Resumo
No ano de 2008, em uma cidade fictícia no sul do país, vivia um detetive que tinha a fama de ser considerado um dos melhores do estado, senão do país. Apelidado de Lupa, por sempre ter uma lupa consigo no bolso e conservando o estilo dos detetives clássicos, ele começa a desevendar casos e mistérios de crimes de assassinato que vêm crescendo em sua cidade. Cabe a ele, junto com a sua equipe, investigar esses mistérios, começando com o assassinato de uma mulher rica que decidiu fazer sua vida naquela cidadezinha.
Bem-vindos a Colina Verde
27/06/2008
Alice Lopes
Olá, tudo bem, leitor? Espero que sim.
É um prazer conhecê-lo. Meu nome é Alice Lopes, tenho 38 anos e sou detetive. Trabalho na cidade de Colina Verde, que fica no interior de Porto Alegre há cinco anos. Comecei tarde porque estava me especializando em outras áreas, como medicina e administração, tanto que sou formada nessas áreas, além de direito.
Bem, eu trabalho há três anos com o Detetive Lupa e com o Eduardo Mendes, um outro detetive. Nós três estamos a maior parte do tempo juntos e acredite, temos personalidades diferentes. Lupa é mais calmo, flexível e pensa bem antes de se pronunciar a respeito de tal coisa. Por outro lado, Mendes, como os colinenses o chamam, tem uma personalidade mais irada e mais impulsiva. Eu costumo ser neutra entre esses dois, mas eu costumo ser mais calma. Dificilmente vão me ver irritada.
Mendes tem uma aparência estranha. Seu nariz é grosso, os cabelos negros, a pele bronzeada e tem um olho meio fechado. Ele disse que tem o olho assim porque estava brigando com uma gangue sozinho. Segundo o que ele disse, conseguiu vencer todos, mas eu duvido que ele tenha feito isso.
Bem, agora que apresentei os meus parceiros, vou narrar para vocês a estória.
Era uma tarde chuvosa. Estamos no dia 30 de junho de 2008. Foram admitidas férias para nós, mas antes disso, ganhamos um caso para resolvermos. Darei os detalhes logo em seguida.
Estava vestida de preto com um terno, calça social e botas. Segurava um guarda-chuva da mesma cor. Ao meu lado estava Mendes, mas ele estava sem guarda-chuva, usava apenas um chapéu e também portava um terno, uma calça social, mas usava sapatos de bico pontudo. Tinha várias pessoas ao nosso redor. Todos estavam no velório daquela que foi assassinada: Marta Pistoni. Era uma mulher que aproximadamente estava com os seus 50 anos. Ela era a mais rica da região, teria se mudado para Colina Verde há 20 anos. O motivo é que ela teve uma vida tão agitada com várias emoções que decidiu recomeçá-la em Colina Verde. Vai saber o que ela fez.
Marta era casada com João Pistoni, um homem de 55 anos que lamentou muito a morte de sua esposa. Era visto que ele estava realmente abalado quando eu e os meus parceiros estavam entrevistando ele sobre o que ele sabia. Coitado dele, nunca esquecerei sua expressão de assustado e desesperado, carregando um sentimento de que não iria mais ver sua mulher em sua vida, sem contar que eles ainda eram jovens. Cinquenta anos hoje em dia é novo para morrer, mas infelizmente, não foi o que aconteceu com a Dona Marta.
Mendes e eu deduzimos que o assassino tenha sido Leonard Koura, um francês de 50 anos, mas aparentava ter menos. Ele se mudou para o Brasil para ganhar dinheiro. Sua vida foi complicada na França, mas sua profissão era um mistério para todos, até para o próprio Lupa.
No velório, estavam Nathan Klein e Márcia Leal, ambos vizinhos do casal rico, Otávio Pereira, um motoboy muito conhecido pela cidadezinha por sua simpatia e bom atendimento ao cliente, Bill Esteves, que tem fama de ser o homem mais bêbado da cidade, sério, ele está sempre bebendo, Brendon Rodrigues e Ana Nogueira, que são um casal de adolescentes que estão sempre em festas e eventos que têm na cidade.
