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O Segredo de Eulália

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Daniele A Claudino
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Resumo

Para não ser suspensa, Eulália faz um trato com o bad boy do colégio, Jaden Todd. Ela deveria simplesmente fazer o que ele mandasse e manter certa distância. Parecia fácil até ela se dar conta das segundas intenções de Jaden. Para afastá-lo, ela pede a Bryan, seu melhor amigo para fingir ser seu namorado sem perceber que o rapaz também gosta dela. Enquanto resistir as investidas de Jaden se torna cada vez mais difícil, ao mesmo tempo, Eulália se dá conta de que Bryan não a vê apenas como amiga e que ela também não o vê da mesma forma. Decidir entre o garoto doce e prestativo ou o garoto sexy e rebelde não será fácil, mas ela terá de escolher.

romance

1. Rainha do desastre

- Glare Town (E.U.A) 2014 -

Eulália Nielee segurava a carta que recebera de seu admirador secreto, tentando adivinhar quem poderia ser ele. Samael Berry, seu vizinho da frente? Não, ele mal a notava. E que tal Jaden Todd, seu vizinho do lado? Ele parecia nutrir algum tipo de interesse nela, ou, talvez, ela fosse apenas uma piada para ele. Mas se não era nenhum dos dois, ela não fazia ideia de quem poderia ser. Nielee Dodson não era a garota mais popular do colégio.

— Já está pronta querida? vai se atrasar. — Disse Carolina ao bater na porta do quarto de sua filha.

— Sim. Mamãe. Desço em um minuto. — Respondeu Eulália escondendo a carta embaixo do colchão de sua cama.

Antes de sair de seu quarto, Eulália apanhou sua bolsa e seu fichário. Olhou-se no espelho e ajeitou seus cabelos castanhos. Então tomou uma carona de sua tia e foi para o colégio.

Eulália foi até à diretoria pedir ajuda para encontrar sua sala e a diretora a mandou ir até o Grêmio falar com Samael Berry, o presidente do Grêmio.

Eulália entrou timidamente no grêmio e se aproximou de um rapaz loiro que estava de costas pra ela e mexia em alguns papéis.

— C-com licença... — Eulália gaguejou.

— Sim, em que posso ajudá-la? — Quando ele se virou, Eulália ficou sem jeito.

— Está tudo bem senhorita...?

— Ah! — Eulália saiu de seu transe. — Sim. Sim. Eu me chamo Eulália e estou aqui porque a diretora pediu para que eu viesse falar com você.

— Prazer, sou Samael Berry, o presidente do Grêmio. — Apresentou-se ele, estendendo a mão para um aperto formal. — Em que exatamente posso ajudá-la?

Era claro que ela o conhecia, ele era popular, além de um gato. Mas ele certamente nunca reparara na garota que se sentava no canto da sala.

— É sobre uns papéis. Eu acho. Não entendi muito bem. — Disse Eulália apertando a mão dele.

— Sua ficha de inscrição? — Tentou adivinhar Samael.

— Isso mesmo. — Disse Eulália.

Samael explicou a Eulália que ainda faltavam alguns papéis e pediu para que ela os providenciasse o quanto antes. Em seguida, deu-lhe instruções de como fazer isso.

— Obrigada. Eu vou trazer o que me pediu. — Disse Eulália sorrindo.

— Mais uma vez, foi um prazer conhecê-la. — Despediu-se Samael retribuindo o seu sorriso.

— Igualmente. — Disse Eulália indo embora.

Assim que saiu da sala e tomou o corredor à sua esquerda, Eulália esbarrou em um garoto magricelo que usava óculos. Com o impacto da queda, o garoto deixou seus livros caírem no chão.

— Oh, me desculpe? Eu sinto muito. — Disse Eulália nervosa e abaixou-se e ajudou o garoto a recolher seus livros.

— Não. A culpa foi minha. Não sua. Eu estava distraído. — Falou o garoto mais nervoso ainda enquanto recolhia seus livros.

— Mil desculpas. — Disse Eulália após ajudá-lo a recolher seus livros do chão.

— T-tudo b-bem. Não foi sua culpa. — Disse ele ajeitando seus óculos.

— Prazer. Eu me chamo Eulália Nielee Dodson.

— Sou Bryan Beltran, mas pode me chamar só de Bryan. — Disse ele sem jeito.

— Bryan... É um lindo nome. Sabia? — Disse Eulália.

— Obrigado. — Falou ele. — O seu nome Eulália também é lindo!

Eulália riu sem graça.

— E então, você também é nova aqui?

— Sim. A propósito, você completou sua ficha de inscrição?

— Sim.

— Será que não poderia me acompanhar e me ajudar a completar a minha? Eu sou nova aqui e ainda não sei nem onde fica o banheiro.

— Claro que sim. Seria um prazer ajudá-la.

Dessa forma, Bryan a acompanhou e a ajudou a completar sua ficha de inscrição. Logo depois, os dois foram até o grêmio. Eulália entrou na sala. Bryan a esperou do lado de fora.

