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CAPÍTULO 7

CAPÍTULO 7

CLOE SMITH

Minha cabeça não para de disparar vários pensamentos enquanto minha respiração ainda continua ofegante durante alguns segundos. Essa é a primeira vez que algo do tipo acontece em minha vida, ser observada com outros olhos, como se fosse outro tipo de pessoa. E perceber isso acende um certo fogo diferente dentro de mim. Desperta uma outra Cloe que eu sequer sabia que existia em meu interior e que faz com que um sorriso discreto, bem pequeno, porém ousado e corajoso, se desenhe em meus lábios finos e tímidos.

Não digo nada, mas não desvio do olhar dele. Do olhar quente e afiado do meu vizinho bonito e misterioso. Eu apenas continuo de frente para ele, sorrio, baixo o olhar para o chão por alguns segundos quando meu rosto esquenta de nervosismo, sem saber ao certo como agir dali em diante, e logo volto a erguer o olhar para ele novamente à espera de algum tipo de reação da parte dele que indique se está gostando ou não do que está vendo. Contudo, quando meus olhos retornam em direção do cômodo da casa no lado oposto da rua, é como se eu levasse um grande banho de água fria sobre minha cabeça. Uma boa dose de decepção me atinge ao notar que já não há mais ninguém do outro lado de vigia. Agora, resta apenas janelas e cortinas fechadas sob o breu da noite escura e solitária, como se nunca houvesse tido alguém por ali.

Me sinto um tanto frustrada, e acabo por pensar se tudo não passou de apenas uma mera ilusão da minha cabeça, já acostumada com sua companheira inseparável que é a solidão, que poderia ter inventado as cenas que se passaram anteriormente, somente para me trazer algum tipo de conforto e distração, devido o dia horrível e cansativo que havia tido hoje mais cedo.

-É, eu devo estar ficando louca mesmo.

É o que pondero com um menear de cabeça amuado e caminho até minha cama, de onde pego a toalha e seco os resíduos dos fluídos que deixaram minhas coxas e pernas molhadas, e logo em seguida alcanço meu pijama e o visto lentamente, querendo que o dia de hoje chegue ao fim em breve. Com o corpo um pouco úmido e quente por causa das atividades recentes, eu me jogo sobre o colchão sem muita perspectiva para enfrentar a manhã seguinte, e me cubro com um lençol leve de algodão ao mesmo tempo em que deito minha cabeça inquieta sobre o travesseiro.

-Pelos céus, eu preciso arrumar um jeito de dormir rápido ou irei ficar sonhando com o que pensei ter acontecido essa noite.

É a conclusão a que chego, mas, ainda assim não consigo pegar no sono com facilidade. Eu giro de um lado para o outro sem sossego durante a madrugada inteira. Meu cérebro não tem paz e uma tempestade de imagens quentes e confusas povoam minha mente o tempo todo. São cenas em que vejo o senhor misterioso atravessando do outro lado da rua e invadindo o meu quarto no meio da noite para fazer coisas comigo que eu sequer sei o que são. Apenas sei que são coisas boas... proibidas... e extremamente escandalosas. Eu o vejo alto, grande e imponente sobre mim, admirando meu corpo, queimando minha pele com seu olhar duro, e suas mãos poderosas tocando cada parte d que ainda não foi explorada por ninguém.

O vizinho misterioso me acerta. Ele me aperta, me puxa para mais perto, me agarra... Ele faz tudo o que quer ao seu bel prazer. Seus dedos são como tochas de fogo por onde encostam. Eles se enfiam onde o seu dono manda, sem destino, sem parar e sem medir a força com que fazem isso. Eles têm vida própria e me marcam, me desenham e traçam riscos endurecidos sob minha pele, como se delimitassem os limites de tudo ali que o pertencem. E nessas cenas... eu pertenço exclusivamente a ele. Tudo está ao seu domínio. Eu sou dele para que brincar da maneira que quiser, e pelo tempo que determinar.

Meu corpo está completamente a sua mercê, somente esperando pelas suas dicas e ordens. E eu gosto muito de tudo isso. Eu me vejo totalmente entregue, sem resistência ou pressa de que isso que está acontecendo chegue ao fim. Muito pelo contrário, como sei que no mundo da imaginação posso ser e fazer o que bem quiser, eu me entrego por completo aos desejos intensos e insanos da minha carne. Permito que o magnetismo e a grande atração que me puxam para o homem desconhecido seja mais muito mais forte do que eu, e me leve para qualquer lugar longe da realidade que me cerca.

