O interrogatório
Dia 1 de julho de 2008
Detetive Lupa
Como prometido. Eduardo Mendes e Ketlin Mahoney tinham chegado do almoço. Alice Lopes e eu estávamos esperando que ele batesse o ponto para irmos até o hospital realizar uma entrevista à Gabriela Asa que estava no hospital. Tinha comentado o que iria fazer para Jane Marple e agora era só esperar que Eduardo Mendes chegasse.
Este bate seu ponto e olha para nós, acenando que estava pronto.
— Vamos no meu carro. — Comentou Alice Lopes.
Então nós aceitamos a oferta dela e nos despedimos de nossos colegas.
Chegando na recepção, eu comentei com o policial que estava ali para fazer com que algumas moças que iriam chegar fossem aguardar nas cadeiras de espera. Expliquei para ele que eu era responsável por elas e que não demoraria em chegar para falar com elas. O policial entendeu tudo o que eu disse e nisso, eu, Alice Lopes e Eduardo Mendes fomos até o carro da loira que é minha amiga agora.
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Dia 1 de julho de 2008
Alice Lopes
Chegamos no Hospital de Colina Verde. Ele era muito grande, tinha dez andares e diversas salas. Não sabia dizer ao certo, mas para uma cidade no interior ter um hospital a nível de cidade grande não era muito comum. O prédio era branco, típico dos hospitais e tinha o símbolo da cruz vermelha no topo do prédio, estando em uma placa.
Entramos no hospital e tinha alguns recepcionistas que estavam em um balcão bem grande. Cerca de cinco pessoas estavam realizando o atendimento. Fomos até um deles e nisso, Lupa comenta:
— Somos da polícia. Queríamos conversar com Gabriela Asa.
— Sim, senhor. Eu os acompanho. — Disse a recepcionista, que parecia ser bem simpática.
Ela nos levou até o terceiro andar, onde poderia ser nossa primeira pessoa a ser entrevistada.
Bem, o hospital lembrava um pouco um shopping, mas tinha as paredes verde fraco, o teto era azul fraco e o piso era de azulejo branco. As portas eram brancas também e as maçanetas marrons, isto em todos os lugares onde se podia acessar o hospital.
Entramos no quarto onde estava a Gabriela Asa e a médica disse que tínhamos dez minutos, porque não era horário de visita, mas como éramos policiais, foi dada essa exceção para nós.
Gabriela Asa estava deitada em seu leito, com a perna direita erguida. Estava engessada e parecia estar olhando para a janela. Eduardo Mendes e eu ficamos parados, mas Lupa se mexeu, indo até ela. De nós três, ele tinha mais afinidade com a prostituta. Ele tinha um grande respeito por ela, o que chegava a irritar Gabriela Asa. Não precisaria disso tudo com ela, era mais velha que ele, mas podia tratá-la normalmente.
— Dona Gabriela. — Disse Lupa, estando na vista dela, que fica espantada ao vê-lo.
— Meu policial. — Ela sorri, depois de o ver.
Lupa ficou um pouco sem jeito. Dei uma risadinha e Eduardo Mendes cruzou os braços irritado. Ele tinha um pouco de inveja do Lupa, mas nada muito preocupante. No final, os dois se dão bem, apesar de se implicarem às vezes.
— Bem… Dona Gabriela.
— Já disse que pode me chamar de Gabriela. Pare com essa formalidade, policial. — Ela o chamava assim só para incomodá-lo.
— Bem… — Ele pega uma embalagem de chocolate, abre ele, procurando um lugar para se sentar e ficar perto de Gabriela Asa e assim começa a falar. — Preciso que me conte o que houve ontem.
— Na Praça do Pavão? — Indaga Gabriela Asa, raciocinando o porquê dele estar ali com ela.
— Sim. — Responde Lupa.
Eu e Eduardo Mendes ficamos de pé, mas apenas nos aproximamos para buscar ter mais atenção do que Gabriela Asa ia nos contar.
— Bem, eu lembro que estava com uma mulher que tinha um apelido estranho.
— Doutora Relógio. — Comentei.
