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-O tipo de casamento que meus irmãos têm é algo quase raro hoje em dia –confessou, aliviado por Ollie não ter rido de seus sonhos e anseios. –E perfeito demais para ser real e não acredito que a sorte bata três vezes na mesma família. Além do quê, o lado ruim de ser famoso e reconhecido como um rico homem de negócios, é que este rótulo acabou por me deixar desconfiado. Nunca sei se uma mulher está interessada em minha conta bancária ou por mim como pessoa. Ollie o retalhou com o olhar.

-Só pode estar brincando, Anthony! Será que não faz ideia do quão atraente e másculo você é? –falou sem pensar. –Qualquer mulher iria quere-lo, com ou sem esta cadeira de hotéis.

Voltando a se sentar na cadeira da escrivaninha, ele murmurou:

-Menos você.

Ollie fitou-o como se quisesse morder a língua, mas de maneira alguma Anthony permitiria que retirasse o elogio que acabara de fazer. De repente, ele se sentia como um predador voraz... e Ollie era sua presa. Assim, esperou ansioso pelo que ela tinha a dizer.

-Bem, como disse, tenho outros objetivos em mente. Prefiro manter minha atenção no trabalho em vez de sair por aí caçando um marido, não importa o quão atraente o candidato possa ser.

Anthony franziu o cenho, observando-a com grande atenção.

-Esta é uma das razoes pela qual a escolhi. Sei que nunca me olhou com interesse.

Ollie pestanejou.

-Não entendi.

-Ora, sabe muito bem o que quero dizer. Não corro o risco de você aceitar minha proposta por causa de motivos sexuais e pessoais. – Dez uma breve pausa então perguntou: -Estou certo, não?

-Ah... sim, está.

-Ótimo. É por isso que é a escolha perfeita para me ajudar nessa empreitada. Como já disse, admiro sua inteligência, sua habilidade nos negócios. Tendo nós dois como pais, meu filho ou filha terá uma boa herança genética. Sei que você também tem uma saúde de ferro e que nos últimos dois anos não perdeu sequer um dia de trabalho, nem mesmo por causa de uma gripe.

-Parece que você está mesmo muito bem informado –Ollie revidou empertigada.

-Estou -concordou Anthony com um leve sorriso que era uma espécie de pedido de desculpas por sua ousadia. –Mas antes de dizer qualquer coisa, por que não pensa um pouco a respeito de minha proposta? Tem o final de semana todo para refletir e poderá me dar a resposta na segunda. Se concordar, entraremos em contato com o médico que consultei e assim faremos tudo antes de meu aniversário.

Uma ruga vincou a testa alva de Ollie.

-Está se referindo a um procedimento clínico?

-Sim, mas pelo que entendi não é tão mal assim –Anthony apressou-se em responder. –Irei à clínica de reprodução, colherei meu esperma e...

A sobrancelha castanho avermelhada foi levemente arqueada.

-Colher o esperma? –Ollie lhe fez eco.

-Isto mesmo. –As faces de Anthony estavam queimando e ele se sentiu um perfeito idiota.

-Como exatamente se faz esta coleta, meu caro?

-Este detalhe não vem ao caso. –A resposta foi dada entre os dentes e Ollie riu. Nunca antes Anthony havia notado que ela também tinha senso de humor, mas precisava admitir que era uma grata surpresa tê-lo descoberto nesse momento desconfortável por que passava. – Voltando ao procedimento –prosseguiu, após um longo suspiro. – Assim que tiverem meu esperma eles implantarão em seu útero por meio de inseminação artificial. É um processo rápido, segundo me garantiram, e simples.

-Pois para mim parece horrível. –Ollie retrucou com um muxoxo.

-Reconheço que não é a maneira que a Natureza usaria para que uma mulher engravidasse, mas, certamente, é muito mais impessoal, o que é importante em nosso caso.

-Por quê?

A pergunta simples o confundiu.

-Por que o quê?

-Por que tem de ser impessoal? Por que simplesmente não faz o que é preciso e pronto?

-Fazer o que é preciso?!

Ela emitiu um som desgostoso.

-Ora, estou me referindo a você engravidar uma mulher de quem goste, seguindo os procedimentos normais, meu caro. –explicou Ollie impaciente.

Só de pensar naquela sugestão Anthony sentiu um arrepio na espinha e um calor intenso nas partes íntimas e erógenas de seu corpo. Ah, desejo, maldito desejo!

-Quero fazer isto de maneira impessoal, como se fosse uma transação de negócios, Ollie. E ficar nu... –O arrepio tornou-se mais intenso e teve de fechar o blazer para ocultar o delator de seu desejo. Pigarreou levemente. –Como estava dizendo, ficar nu e fazer amor com uma mulher não é bem uma proposta de negócios. Aliás, é pessoal demais para meu gosto.

A esta altura da conversa, Ollie parecia mais relaxada e Anthony desconfiou que ela tivesse notado seu mal-estar.

-Compreendo. –murmurou sua escolhida, sorrindo-lhe de maneira terna.

-Espero mesmo que sim –Anthony disse, dando um longo suspiro.

-Acho que vou seguir seu conselho e pensar melhor sobre o assunto antes de chegar a uma decisão.

-Fará mesmo isso? –animou-se ele.

-Claro. Acho que até amanhã à noite já terei me decidido. Por que não me liga por volta das sete e poderemos conversar?

Ele assentiu com um movimento de cabeça. Apesar de tudo estava satisfeito. Não tinha sido uma conversa fácil, mas também não fora tão difícil como havia imaginado. Ollie era muito sensata.

-Agora preciso ir. É tarde e tenho muito o que pensar –ela sorriu e começou a se dirigir para a porta como se tivessem tido a conversa mais natural e corriqueira do mundo.

-Ollie? –Anthony a chamou quando ela já estava girando a maçaneta.

–Prometo que serei um bom pai. –Oh, céus, não havia planejado dizer aquilo, não daquela maneira, como se estivesse ansioso por provar suas qualidades!

-Nem por um instante duvidei disso, Anthony. –Ollie murmurou, parecendo um pouco triste, o que quando fazia o menor sentido. – Ligue amanhã, às sete, e lhe darei minha resposta.

Antes que ele pudesse dizer, ou fazer qualquer coisa, a figura longilínea e elegante saiu da sala deixando-o sozinho com seus pensamentos e, claro, muitas dúvidas.

Bem, pelo menos uma certeza Anthony tinha: Ollie Son era a escolha perfeita para a mãe de seu filho... se ela concordasse.

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