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8. Antes só que mal acompanhada

Lana e Damir foram para trás do Trem Fantasma. Ele estava visivelmente furioso e ela estava tremendo, com tanto medo de perdê-lo.

— Você está bem, Damir? Eles te machucaram muito? — Perguntou Lana enquanto se aproximava dele.

— Estou bem, mas me responde uma coisa, é verdade que Daniel e você… — Damir segurou os braços dela e a encarou. Não conseguiu terminar sua pergunta. Era horrível demais pensar que ela, sua garota, o traíra daquela forma. Ela não seria capaz… Seria? Ele não podia suportar aquela ideia. — Por favor? Me diz que é mentira? Que você não fez isso comigo, que não partiu meu coração dessa forma?

— Me perdoe? — Disse Lana chorando, incapaz de negar. — Eu não…

— Não continua! Para! — Ele a empurrou, desapontado. — Eu não merecia isso! Eu falei para você… Implorei que se não me quisesse mais, falasse isso na minha cara e não brincasse comigo, mas o que você fez?

— Você não entende… Tudo o que fiz… Eu não traí você. Daniel só estava me ajudando a…

— Te ajudando? Ah, por favor? Te ajudando a colocar chifres em mim? Era isso o que ele estava te ajudando? Responde! — Damir elevou a voz, alterado.

— Não! Ele… Eu… Como é que vou te dizer isso assim? — Falou Lana, nervosa.

— Não precisa dizer mais nada! Eu já ouvi o bastante! Você não é quem pensei que fosse. — Damir deu as costas para ela, mas, então, se virou e disse — Sabe o que é pior? É, que, diferente desses caras que só te usam, eu amei você!

— Por favor, Damir? Me perdoe? — Falou Lana. — Eu só queria ser perfeita por você.

— Eu nunca quis que fosse perfeita porque não sou perfeito. Perfeição não existe! Só queria que fosse você mesma, que não mentisse pra mim. Mas se era eu quem prendia você, está livre agora! — Damir foi embora, deixando Lana, arrasada.

† † †

Abel estava parado em um canto, acabando seu cigarro quando Lana veio e vociferou:

— Aposto que está feliz por me expor como vadia para o colégio todo, mas vou te avisando que isso não vai ficar assim, que vai pagar por isso, seu miserável!

— Ah, qual é? Eu te fiz um favor porque nunca gostou do Damir e não sabia como se livrar dele. Devia me agradecer por isso. — Falou Abel.

— Te agradecer? — Repetiu Lana com ódio. — Você não sabe mesmo nada sobre mim! Eu AMO o Damir!

— É… Nota-se quando abre as pernas para o Daniel. — Falou Abel.

Lana quis dar um tapa nele, mas ele agarrou o pulso dela com força.

— Se gostasse tanto do quatro olhos, não o trairia com o Daniel! — Disse Abel.

— Isso não é da sua conta! — Lana tentou bater nele com a mão que estava livre, mas ele foi rápido e agarrou o outro pulso dela. Puxou-a para mais perto e em tom desafiador, disse-lhe: — Vai fazer o quê, agora? Não tem ninguém aqui para ajudá-la.

— Me solta! — Lana ficou apavorada e se agitou, tentando se afastar dele.

— Você está com medo… De mim? — Ele disse e aproximou seu rosto do dela.

Ela pensou que ele fosse tentar beijá-la e virou o rosto. Ele pegou o queixo dela e a forçou a virar o rosto. Não a beijou, mas fez algo estranho… Encarou seu reflexo nos olhos dela. Riu e a empurrou, soltando-a.

— Você é doido! — Disse Lana massageando um dos seus pulsos.

— Eu podia ter protegido você se tivesse falado comigo e não com o Daniel. — Disse Abel. — Ele não pode fazer nada… NADA! Mas eu posso! É só dizer… Quer que eu faça? Eu faço!

— Do que você está falando? — Mas, no fundo, ela sabia… Daniel havia contado a ele o segredo dela.