Eles foram as testemunhas do Lupa que falaram tudo do que sabiam. Mas eu não irei contar tudo para não estragar a surpresa a você, leitor.
Além do tempo estar chuvoso, o céu estava nublado com uma tonalidade mais clara. Fazia frio naquele momento (frio no interior é bem rígido, ainda mais no sul) e batia um vento que arrepiava qualquer um.
Estávamos todos à espera do padre que iria aparecer para realizar o velório da Dona Marta. Claro, que além das pessoas que citei também estavam o marido dela e o francês que Mendes e eu suspeitamos. Lupa disse que iria assumir total responsabilidade do caso, porque realmente era bem difícil para entendermos tudo. Foi bem planejado o assassinato da Dona Marta, mas segundo Lupa, o francês não teria agido sozinho. Mas se ele não se dá bem com ninguém, como poderia ter companhia? Era muito misterioso até para nós. O que Lupa disse foi um equívoco ou algo do tipo. Mas confio no nosso detetive.
Depois de muita demora, o padre finalmente aparece. Ele era desconhecido para todos, normalmente quem faz os velórios é um padre conhecido por todos, mas que não me recordo o nome e tinha outro que realizava missas e sessões de igreja, que também não me recordo o nome.
— Boa tarde a todos. — Disse o padre, que era familiar para mim de alguma forma. Tinha os cabelos negros e curtos, penteados para o lado, a pele bronzeada e os olhos negros. No entanto, ele tinha a pele cheia de pelancas. Será que era o parente de quem eu pensava ser? Mas não podia. Lupa nunca disse que tinha um parente que era padre. Aliás, não sabemos nada da vida dele. — Estamos aqui reunidos para prestarmos uma homenagem à nossa moradora de Colina Verde, Marta Pistoni. Uma senhora de 50 anos que morou há 20 anos em Colina Verde. Uma senhora que muito lutou e batalhou para ter a vida que tem. Que Deus a tenha.
Franzi a testa no momento. Como esse padre sabia de todas essas informações? Mendes me olhou estranhando isso também e ficamos atentos ao padre. Será que era ele o cúmplice que Lupa teria mencionado? Como podem ver, ele não está aqui e de fato não está. Disse que ficaria mais um pouco na cena do crime para investigar mais.
— Façamos uma oração. — Disse o padre.
Nesse momento, todos começaram a rezar em suas mentes.
— Chatice. — Disse Mendes.
Bati no cotovelo dele e comecei a me concentrar nas minhas orações. Sou católica devota e sempre rezei pelo bem da cidade. Mendes já é ateu e Lupa, não se sabe sua religião (risos internos).
— Muito bem. — Disse o padre, diante de todos que usavam seus guarda-chuvas. — O marido da falecida gostaria de se pronunciar?
Um homem de cabelos castanhos, olhos negros, pele bronzeada e usando roupas de preto se destacava na frente dos demais e ia até o caixão onde estava a falecida. Tinha uma foto dela, loira, olhos azuis e pele branca. Uma senhora muito bonita e bem cuidada.
João Pistoni fica ao lado do caixão e começava a realizar sua declaração, enquanto eu olho para o francês e ele estava sorrindo discretamente. Que nojo que eu tenho daquele homem grisalho de pele branca e olhos azuis. Usava um sobretudo preto e estava com um chapéu, da mesma forma que o Eduardo Mendes.
— Bem… — João Pistoni fala em uma voz chorosa. — Eu lamento muito pela morte da minha esposa e nesse momento… Eu… Eu… — Começava a chorar e ele consegue forças para conseguir pronunciar aquilo que queria. — Sinto falta dela. — Volta a chorar.
No entanto, escutamos um riso trancado vindo do padre. Todos olhamos para ele e logo ele fala:
— Desculpem, irmãos.
O francês que estava de olho franziu a testa sem entender do que o padre estava rindo.