— Isso. — Responde Gabriela Asa. — Ela ia me dar uma carona para a minha casa, quando escutamos um barulho de tiro. Ficamos assustadas, mas as tontas, em vez de saírem do lugar, foram ver o que tinha acontecido. E então aconteceu.
— Quem deu o tiro? — Indaga Lupa, calmamente.
— Um homem que estava usando preto. Uma gringa chamada Emília Marenguez foi até nós e comentou que ele estava atirando em todo mundo que estava na Praça do Pavão.
— Não sabe o motivo? — Indaguei.
— Não. Eu não sei por que, mas eu senti que ele estava atrás de mim. De alguma maneira ele queria me matar, mas a causa de assustar a todos era…
— Para que não haja testemunhas. Da maneira que ele agiu, queria espantar as pessoas para quando chegasse o momento em que você aparecesse, ninguém fosse reparar no que houve. — Comentou Lupa, com esta breve dedução, que me espantou.
— O meu policial não é inteligente? — Gabriela Asa diz sorrindo e deixando Lupa sem jeito de novo.
— Bem, se for isso, então temos que investigar quem está atrás de você. Tem algum suspeito? — Indaguei.
— Não sei ao certo. Já fui aceita em deitar com vários homens e até mesmo mulheres, mas não sei de ninguém que quer me matar ou tentar algo do tipo.
Um silêncio domina o local, então Lupa o quebra com um questionamento.
— Que horas aconteceu isso tudo?
— Às cinco e meia, mais ou menos. — Respondeu Gabriela Asa.
— Ótimo. O horário pode ser útil. Dependendo do caso, quanto mais informações tivermos, melhor. Uma última pergunta: O que estava fazendo na Praça do Pavão?
— Indo admirar o pôr-do-sol, depois de um dia fracassado de trabalho.
— Entendo. — Lupa morde seu chocolate e o mastiga. — Acho que isso é tudo. Alguma pergunta, meus camaradas?
— Você já foi perseguida por esse homem? — Indaguei.
— Nunca o vi. E usando preto seria notável ao dia. Pelo menos eu acho.
— Também tenho uma pergunta. — Disse Eduardo Mendes. — Quanto você cobra a hora?
Fiquei com o rosto ruborizado e dei um tapa em seu braço.
— Mendes, por favor! — Disse.
Lupa balançou negativamente a cabeça.
— Perdoe meu colega. Ele é meio desmiolado.
— Ah, vá à merda! — Gritou Eduardo Mendes.
— Estamos em um hospital, Mendes. Fale baixo.
Gabriela Asa ficou rindo da situação e disse:
— Quando eu melhorar, faço o que você quiser, Mendes.
— Ótimo. Vou querer que pinte a parede da minha sala. — Ele começou a rir. — Brincadeira.
— Comporte-se, Mendes. Isto é um assunto sério que molesta a paz em Colina Verde. — Disse Lupa, depois de ter comido o restante de seu chocolate. — Gabriela Asa, obrigado pela sua colaboração. Avise-me quando receber alta. Levarei você para casa.
— Mas compre um carro, por favor. Aquela sua bicicleta não é muito confiável.
— Eu levo então. — Manifestei-me.
— Aceito. Quem sabe eu não lhe recompense mais tarde. — Ela me olhou de um jeito malicioso e isso me deixou sem jeito.
— Não, obrigada.
— Nossa, como está difícil conseguir clientes nessa cidade.
— Bem, vamos indo. — Disse Lupa.
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Dia 1 de julho de 2008
Eduardo Mendes
Chegamos na delegacia e vimos algumas mulheres que estavam esperando por Lupa. Acredito que levamos quarenta minutos ou mais. Bem, como não sou bom com números, vamos à estória.
