♥ Capítulo 1♥
Isabella Conti.
Dois anos depois.
Hoje está completando dois anos desde que voltei para a minha cidade natal. Estou com vinte anos e, no início, enfrentei uma grande dificuldade ao lidar com a dor da traição. Cheguei até a considerar o suicídio ao descobrir que até mesmo minha própria tia estava ciente do caso entre minha prima e meu ex-namorado. Minha vida estava um caos total, tudo por causa que eu não fiz sexo com ele, mentalidade de merda. Os meus pais apenas vieram me dar sermão, dizendo que eu tinha sido burra por namorar alguém a distância, que a culpa era minha por ter sido traída. Eu não me matei, por causa da minha amiga da escola, que agora é a minha colega de quarto.
Ela sempre foi uma mulher independente, vivendo sozinha desde os quinze anos, e devo minha vida a ela. Sou imensamente grata pela sua ajuda; se tivesse permanecido na casa dos meus pais, talvez não estivesse mais aqui. Minha adorável amiga sempre esteve ao meu lado, inclusive me ajudando a encontrar trabalho em uma lanchonete como garçonete, algo que jamais conseguiria sozinha. Sou bastante reservada por natureza, e foi ela quem conversou com o gerente do estabelecimento, me ajudando a passar no teste. É irônico, uma pessoa introvertida trabalhando como garçonete, já que o serviço exige boa comunicação com o público. No entanto, estou me esforçando ao máximo, especialmente porque o salário é bastante atrativo.
07:00 — Apartamento. — Portevecchio.
Sexta-Feira.
Estou quase terminando de secar meu cabelo com o secador. Tive que acordar às cinco da manhã para preparar o café para nós, já que a Gabriella gosta de correr um pouco antes de ir para o trabalho. Aproveitei para lavar e finalizar meu cabelo, afinal, como são cacheados, precisam de um pouco mais de atenção. Ontem, acabei não tendo tempo para finalizá-los, estava exausta demais, depois de ter socializado.
— Onde está a negra mais gostosa do mundo? — Perguntou, entrando no quarto animada.
Não pude evitar e acabei rindo.
— Estou aqui, princesa — Respondi enquanto ela se aproximava com um sorriso.
— Já terminou, amor?
Quando ela me chama assim, sinto-me tão acolhida e protegida, algo que nunca experimentei com meus pais. Talvez seja por isso.
Gabriella, cinco anos mais velha que eu, trabalha em uma renomada empresa de moda. Ela é uma mulher morena, de longos cabelos lisos castanho claro e olhos verdes que hipnotizam. Seu corpo é voluptuoso, com curvas acentuadas e uma silhueta um pouco mais cheinha. Minha amiga é uma verdadeira beldade.
Já eu, sou negra, com uma pele bem escura. Meus cabelos são naturalmente cacheados e escuros, combinando perfeitamente com minha beleza única. Assim como a Gabriella, tenho um corpo voluptuoso, repleto de curvas que chamam a atenção. Também sou um pouco cheinha, e é algo que aprendi a abraçar e amar. A cor dos meus olhos é um castanho claro, que a Gabriella insiste em dizer que é hipnotizante, embora eu não veja isso da mesma maneira.
— Sim, apenas estou deixando mais um pouco. — Desligo o secador. — Pronto, estou pronta para mais um dia de trabalho.
Ela riu ao ver a minha expressão.
— Sei que não gosta muito de interagir com estranhos, amor. Mas estou orgulhosa de ver o quanto você está se esforçando, pense apenas no dinheiro. — Brincou, arrancando risadas sinceras minhas.
— Sim, você tem razão, estou seguindo em frente por causa do dinheiro. Não posso deixar você arcar com tudo sozinha. Isso me faria sentir mal.
— Você sabe que não me importo, Isa. Graças a Deus, o salário que recebo é maravilhoso. Dá para nós sustentarmos por muito tempo. — Comecei a guardar as coisas em seus lugares.
— Eu sei disso, Gabi. Mas quero contribuir sempre que possível, quero ser ainda mais independente, ganhar meu próprio dinheiro. Imagine se eu não trabalhasse, você teria que me sustentar também.
— Minha querida, mamãe ama você. — Brincou, me fazendo rir.
— Palhaça. Sua roupa está incrível.
Ela está usando um macacão branco elegante, com um decote em V que realçava seus seios. Sei que não estava usando isso para chamar atenção, mas sempre há pessoas intrometidas prontas para se intrometer na vida dos outros.
— Você achou? — Ela deu uma voltinha.
— Sim, deixou sua bunda ainda mais incrível. — Gargalhou com minha resposta.
— É assim que eu gosto. E você está deslumbrante também, amor.
Estou usando uma saia escura que fica acima dos joelhos, combinada com uma blusa branca que coloquei por dentro, dando um toque de charme.
— Obrigada. Agora é melhor irmos. Se eu chegar atrasada, terei que ouvir os sermões do chefe. — Ela concordou.
— Eu também. Minha chefe parece estar sempre de TPM. Mulher estressada, meu Deus.
— A vida não é um mar de rosas, infelizmente.
Peguei minha bolsa com minhas coisas dentro, e saímos do quarto em direção à sala, onde eu a esperei enquanto ela buscava sua bolsa.
Sou muito grata por ela ter me tirado da casa dos meus pais; nosso apartamento é um verdadeiro refúgio, tranquilo, espaçoso, com uma varanda encantadora, é o lar perfeito.
— Quase me esqueci de dizer. — Falou de repente, voltando para a sala. — Hoje iremos a uma boate que acabou de abrir no centro.
Simplesmente jogou a bomba no meu colo.
— Como é? Nem vem, Gabi. Hoje é sexta e quero passar o resto da noite apenas na cama dormindo. — Ela revirou os olhos.
— Isa, eu sei que você não gosta, mas será divertido. Eu prometo a você, apenas iremos dançar, eu não quero beber, apenas curtir um pouco. A semana toda foi corrida para nós duas, vamos nos divertir. Por favor, por mim? — Seus olhos chegaram a brilhar.
Soltei um suspiro.
— Tudo bem. Mas se você ousar ficar bêbada, eu acabo com você. Eu te conheço, você diz que não vai beber, mas acaba bebendo.
— Eu te amo! — Ela me abraçou e me encheu de beijos. — Você é incrível, meu amor.
— Chega. — Empurrei ela rindo. — Vamos para o trabalho.
— Sim, senhora. — Brincou.
— Palhaça.
Ah, eu amo essa mulher, o que eu não faço por ela. Mas se ela me abandonar naquela boate, eu arranco os cabelos dela.