— Bem… Como eu ia dizendo… Eu faria qualquer coisa para ver minha amada viva novamente e…
O padre volta a se segurar para não rir, chamando atenção de todos novamente. Achamos isso falta de educação, ainda mais vindo de um padre. Seja lá quem ele for, não gostei de sua atitude.
— E… — Ele volta a chorar novamente e o francês abre o sorriso, mas de uma forma discreta para que ninguém note isso nele.
— Já acabou a cerimônia? — Indaga ele… O padre!
Todos olhamos sem entender o que estava havendo. O padre ri e depois trata o viúvo mal. Não dá para entender isso.
— Não adianta mais fingir. Eu sei de tudo. — Disse o padre olhando para nós com uma expressão de confiança. De repente ele muda para uma expressão de desentendimento e parece ter se lembrado de algo. — Deixe-me mostrar para vocês quem eu sou. — Ele arranca seu rosto fora e assusta a todos, mas aquele rosto era uma máscara. Todos ficam surpresos. Era ele mesmo… O Detetive Lupa!
— Você é… — Disse João Pistoni.
— Alors (então em francês) o Detetive Lupa é o padre. Interessant. — Disse o francês, calmamente. Que raiva que tenho desse homem.
— Isso mesmo, João Pistoni. Eu sou o Detetive Lupa. — Disse o meu parceiro, com ar de confiança.
As pessoas estavam surpresas. Não sabiam que ele era bom de se disfarçar e começaram a cochichar algumas coisas dentre si. Eu só prestava atenção no desenrolar naquele momento. Queria saber o que o Lupa descobriu. Ele disse que ficaria responsável em investigar mais a fundo o caso, mas não sei o que ele descobriu, obviamente.
— Bem, senhoras e senhores, da mesma forma que estamos para prestar homenagem para a Dona Marta, tenho que continuar meu trabalho. — Disse Lupa. — Dispensei meus companheiros, Mendes e Alice porque eu decidi assumir sozinho esse caso.
— Que fominha. — Disse Mendes, cruzando os braços.
— Agora vou revelar o que eu descobri, que foi o seguinte. Foram encontradas marcas de mãos no pescoço da Dona Marta, sinal que foi estrangulamento, até aí tudo bem. Alice e Eduardo Mendes suspeitavam que fosse o francês Leonard Koura. — Disse Lupa, apontando para o francês, que arregala os olhos, espantado.
— Je? (Eu em francês)
— Oui. — Responde Lupa. Esse espertinho fala francês também, é? — João Pistoni recomendou que olhássemos a gaveta que tinha no quarto de Dona Marta onde esta foi bruscamente assassinada. Tinha uma arma simples. — Ele revela a arma que estava em um saquinho. — E uma faca. — Ele mostra outro saquinho que tinha uma faca semelhante a de um açougueiro. — A princípio pensei que Leonard teria alternado em matá-la com uma faca, uma arma ou estrangulamento. Mas parei para pensar no que disse João Pistoni, que ele mantem legalmente a posse de uma arma para proteger ele e sua esposa. — Lupa começou a caminhar de um lado e de outro. — De fato, senhoras e senhores, se João Pistoni tivesse matado Leonard Koura com a sua arma, esse tipo de crime nem teria acontecido e não seria necessário o meu disfarce de padre. Porém, o que me veio à cabeça era que João Pistoni está envolvido no crime.
Todos arregalam os olhos e gritam de espanto, inclusive eu e Eduardo Mendes.
— Você é louco? Por que eu mataria minha esposa?! — Grita João Pistoni, desesperado.
Lupa parecia calmo, ao encarar seu adversário. Ele olha para mim e pisca, depois que eu sorrio.
— Eu nunca disse que você matou sua esposa.
— Mas insinuou! — Gritava João Pistoni, desesperado pela acusação.