Sou apenas uma simples marionete que segue os comandos que o misterioso vizinho dita de forma firme e autoritário sob o pé do meu ouvido. Nesse mundo de sonhos, ele me é um homem de poucas palavras, mas de muita ação. O meu observador, o meu vigia e meu professor me ensinam algumas coisas que eu nunca tinha visto antes. Ele faz coisas... que eu até duvido se são verdade... ele me instrui, me comanda, me empurra até a beira da cama e me mostra o que tem de melhor, um novo universo de possibilidades para se conhecer e desfrutar intensamente.

Ele arranca tudo de mim. Arranca suspiros, o fôlego, e racionalidade da minha mente... Eu já nem sei mais quem sou quando suas mãos se perdem em meio aos fios claros dos meus cabelos espalhados pelo colchão, e os puxam com um arranco forte e rápido, num punhado preso em sua mão esquerda que está em punho fechado. Eu ofego claramente surpresa e um tanto curiosa para o que ele vai fazer a seguir. E então suas duas pernas enormes, de coxas grossas e poderosas, feitos dois troncos de árvores maciças, me cercam pelas laterais do corpo.

Agora eu estou inevitavelmente presa ao seu corpo deliciosamente esculpido pelos deuses, e não quero sair daqui nunca mais em minha vida. Sua cabeça se abaixa até a altura do meu rosto ao que eu suspendo o ar em meus pulmões, totalmente alerta e ansiosa para o próximo passo que não demora nada para acontecer. Isso era o que eu mais aguardava até o momento... É então que o trabalho de sua boca começa imediatamente sem um pingo de pudor, leveza ou paciência. Seus lábios têm pressa e ânsia por devorar os meus, como se fossem um lobo faminto. Ele não me beija com um beijo comum... meu espia praticamente consome, saboreia e despeça tudo em seu caminho apenas com a movimentação feroz e tática de sua boca.

Ele me toma toda para si. O vizinho se apodera de cada parte, cada pedacinho e de cada suspiro que deixo escapar quando consigo. Ele me rouba o fôlego e a vontade de fazer qualquer outra coisa que não seja obedecer às suas diretrizes. Eu me arrepio, me contorço e estremeço sob o poder da força que seus braços musculosos emanam sobre mim. Todo o meu corpo está em combustão ardendo de desejo e loucura por ele. O meu ritmo cardíaco está errático, vacila, tropeça e acelera ainda mais quando eu sinto o toque de suas mãos descendo gradativamente pelos vales e colinas do meu corpo.

Respirar se torna uma tarefa quase impossível de se realizar nesse momento, enquanto sou amassada e rolo desgovernadamente sobre os lençóis bagunçados da minha cama. A atividade não cessa, a força não diminui e nem o ritmo desacelera... eu sou pura confusão e caos a cada segundo que corre no relógio, e estou prestes a perder minha mente no instante que sinto um baque repentino que me tira imediatamente dessa maravilhosa órbita de prazer e diversão.

Eu pisco os olhos algumas vezes, meio desnorteada e perdida, para saber o que está havendo, e é então que a realidade me atinge como um tapa na cara. Estou caída no chão ao lado da minha cama, no meu quarto, sozinha, com a bunda dolorida pela queda inesperada e o olhar atordoado voltado para o teto tentando processar o que acaba de ocorrer. Eu tive um sonho! Tudo não passou de apenas um sonho muito louco e intenso, que levou a isto, a essa situação estranha e embaraçosa. Pelos céus... eu sonhei com o misterioso e lindo vizinho que mora do outro lado da rua, e não somente um simples sonho banal... eu...

Eu... imaginei que o desconhecido, que se mudou há tão pouco tempo para minha vizinhança e bagunçou completamente minha mente nesse pouco tempo e nas raras vezes em que nos vimos, como também desejei intimamente dentro de mim, que ele pudesse fazer, as coisas mais inconfessáveis em voz alta e em público, dentro de quatro paredes comigo. Eu quis que ele virasse minha vida de pernas para o ar, assim como literalmente, também fizesse isso comigo em meu quarto, na minha cama e do jeito mais inesquecível possível. Porém, agora que estou finalmente acordada, percebo que isso tudo não passa de um sonho distante. Um homem como ele... bom, ele nunca se interessaria por alguém como eu, é claro.

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