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3. O confronto

— Aqui está a folha de ausência do Jaden. — Disse Eulália a entregando a Samael.

— Então você desistiu? — Disse Samael, visivelmente desapontado.

— Por favor, dê uma olhada nisso? — Pediu Eulália sorrindo.

Samael olhou a folha e, espantado, disse:

— Não pode ser! Como conseguiu persuadi-lo a assinar essa folha?

— Eu conversei com ele e expliquei a ele qual era a importância desse documento e ele entendeu e assinou. — Falou Eulália.

Samael riu, incrédulo.

— Sei... Só pela bondade do coração que ele não tem? Jaden jamais assinaria essa folha tão facilmente. Eu o conheço bem. Da última vez, tivemos uma discussão feia e mesmo assim, ele se recusou a assinar essa folha. Me diga, o que foi que ele pediu em troca de assinar esses papéis? — Disse Samael.

— Como assim? Ele não pediu nada. Eu juro. — Falou Eulália tentando disfarçar seu nervosismo aparente.

— Não. Jaden não cede assim tão facilmente. — Disse Samael seguro do que dizia. — Por favor, confie em mim? Eu prometo que não vou me zangar se me disser a verdade. O que Jaden pediu em troca de assinar essa folha?

Eulália não poderia falar, pois jurara a Jaden que esse seria um segredo entre eles. E assim seria! Ela jamais revelaria o trato que fizera com Jaden a Samael.

"Se Você romper o nosso trato por qualquer motivo, eu juro que quebro a cara do seu namoradinho de quatro olhos", essas foram as palavras de Jaden.

— Eulália, não precisa ter medo do Jaden. Eu dou a minha palavra que ele não vai te fazer mal. — Disse Samael.

Eulália precisava dizer alguma coisa, ou Samael não a deixaria em paz. Então, disse a primeira besteira que lhe veio à mente...

— Ele pediu um beijo em troca.

— Um beijo?!

— Isso... Um beijo... O que tem demais?

— Mas... O que ele pensa que está fazendo? Ele não pode fazer isso! — Disse Samael irritado. — E você, como pode se vender dessa forma? Não sente vergonha?

— Era a única forma de não dar um desgosto à minha mãe. E por ela, eu faço tudo, mesmo beijar um idiota! — Disse Eulália.

Samael saiu do grêmio e foi atrás de Jaden. Eulália o seguiu.

— Por favor, Sam? Esqueça isso! Não tem importância. O que importa é que ele assinou o papel. — Disse Eulália.

— É melhor voltar para a sala. Deixa que eu cuido disso! — Falou Samael.

— Droga! — Disse Eulália deixando de seguir Samael.

Jaden estava conversando com Peter Goodman e Jordan Hartman sobre as novas músicas da banda, quando Samael chegou furioso e disparou:

— Você é mesmo pior do que eu imaginava! Um sujeitinho baixo e sem escrúpulos! Não tem vergonha de se aproveitar de uma garota indefesa?

— Desculpe, está falando comigo? — Disse Jaden se fazendo de bobo. — Porque se for, primeiro, abaixe a voz. Nem meu pai fala assim comigo. E segundo, não faço a menor ideia do que você está falando!

— Você vai negar que chantageou a aluna nova para assinar a sua folha de ausência? — Disse Samael.

"Não acredito que aquela idiota abriu a boca! Mas eu juro que ela me paga!", pensou Jaden.

— Eu não sei do que você está falando! — Negou Jaden.

— Nielee me disse que você pediu um beijo a ela em troca de assinar a folha. — Falou Samael.

— Ah, foi isso que ela te disse? — Falou Jaden, rindo.

— Vai negar agora? — Disse Samael.

— Não. Eu não vou negar! — Falou Jaden.

— Por que tanta coisa por causa de um beijo, cara? Até parece que você está a fim dela! — Disse Jordan rindo, desconfiado.

— Não se mete nisso, Jordan. Não tem nada a ver com você. — Falou Samael.

— E se eu tiver a fim da novata? Qual o problema? — Disse Jaden.

Samael percebeu que aquela discussão não fazia sentido. Por que ele se alterara tanto por saber que Jaden e Eulália se beijaram? Ele não devia se importar tanto.

— É meu dever como representante da turma, zelar por todos. E você não pode fazer mal a ninguém, principalmente a alguém que não pode se defender de você. — Disse Samael tentando disfarçar sua chateação.

— Eu acho que a Eulália é bem crescidinha. E vocês, rapazes? — Disse Jaden.

Peter deu de ombros, voltando a sua atenção a seu bloco de notas.

— Crescidinha até demais! — Falou Jordan sorrindo como um bobo.

Ao perceber que Jordan estava pensando o que não devia, Jaden lhe deu uma cotovelada.

— Ai! — Disse Jordan com uma careta.

— Então era só isso o que tinha para me falar? Porque se era, pode ir agora. — Falou Jaden.

Samael suspirou. Era inútil tentar conversar com aquele idiota! Seria mais fácil falar grego com um polonês do que tentar enfiar algum juízo na cabeça daquele garoto.

— Que história é essa, Jaden? — Perguntou Peter depois que Samael se foi.

— Nada que seja da sua conta. Onde estávamos? — Falou Jaden.

