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9.Back To Your Heart

Katya ligou para Lana e avisou que passaria aquela noite na casa de Nina.

— É melhor ficar uns dias por aí… Pelo menos até a raiva dele passar. — Falou Lana. — E a Elizaveta? Sabe se ela está bem?

— Não sei, mas a nossa irmã sabe se cuidar, melhor que nós. Não se preocupe com ela. — Disse Katya. — Talvez fosse melhor você também não ficar aí. Não pode ir pra casa do Daniel ou…

— Não. Eu não quero mais falar nem com o Daniel nem com o Abel. — Lana disse.

— Por quê? — Perguntou Katya.

— Eu te conto pessoalmente, quando nos encontrarmos. Tá bem? Agora, tenho de desligar. Elizaveta acabou de chegar. — Mentira. Elizaveta não tinha chegado, mas Lana não queria mais falar sobre aquilo com Katya.

A menina não sabia nem a metade do que realmente acontecera, e era melhor continuar assim.

— Você não devia me tratar como uma criança! Eu sei que tem mais do que fala… Por que não confia em mim? Eu sempre te contei tudo, não? — Katya suspirou.

— Melhor deixar as coisas como estão. Falta pouco para nos libertamos, mas você tem de confiar em mim, fazer o que digo e não ser enxerida. — Lana desligou o celular antes de cair no choro.

† † †

Katya colocou o telefone no gancho e voltou para o quarto de Nina. Sua amiga havia pego um pijama para ela e estava arrumando a cama de cima do beliche – Katya dormia tanto na casa de Nina, que Nina decidiu comprar um beliche para elas não dormirem espremidas -.

— E aí, falou com a sua irmã?

Katya fez que sim com a cabeça e pegou o pijama.

— Levei a maior bronca e estou de castigo por um mês, mas… — Nina sorriu, com ar travesso. — Conhecendo meus pais, em menos de três dias, o castigo já era.

Nina era filha única e seus pais não conseguiam lhe dar um tapa sem lhe dar dois beijos e um abraço em seguida. Sempre assim. Katya queria que os pais de Nina fossem os SEUS pais porque eles eram legais. Se Dmitry fosse, pelo menos, um pouquinho como eles…

— Eu trouxe um lanchinho… — Disse Lacey Sobieski, a mãe de Nina entrando com uma bandeja com dois copos de leites e um prato cheio de cookies.

— Oba! — Falou Nina e como uma garotinha que era foi correndo atacar os cookies.

— Divida com a Katya, sua gulosa! — Falou Lacey dando um tapinha na mão de Nina.

— Ai, tá bom! — Falou Nina, fazendo biquinho.

† † †

Bonnibelle, Abel, Veronika, Daniel e Dmitry foram colocados juntos em uma cela e estavam todos se segurando para não brigarem novamente.

— Sabe? É melhor vocês sentarem porque isso vai demorar um pouco… — Disse o policial e saiu.

Dmitry sentou em um lado da sala, Daniel e Bonnibelle do outro, e Abel e Veronika de frente com as grades.

Daniel viu Veronika mexendo no celular e perguntou a ela como ela conseguira escondê-lo dos policiais.

— Gato, eu tenho os meus truques. — Ela disse e se aproximou das grades, fez uma pose sexy e tirou uma selfie. Encarou a tela e leu em voz alta o que digitou a seguir — Status: em cana, com… Vou marcar vocês. Daniel Chernikov, Abel Di Maureova e… — Ela encarou Dmitry.

Ele deu de ombros.

— Ok… — Veronika encarou Bonnibelle que estava emburrada. — Pena que não tenha ela na minha lista de amigos. Como é mesmo o nome dela?

— Sei lá… Qual seu nome, estranha? — Perguntou Abel.

— Bonnibelle Konek. — Respondeu.

— Mandar solicitação para você… — Disse Veronika digitando o nome dela no campo de pesquisa. — Espero que tenha um perfil.

Abel riu como um demente.

— Esse está chapado. — Daniel revirou os olhos, bravo. Só queria voltar pra sua casa, tomar um banho e ir para cama.

Veronika ouviu passos e escondeu o celular em sua cintura, cruzou os braços e fez cara de paisagem. Até assobiou para completar a cena. Um dos policiais destrancou a cela.

— Veronika Redkina, está liberada. Pagaram sua fiança!

— Agora, sim, vou tomar uma surra da minha mãe. Ainda bem que tirei uma selfie antes. — Veronika brincou e se voltou a Abel e Daniel. — Se comportem e não se peguem justo agora que estou indo, suas delícias.

— Dá um beijinho aqui, Daniel? — Brincou Abel se aproximando dele.

— Vai se ferrar! — Daniel o empurrou.

O policial acompanhou Veronika e voltou, poucos minutos depois. Dessa vez, chamou por Bonnibelle.

— Ah, graças a Deus! Pensei que fosse mofar aqui. — Disse ela, se levantando rapidamente.

