryan sorrindo.
Eulália não desgrudou mais de Bryan pelo resto da manhã. Aquilo não agradou muito Jaden que queria se aproximar dela quando ela estivesse sozinha, para que então, ela lhe explicasse porque havia fugido na manhã anterior e também para impedi-la de fazer o mesmo novamente com ele.
Quando as aulas terminaram, Eulália se despediu de Bryan e, em seguida, sem que os outros reparassem, ela foi para o banheiro. Ficaria ali por algum tempo até todos os alunos, incluindo Jaden, irem embora.
Alguns minutos se passaram e quando Eulália percebeu que uma faxineira entrou no banheiro, saiu da cabine na qual estava escondida. A faxineira a olhou surpresa. A essa hora, não esperava encontrar mais nenhuma aluna ali. Eulália saiu do banheiro, olhando de um lado para o outro, certificando-se que não havia mais nenhum aluno ali. O colégio parecia um lugar deserto. Eulália, então, caminhou tranquilamente e saiu do colégio, sem perceber que estava sendo seguida. Quando ela já estava a um quarteirão de distância do colégio e andava por uma rua não movimentada, ouviu alguém assobiar. Nervosa, ela não se atreveu a olhar para trás e apressou seus passos. Aquele "estranho" continuou a seguindo. Eulália podia ouvir aquele assobio a seguindo e aquilo era assustador.
"Ai, meu deus? Será um psicopata?", pensou, desesperada, antes de sair correndo.
Ela nunca foi uma boa corredora, mas quando se sentia ameaçada, como agora, era tão rápida quanto uma lebre.
O assobio cessou.
Ele a perseguia agora, correndo tão rápido quanto um lobo a perseguir uma lebre. Ele a alcançou. A agarrou e a empurrou contra a parede. Eulália gritou, assustada.
— Shhh... — Ele disse tapando a boca dela com a mão. — Eu não vou te machucar.
Ela agitou-se nervosa, tentando soltar-se, mas ele era mais forte que ela.
— Meu Deus! Para com esse drama! — Ele revirou os olhos. — Era pra ser uma brincadeira engraçada. Não isso! — Ele a soltou. — Me desculpe se te assustei. Realmente, não era a minha intenção. Quer dizer, mais ou menos... Também não era para tanto!
— Qual é o seu problema, seu maluco? Desgraçado. Me deixe em paz! — Gritou Eulália, alterada.
— Relaxa. Foi só uma brincadeira. Eu não ia te fazer mal. Eu juro! — Falou Jaden tentando acalmá-la.
— Seguir os outros é coisa de maluco. De psicopata. — Disse Eulália. — Como queria que eu reagisse? O que você fez não tem graça.
— Desculpa? — Disse Jaden — Mas você estava se escondendo de mim. Por quê? Por acaso, não vai mais cumprir o nosso trato?
— Vai se ferrar. — Disse Eulália dando as costas a ele e caminhando.
— Ei, não me deixe falando sozinho. Eu não gosto disso. — Disse Jaden a seguindo e a pegou pelo braço, a virando para o seu lado.
— Me solta! — Disse Eulália brava.
— Eu te fiz uma pergunta! — Disse Jaden, zangado.
— Não. Eu vou cumprir o nosso trato! — Respondeu Eulália. — Agora, me solte!
— Por que fugiu de mim ontem?
— Não interessa.
— Eu intimidei você. Foi isso? — Falou ele, sorrindo, convencido.
— Não. Quer saber por quê eu fugi de você?
— Hum? — Disse ele ainda sorrindo.
— Porque você é doido e não aceita um "não" como resposta. Tudo tem de ser do SEU jeito ou você se descontrola.
— Ah, falou a filhinha da mamãe que arranjou confusão com a irmã do representante da classe, e vive acuada pelos cantos ao lado daquele nerd esquisito. — Disse Jaden, irritado.
— Aquele nerd esquisito, como você diz, é o meu namorado!
Jaden riu, achando engraçado o que acabara de ouvir.
— Pois, vocês dois se merecem. Sabia? Foram feitos um para o outro.
— Me solte!
Jaden a soltou, a empurrando com força. Eulália se desequilibrou e caiu no chão.
— Não esqueça o nosso trato ou vou quebrar a cara do seu namoradinho esquisito. Entendeu? — Jaden ameaçou, antes de ir embora.
Eulália levantou-se do chão chorando.
Por que aquele garoto fazia questão de aborrecê-la? O que ela fizera a ele? Sentia muita raiva por ser apenas uma garota e não poder quebrar a cara daquele idiota. Quem sabe se Bryan não fosse um nerd, quebraria os dentes desse babaca para ele aprender de uma vez, por todas a não mexer com os mais fracos?!
