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A verdade

Enquanto isso, ainda nas matas do Brasil, estava ele, Kare Ando. Como ele foi parar no país latino-americano? Pois bem. Por conta dele possuir esses poderes mágicos, acabou sonhando que Kasumi estava viva e que vivia no meio das matas brasileiras. A princípio pensou que fosse na Amazônia, mas seria complicado dela ir do Japão para a Amazônia. Decidiu ir para o sul, já que de alguma forma ele achava mais provável que ela estivesse lá.

Se escondendo nas matas, ele a avistava. Uma bela garota ruiva, de corpo não muito atlético, peitos medianos, curvas delicadas, cabelos longos e pele lisa. Praticamente Kasumi virou uma índia, destas que encontramos nos romances brasileiros.

-- É, Kasumi. Parece que você virou um mulherão.-- disse Kare.-- Quem diria que uma garota inocente e indefesa como ela era na época se tornaria uma moça com um corpo escultural. Realmente lembra muito essas índias que vivem nesse país.

Com ela estavam três índios. Uma senhora, que tinha uma aparência de uma moça de trinta anos, um senhor com idade avançada e um homem com a sua aparência de cinqüenta anos. Eles estavam conversando com ela.

-- Bem, Kasumi, precisamos lhe contar a verdade.-- disse Tupi, aquele que seria o homem de cinqüenta anos.

-- Sobre o quê?-- indaga a bela ruiva.

Os três ficavam calados e logo o cacique dizia:

-- Você não é minha filha biológica. 

-- É sério? Porque eu sempre suspeitei disso.-- dizia Kasumi.-- Por que os outros índios tinham a mesma etnia e eu não? Sempre me perguntava isso.

-- Pois é. Eu a encontrei no rio. Milagrosamente foi isso. Já sabíamos que iríamos lhe encontrar e nosso destino era cuidar de você para que pudesse nos proteger. 

-- Mas proteger de quê? Vocês já são fortes.-- disse Kasumi.

-- Pois é aí o problema.-- disse Jê.-- Uma força desconhecida para nós que vem lhe perseguindo, irá nos atormentar. Ainda por cima, é o seu destino enfrentar essa energia negativa, com ou sem a gente por perto.

-- O que está querendo dizer?-- indagou a ruiva, confusa.

-- Alguém fez com que você nos encontrasse de propósito. Queriam se livrar de você, mas nem nós sabemos o motivo.

Kasumi estava confusa. Não sabia mais o que pensar. Só questionava a si mesma quem era ela. O que fazia em um lugar como esse? Por que ela existiu? Qual o motivo disso tudo? 

-- Podem me dar licença? Preciso esfriar um pouco a cabeça.

-- Claro.-- disse Pagã.

Os três olhavam para ela. As coisas mudaram um pouco. A maioria dos índios tinha "nojo" de Kasumi, enquanto outros a admiravam pela tamanha beleza que atingia, que nem se importava mais com a sua etnia.

Jaciara estava conversando com um índio, quando viu Kasumi chegando.

-- Oi, garota!-- a índia acena para a sua amiga.

Esta caminhava na direção dela e Jaciara dizia:

-- Se lembra do Guarana? Ele me fez companhia essa manhã.

-- Oi, Guarana.-- disse Kasumi.

-- Nossa, menina. Você é uma gata.- dizia o índio.

Isso deixava Kasumi vermelha e Jaciara dava um tapa nele.

-- Não fale assim dela. A deixou constrangida.-- disse a índia.

-- Está tudo tudo bem.-- disse Kasumi.-- Posso falar com você à sós?

-- Claro.

Guarana decide sair. Se sentiu incomodado por ter que restringir o assunto para ele, ao mesmo tempo que entendia que elas eram melhores amigas e precisavam de espaço entre elas.

-- O que foi?-- indaga Jaciara.

-- Esse negócio de não saber quem eu sou, está muito complicado.

-- Sim, eu entendo, Kasumi. Mas sei que ainda descobrirá quem é você e de onde vem. Nisso tenho certeza. Você pode contar comigo no que precisar, sabe disso, não é?

-- Jaciara. E se você me ajudasse a descobrir quem eu sou?

-- Claro? Por que não? Estou aqui para lhe ajudar.