— Bem, meu caro amigo, se eu fosse você, ficaria de bico calado e ouvisse o que teria para falar. Você guardou a arma e mais esta faca na gaveta de sua esposa em um momento em que ela estava bêbada, correto? O crime aconteceu à meia-noite, mas antes disso, você deixou a arma e a faca dentro da gaveta para que quando Leonard matasse Dona Marta, ficasse a duvida de como ele a matou, se foi com um tiro, uma facada ou se foi com as suas próprias mãos, o que foi um equívoco. Se fosse com facada, a lâmina estaria suja de sangue. Se fosse com uma arma, teriam cinco balas. Eu abri a arma e tinham seis. Só pode ter sido com estrangulamento e é nítida as marcas de estrangulamento, já que estão no pescoço de Dona Marta. Depois que ele a matou desse modo, ele jogou o corpo para fora da janela para que não houvesse suspeitas de que foi você quem a matou. No entanto, ele se esqueceu de que tinham plantas na frente da janela com espinhos venenosos. Um dos espinhos rasgou a roupa de Dona Marta e ficou com este trapo em si. Você contratou Leonard Koura para matar a sua esposa porque estava de olho na herança que ela ia deixar para caridade e pensou que se a matasse e fraudasse o testamento, iria receber e ainda dividir com aquele francês de merda. — Lupa começou a alterar a voz. — Não pense que sou bobo, João Pistoni! Estava tudo planejado! Eu investiguei tudo! As testemunhas me falaram o que sabiam e a chave era saber a causa da morte de Dona Marta e só posso concluir que era por dinheiro.
João Pistoni ficou mudo, assim como todos. Lupa conseguiu investigar tudo sozinho, analisou o dito das testemunhas, em que a maioria disse que queria doar para uma caridade sua herança. Era nítido isso. Basta olhar na personalidade do casal. Marta Pistoni era gentil e humilde. Mesmo sendo rica, sempre buscou ajudar os outros, até mesmo financeiramente. Já João Pistoni era egoísta e só pensava em dinheiro. Bastava ver isso na personalidade dele.
Olho para o francês e ele estava congelado. João Pistoni tinha a mesma reação. Lupa abre um sorriso e olha para mim e Eduardo Mendes.
— Prendam estes dois. Eu não quero mais eles na minha frente.
Tiramos nossas algemas de nossos bolsos e fomos prender João Pistoni e Leonard Koura.
— Escute, Lupa. Você não tem provas. Eu vou sair ileso. — Disse João Pistoni, enquanto era preso por Eduardo Mendes.
— Eu tenho as testemunhas e se quiser posso simular tudo o que disse para que fique claro. Posso não ter tantas provas, João Pistoni, mas posso atingir um meio de alcançá-las. Não se esqueça que eu posso fazer qualquer coisa. — Ele responde com esta última frase quase cochichando, com o intuito de intimidá-lo.
Leonard Koura murmurava algo em francês, mas eu não entendia nada.
— HA HA HA! Conseguiu de novo, seu merda. — Disse Eduardo Mendes.
Lupa sorri para ele e responde:
— Sempre consigo o que quero e nesse momento, eu quero comer chocolate. — Ele tira uma barra de chocolate do bolso e Eduardo Mendes faz cara de nojo.
— Você é estranho. — Ele disse.
Depois de tudo esclarecido, levamos João Pistoni e Leonard Koura para o carro de polícia e íamos para a delegacia, onde iríamos fazer os registros necessários e depois levá-los presos.
Depois que saímos, apareceu o padre responsável pelo velório e todos puderam acompanhar tranquilamente. As pessoas cochichavam entre si sobre esse escândalo que Lupa conseguiu desarmar. De fato, ele é mesmo bom no que faz.
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27/06/2008
Detetive Lupa
Bom dia, leitor, espero que você esteja bem.
Meu nome é (nome censurado), muitos me chamam de Lupa, por conta deu carregar uma lupa sempre comigo. Mesmo em horário livre, sem trabalho, ainda carrego minha boa e velha lupa, presente que meu pai me deu, depois que me formei em Direito, a última faculdade que cursei.