Eulália entregou os papéis a Samael. Ele os conferiu e pediu a ela que entregasse os mesmos à diretora. Após fazer isso, Eulália e Bryan seguiram juntos para a sala de aula. Os dois se sentaram um ao lado do outro para assistirem às aulas. As duas primeiras aulas de literatura foram bem tranquilas. Entretanto, no terceiro tempo, na aula de História, um garoto loiro, de cabelos longos, vestido como um roqueiro entrou na sala. Ele passou por Eulália, a encarando de uma forma que ela não pode discernir se era malícia ou deboche ou os dois. Ele sentou-se atrás de Bryan.

O professor entrou na sala, se apresentou e após explicar o seu método de ensino, pediu aos alunos que abrissem seus livros na página nove.

Eulália sentia que o loiro a observava e por causa disso, ela não conseguia prestar atenção à aula. Tinha uma vontade louca de virar-se para trás e encará-lo. Mas conteve-se. Quando o professor se virou para escrever na lousa, Eulália sentiu uma respiração bem próxima dela. Seu coração disparou.

— Pode me emprestar um marcador? — O loiro sussurrou em seu ouvido.

Eulália abriu seu estojo e apanhou o marcador e o entregou ao garoto.

Ele sorriu de um jeito malicioso e piscou para ela.

Nervosa, ela se virou ligeiro.

"Que garoto esquisito." Pensou ela e riu.

Cinco minutos depois, quando o professor se distraiu novamente, aquele garoto estranho sussurrou no ouvido dela:

— Obrigado.

Ela assustou-se!

— Oops... — Disse o garoto rindo e deixou o marcador cair dentro da blusa dela de propósito.

Eulália levantou-se ligeiro e balançou sua blusa, derrubando o marcador no chão. Bryan a olhou confuso. Vermelha, ela apanhou seu marcador e voltou para o seu lugar.

Quando aquela aula finalmente acabou, Eulália foi uma das primeiras a sair dali.

Bryan e Eulália almoçaram juntos e no intervalo, eles conversaram sobre aleatoriedades.

† † †

Sem que ninguém o visse, o loiro de cabelos longos entrou no grêmio e tirou algumas cópias. Depois com um sorriso sarcástico, observou uma das cópias e disse:

— Isso vai ser muito divertido!

† † †

|Eulália On:

Até que meu primeiro dia de aula não foi tão ruim assim... Conheci um garoto bonito. Seu nome é Samael e ele é o representante da nossa turma. Samael é simpático e responsável, mas acima de tudo, ele é o garoto mais lindo que já vi em toda a minha vida!

Ah! também conheci um outro garoto. Seu nome é Bryan. Ele não é tão lindo quanto Samael e se parece mais com uma versão retraída do Kevin Richardson, mesmo assim, eu achei ele muito legal e nos tornamos amigos rapidamente. Fazia tempo que eu não sabia como era ter um amigo de verdade.

Eulália Off.|

Algumas lágrimas caíram sobre a folha, borrando as letras e Eulália fechou seu diário e o guardou embaixo de seu travesseiro.

"Como tudo seria diferente se vocês ainda estivessem aqui comigo!", pensou Eulália olhando para um retrato em cima do criado-mudo.

Nesse retrato estavam seus pais, sua irmã e ela.

Em uma tarde chuvosa, seu pai foi buscar sua irmã na faculdade para que ela viesse passar alguns dias em casa e sofreu um acidente grave. Seu pai morreu na hora. Vanessa (irmã mais velha de Eulália) foi levada para o hospital e após uma semana em coma, faleceu. Cinco anos se passaram, mas quando Eulália se lembrava, parecia que tudo acontecera ontem. Era muito doloroso lembrar. Sua mãe não gostava de tocar no assunto. E vez ou outra, Eulália a via chorando com um retrato na mão.

— Eu também sinto falta deles, querida!

— Tia Jasmin? — Eulália não percebeu quando ela entrou no quarto.

— Você precisa ser forte. Sua mãe precisa de você, querida. — Disse Jasmin se aproximando de sua sobrinha.

— Eu sei, tia. — Eulália tentava conter suas lágrimas sem sucesso.

Jasmin a abraçou.

— Eu sinto tanta falta deles! — Disse Eulália.

Jasmin suspirou. Queria poder dizer algo que a consolasse, mas nada que ela dissesse poderia amenizar aquela dor, dor que ela também sentia, já que perdera sua sobrinha, Vanessa.

† † †

Na manhã seguinte, em Mary Dawson, quando Eulália desceu do ônibus, Bryan já estava esperando ela em frente ao portão, exibindo um sorriso.

— Bom-dia? — Ela estava tão feliz por vê-lo, que o abraçou e o beijou no rosto.

— Bom-dia! — Respondeu Bryan e mesmo achando que ela parecia um pouco carente, gostou daquela demonstração de carinho. No fundo, ele também era carente, então, podia entendê-la.

