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Capítulo 4

Penélope

As montanhas altas, verdes e bem desenhadas de Nêmesis em um lindo contraste com o céu azul me serviram de grande inspiração nos últimos meses e por isso eu senti uma profunda dor ao ter que embarcar novamente rumo à Marlenout para a nova etapa da minha vida.

Quando eu cheguei em Nêmesis junto da minha mãe, fui muito bem recebida por todos, o meu avô e a minha avó que eu havia visto apenas quatro vezes na vida fizeram com que eu me sentisse a pessoa mais especial do mundo, conheci a minha prima que foi rejeitada por Arthuro, um doce de pessoa, a minha tia então? Foram apenas alguns meses, mas eu estabeleci uma vida inteira... E eu nunca vi ou ouvi falar de uma mulher mais forte que a minha mãe... eu não sei se é normal, mas ela não se abateu pelo acontecido, eu a pegava triste às vezes, mas não durava nem um segundo! Logo ela acendia um sorriso radiante no rosto para falar comigo, minha doce e guerreira mãe, é me inspirando nela que eu vou lutar para ter um casamento feliz, assim como ela planeja fazer. O meu avô, o rei de Nêmesis, arranjou um casamento para a minha mãe com um poderoso e rico duque, e ela aceitou sem pestanejar e quando eu a questionei ela me disse que não havia perigo de um raio cair no mesmo lugar duas vezes... Eu entendi que ela quis dizer que não aconteceria a mesma coisa no casamento dela, só posso dizer uma única coisa: corajosa.

(...)

Arthuro

Já em Marlenout, eu não posso dizer que estou ansioso por ver e conhecer a minha noiva, isso não traria benefício algum... E se por acaso ela for tão feia que eu tivesse que correr por sob a água e só parar quando estivesse em Kahebe?

Eu sei que não posso me distrair com essas tolices... A beleza de nada importa.

- Eu lhes desejo felicidades, muitos filhos e paciência - Sir Filipe levanta a caneca com bebida para cima, enquanto eu e Vicent fazemos o mesmo.

Estamos reunidos para comemorar os casamentos, estou muito satisfeito com esses acontecimentos.

- Finalmente teremos um laço inquebrável entre os nossos reinos - comento pensando com a voz alta.

- Essa é uma das melhores vantagens, certamente - Sir Filipe concorda e em seguida toma outro gole da bebida.

Ao meu ver essa é a única vantagem.

Tomo mais do líquido alcoólico, alguma coisa nesse dia está sendo muito difícil pra mim apesar de ser um ótimo acordo.

- Deixe-me advertí-lo pela última vez, - Vicent se dirigi à mim, levanto os meus olhos espreitados até ele.

- Diga, Vicent, e não me perturbe mais com assuntos tediosos — tomo quase a metade da caneca e me sirvo de mais.

- Trate bem a minha irmã, ela é uma boa e doce moça, não seja um esposo ruim - depois de concluir, depositou a caneca de volta à mesa - ou eu irei atrás de você, e chega de bebidas para você, ou não vai conseguir caminhar durante a cerimônia.

Inacreditável, eu não estava errado quando supus que ele realmente virou um banana, não me seguro e começo a rir tanto que me engasguei. De repente tudo ficou muito mais divertido aqui. Vicent se levantou e se afastou, deixando apenas eu e o Sir Filipe na mesa, Sir Filipe é o mão direita do rei Trento, estar na companhia dele é o mesmo que estar na companhia do próprio rei.

Olho para o Sir Filipe e percebo que ele está me analisando também, como se estivesse me avaliando.

— Me fale sobre as suas batalhas, — proponho, servindo-me mais de bebida.

— Não foram muitas, alteza, Marlenout é um reino tranquilo, quanto à vossa alteza, notícias sempre percorrem o mar e fico sabendo das suas façanhas e conquistas, ouço músicas sobre vossa alteza, para mim é uma grande honra saber que a nossa princesa Penélope irá desposá-lo.

Eu não quero falar sobre casamento! Quero falar sobre batalhas! Conquistas! Sangue! Enfim, coisas mais relevantes. Infelizmente percebo que os homens de Marlenout são todos frouxos.

— Sir Filipe, pra mim a honra está na aliança entre os nossos reinos, vou honrar essa aliança enquanto eu viver, e os filhos de Kahabe serão filhos de Marlenout, e os filho de Marlenout serão filhos de Kahabe, isso sim é uma honra para mim, — ergo a caneca e a viro inteira garganta à baixo.

Sir Filipe faz um movimento negativo com a cabeça e resmunga alguma coisa que eu não entendi, tenho certeza que foi algo que eu não iria gostar.

Continuei bebendo e conversando com o Sir Filipe, no início a conversa estava bastante tediosa com os seus assuntos de família e filhos, mas depois nos entendemos e até marcamos de lutar espadas amanhã pela manhã, ele tem a fama de ser o melhor mestre de armas de todos os reinos, eu vou querer tirar as minhas próprias conclusões.

Permanecemos desse modo por quase duas horas, logo um servo veio comunicar algo para o Sir Filipe e descobri que eu deveria me apressar para celebrar o meu casamento, deve ser por isso que os servos estavam eufóricos andando de um lado para o outro.

— Bom, o dever me chama, — faço uma mensura para o Sir Filipe que faz o mesmo para mim, — o Sir Filipe, poderia por gentileza me instruir? Eu devo ir para onde?

— Eu me perdi no tempo também, a essa hora já deviamos estar lá, apressa-te, alteza, ou a sua preciosa aliança não irá se firmar, — Sir Filipe deixou escancarado na minha face toda a ironia que havia em suas palavras.

— O senhor como um fiel servo da coroa de Marlenout deveria estar atento, de todo o modo de nada adianta discutir, isso só me fará perder ainda mais tempo, leve-me até lá por gentileza, ainda não estou familiarizado com o castelo.

— Como quiser, alteza, — respondeu ainda com o tom de ironia, mas não me importo, tudo o que me interessa é chegar à tempo para não perder o acordo de casamento.

Sigo o Sir Filipe por entre os corredores do castelo e por fim estamos ao ar livre novamente, do outro lado de onde estávamos bebendo.

— Alteza, vai direto esperar a noiva, — Sir Filipe me instruiu.

Os convidados já estavam reunidos, Vicent já está esperando pela minha irmã, caminho até o lugar que me pertence e levo as mãos para trás muito orgulhoso do que está por vir.

Observo que os meus pais estão totalmente à vontade sentados em um lugar de honra juntos do rei Trento e sua rainha, os dois soberanos nos olham cheios de expectativas, como se Vicent e eu fôssemos os salvadores dos reinos... de certo modo, somos.

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