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Para variar, pretendente galinha.

Infelizmente, a próxima adversidade chegou mais rápido do que eu gostaria que ela tivesse chegado. O segundo pretendente de nome Ibrahim não tinha uma verruga saliente bem perto da boca, mas tinha uma coisa abominável também: monocelha.

Tudo bem, talvez eu conseguisse lidar com a monocelha. Aparentemente, elas deviam crescer rápido, pois nas fotos que ele publicava ele não aparecia assim. Ou quem sabe ele fazia fotoshop nas fotos que ele costumava postar no perfil dele.

― Dyzi, então você já tem 25 anos? ― Franzi o cenho. Como assim, já tenho? Já deveria ter estranhado nesse ponto, mas só perguntei curiosa:

― Achei que você já soubesse disso. ― E foi naquele instante que comecei a ter uma pontada de certeza de que aquele cara não era o cara que eu escolheria para fazer par nem aqui nem na China.

― Ah, sabia sim. Mas achei que você pareceria… mais nova? Ou que usaria, pelo menos, mais maquiagem para parecer isso. ― Senti um sentimento semelhante a raiva misturada com ódio crescer dentro de mim e se instalar na minha cabeça. Tinha certeza de que todo o meu rosto estava vermelho por isso.

― Minha irmã não usa muita maquiagem porque faz faculdade de gastronomia e em seguida já vai para a nossa pastelaria trabalhar. Ela evita usar mais do que uma simples base no rosto para não ter problemas com suor de maquiagem ou qualquer coisa do tipo. ― Ibrahim concordou como se fosse uma desculpa plausível.

Achei de verdade que ele acabaria ali de ser um idiota, mas ele estava só começando.

― Então você trabalha? ― Se ele fosse começar como Faruk, eu ia sair imediatamente, pensei com meus botões. ― Eu trabalho também. Fico feliz em saber que minha futura esposa poderia contribuir com as contas da casa. ― E eu concordei com a cabeça, porque achava isso mais do que justo para ser sincera.

Conversaria e saberia mais sobre ele, mas tinha ficado feliz em ver que ele poderia ser um potencial candidato.

― Eu poderia ser o marido de vocês duas, o que acham? ― Pisquei mais um tanto de vezes para ter certeza de que ele estava falando sério.

Ele estava. Infelizmente.

Minha irmã riu de nervoso e eu fechei a cara imediatamente. Agora que papai tinha morrido, cabia a mim o papel de proteger a minha irmã de qualquer potencial perigo. Mesmo que esse potencial perigo fosse possivelmente um candidato a marido.

― Minha irmã não está na idade de se casar ainda. ― Fui categórica em dizer, pensando assim que conseguiria dar por fim aquela ideia estúpida dele.

Não foi suficiente.

― Tudo bem. Podemos nos casar e esperamos em nosso casamento feliz até que a sua irmã tenha idade para se juntar a nós. ― Porque eu sentia uma veia estourando de repente na minha testa?

― Minha irmã não está nesse meio. Não a darei para você nem agora, nem no futuro, como esposa! ― Percebi que minha irmã respirou aliviada do meu lado quando fiz a voz mais firme e fui bem enfática para ver se aquele tonto entendia o que eu queria falar, mas ele provavelmente tinha se drogado ou estava surdo para qualquer coisa que eu dizia.

― Dyzi… Você não precisa ter ciúme da sua irmã… ― Ele disse e ainda teve a audácia de tentar tocar a minha mão que estava em forma de punho fechado em cima da mesa. Afastei a minha mão antes que ele conseguisse o intento e arregalei os olhos.

Aquele homem não tinha mesmo noção.

Para que quem esteja lendo o que escrevo entenda, nenhum homem que não seja da minha família ou, no mínimo, já meu noivo, pode tocar uma mulher muçulmana. Nem uma mão, nem nada. É desrespeitoso que ele tente fazer algo assim quando não há nem firmado qualquer tipo de noivado. Estávamos ali apenas conversando.

― Eu preciso que você não tente me tocar. ― Respirei fundo quando ele se tocou e recolheu a mão novamente. Continuei: ― Quando falo que minha irmã não vai se casar contigo, é porque ela não vai se casar contigo. E não é questão de ciúme, mas de zelo, pois ela é minha irmã mais nova e eu tenho total responsabilidade de ver a ficha do homem pelo qual ela sentir vontade de casar e não envolvê-la com alguém sem que ela sinta o mínimo por essa pessoa.

― Mas você não sente nada por mim e está aqui… ― Ele observou como se estivesse me chamando de hipócrita. Respirei fundo.

Eu estava tendo que respirar fundo para não matar muitas pessoas nos últimos dias. Minha paciência estava no limite, mesmo que o desespero também assim o estivesse.

― Eu sou diferente dela. Estou fazendo isso, porque precisava tentar uma última cartada antes de perder uma das coisas que é muito importante para mim. ― E para minha surpresa, Ibrahim deu de ombros e continuou sustentando a sua opinião ridícula.

― Eu acho que você está sendo ciumenta… E não deveria ter a audácia de continuar assim. Entenda, Dyzi, você já não é tão nova assim… Qualquer homem que quiser aceitar você como esposa realmente tem que ter gostado muito de você, porque há milhares de outras meninas muçulmanas com menos idade do que você e mais bonita do que você para eles escolherem e se darem melhor… Não seja tão exigente, quando você não está em vantagem de sê-lo.

― Tem razão. Eu não estou em vantagem de assim proceder. Precisava realmente de um homem se quisesse manter o negócio da minha família. Mas você me mostrou uma coisa muito séria, Ibrahim. O quanto você e meu tio Sadir são idênticos. Eu não preciso de outro homem ridículo querendo arruinar tudo ao meu redor. Eu dou conta de resolver isso sozinha. ― Disse com a maior audácia que consegui encontrar dentro de mim.

Me sentindo a pessoa mais esnobe do mundo – ou, pelo menos, fazendo esse tipo de papel – me levantei da mesa de nariz empinado e tudo e puxei Nur para cima comigo. Não ficaria ali nem mais um segundo.

― Vamos Nur. ― E ela concordou saindo ao meu encalço.

Não olhei para trás e Ibrahim demorou a ter qualquer reação, tão assustado comigo do que eu mesma tinha ficado.

Eu precisava de outro plano, outra ideia que fosse, porque as que eu tinha tido até aquele momento tinham dado muito errado e eu só conseguia ficar cada vez mais desesperada pensando o que seria de mim, de Nur e de mamãe se eu não conseguisse encontrar alguém logo.

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