06 - Henrique Carter
Henrique Carter
Olho para todas as caixas que estão ainda no chão e pego os documentos que estavam ainda espalhados pelo sofá e coloco numa das caixas e fico olhando para tudo o que tenho em mãos, percebo que o Petter se interessa no que estou lendo.
— Parece um caso grande, estou interessado em saber que fim dará. — Não preciso contar que estou suspeitando que ele vai mexer com o monstro que diz que é meu genitor.
— Percebo que terá um grande futuro no ramo da advocacia, se for o que quer. — Enquanto guardo tudo, o pai dele liga e conversam enquanto termino de arrumar as coisas do Augusto.
— Não, pai, ainda não consegui falar com a minha mãe sobre ir para casa. — Ele fica em silêncio e respira fundo. — Não vou traí-lo, vão precisar ter paciência.
Ele não fica muito tempo no telefone, mas sei que ele odeia como o pai dele quer forçar as coisas, vejo que eles estão tendo muitos atritos por causa disso e fico preocupado com meu amigo, sei que o pai dele o ama pela forma que o trata, oferece o melhor ensino e mesmo que eles estejam separados sempre que ele pode, vem ao Brasil para passar o fim de semana com o filho, acho que ele ainda ama a mãe do meu amigo por que sempre faz questão de ir ao encontro com ela com buquês de flores.
Petter diz que eles não devem mais voltar a ficar juntos, porque parece que houve uma traição, o desejo dele é que sua família voltasse a ficar juntos outra vez aqui ou lá em Nova York. Depois que tudo estava organizado, o Petter vai me ajudar com a história do seu país.
Após horas no escritório o Augusto entra para pegar uma pasta e estava falando ao telefone e acredito que seja com o Eduardo, o pai da baixinha.
— Temos que investigar talvez sobre esse James e quem sabe através dele iremos conseguir livrar o Yan… — Ele continua a falar e sai da sala.
Saímos também do escritório e fico pensando no que ouvi do Augusto, fico com medo que ele comece a mexer nessa história mais a fundo e ele acabe sendo machucado, pelo que li vi que o James é chefe da facção muito perigosa em Nova York, espero que seja apenas uma coincidência com os nomes.
A tarde passa e o Petter prestativo me ajudando com as louças do almoço para que tudo fique limpo quando formos sair.
O problema surge quando digo para ele ir para o banho e vejo o meu amigo negar e ir em direção a sua bolsa, nunca vi americano ter problema com banho, acho que eles pensam que são iguais ao gato, que se limpam com a língua, fico pegando no pé dele que acaba indo tomar banho para sairmos.
Ouço minha mãe nos chamando lá de baixo, aviso que estamos quase prontos e que já desceremos.
— Vamos Petter, parece que minha mãe está apressada e ela esta nos chamando. — Ouço-o falando algo que não entendo e fico rindo mexendo no celular deitado na cama.
— Se eu não fizesse o que mandou já estaria pronto, mas essa mania que vocês brasileiros tem com banho, faz qualquer um se atrasar. — Começo a rir dele e me levanto para descer antes que a minha mãe resolva vir nos pegar pelas orelhas.
Descemos e nos encontramos com eles que nos esperavam na garagem e estavam rindo de alguma coisa, entramos no carro e vamos em direção ao cinema.
Quando chegamos a praça de alimentação encontramos com as minhas tias Neide e Bia e elas estavam com seus namorados, vão para o tal restaurante.
Vou com o Petter em direção à bilheteria para comprar o nosso ingresso e na fila acabamos encontrando uma das meninas mais populares da nossa sala, ela fica me olhando e apenas sorrio para ela.
Acabamos sentando um ao lado do outro e o Petter revira os olhos quando me vê perguntando se ela quer um pouco de pipoca, que aceita e nossas mãos se encostam.
No meio do filme estamos nos olhando e acabo trocando um beijo com a menina que fica toda feliz com a minha iniciativa, passamos o filme todo conversando enquanto o Petter tenta ignorar o seu celular que não para de vibrar e sei que a vontade dele é desligar na cara do pai que apenas quer dar atenção e receber, sinto até um pouco de inveja por Petter ter um pai que se preocupa com ele e demonstra que o ama.
A sessão acaba e meus pais foram embora, então decidimos pegar um carro de aplicativo para irmos para casa, mas antes de ir marco um encontro com a Natália para a próxima semana sem meu amigo de vela para nos atrapalhar.
Chegamos a casa e todos já estavam dormindo, para irritar meu amigo decido pegar no pé dele para ir tomar outro banho e fico rindo das desculpas esfarrapadas que ele me dá para evitar mais outra rodada de banho em tão pouco tempo.