— Vamos para sala? — Disse Eulália pegando na mão dele.

— Mas ainda falta muito tempo para a nossa primeira aula começar.

— Então vamos para qualquer outro lugar.

— Para onde você quer ir?

— Para onde você quiser.

— Para onde eu quiser? — Repetiu Bryan sorrindo com malícia.

Eulália arqueou uma sobrancelha e riu, balançando a cabeça. Bryan pensou um pouco e então decidiu.

— Já sei onde podemos ir.

— Onde?

— É uma surpresa! — Disse Bryan, sorrindo enquanto caminhavam.

— Adoro surpresas!

Eles entraram no colégio e alguns alunos apontaram para eles, rindo e cochichando uns para os outros. Eulália não estranhou, afinal, já estava acostumada a ser caçoada desde sempre, em todos os colégios em que estudara. Já não se importava com o que os outros pensavam a seu respeito porque agora estava com Bryan e sentia-se alegre e confiante. Nada poderia aborrecê-la agora. Não quando ela finalmente encontrara a companhia de alguém tão legal e que não a julgara por sua aparência ou pelo seu jeito esquisito. Bryan era como ela e por isso, apenas ele poderia entendê-la.

Os dois caminhavam em um corredor próximo aos fundos do colégio quando três garotas entraram na frente deles. As garotas eram lindas, e pelas suas roupas caras e bonitas, Eulália sabia que eram garotas ricas. "Patricinhas" resumindo em uma palavra. Todas as patricinhas eram belas e ricas e maldosas. Eulália jamais conhecera uma que fosse diferente. E por isso mesmo, pressentiu que não viria coisa boa pela frente.

— Ei, você novata? — Disse a garota loira, que provavelmente era a líder do grupo.

— Está falando comigo? — Disse Eulália.

— Está falando comigo? — A garota coreana a imitou, zombando dela.

— Que garota mais sem noção! — Disse a outra patricinha de cabelo castanho claro que estava preso em um rabo de cavalo perfeito.

— Adorei sua foto! — Disse a loira em tom de deboche e mostrou a Eulália uma foto sua, uma montagem, na verdade, onde ela aparecia como a elfa de um RPG que tinha o mesmo nome que ela e a seguinte legenda, "Minhas boas-vindas à elfinha, Niele!".

— Aposto que é tão vulgar quanto à elfa. — Falou a loira olhando Eulália de cima a baixo com um misto de malícia e desdém.

— Quantos anos você tem? — Eulália riu, nervosa.

As garotas riram alto.

— Melhor você saber qual o seu lugar aqui... Filhote de elfo. — Disse a loira.

— Essa foi de longe a intimidação mais podre que ouvi. — Eulália disse, achando engraçado.

— Por que está rindo? Eu disse que podia rir? — Falou a loira com raiva.

— Não manda em mim, seja lá quem for. — Falou Eulália.

— Aimee. — Disse a loira.

— Seu nome combina com você... — Disse Eulália.

— Eu sei! Foi minha mãe quem escolheu. — Falou Aimee toda vaidosa enquanto ajeitava seus cachos.

— Com certeza, sua mãe não gosta de você. Isso explica porque a batizou com um nome tão ridículo... Aimee!

— Ora sua... — Aimee levantou a mão para bater em Eulália, mas Bryan entrou em sua frente e acabou levando o tapa por ela. — O que pensa que está fazendo seu tapado? — Aimee o empurrou.

Bryan caiu no chão e derrubou seus óculos. A garota de cabelo castanho pegou os óculos dele.

— Por favor, devolva meus óculos? — Pediu Bryan, levantando-se.

— Não devolvo, idiota! — Falou a garota se divertindo.

— Por favor, devolva meus óculos? — Bryan tentava pegar seus óculos enquanto a garota se divertia como se Bryan fosse um cachorrinho tentando pegar um osso.

— Devolva os óculos dele! Agora! — Disse Eulália farta.

— Você não é ninguém para me dar ordens! — Disse a garota de cabelo castanho, irritada.

— Vocês se merecem. São dois idiotas! — Falou Aimee, rindo.

— Cala boca! — Disse Eulália.

— Quem você mandou calar a boca?! — Falou Aimee a empurrando.

Eulália levantou-se do chão, chorando com raiva e respondeu:

— Você!

Ela estava decidida a acabar com aquilo. Se cansara de ser tratada assim. Nunca fizera nada a ninguém. Não entendia porque os outros estavam sempre implicando com ela. Qual era o seu crime? Ser diferente? Mas isso ia acabar de uma vez por todas e naquele instante!

— O que foi que disse, elfa? — Aimee estava furiosa. Nunca ninguém ousara desafiá-la daquela forma.

— Está surda?!— Disse Eulália.

Aimee a agarrou pelos cabelos. Eulália a segurou pelos ombros com força, tentando afastá-la. Logo as duas estavam rolando no chão, brigando.