Nisso, aparecia Tupi. Ele via as meninas conversando. Sempre admirou elas dessa forma. Conversavam, brincavam (quando crianças), mas principalmente adoravam fazer o hobbie delas, que era treinar. Com isso, melhoraram as suas habilidades.

-- Oi, meninas.-- disse o cacique.-- Olha só, Kasumi 

A ruiva olhava para o seu pai adotivo e Jaciara para ambos. 

-- Sei que está confusa, quanto ao seu "eu", mas saiba que pode contar comigo também. Me orgulho muito de ser seu pai. A melhor coisa que me aconteceu foi ter você em minha vida e isso não me arrependo jamais de ter acontecido.

Kasumi ficava vermelha com a declaração de Tupi. Sempre se sentia protegida perto dele, gostava de ficar com ele e assim como Jaciara e Pagã, ele sempre a protegeu e a compreendeu bem internamente.

- Pai.- Ela o abraça e começa a chorar. De repente, uma faca ia na direção da ruiva.

-- Cuidado!

Ambas ficam atentas e Tupi troca de lado com Kasumi, assim recebendo a facada em suas costas.

-- Pai!-- Grita a ruiva.

Como Tupi era grande e Kasumi não tão alta assim, ela o fazia deitar no chão e tirava a faca de suas costas.

-- Quem está aí?-- Indaga Jaciara, que apresentava uma expressão de raiva em seu rosto.

-- Hahahaha!-- Aparecia Kare. Ele olhava para a índia e a hipnotizava, a fazendo dormir.-- Bom dia, minha bela Kasumi. Você está muito bonita, hein?

Ela fica um pouco vermelha e fala:

-- Quem é você? O que você quer comigo? Como me conhece?

Kare dava uma risada assustadora e fala:

-- Eu sou o seu pior pesadelo. Quer saber mais sobre mim? Vou lhe indicar para ir ao Japão onde vai encontrar o Elixir da Vida, um artefato importante para o Clã Mizuna. Só assim para curar o seu "pai", já que a lâmina da minha faca é venenosa.

Kasumi olhava para a faca e decidiu não pegar mais nela, mas ficou confusa com o que ele dizia.

-- Então, você topa o desafio?-- indaga o mágico.

-- Como irei ao Japão?-- indaga Kasumi.

-- Nadando.-- Kare ria.-- É o único meio para você salvar seu pai. Você tem três dias, antes que o veneno cause efeito. Não vai falhar, bela Kasumi. Conto com sua presença para me divertir um pouco.-- Ele sumia.

Jaciara acorda e tenta se lembrar do que aconteceu. Via Kasumi chorando, enquanto deitava sua cabeça no peito de Tupi. Parecia nervosa, aflita e sem saber o que fazer. Como iria para o Japão, eis a questão.

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Passado um tempo, a tribo toda estava reunida. Pagã era quem assumia agora o comando. Ela conversava com Kasumi, na presença de todos.

-- Então o que vai fazer?-- indaga a mestra da tribo, depois de ter conversado bastante com a sua ex-aluna.

-- O único jeito mesmo é ir nadando para o Japão.- disse Kasumi.

-- Patético. Não vai conseguir, já estou prevendo isso. Você consegue ser mais teimosa do que o seu pai, menina.-- dizia Raoni, fazendo Kasumi querer brigar com ele.

-- Não ligue para o que ele diz. Só quer provocá-la. -- Colocava as mãos nos ombros dela.-- Você vai conseguir. É uma menina forte.

Kasumi cora e agradece pelo apoio. Via Jaciara e Guarana e os abraçava, além da própria Pagã. A ruiva ia em direção a um rio, que ligava para o mar rumo ao Japão. Ela o visualizava em silêncio e logo, a mentora aparece atrás dela.

-- Confie em você mesma, assim como eu confio.

-- Pode deixar.-- disse Kasumi.-- Obrigada por tudo. Garanto que trarei o Elixir da Vida e conseguirei fazer meu pai voltar a viver novamente.

Pagã sorri e a ruiva pulava para nadar. 

Assim ia nossa heroína. Alguns índios foram ver e acenaram para ela. Kasumi agora estava, ao mesmo tempo que tentando salvar seu pai, também descobrir quem era ela. Será que essa sua nova jornada conseguirá dar uma iluminação aos seus confusos pensamentos?

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