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3

-Ah, estou colocando o carro na frente dos bois, não? –ele correu os dedos por entre os cabelos escuros, então deu um longo suspiro. – Acredite ou não, esta é a primeira vez que me atrapalho quando vou fazer uma proposta de negócios. E é exatamente o que isto significa para mim, Ollie, um acordo de negócios. –Esperou um pouco, porém, ao vê-la continuar em silêncio, acrescentou: -Bem, poderia tornar as coisas mais fáceis e dizer alguma coisa, não?

-Eu diria, se tivesse a menor ideia sobre o que dizer em uma situação como esta.

Anthony assentiu e respirou fundo.

-Você precisa de tempo para pensar a respeito. Por que não se senta enquanto lhe explico as razoes que me levaram a escolhe-la para a mãe de meu filho ou filha, e também todas as vantagens que terá se aceitar minha proposta.

-Este é um assunto muito complicado para se discutir, especialmente se você levar em conta que já é quase meia-noite. –A voz dela ainda soava trêmula, mas por alguma misteriosa razão, Ollie obedeceu e reassumiu seu lugar na cadeira diante da escrivaninha.

Anthony deixou escapar um suspiro de alívio. Pelo menos Ollie não gritara ou criara uma cena diante do assunto inédito que ele trouxera à baila. Mas, afinal, Ollie era uma mulher sensata, e esta havia sido uma das muitas qualidades que o tinham atraído.

-Primeiro, devo confessar que te admiro muito, minha cara. Não para tê-la como esposa, é claro, mas como uma possível doadora de óvulos. Sua inteligência e tino para os negócios me assombram. Isto sem falar no sucesso que fez de sua vida.

-Desculpe, mas como pode saber o que fiz ou deixei de fazer? –ela o interrompeu com ar sério.

Anthony arqueou as sobrancelhas. Percebeu que a tinha aborrecido com o que dissera. Por um instante, pensou em disfarçar, mas depois acabou desistindo da ideia. A verdade era sempre melhor do que qualquer mentira, por menor que essa fosse.

-Mandei investiga-la –confessou, levemente envergonhado. –Agora, por favor, ouça o que tenho a dizer e irá entender o quanto isso é importante para mim. –Esperou e quando ela simplesmente o fitou em silêncio, prosseguiu. –Sei que seus pais, que levavam uma vida muito simples, morreram num acidente de barco quando você tinha apenas dezesseis anos. Também descobri que você trabalhou duro enquanto fazia faculdade para bancar suas despesas, sem obter nenhuma ajuda de ninguém, pois não tem parentes nem amigos.

Enquanto ele continuava, a expressão no rosto de Ollie mesclava orgulho por ouvi-lo falar de suas conquistas e indignação por sua privacidade ter sido violada.

-Também sei que nunca teve um relacionamento sério com um homem e que leva uma vida modesta e pacata embora tenha uma poupança substancial num dos maiores bancos do país.

-Parece que fez uma investigação bastante completa, meu caro –ela ironizou.

-Desculpe, Ollie, mas tinha de me certificar de que você era a pessoa certa. Por favor, tente entender. Não queria uma mulher que depois de conceber meu filho pudesse decidir ficar com o bebê, ou pior, resolvesse formar uma família comigo e a criança. E tudo que descobri sobre você provou que não tem o menor interesse em se casar ou ter filhos, pelo menos não num futuro próximo. Era absolutamente necessário que encontrasse evidências de que não queria um marido e filhos. E você não quer, certo?

Ela não ousou encara-lo, em vez disso, fingiu prestar atenção em um Cézanne pendurado defronte à escrivaninha.

-Sim. –Depois de um longo suspiro, fitou-o nos olhos. –Mas também não estou interessada em ficar nove meses afastada de meus negócios. Carregar um bebê a esta altura de minha vida só iria interferir em minhas metas, para não falar no que faria com minha reputação. Aqui em Will as fofocas correm depressa. Lembre-se de que estamos em Indiana, meu caro.

-Pensei muito bem a respeito disso e tenho a solução para seus problemas. Posso me oferecer para ajuda-la a reduzir o prazo de suas metas, de cinco para um ano. Também cuidarei para que você passe a morar em outro lugar enquanto estiver grávida e ainda assim gerenciar suas lojas com minha ajuda, e claro, com meu auxílio financeiro para todas as despesas eventuais.

-Faria mesmo isto?

Ollie estava incrédula, mas Anthony não hesitou.

-Claro! Estou falando sério. Como sabe, posso muito bem me dar ao luxo de bancar tais despesas. Quero um bebê acima de todas as coisas e tem de ser agora. Meu aniversário é em quatorze de novembro. Daqui a uma semana. Até meu aniversário do ano que vem, quero estar com meu filho nos braços. Este ano farei trinta e cinco, depois tudo passará muito depressa. –hesitou, sentindo-se um pouco vulnerável, mas precisava explicar-lhe o que o movia a fazer a proposta inusitada.

Ollie pareceu não entender muito bem o que a idade tinha a ver com aquilo.

-Quero ter um filho logo porque é preciso ser jovem e ter paciência para se brincar com uma criança. Se eu esperar um ano ou dois, terei quase quarenta anos quando o bebê nascer e isto poderá complicar em muito as coisas. Tenho de pensar como minha idade interferirá no relacionamento com meu filho, e isto a longo prazo, principalmente quando ele, ou ela for adolescente.

Ollie o fitou incrédula.

-Você está preocupado com o seu relógio biológico?

Não lhe agradava muito a maneira como Ollie colocou a situação, mas teve de concordar.

-Suponho que esta seja uma das razoes.

-Por quê?

-Por quê o quê?

-Por que quer tanto um bebê? O que o impede de simplesmente se casar, como todos fazem, e formar sua família da maneira convencional? E por que me escolheu para levar esse seu projeto à cabo?

-Quero um filho agora porque meus dois irmãos mais novos têm crianças e será ótimo para o meu bebê ter primos da mesma idade. Na verdade, meu irmão acabou de ganhar seu terceiro filho, um garotinho, o que me fez perceber o quanto estava perdendo e a falta que sentirei no futuro se não tiver um logo. Não me entenda mal. Adoro ser o tio que mima as crianças de vez em quando. É bom ser amado como o tio preferido, mas não tenho qualquer influência sobre meus sobrinhos. E é isto que me aborrece. Não sou o pai que pode cuidar, educar, sou apenas o tio que oferece alguns conselhos ocasionais e nada mais. Além do quê, quero ver alguém nascer e crescer e saber que é parte de mim.

Ollie sorriu.

-Está sentindo o peso de ser mortal, não?

-Imagino que sim. Mas isso não é tudo. Ser um homem de negócios bem-sucedido não é nada comparado ao prazer de se educar um ser humano e prepara-lo para a vida. Meu irmão e irmã preferiram não se envolver com os negócios do hotel, em contrapartida, eles têm famílias maravilhosas. E esta é uma realização muito maior do que a minha. Acho que está na hora de fazer as coisas que realmente contam. Quero ser pai, amar e ser amado como John e Kate são.

-Mas, sem uma esposa?

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