Estavam Márcia Leal, que era vizinha do Casal Pistoni, que o Lupa prendeu o marido e rezou pela alma da mulher; Ana Nogueira, uma garota que vive em baladas, festas, desfiles e outros eventos que tem na cidade. Ela tem um namorado que faz o mesmo com ela; Ágata Estocolmo, uma amiga de Márcia Leal. Não se sabe muito dela a não ser isso; por último uma mulher que nunca vi na vida. Seria ela a tal gringa que a Gabriela Asa mencionou? Também estavam Nathan Klein e Brendon Rodrigues. Parece que eles tinham algo a declarar a respeito do Ladrão das Mulheres. Brendon Rodrigues vai com Ana Nogueira nos eventos que eu mencionei. Eles são namorados. Nathan Klein já é o vizinho de Márcia Leal.
— Boa tarde a todos. Vou atendê-los um por um. — Disse Lupa. — Começando por você, Emília Marenguez.
O quê? Esse maluco sabe o nome dessa mulher? Como? Meu Deus, agora ele me assustou.
— Gracias! — Disse a mulher, que pareceu surpresa também. Ela dá um sorriso e logo, fomos nós quatro para o interrogatório. Sim, ali é onde interrogamos os presos, mas como hoje estava tranquilo, não tinha problema.
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Dia 1 de julho de 2008
Detetive Lupa
Sentei-me na cadeira de aço com Alice Lopes e Eduardo Mendes em meus lados opostos. Estava de frente à uma mesa com Emília Marenguez também sentada, estando à minha vista.
O interrogatório era uma sala cinza e com cores tristes. Uma luz forte caía sobre nossas cabeças e nisso começamos o interrogatório.
— Bem, o motivo da minha chamada é que vi pelo relatório as pessoas que foram vítimas do Ladrão das Mulheres ou que viram ele agir e não puderam fazer nada. Doutora Relógio fez questão de lhe interrogar.
— Oh sí! Doutora Reloj. Sí, ella é muito buena! Ajudou aquela niña que se machucou en la pierna! — Respondeu a gringa, que estava com um nível de português misturado com espanhol, o que às vezes poderia ser confuso para Alice Lopes e Eduardo Mendes, que não falam espanhol.
— Bem, a que horas você estava na Praça do Pavão?
— A las cinco.
— Que estava fazendo?
— Haciendo exercícios de corrida.
— Certo. — Balancei a cabeça, enquanto estava anotando seus ditos. — A que horas você escutou o tiroteio?
— No lo sé dizer, pero acredito que cerca das cinco e meia, onde o sol estava se poniendo.
— Entendi. — Voltei a rabiscar o bloquinho que tinha guardado em meu suéter. — Como presenciou o tiroteio?
— O hombre estava caminhando e isso chamou atenção de quem estaba en la placa. Entonces ele tirou uma arma do bolso e atirou para o alto. Empezamos a correr e nisso, topei com Reloj e aquela niña que iam na direção de onde estaba o hombre.
Anotava o que ela dizia no bloquinho e depois voltei a indagar:
— Você está há quanto tempo no Brasil?
— Unos meses.
Cerrei os olhos e depois os fechei sorrindo.
— Perguntas?
— Nenhuma. — Respondeu Alice Lopes.
— Eu tenho. Você tem dinheiro para pagar um curso de português?
— Que dices?
— Não se incomode com o meu colega. Ele é assim mesmo. Está liberada, Emília Marenguez.
— Gracias. Buena suerte. — Ela disse sorrindo e se levantou de onde estava, saindo de nossas vistas.
— Esse Mendes. — Alice Lopes deu uma risadinha, mas eu ainda estava sério.
— Alice, chame mais uma pessoa. — Falei para ela.
— Certo. — Ela saía do interrogatório e ia chamar mais uma pessoa.
Chegando com os seus sapatos que batiam no chão e ecoavam pela sala, vinha Márcia Leal, que parecia preocupada.
— Minha nossa, o que será que poderia ter acontecido? — Ela disse, desesperada.
— Acalme-se, Dona Márcia. Vai dar tudo certo e para que isso aconteça, preciso de sua colaboração.
— Sim, sim. Estou de acordo. — Dona Márcia era uma senhora de quarenta e poucos anos, cabelos negros com alguns fios grisalhos, a pele branca e com o rosto sem rugas. Era bem conservada para alguém da idade dela.