— Amigos contam tudo um para o outro. Não somos amigos? Pensei que fossemos! — Abel disse, chateado.

— Se não contei nada para você, é porque você não tem nada a ver comigo. Cuida da sua vida! Fica longe de mim… E do Damir! Estou te avisando! E fala para o Daniel também se afastar de mim! Acabou! Estou fora do seu canal de merda! Ninguém curte aquela droga mesmo! — Falou Lana, mesmo sabendo que magoaria Abel, já, que ele se importava muito com seu canal. Ela estava com muita raiva e só queria que ele sentisse a mesma dor que ela estava sentindo naquele momento.

— Conhece as regras, não está fora até eu dizer o contrário. — Falou Abel.

— Me obrigue! — Falou ela.

— Se quer jogar esse jogo… Por mim, tudo bem. Me conhece, Laninha… — Ele sabia que ela detestava ser chamada assim, porque era como Dmitry a chamava. — Quando entro em jogo, eu nunca perco.

— Está me ameaçando? — Perguntou Lana, imaginando se ele seria capaz de revelar seu segredo vergonhoso.

— Interprete como quiser… — Abel se afastou dela.

Lana ficou desesperada, pensando que se Abel revelasse seu segredo aos outros, seria o fim para ela. Ninguém nunca mais a veria como antes. Todos olhariam para ela da mesma forma que, um dia, olharam para sua mãe, com pena, desprezo e nojo. E “ele” a mataria por ter aberto a boca.

Maldito Daniel que não conseguira manter a língua atrás dos dentes. O que ela faria agora? Não tinha lugar para se esconder. Melhor seria voltar para a casa. Com muita sorte, Dmitry não perceberia que ela fora aquela maldita festa e ela poderia se fazer de desentendida quando a bomba estourasse.

Foi o que ela fez. Voltou para casa. Porém, quando entrou em seu quarto, viu que a porta estava arrombada e o móvel que ela encostara, estava caído. Tarde demais. Dmitry percebera que ela saíra.

— Ah, meu deus! Não! O que faço agora? Isso não podia ter acontecido. — Lana pegou seu celular e mandou uma mensagem para suas irmãs, avisando-as que Dmitry havia descoberto que elas fugiram de casa.

Elizaveta esquecera seu celular, desligado em cima do criado-mudo ao lado de sua cama, e Katya estava tão entretida, dançando com Nina e tomando cerveja, que sequer, ouviu o celular tocando em sua bolsa. Também, o volume da música estava muito alto.

Lana se sentou em sua cama, pensando no que faria para aplacar a fúria de Dmitry. Precisava pensar em algo, rápido. Foi então que uma ideia lhe ocorreu e ela sorriu.

† † †

Dmitry foi até o Parque Di Maureova, atrás de suas irmãs. Alguns alunos o reconheceram e, logo, souberam que a confusão estava a caminho.

Mais da metade dos alunos do colégio fora à festa de Abel, então Dmitry teve dificuldade na hora de procurar por suas irmãs entre a multidão.

Enquanto andava, pensou ter visto Lana pulando no colo de um rapaz e o beijando. Seu sangue ferveu e enquanto ele abria passagem a cotoveladas por entre os jovens para chegar até o casal, Avim passou por ele, feito um doido e quase o derrubou.

— Vê se olha por onde anda, idiota! — Avim disse de mau humor e seguiu seu rumo.

Dmitry o ignorou e quando voltou a olhar para frente, o casal feliz havia sumido. No entanto, ali estava sua irmã caçula, dançando de forma ousada, usando uma microssaia.

Não era fácil o papel de irmão mais velho porque o obrigava a fazer coisas, um tanto, “desagradáveis”, mas já que não havia outra pessoa para desempenhar esse papel, cabia a ele, o fazer.

Dmitry pegou Katya pelo braço e ela virou-se, assustada.

— Você pensou mesmo que poderia me enganar, Katya? Eu não sou nenhum tapado! Onde estão Elizaveta e Lana?

