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7. A arte do horror

Bonnibelle e Avim se afastaram da multidão, indo para um lugar afastado, onde mal se ouvia o canto dos pássaros, e o som da música vinha abafado.

— Aqui é sombrio… — Disse Avim se aproximando de Bonnibelle, que estava de costas pra ele.

Ela sorriu e virou-se.

— Sim. Um pouco. — Bonnibelle deu de ombros.

— Não está com medo? — Perguntou Avim.

— Não. — Bonnibelle recuou.

Avim riu.

— Não tem medo que eu a machuque?

— Não. — Bonnibelle respondeu em um sussurro.

— Como pode confiar em alguém que acabou de conhecer? — Ele se aproximou dela.

Bonnibelle quis recuar, mas bateu as costas no tronco de uma árvore. Avim sorriu, divertindo-se com aquele jogo.

— Não me conhece, mas conheço você. Estive observando-o… Estudando-o. — Ela quem sorriu dessa vez.

Avim ficou sério e engoliu em seco.

— Como assim?

— Oh! Por que não está sorrindo agora? Talvez, porque os papéis se inverteram e você não é mais o estranho, aqui. — Ela aproximou seus lábios dos dele, mas ele recuou.

— Quem é você? — Avim perguntou.

— Alguém que você deve temer ou amar. — Falou Bonnibelle. — Diga-me? Se sente poderoso, assustando aquelas pobres pessoas, não? Eu sei bem qual é a sensação… O medo correndo em suas veias, atrapalhando seu raciocínio, paralisando-o de dentro para fora. Oh, é delicioso. Mas sabe o que é melhor que sentir medo? Infligir medo. Isso sim… Eu morreria por isso.

— Onde quer chegar? — Perguntou Avim.

— Quero me juntar à Arte Do Horror e infligir medo e desespero aos outros. — Falou Bonnibelle.

Avim riu e disse:

— Sinto muito. Não estamos recrutando ninguém.

— Uma pena, mas… Se não me aceitarem no grupo, serei obrigada a revelar quem são as faces por trás das máscaras. E, então? Será que isso seria bom para vocês? Ouvi dizer que a polícia está oferecendo uma recompensa para quem tiver alguma informação a respeito do grupinho de vocês. — Falou Bonnibelle.

— Como ousa nos ameaçar? Se sabe quem somos, deve saber que não pode brincar conosco. — Avim se irritou.

— Não sou uma amadora! Vocês é quem não vão brincar comigo! Se algo me acontecer, qualquer coisa… Digamos que uma pessoa da minha inteira confiança, se encarregará de entregar as cabeças de vocês a polícia. Por isso, sugiro que convença seu líder a me aceitar como um membro, ou… Já sabe. — Bonnibelle deu um tapinha no ombro dele e foi embora.

— Droga! Isso não é bom. — Falou Avim, preocupado.

† † †

Damir decidiu ir à festa de Abel, mesmo sem ter sido convidado, com esperança de encontrar Lana por lá. Logo que chegou, Abel e Richard o cercaram.

— Uh, olha só quem está aqui! — Falou Richard agarrando Damir pela gola de seu suéter preto.

— Está fazendo o que aqui, quatro olhos? Oh, já sei. Aposto que veio procurar a Lana. — Falou Abel com escárnio.

— Eu não quero confusão. — Falou Damir.

— Que mané! — Richard empurrou Damir e se voltou a Abel. — Sério? Não sei o que a Lana vê nesse idiota!

— Nada. — Disse Abel. — Ela não está nem aí para ele. Só sai com esse trouxa porque ele faz os deveres para ela.

— Nossa! Que otário esse Damir! — Falou Richard, rindo.

— Isso não é verdade! A Lana me ama! — Falou Damir.

Richard e Abel riram, divertindo-se com a ingenuidade de Damir.

— Você e quantos outros? — Disse Abel. — Ela está transando com o Daniel, seu tapado!

— Não. Isso não é verdade. Conheço a Lana e ela não é assim. — Falou Damir nervoso, agarrando Abel pela camisa.

Abel empurrou Damir e deu um soco no estômago dele.

— Aceita que dói menos. Ela é areia demais para o seu caminhãozinho. — Falou Abel.

— Abel? Pare! — Gritou Lana vindo, correndo.

Abel virou-se e encarou Lana. Ela o empurrou.

— O que pensa que está fazendo? Desgraçado! — Gritou ela.

— Calminha aí, Laninha? — Falou Abel sorrindo com malícia e a segurou pelos braços.

— Me solta, seu miserável! — Gritou Lana, se agitando, tentando escapar dele.

— Não é para tanto. Foi só uma brincadeira. — Falou Abel.

— Solta ela! — Disse Damir enfrentando Abel.

— Ah, tá querendo me enfrentar, agora, quatro olhos? — Abel empurrou Lana para Richard e ele a segurou.

— Me solta! Socorro? — Lana gritou, mas eles estavam afastados da multidão e volume da música estava no máximo.

Abel agarrou Damir pela camisa e quando estava prestes a dar um soco nele, Veronika chegou de repente e, ao perceber o que estava acontecendo, interveio rápido.

— Mas que merda é essa? — Veronika puxou Abel para longe de Damir e se aproximou de Richard, dando um tapa na cabeça dele. — Solta ela!

Lana correu e abraçou Damir, assustada. Abel nunca tinha agido daquele jeito antes. O que será que dera nele? Estava drogado para variar ou o quê?

— Eu não posso dar as costas por um minuto para mijar que as mocinhas soltam a franga! Ah, se ferrar! — Falou Veronika brava e bateu em Abel. Ele não revidou nem se defendeu. Pareceu até gostar daquilo.

— Você bate como uma moça! — Ele provocou.

Veronika deu um soco na cara dele.

— Tá bom para você ou quer mais?

Abel veio na direção dela, mas ela não se intimidou nem por um segundo. Richard se apressou e entrou na frente dela.

— Para, cara? Vai bater em mulher agora? Isso aqui já perdeu a graça.

— Ele pode vir. Não tenho medo, não. — Falou Veronika.— E aí, Abel? Vai querer cair no soco comigo?

Abel balançou a cabeça rindo e disse:

— Relaxa, Nika? Eu seria incapaz de machucar uma garota. — Ele se voltou a Lana. — Não sou covarde como o Dmitry!

Lana identificou um brilho estranho no olhar de Abel, algo como uma mágoa profunda, mas não teve certeza e nem se atreveu a falar nada. Claramente, ele estava chapado e não era uma boa provocá-lo. Ela pegou a mão de Damir e o puxou, se afastando.

— Vai, trouxa! — Abel disse a Damir.

— Cof, cof, despeito. — Disse Veronika.

— Que? Sai dessa! Faz tempo que tô em outra. — Falou Abel.

— É? Porque não parece… — Falou Veronika.

— Eu só fiquei com pena do quatro olhos porque ele está sendo chifrado. — Disse Abel.

— Ai, que bondoso! Abel é um anjo, minha gente! — Falou Veronika com sarcasmo.

— Pensa o que você quiser, eu não tô nem aí pra você. Pode ir pro inferno. — Abel se afastou. Richard também, mas foi para a direção oposta à de Abel.

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