Durante todo o caminho até à sua casa alimentou seu ódio e seu crescente desejo de vingança contra os alunos de Mary Dawson. E quando chegou em casa, ela foi para o seu quarto. Guardou seus livros. Tomou um banho e foi escrever. Ao menos em seus blogs, Eulália era popular e admirada! Ah! Se na vida real fosse assim... Mas a realidade era outra.
|Eulália On:
Infelizmente, todas as escolas são assim, divididas em grupos ou tribos; Os Populares - as patricinhas ou líderes de torcida - quase sempre, as garotas mais belas e ricas - .
Os atletas,o sonho de consumo de todas as garotas (tanto as patricinhas quanto as esquisitas). Estes são os “donos” do colégio, que tem duas ou mais namoradas ao mesmo tempo (sem que nem uma saiba da outra). Esses são os piores garotos e eu sempre preferi manter distância deles, mesmo eles sendo simpáticos com todas as garotas, independentes a qual tribo estas pertencessem.
Os excluídos estão logo abaixo dos populares, mesmo assim, não são menos importantes. Em sua maioria, são valentões e babacas. Não respeitam os professores, faltam às aulas com frequência e estão sempre se metendo em confusão. Logo abaixo destes estão os nerds. Alguns nerds conseguem conquistar o seu espaço e serem respeitados, como Samael, por exemplo. No entanto, os outros como Bryan e eu se tornam o alvo predileto dos populares e dos valentões. Nestes casos, não há muito que se fazer; a não ser mudar de escola ou tentar se tornar um deles... Ou... Pior que eles.
Eulália Off.|
Eulália vestiu um vestido branco estampado com bolinhas vermelhas. Calçou um par de sapatilhas e pôs uma tiara vermelha na cabeça. Ela não gostava de usar muita maquiagem, por isso, sempre optava por um batom de cor clara ou um gloss rosa.
Ao ouvir a campainha tocando, ela saiu de seu quarto e desceu as escadas correndo. Quando chegou na sala, sua mãe estava recebendo Bryan e uma outra garota que ela ainda não conhecia. Ao ver aquela garota, Eulália ficou nervosa. Quem era ela e por que Bryan havia trazido uma desconhecida para a sua casa? Eulália suspirou e se aproximou deles com um sorriso tímido.
— Boa noite Eulália? Espero que não se importe por eu ter trazido minha irmã, Jayla. — Disse Bryan sem graça.
— Não. Não me importo. — Disse Eulália, disfarçando.
— Hã, oi? Estava ansiosa para conhecer a namorada do meu irmão! — Falou Jayla sorrindo.
— Namorada?! — Disse Eulália surpresa.
— Oh, Eulália! Por que não me contou que estava namorando? — Perguntou sua mãe, surpresa com a novidade.
— Era para ser uma surpresa. — Disse Eulália sorrindo amarelo.
— Pode apostar que foi! — Disse Carolina.
— Nossa! — Falou Jayla sem graça. — Eu estraguei a surpresa! Me desculpe? Eu falo demais!
— Não tem problema. — Disse Eulália.
— Estou muito feliz com a novidade! Vocês formam um casal tão fofinho! — Disse Carolina.
— Obrigada, senhora Dodson. — Disse Bryan.
— O que é isso menino? Não precisa me chamar de senhora. Me chame apenas de Carolina. — Disse ela, carinhosamente.
— Sim, Carolina. — Disse Bryan com as mãos nos bolsos.
— Bem, crianças... Eu ainda tenho de pôr a mesa. Então, com licença. Sintam-se em casa. — Disse Carolina voltando para a cozinha.
— Por favor, sentem-se? — Disse Eulália a Bryan e Jayla.
E estes sentaram-se no sofá. Eulália também. Os três se encaram em silêncio por um tempo, até Jayla quebrar o gelo.
— Tem uma casa linda!
— Obrigada!
— E o seu jardim é um sonho! Invejo você! Bryan e eu moramos em um apartamento minúsculo. Não é a mesma coisa que morar em uma casa grande com porão e jardim. — Falou Jayla.
— Que chato! — Disse Eulália abaixando a cabeça.
— Nós temos um gato, uma tartaruga e alguns peixes. — Disse Bryan.
— Oh, sim! Azazel, o gato, e Carmilla, a tartaruga. — Falou Jayla rindo.
— Azazel?! — Repetiu Eulália encarando Jayla curiosa. Por que alguém poria o nome de um demônio em um gato?
— Ele é todo amarelo e seus olhos também. Achei que o nome combinava. — Disse Jayla.
— Sabe que existe um demônio com esse nome?! — Disse Eulália.