— Cuidado, viu? Quem brinca com fogo se queima. — Disse Peter.

— Nesse caso... Eu sou o fogo. — Jaden sorriu, convencido.

Peter balançou a cabeça e voltou a falar sobre a banda.

† † †

Jaden apareceu do nada na frente de Eulália quando esta já estava saindo do colégio. Sorrindo, ele disse a ela:

— Eu não acredito que ia embora sem se despedir de mim. Que coisa feia!

— O que você quer? — Perguntou Eulália nervosa.

— Ora, relaxe. Eu não vou te fazer mal. Só quero conversar. Você mora longe? Posso te dar uma carona. — Disse Jaden.

— Você dirige?! — Falou ela, surpresa.

Jaden revirou os olhos, rindo.

— Não quero que você saiba o meu endereço. — Falou ela, visivelmente irritada.

— Qual o problema? Sua casa é tão ruim assim? — Disse Jaden sério. — Acredite em mim, já estive em lugares que fazem o inferno parecer um paraíso.

— Eu agradeço a sua gentileza, mas minha mãe me mataria se me visse ao lado de um... Garoto como você. — Disse Eulália tentando não ser tão grosseira.

— Eu posso te deixar na esquina. — Insistiu ele.

— Sinto muito. Eu tenho medo de motos e... Carros. — Disse Eulália se afastando dele e indo embora.

Jaden a seguiu.

— Ok. Podemos caminhar. — Disse Jaden. — Peter sempre diz que eu preciso de um pouco de caminhada e que eu estou fora de forma. Acredita nisso?

— Por favor, me deixa em paz? — Pediu Eulália virando-se para trás.

— Sam encheu o meu saco por sua causa. — Disse Jaden.

— Eu juro que mantive o nosso trato. Eu não disse nada. — Falou Eulália temendo que ele fizesse alguma coisa a Bryan.

— Nada? Um beijo é nada pra você? — Perguntou Jaden a encarando.

Eulália não respondeu. Ela nunca beijou ninguém. Não fazia ideia de como isso podia ser ou o quê significava. Nunca teve um namorado. Nunca se interessou de verdade por um garoto em sua vida. Sempre preferia ficar na sua. E mesmo quando um garoto bonito se interessava por ela, ela fingia que não era com ela. De alguma forma, ela sentia que o amor não fora feito para ela. Tinha medo de se iludir, de se machucar ainda mais.

Jaden chegou mais perto dela e abraçou sua cintura com uma mão. Com a outra mão, ele acariciou o rosto dela. Eulália sentiu um calor com a proximidade. Nunca estivera tão próxima de um garoto antes. Nervosa, ela ficou parada, sem saber o que fazer. Quando os lábios de Jaden tocaram os dela, por um momento, Eulália desejou ardentemente ceder e corresponder aquele beijo, mas o medo e o nervosismo falaram mais alto e ela o empurrou e fugiu.

— Ei, volte aqui! Qual o problema? — Gritou Jaden confuso, e riu.

Quando chegou em casa, Eulália se trancou em seu quarto. Se jogou de bruços em sua cama e chorou com a cara enterrada no travesseiro.

"Eu sou mesmo uma idiota", pensou, "Por que não consigo fazer nada direito?", suspirou, "Eu me odeio. Eu me odeio!" Pensou ela, com raiva.

† † †

Enquanto Jaden saia do banho, lembrou-se de quando quase beijou Eulália.

— Por que será que ela fugiu assim? Você não vai conseguir fugir de mim, novata. Não mesmo. — Disse Jaden sorrindo. Convencido.

† † †

"Não vou amar ninguém porque o amor é uma fraqueza", Eulália pensou, firme, enquanto enxugava suas lágrimas.

— Não me permitirei ser fraca! De jeito nenhum!

Na manhã seguinte, quando Eulália entrou no colégio sentiu que muitos a olhavam com deboche.

Quando Eulália encontrou Bryan, sentiu um grande alívio.

— Bom-dia, Eulália? — Disse Bryan, sorrindo.

— Bom-dia. — Eulália o beijou no rosto.

— Podemos ir àquele lugar agora? — Perguntou Bryan.

— Que lugar? — Eulália havia se esquecido.

— Aquele dia, antes do projeto de Paris Hilton aparecer, eu ia te levar a um lugar especial. Lembra? — Disse Bryan.

— Oh, sim. Sim. — Eulália sorriu sem graça.

— Então, vem comigo? — Perguntou Bryan estendo a mão, sorrindo.

— Sim. — Respondeu Eulália sorrindo e apanhou a mão dele.

Bryan a levou até a estufa do colégio. Havia ali tantas cores, flores e fragrâncias deliciosas, era como um pedacinho do paraíso, e o melhor, poucas pessoas circulavam por ali, sendo, portanto, um bom lugar para se esconder dos outros e até de si mesmo.

— Ninguém vem muito aqui. Quero dizer, os outros alunos.

— Oh, Bryan! Esse lugar é lindo! Adoro flores!

— Q-que b-bom q-que g-gostou. — Bryan gaguejou enquanto ajeitava seus óculos.

— Posso te pedir um favor?

— O que quiser.

— Se os outros perguntarem, por favor, diga que é meu namorado.

— O quê? — Perguntou Bryan, pego de surpreso.

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