— Bem, a senhora já foi vítima do Ladrão das Mulheres, certo? — Indaguei para ela.
— Sim, sim. Foi no ano passado. — Ela respondeu.
— Como foi?
— Estava caminhando na Praça do Pavão, junto com a Ágata Estocolmo, quando ele nos atacou. Disse que era para escolhermos como iríamos ser violentadas.
Franzi a testa. Achei estranho esse dito dela. Lembrou aqueles ladrões amadores. Pelo visto ele era um bebê no mundo do crime. Anotei o que ela disse e indaguei:
— E o que aconteceu?
— Tivemos que dar nosso dinheiro para comprar o pão.
— Entendo. — Ergui as sobrancelhas e anotei o que ela disse. — E que horas aconteceu esse crime.
— Bem… Faz tanto tempo… Foi… De manhã!
— Que horas? — Indaguei com franqueza.
— Às cinco… Não! Às oito! Estou me lembrando. Foram às oito.
— A senhora tem certeza?
— Sim.
— Lembre-se de que suas palavras podem afetar a investigação.
— Sim senhor. — Ela disse com uma voz preocupada.
— Perguntas, companheiros?
— Ele fez algo além de roubar o dinheiro de vocês?
— Não. — Ela responde com mais calma.
— Mendes?
— Por que a senhora não jogou spray de pimenta nele?
Alice Lopes se segurou para não rir e Márcia Leal respondeu:
— Eu não tinha.
— Tem que comprar.
— Mendes, não fique atazanando a testemunha. Dona Márcia, está dispensada.
— Obrigada. Boa sorte, Detetive Lupa.
Ficamos um pouco em silêncio.
— Lupa? — Chamou Alice Lopes.
— Chame mais uma pessoa, Alice.
Ela obedeceu.
Quem chegava agora era Ágata Estocolmo. Seria ótimo ouvir o que ela iria dizer. O que Márcia Leal me apresentou não foi muito convincente. Ela parecia esconder algo que não queria revelar ou que talvez fosse forçada. Notei isso ao falar o horário que ela estava. Deduzi que o Ladrão das Mulheres ataca à tarde ou à noite, mas acho que deve ser à noite, que a cidade fica 60% calada.
— Tudo bem, Dona Ágata? — Indaguei à ela.
— Sim, Senhor Lupa. — Ela respondeu amigavelmente.
Ágata Estocolmo era uma senhora de cinquenta anos. Seus cabelos eram pintados por uma tinta castanha e presos em um rabo de cavalo. Tinha pés de galinha nítidos e olheiras e algumas rugas.
— Bem, Dona Ágata, preciso que me fale tudo o que aconteceu naquele dia em que o Ladrão das Mulheres assaltou você e a Dona Márcia.
Ela balançou a cabeça, concordando com o que eu disse e nisso, dei continuidade.
— Dona Márcia disse que vocês duas foram comprar pão por volta das cinco da madrugada.
— Mas não foram… — Pisei no pé de Eduardo Mendes para que ele calasse a boca.
— Ele as atacou fazendo vocês escolherem como querem ser atacadas e nisso ele roubou o dinheiro de vocês, certo?
— S-sim! Isso mesmo! — Ela confirma rapidamente a cabeça.
— Ótimo. Era só isso que queria saber.
— Ela mentiu em alguma coisa?
— Não. Mas é importante nos certificarmos da resposta. Os policiais e detetives trabalham assim hoje em dia.
— Ah sim. Entendi. Bem, o mundo sempre muda, não? — Ela diz, rindo, mas percebo o nervosismo pendurado em seu rosto. Elas de fato estavam escondendo algo.
— Verdade. Alguma pergunta, Alice? — Olhei para ela com o intuito de que negasse e foi o que ela fez.
— Mendes?
— Bem… Deixe-me ver… A senhora já fez dieta?
— Mendes, quanta pergunta idiota! — Disse Alice Lopes, surtando e deixando Ágata Estocolmo assustada.
— Ignore meus colegas. Eles são assim. A senhora está liberada.
— Obrigada. — Ágata Estocolmo se levanta da cadeira e sai.