Bem, depois que prendemos João Pistoni e Leonard Koura, declarei aquilo que seria feito por ordem da falecida Marta Pistoni: Sua herança seria doada para a caridade, caso ela venha a falecer. Mas o que me impressionou é que ela já estava planejando desde cedo o seu testamento. Era como se ela estivesse ciente de que iria morrer na mão de seu marido, mas não foi o que aconteceu. Morreu na mão de um estrangeiro que só veio incomodar. Não esperava isso de um francês. Para ver que não importa o país de onde a pessoa é, nem todos têm a personalidade que pensam.
No meu caso, que sou brasileiro, dizem que todo brasileiro gosta de Carnaval. Eu odeio Carnaval. Minha data comemorativa favorita é o Dia do Soldado. Meus colegas Alice e Eduardo Mendes acham estranho eu gostar do Dia do Soldado, mas eu gosto. Um dia onde podemos homenagear aqueles que representam o nosso país, sim o soldado, não essa corja de políticos.
Enfim, vamos para a história.
Estava chegando na delegacia junto com os meus parceiros depois de termos levado Leonard e João Pistoni para a prisão. Chegando na sala principal, que tinha várias escrivaninhas, computadores e telefones, como se fossem essas empresas de cobrança ou de Recursos Humanos, estavam também outros três integrantes da minha equipe. Eu apelidei de Equipe Colina Verde. Realmente não sou bom com nomes, mas vamos lá. Vou apresentá-lo para cada um de meus parceiros.
Começando comigo. Lupa, 32 anos, formado em Direito, Administração, Contabilidade, Economia, Marketing, Publicidade, Letras, Medicina e por aí vai. Tenho 1,80.
Gosto muito da cultura da música, da arte, da leitura, acredito que um intelectual é aquele que tem cultura.
Alice Lopes, 38 anos, loira com cabelo preso e olhos azuis. Pele branca e tem 1,78 de altura. Não sei bem do que ela gosta, mas é formada em Direito e tem curso de Informática.
Eduardo Mendes, 35 anos. Sempre bem ranzinza e xingando até a mãe dos outros. Formado em Direito e tem Técnico em Contabilidade. Fez curso de Escrita Criativa, tanto que já publicou um livro falando de Colina Verde. Tem 1,85
Estes dois são os meus parceiros, mas ainda tem mais gente nesse barco.
Bruno Jalkh, 52 anos. Formado em Perícia Criminal, é o nosso legista e analisa os cadáveres das vítimas junto com a próxima pessoa que vou apresentar. Também tem formação em Administração e curso de Informática. Um senhor bem mais evoluído para a sua idade. Admiro bastante ele pela sua sabedoria. Está sempre ajudando os outros mais com as suas vidas pessoais do que falando em termos profissionais. Tem 1,80
Ketlin Mahoney, 31 anos. Trabalha junto com o Bruno, formada em Perícia Criminal também, além de ser fluente em inglês. Tem Técnico de Enfermagem e é uma mulher muito batalhadora. Ruiva de olhos verdes, cabelos compridos e pele branca. Tem sardas no rosto, mas é considerada inclusive uma das mais bonitas de Colina Verde. Rivalizava com a Dona Marta, mas lamentou a morte da mesma e ficou sentida com a minha descoberta de que o marido dela estava envolvido. Tem 1,75
Por último, temos Jane Marple. Ela tem 50 anos. Tem 1,77 e é formada em Administração e Empreendedorismo. Ela cuida mais da parte administrativa e contábil. É um gênio nesse setor. Se uma empresa fosse contratar ela, teria certeza que iria evoluir muito. É uma senhora de cabelos grisalhos, mas também é bem conservada. Não tanto quanto a Dona Marta, mas tinha sua conserva.
Nossa estória continua com nós três adentrando nossa sala, enquanto o restante estava trabalhando.
— Finalmente férias, caralho! — Grita Eduardo Mendes perto de mim.
— Não são férias, Mendes. É apenas o fim de semana, esqueceu? — Responde Jane Marple.
— Ah, deixa eu sonhar um pouco.
