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Capítulo 4

Hentaira: Na Grécia Antiga, hentairas eram diferentes das prostitutas (que eram pobres e não cidadãs), as hetairas eram treinadas desde cedo nas artes do sexo. Aquele que comprava uma hetaira pagava uma soma muito alta. Tratava-se de um investimento. Muitos pagavam fortunas pelos favores sexuais das hetairas, e investiam também nos dotes artísticos delas.

******

Viktor estava esperando Zaya com certa impaciência. Eles não haviam ido ali para brigar, muito menos para jogar. Haviam ido conseguir respostas, o que conseguiram e então, deveriam voltar com as informações. 

Ele revirou os olhos quando viu a irmã e ergueu a mão quando ela abriu a boca. 

— Não quero saber. Eu sinceramente só quero ir pro Palácio e dormir. 

Zaya sorriu entrelaçando o braço no do irmão, observando o céu que ainda possuía alguns dralekins voando. 

— Não vou pro Palácio, ou melhor… vou, mas vou pra descobrir quem é aquele garoto. Vou pegar algo dele. 

Viktor suspirou, imaginando se havia cometido algum pecado grave contra os deuses em sua vida passada. 

— Zaya, qual a parte do "não se metam em confusão" você não entendeu? 

Zaya sorriu, como sempre sorria quando estava aprontando algo. 

— Não vou me meter em confusão, se eu não for pega. 

Viktor suspirou pesadamente, caminhando pelas ruas desertas de Alluh. Apesar de linda, não era à toa que o sultão não os queria fora do Palácio. 

Aljanub estava no meio de uma guerra cívil, o macho naquele trono era um verdadeiro sádico. Viktor não tinha dúvidas de que sua mãe se recusaria a negociar com eles principalmente quando soubesse a verdade. 

Eles não demoraram para chegar no Palácio, Zaya se despediu pedindo para o irmão a encobrir e Viktor suspirou negando com a cabeça, enquanto invadia o Palácio novamente. 

Logo que chegou no quarto, tomou um banho demorado e se trocou, antes de caminhar até o quarto da mãe. Ele já estava na metade do caminho quando escutou uma discussão baixa no corredor ao lado. 

— Você é só uma semi-feérica. Não é ninguém! Não pode fazer isso comigo. 

A voz de um macho soou. Baixa e raivosa. Viktor se aproximou, silencioso como a morte, usando o vento ao seu favor. 

— Eu já disse para me soltar.  

A voz feminina falou. 

— Eu não aceito isso, se continuar, vou te dar uma razão para realmente reclamar. 

— Me solta, Naigub. 

Viktor viu o dralekin apertar o braço da semi-feérica com mais força. As asas do macho estavam cuidadosamente dobradas e ele encarava a fêmea de forma furiosa. Ele ergueu uma mão, como se para bate-la. 

— Você é uma piranha. Eu- 

Ele foi interrompido pela mão de Viktor, que segurou seu pulso, com um semblante calmo, apesar de seus olhos azuis não esconderem sua irritação. 

— Acredito que a dama tenha mandado você a soltar.

Viktor falou, a voz calma e fria, enquanto deixava o dralekin puxar o próprio pulso, o encarando com raiva, ainda sem soltar a garota. 

— Não se mete. 

Um sorriso se repuxou no canto dos lábios do feérico e ele encarou o dralekin. 

— Solte a fêmea. 

As narinas do macho se dilataram.  

— Você tem ideia de quem eu sou?! 

O Ivanski sorriu de forma perigosa. 

— A pergunta certa seria se você tem alguma ideia de quem eu sou? 

O macho o observou por mais alguns segundos, antes de soltar o pulso da fêmea e cuspir na direção de seus pés, murmurando um palavrão enquanto saia. 

Viktor se virou para a fêmea. Uma semi-feérica belíssima. A pele era clara, apesar de estar bronzeada, provavelmente devido ao sol constante de Aljanub. Os olhos de um cinza prateado, os cabelos escuros e os lábios vermelhos como carmesim. Uma tatuagem longa de caveira marcava seu braço esquerdo e ela usava um vestido vermelho de seda que marcava suas finas curvas com perfeição, apesar dela não demonstrar ter mais do que dezessete anos.  

Antes que ele pudesse perguntar se ela estava bem, a fêmea apoiou as mãos na cintura, o encarando com irritação. 

— Eu tinha tudo sob controle. - Ele piscou com surpresa. Certamente não era isso que esperava após ter ajudado. Ele não conseguiu conter o sorriso que nasceu em seus lábios. - Está vendo algo engraçado por aqui? 

A fêmea perguntou, ainda com os olhos estreitos. Viktor negou com a cabeça. 

— Estou apenas pensando que as pessoas de Aljanub deveriam ter um pouco mais de educação. 

Ela suspirou pesadamente, relaxando os ombros e saindo da defensiva. 

— Você está certo… desculpe. Eu… bem, não é comum alguém ajudar uma semi-feérica por aqui. Muito menos uma hentaira¹.

Viktor deu de ombros. 

— Felizmente estrangeiro. 

Ela deu um minúsculo sorriso. 

— Obrigada, de qualquer forma. 

Ele piscou novamente.

— Sem problemas, senhorita…?

Ela sorriu, um sorriso que ele podia jurar ser capaz de colocar até mesmo os deuses de joelhos. 

— Te falarei meu nome se nos encontrarmos novamente. Até lá, sou apenas uma estranha. 

Ela falou baixo, antes de bater a porta do quarto na cara dele. Ele piscou novamente, tentando fazer sua mente funcionar em meio aquela confusão. Viktor não era como sua irmã. Ele não era impulsivo e realmente pensava antes de tomar uma atitude. Mas nunca precisou tanto utilizar do seu autocontrole como naquele momento, para não bater na porta da semi-feérica. 

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