— Lupa, o que você…
— Chame outra pessoa, Alice, por favor. — Interrompi ela e assim ela fez. Chamou mais uma pessoa para realizarmos o interrogatório.
Era Ana Nogueira que estava chegando. Ela parecia triste e com medo. De fato eu podia ver o que tinha acontecido. Era nítida sua presença. Ela estava com os olhos um pouco arregalados, cabeça baixa e braços cruzados.
— Alice, fique no meu lugar. Quero que assuma o interrogatório. — Ela me olhou estranhamente, mas fez o que eu mandei. Ficou em meu lugar e era ela quem iria dar voz às perguntas.
— Bem, Ana, eu quero saber o que aconteceu quando você topou com o Ladrão das Mulheres.
De repente ela começou a chorar. Os dois se surpreenderam, menos eu. Sabia perfeitamente o que tinha ocorrido, porque era nítido o seu medo naquele homem. Se o leitor não sabe ou está teorizando, irei contar. Ela sofreu abuso sexual. Sim, ela foi estuprada pelo Ladrão das Mulheres.
— Desculpem. É que… Sempre que eu me lembro daquele dia, eu… — Ela volta a chorar e Alice Lopes se levanta para abraçá-la.
Sabia que um carinho feminino seria mais consolador do que um carinho masculino, por isso pedi para Alice Lopes ficar no meu lugar.
Depois de alguns minutos, Ana Nogueira estava bebendo água. Ela tinha os cabelos tingidos nas pontas em branco, parecendo a Vampira dos X-Men. Sua aparência era bem gótica mesmo. Pele branca, olhos e boca sempre maquiados, usava uma camiseta de uma banda de rock, calça jeans e tênis da All Stars.
— Está melhor agora? — Indaga Alice Lopes.
Ana Nogueira confirma que sim e nisso, ela relata tudo o que houve.
— Ele desmaiou meu namorado e me estuprou.
— Que horas isso aconteceu mais ou menos?
— Duas da manhã.
Alice Lopes e Eduardo Mendes se impressionaram. Tão tarde assim? Pois é. Eu sabia o que tinha acontecido por causa de sua linguagem corporal, afinal sou um expert nessa área. Como ela costuma ficar até tarde em baladas, de fato o crime teria acontecido nesse período e por conta do carinho que Alice Lopes lhe dera, não iria mentir e falaria tudo o que eu queria ouvir.
— E o que houve depois? — Indaga Alice Lopes.
Ana Nogueira mostrou que não queria falar mais e nisso, ela responde:
— Bem, vamos encerrar a entrevista agora. Já ouvimos o que queríamos.
— Obrigada. E queria pedir um favor ao Lupa. — Ela olha para mim.
— O que você quiser, Ana Nogueira.
— Quero que prenda esse verme. Ele vai pagar pelo que fez. — Ela fala com raiva e ódio. Era nítida sua revolta a respeito do que houve. Não se preocupe, Ana Nogueira, darei minha palavra.
— Deixe isso em minhas mãos.— Disse para ela.
Ana Nogueira sorri e agradece mais uma vez e sai do interrogatório.
Ficamos parados durante alguns segundos. Eu lia as anotações que fiz até agora e Alice Lopes me chama.
— Mais um?
— Pode chamar. — Respondi para ela.
Ela se levanta da cadeira e eu fiquei lendo ainda. Aparecia o namorado dela, Brendon Rodrigues. Era um rapaz também estilo rockeiro. Cabelo comprido que lhe cobria os olhos, de cores castanhos, pele bronzeada, usava uma camiseta de um anime que não sei qual era. Não sou muito de animes e de super-heróis.
— Sente-se, meu rapaz. — Disse para ele.
Brendon Rodrigues parecia mais acomodado e mais à vontade do que Ana Nogueira. Mas sabia que isso iria acabar logo.
Alice Lopes se senta na cadeira e indaga:
— O que você sabe do abuso sexual da sua namorada?