Jane Marple fica de braços cruzados olhando com cara de nojo para Eduardo Mendes. Ele não muda seu jeito, incrível.
Estava me sentando em minha escrivaninha e vejo Bruno Jalkh ir até minha direção.
— Soube que João Pistoni teve participação do assassinato. — Disse o senhor de 50 anos.
— Sim, eu não esperava que ele fosse tão… — Travei na hora, enquanto arrumava os papéis que estavam em minha mesa.
— Esperto?
— Burro.
Bruno Jalkh se espanta com os meus dizeres.
— Por que burro?
— Porque ele não soube nem esconder direito a cena do crime. Claro, foi complicado deu conseguir as provas, mas consegui dar um jeito. Ele nem se deu ao trabalho de conseguir esconder os mistérios. Até uma criança saberia que ele teve participação.
Bruno Jalkh dá uma risada saudável e responde:
— Bem, dizem que nem todo crime é perfeito, estou certo?
— Sim, Senhor Bruno. O senhor tem razão. — Respondia, enquanto desligava o computador.
Bruno Jalkh olha para o relógio e depois para o que tinha na parede.
Todos estavam conversando paralelamente. Era quase hora de irmos para casa. Nosso expediente fecha às seis horas, mas sempre tem policiais que ficam cuidando das ruas de Colina Verde.
— De fato, Senhor Bruno. Estou muito enfadado e não vejo a hora de chegar em casa.
— Eu entendo, meu amigo. — Dizia o Bruno, que estava do meu lado. — Esse fim de semana planejo viajar para São Jerônimo visitar minha filha que me espera. Sinto falta dela, sabe? Está com minha esposa. Ambas nasceram em São Jerônimo, eu sou daqui, mas elas não tem condições de vir para cá.
— E o senhor não tem como trazê-las, certo?
Bruno Jalkh afirma que sim com a cabeça.
— Mas não se preocupe. Uma hora vai acontecer isso.
— O que pretende fazer, Lupa?
— Assistir um documentário que anunciou na televisão.
— Nossa, como sua vida é sem graça. Precisa se divertir. Parar de ficar querendo conhecer as coisas. Divirta-se um pouco. Você é jovem, meu amigo.
— Eu sei disso, Senhor Bruno, mas eu não costumo me divertir muito porque eu já me divirto fazendo essas coisas.
Bruno Jalkh dá de ombros e olhando para o seu relógio, retorna para a sua escrivaninha.
— Pessoal, podemos ir embora. — Disse Jane Marple e abandonamos nosso recinto.
Jane, Bruno e Ketlin saíram primeiro. Mendes saía em seguida, ficando apenas eu e Alice.
Depois que juntei minhas coisas e ia abandonar a sala, Alice me chama. Eu olho para ela e indago o que foi.
— Lupa, eu queria saber se você não gostaria de passar o fim de semana em minha casa. — Ela disse um pouco receosa que eu dissesse algo contra seus planos. Talvez não estivesse 100% preparada para o que eu fosse dizer, como pude analisar nela.
— Por qual motivo?
Ela faz uma expressão de estar ofendida.
— Eu queria passar um tempo com você. Pensei que como você se dedicou tanto em desvendar o caso da Dona Marta, poderia aproveitar melhor com alguém.
Fiquei um pouco pensativo a respeito de sua posição. Depois de alguns segundos, dei meu veredito.
— Passe na minha casa hoje às oito. Mandarei o endereço por mensagem. — Saí da sala.
Ela ia dizer algo, mas eu gritei:
— Nem um minuto atrasada!
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Alice Lopes
— Nem um minuto atrasada!
Fiquei empolgada com a aceitação do Lupa querer passar o fim de semana comigo. Agora ficaria atenta ao meu celular com o torpedo que ele me mandaria. Só espero que ele não se esqueça.
Farei com que o fim de semana dele seja esplêndido! Ele precisava disso, depois de ter se dedicado a fundo em investigar boa parte dele sozinho.
Agora era hora da recompensa dele. Saí da sala e fui correndo até o meu carro feliz.