— Eu não sei. — Disse Katya se encolhendo com medo.

— “Eu não sei”… — Ele a imitou, irritado. — Como é que não sabe? Fale logo!

Nina resistiu ao impulso de intervir, temendo piorar as coisas para Katya.

— Eu juro que não sei. Elas devem estar por aí. — Falou Katya.

— Eu… Vou procurá-las. — Disse Nina, nervosa, e saiu. Procuraria primeiro por Elizaveta porque ela não tinha medo de Dmitry e poderia ajudar Katya.

Dmitry saiu arrastando Katya e ela fazia o máximo de escândalo que podia para compelir alguém a ajudá-la. Deu certo. Veronika viu a cena e ficou revoltada com aquilo. Nenhum homem deveria tratar uma mulher daquela forma. Não importava se era o irmão ou o pai, o quer que fosse. Aquilo era inadmissível.

— Aí, solta ela, infeliz!

— Vai caçar um idiota pra te comer, vadia! — Falou Dmitry.

— Por favor? Me ajude? — Implorou Katya, chorando.

— Para com isso! — Dmitry apertou o braço dela com força.

Katya gritou.

— Eu disse para soltá-la! Qual o seu problema? É surdo? — Veronika se aproximou de Dmitry e o empurrou, puxando Katya. — Seu puto! — Veronika deu um soco na cara dele, fazendo-o sangrar.

Dmitry lambeu o sangue que escorria de seus lábios e se aproximou de Veronika e deu um tapa nela. A loira se enfureceu e foi para cima dele. Dmitry a segurou.

Nina voltou, acompanhada por Daniel, Yulia, Bonnibelle e Abel.

Abel avançou em Dmitry, já sentando porrada.

Daniel se aproximou de Veronika e perguntou se estava tudo bem, ela respondeu que sim, ainda nervosa. Sua vontade era de matar Dmitry.

Nina se aproximou de Katya, pegou sua mão e a tirou do meio da confusão.

— Acaba com ele, Abel! — Falou Veronika recuando e se voltou aos outros. — Esse filho da puta me bateu, mas isso não vai ficar assim.

— O quê? Ele teve coragem? — Falou Bonnibelle e se voltou a Daniel. — Tá esperando o quê pra quebrar a cara dele? Vai, logo!

Daniel encarou Yulia como se pedisse sua aprovação.

Yulia assentiu, balançando a cabeça e recuou. Daniel se juntou a Abel. Mesmo estando sozinho, Dmitry deu trabalho aos dois porque era bom de briga, o infeliz.

Ouve um disparo e a música cessou. Alguém havia chamado a polícia, que agora, cercava o lugar. Muitos jovens conseguiram escapar, fugindo pelo mato, mas nem todos tiveram essa sorte. Dmitry, Abel, Daniel, Bonnibelle e Veronika foram detidos. Yulia conseguiu escapar porque se enfiou ligeiro dentro do trem fantasma, se escondendo no escuro.

— Eu sou inocente, policial. — Falava Bonnibelle enquanto era algemada.

— É, eu também sou — Disse o policial em tom de escárnio.

— Eu sou a vítima nessa bagaça! Fui agredida! Não devia ser presa! — Falou Veronika, inconformada.

— Vamos tomar seu depoimento na delegacia. — Disse outro policial.

— Uhul, todo mundo vai ser o sol nascer quadrado! — Falou Abel, doidão, e riu.

— Meu pai vai acabar comigo! — Falou Daniel.

— Mas nem fiz nada… — Bonnibelle insistiu.

— Podes crer, isso vai aumentar a nossa fama como Bad Boys. — Abel piscou para ela.

— E isso tudo por culpa desse imbecil. — Falou Veronika encarando Dmitry com ódio.

Enquanto era levado para a viatura, Dmitry viu Branka em frente a montanha-russa, o encarando. Agora sim, ele terminara de queimar seu filme com ela.

— Droga! — Ele sussurrou.

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