— Bem, eu só sei que aquele homem vai pagar pelo que fez, mas ao mesmo tempo reconheço que não posso fazer nada, porque eu não fiz antes e eu não sei que tipo de pessoa ele é. — Respondeu Bredon Rodrigues.
— Ele desmaiou você. Como?
— Eu não sei. De repente senti algo batendo em minha cabeça e eu apaguei. Quando acordei, estava no hospital e minha mãe disse que a Ana Nogueira estava fazendo teste de gravidez.
Alice Lopes pareceu pensativa e disse:
— Rapazes, vocês têm alguma pergunta?
— Eu tenho. — Respondi. — Não que seja da minha conta, mas o resultado do teste deu negativo, estou certo?
— Sim, mas como sabe disso?
— Eu não sei. Apenas deduzi porque vocês nunca tiveram um filho com vocês, a não ser que Ana Nogueira tenha cometido aborto, o que não parece ser a causa. Se fosse, você teria me dito isso e não mentido. Também sei que não mentiu porque é nítida sua voz e confiante quando perguntei isso.
Ele me olhou sem entender e Eduardo Mendes fez uma cara de "exibido esse homem" para mim.
— Bem, só sei que deu negativo. — Disse Brendon Rodrigues.
— Eu tenho uma pergunta. — Afirma Eduardo Mendes. — Você é gay?
— O quê? Eu não sou gay.
— Mendes. — Retruca Alice Lopes.
— Notei que ficou desesperado com essa pergunta, então você deve ser. — Comentei.
— Lupa.
— HAHAHAHAHAHA! — Eduardo Mendes começou a rir loucamente e passaram alguns policiais que nos olharam sem entender.
— Gente, eu…
— É brincadeira, Brendon Rodrigues. Pode ir, meu rapaz e não contarei a ninguém que você é gay.
Eduardo Mendes não parava de rir. Brendon Rodrigues saiu bem confuso depois disso tudo.
— Lupa, às vezes você é uma figura. — Disse Eduardo Mendes.
— Bem, Alice, pode chamar o próximo?
— Sim. Mas se comportem, por favor. — Ela se levanta da cadeira e vai chamar o próximo.
O último agora. Nathan Klein. Um homem de cabelos cortados e curtos negros, usava óculos e tinha roupas sociais. Ele se senta à cadeira, após o mandado de Alice Lopes e começam os questionamentos:
— Como ele o atacou? — Indaga Alice Lopes.
— Foi por volta das oito da no… Da manhã.
Comecei a achar isso estranho novamente. Minha intuição nunca falha quando se conecta às mentiras e Nathan Klein veio tranquilo e agora ele brinca com as mãos sobre a mesa.
— O que ele fez? — Indaga Alice Lopes.
— Queria me matar. Eu estava voltando do mercado, quando eu vi ele matando uma mulher na Praça do Pavão. Quando ele terminou, estava saindo do local, quando ele me viu. Começou a atirar na minha direção, mas a sorte que ele era ruim de mira. Consegui escapar, escondendo-me em um arbusto. Ele também não era muito rápido e foi fácil para mim, esconder-me.
— Perguntas, homens? — Indaga Alice Lopes.
— Não. — Respondi.
— Só que é para ele largar de ser "coxinha".— Disse Eduardo Mendes.
— Não dê ouvidos a ele. Está liberado, Nathan Klein.
— Obrigado. — Ele responde e eu percebi que ele já estava mais tranquilo que antes.
Agora estavam apenas nós três conversando sobre o ocorrido, até que chega Jane Marple e anuncia:
— Lupa, tem uma pessoa que vai querer falar com você. Já acabou por aí?
— Daqui a cinco minutos irei falar com ela. — Respondi.
— Está bem. — Jane Marple sai.
Comecei a ler as anotações e nisso, eu anunciei para os meus colegas:
— Quando eu atender aquela pessoa que quer falar comigo, após isso, vamos debater sobre os interrogatórios que fizemos.
— Certo. — Responderam ambos em um único som.
Nisso, guardei meu bloquinho, abri uma embalagem de chocolate e fui até o encontro dessa pessoa que quer falar comigo, enquanto degustava do meu doce favorito.