Antes de serem liberadas, Veronika e Bonnibelle foram ouvidas pelo delegado e contaram que tentaram ajudar Katya, e Veronika fora agredida por Dmitry, os outros só a defenderam. Tanto o delegado quanto o policial não pareceram acreditar na versão delas, mas bastou um telefonema e o advogado da família Redkina veio imediatamente e conseguiu liberar Veronika. Ela pediu a seu advogado que ajudasse seus amigos, e ele, assim, o fez.

— Aí, fico te devendo essa. — Falou Abel agradecido.

— Pode ter certeza que vou cobrar e com juros. — Brincou Veronika.

— Se um dia precisar de qualquer coisa, pode contar comigo. — Daniel disse a Veronika.

— Não vou me esquecer disso. — Veronika bateu nas costas dele, sorrindo.

Dmitry não conseguiu falar com seu tutor e teve de passar a noite atrás das grades. Só na manhã seguinte que ele conseguiu falar com Kubrik, mas ele estava do outro lado do país em uma conferência e demoraria a chegar.

Lana fez das tripas, coração, e atendeu o pedido de seu tutor, indo até a delegacia e levando algumas coisas para Dmitry. Ele parecia tranquilo quando ela o viu, mas ela o conhecia bem e sabia que quando ele ficava calado e pensativo, estava tramando alguma coisa.

— Falei com nosso tutor e ele vai tentar contatar um advogado antes de voltar. Não vai ficar aqui por muito tempo. — INFELIZMENTE, pensou.

Ele a encarou por um tempo e ela sentiu-se desconfortável. “Hora de encerrar a visita”, pensou, “minha parte, eu fiz… De resto, lavo minhas mãos”.

— Obrigado. — Ele tocou a mão dela. — Só por estar aqui, já prova que se importa comigo.

Lana não respondeu, mas sua vontade era de dizer que por ela, ele poderia apodrecer ali, já que não faria falta a ninguém, mas conteve-se. Só o venceria se jogasse o jogo doentio dele.

— Mesmo que a gente não se dê bem, somos irmãos. Nada pode mudar isso. — Lana disse.

— Sim, tem razão. — Dmitry beijou a mão dela.

— Eu tenho que ir agora. Não posso deixar Katya sozinha. — Falou Lana, ansiosa pra se vir livre dele.

— Ela não foi ao colégio? — Dmitry apertou as grades.

— Não. — Mentiu Lana. — Pobrezinha! Não para de chorar desde ontem e dizer que a culpa é dela. Ninguém imaginou que as coisas fossem tomar essas proporções.

— Sei… — Dmitry recuou, cansado.

— Então… Até mais. — Lana disse.

— Até mais. — Dmitry respondeu.

Assim que se afastou do bloco de celas, Lana limpou a mão que Dmitry beijara, na barra de sua saia, enojada.

Lana não quis ir ao colégio, mas acabou se entediando em casa e decidiu aparecer no terceiro tempo. Esperou até a hora do intervalo e foi procurar por Damir. No caminho, encontrou Veronika e se aproximou dela.

— Com licença… — Disse Lana sem jeito.

— Oi? — Veronika disse.

— Eu… Só quero agradecer por ter ajudado minha irmãzinha noite passada. Obrigada. — Falou Lana e virou-se nervosa, pronta pra ir embora. Veronika tocou o ombro dela e ela virou-se devagar.

— Aí, sei que não nos damos bem, mas… Não deixe aquele cara tratar sua irmã ou você daquela forma. Nenhuma garota merece isso. — Veronika disse.

Pela forma como Veronika olhou e falou com ela, Lana sentiu-se pequena, insignificante e fraca. Mas Veronika estava certa. Nenhuma garota merecia ser tratada daquela forma.

Veronika pegou uma sacola em seu armário, o fechou e antes de se afastar, disse a Lana:

— A gente se esbarra por aí.

Lana levou algum tempo para se recompor e ir atrás de Damir. O encontrou na biblioteca, folheando um livro sobre História Da Arte.

— Damir… Precisamos conversar. — Ela disse.

— Eu acho que já falamos tudo o que tínhamos pra falar. — Disse Damir, magoado.

— Não! Você falou, mas não me ouviu! — Disse ela sentando-se ao lado dele e tirando o livro das mãos dele. — Por favor, me escuta?

— Tá… Fala. — Disse Damir, desejando que ela o convencesse porque ele a amava tanto que estava disposto a perdoá-la.

— Eu não quero falar do meu passado porque quando olho para trás, me sinto horrível. — Falou Lana, chorando. — Minha vida nunca foi um mar de rosas e eu nunca soube o que era ser verdadeiramente amada até te conhecer. Sei que não sou perfeita e que fiz várias coisas erradas, mas juro que se me perdoar, não vai se arrepender. Vou ser perfeita por você, eu juro. Só me dê outra chance?

— Eu só não quero que brinque comigo. — Falou Damir.

— Não vou brincar, eu juro. — Disse Lana.

— Tá. — Damir apertou a mão dela.

Ela levantou-se e o abraçou forte.

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