♥ Capítulo 2♥
07:30 — Portevecchio.
Isabella Conti.
Saímos do nosso apartamento e fomos caminhando tranquilamente para o elevador, logo as portas foram abertas, entramos e ele apertou o botão da garagem. Eu gosto muito desse prédio, porque é bem calmo, não tem vizinhos brigando, com som alto, é uma maravilha. Aqui todo mundo se respeita, gosto disso, dessa tranquilidade.
— Amor, seus pais falaram alguma coisa? — Perguntou de repente.
— Não, nunca mais vieram me encher de ligações ou mensagens. Agradeço muito por isso.
— Que bom, porque se continuasse, denunciaria eles. — Disse bem séria.
— Eu sei que sim, mas fico feliz que eles não estão mais me incomodando.
Desde que eu vim morar com a Gabi, eles vêm enchendo o meu saco ordenando que eu voltasse para casa deles. Quem precisa de inimigos, tendo esses pais como parentes. Mas quando a Babi os ameaçou dizendo que iria denunciá-los, pararam rapidamente de me ligarem e de mandarem mensagem.
As portas do elevador abriram e descemos indo em direção ao seu carro, ela destravou a porta assim que nos aproximamos, entramos no carro já colocando o cinto.
— Se você quiser chamar os seus amigos do trabalho para ir também, eu aceito. Conhecer novas pessoas sempre é bom. — Falou, assim que deu a partida no carro.
— Será um caos total, meu Deus. Você não pode ir apenas com eles? — Ela bufou com a sua pergunta.
— Claro que não, quero que você também venha. Ficar vinte e quatro horas dentro de casa não é saudável, mesmo que você não curta sair.
— Está bem, irei perguntar a eles se gostariam de ir conosco. — Ela sorriu animada, como se tivesse ganhando mais uma vez.
Observo as ruas da nossa linda cidade Portevecchio. Muitos pensam que essa cidade é calma e pacífica, mas estão completamente errados. De fato, a cidade é deslumbrante, com prédios enormes, parques maravilhosos e shoppings incríveis, repletos de coisas que não se encontram em outros lugares. O clima sempre é quente, mas não insuportavelmente quente, graças a Deus. Aqui não neva, e o mais intrigante é que esse país não possui estados, ao contrário de tantos outros. Mas aqui não. Nossa cidade é simplesmente chamada Portevecchio, e é assim que permanece.
Ela é verdadeiramente atraente, mas o que ninguém imagina é que há muitas coisas erradas aqui. Taxas altas de roubos, mortes e tráfico de drogas são apenas algumas delas. Graças a Deus, nunca ouvi falar de tráfico humano, mas sempre há rumores de que há um mafioso morando aqui, que ele é o líder deste país.
Sinceramente, estou em dúvida, não sei se acredito. Porque nunca houve uma notícia concreta sobre ele; apenas dizem que existe um mafioso aqui, e que todas essas atividades de tráfico de drogas são controladas por ele. Mas se ele realmente existe, por que os policiais ainda não o prenderam? Ele seria tão poderoso assim?
É uma incerteza que me assombra.
— Chegamos. — Saí dos meus pensamentos com sua voz.
— Certo, te vejo mais tarde, Gabi. Bom trabalho. — Beijo sua bochecha.
— Bom trabalho também, amor. Se cuida. — Desço do carro, olho ao redor e atravesso a rua.
Muitos dos meus amigos já pensaram que Gabi era minha namorada por causa desse carinho que temos. Mas Gabi é mais hetero do que eu.
Observo a lanchonete; para uma lanchonete, é bem grande. Sempre estamos tentando mantê-la bem organizada para que os clientes voltem. Senão, nosso chefe nos mata.
— Sua esposa te trouxe novamente? — Meu amigo Tom perguntou, num tom brincalhão.
Esse é o Tom, um homem de trinta anos, alto, moreno, um homem bem musculoso, com cabelos castanhos claros que combinam perfeitamente com seus olhos da mesma cor. No geral, ele é uma pessoa muito amigável. Quando comecei a trabalhar aqui, ele foi o primeiro a me ajudar, fazendo com que eu me sentisse confortável com o trabalho. Até mesmo assumia as mesas quando eu tinha dificuldades para me comunicar. No entanto, o ponto negativo é que ele é um verdadeiro mulherengo. E, para complicar ainda mais, ele está interessado na Gabi.
— Sim, minha linda esposa me trouxe. — Entrei na brincadeira, o fazendo rir.
— Que inveja, queria uma esposa daquela. — Revirei os olhos.
— Você? Um mulherengo? Conta outra, Tom. — Ele bufou.
— Por ela, eu me torno um homem decente. — Acabei rindo.
— Se quer mesmo tentar algo. Ela está querendo ir...
— Eu vou!!
— Deixa eu terminar! — Suspirei. — Ela me convenceu a ir a uma festa que terá no centro, hoje à noite. Pediu que eu convidasse os meus amigos do trabalho.
— Minha resposta continua sendo ainda sim. Ver aquela gostosa dançando, minha nossa. — Dei um tapa em seu braço. — Ai!
— Respeita a minha amiga!
— Mas estou falando com respeito. Ela é gostosa mesmo. Farei de tudo para conquistá-la, por ela me torno tudo. Até um padre.
— Padre não pode ter um relacionamento, senhor espertinho.
— Não quero saber, por ela eu me torno tudo.
Apenas o ignorei e fui para a sala dos funcionários me trocar. Ao entrar, vejo a Sophia.
— Bom dia, Isa. — Cumprimentou suavemente, me fazendo retribuir.
— Bom dia, Sophia.
Sophia é uma mulher de vinte e quatro anos, absolutamente deslumbrante. Ela é um pouco mais alta do que eu; enquanto tenho um metro e sessenta e cinco, ela possui um metro e setenta de altura. Seus cabelos são longos, de um rico tom castanho escuro, que emolduram delicadamente seu rosto. Seus olhos azuis parecem hipnotizar quem os observa, contrastando lindamente com sua pele branca imaculada. Com um corpo esguio e elegante, digno de uma modelo, ela é verdadeiramente uma visão irresistível.
Ela me ajudou muito, assim como o Tom. Tem sido uma boa amiga, sempre me socorrendo quando preciso de ajuda. Agradeço imensamente pela paciência dela e do Tom.
— O Tom viu sua amiga? — Perguntou, me fazendo rir; ela sabe que o Tom está caidinho por ela.
— Sim. É capaz da Gabi apenas ter uma noite com ele e dar um pontapé logo em seguida. Ela não quer um relacionamento agora; o que ela mais deseja é aproveitar a sua vida de solteira, enquanto ainda não tem filhos.
— Concordo com ela. Temos que aproveitar nossas vidas de solteiras. Até você. — Suspirei.
— A Gabi me convenceu a ir a uma boate que abriu no centro, ela mandou convidar vocês. Se você quiser. — Ela fechou a porta do seu armário.
— Sim, eu quero ir. Preciso beber e dançar; esses dias foram um inferno. Quero relaxar minha mente.
Começo a me trocar rapidamente; é possível que já tenha clientes, já que esse estabelecimento é bem movimentado.
— Pronta para mais um dia de trabalho? — Perguntou, me fazendo resmungar.
— Não. Mas o bom é que hoje é sexta, não iremos precisar trabalhar sábado e domingo.
— Exato. Por isso mesmo quero beber e dançar. Agora vamos à nossa luta constante.
Que esse dia acabe logo.