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Capítulo 3

Arthuro

"— O senhor sabe que eu admiro Marlenout e qualquer reino digno de admiração, será uma honra para mim firmar a aliança entre os nossos reinos.

— Garanto que a princesa Penélope irá agradá-lo, filho, além de ser princesa de Marlenout ela é uma bela jovem.

—  Não me importo com a aparência dela, pai, ela já possui todos os requisitos necessários para ser a rainha de Kahabe: é uma mulher e é princesa de um próspero reino.

— Ótimo, então iremos aceitar o acordo."

Passei e repassei em minha mente inúmeras vezes ao longo dos meses a conversa que tive com o meu pai naquele dia. Foi sábia a proposta do rei Trento, minha irmã se tornará a rainha de Marlenout, casando-se com o príncipe William, e em troca eu devo desposar a princesa Penélope, tornando-a rainha de Kahabe, uma aliança inquebrável! Houve alguns desentendimentos tolos sob a questão do casamento entre a minha irmã e o príncipe William, o meu pai é um homem extremamente fiel às suas palavras e espera o mesmo ou até mais de seus aliados, acontece que alguns comportamentos do Príncipe William não o agradam, entretanto na minha opinião o que importa é se ele está empenhado em ser um bom rei e em fazer de tudo para que a paz permaneça reinando, desde que ele pense assim eu não terei nenhum problema com ele, não me importo se ele já foi um criminoso procurado, um homem sem nenhum tipo de caráter, o que me importa é o reino que ele deve governar, com isso eu me preocupo, o pobre príncipe William na verdade é um tolo que acredita em uma baboseira como o amor, acredito que a sua infância solitária o tenha transformado em um homem carente de afeto, o que o fez confundir a atenção que a minha irmã lhe deu com amor. Por isso prefiro chamá-lo de Vicent, quando ele era um ladrão pelo menos pensava estrategicamente e não deixava se levar por um sorriso feminino.

— Alteza! chegaram dois homens da vigia do Vale Branco, eles trouxeram um relato importante sobre a noite passada. — um soldado invadiu a minha tenda.

Estou em um propósito de varrer os rebeldes do norte de Kahabe, nesta região há bastante ataques às vilas e igrejas, aos poucos vou capturando e aniquilando esses vermes.

— Certo, — saio para fora da tenda, seguindo o guarda até os dois homens.

Estou vestindo a minha armadura por cima de roupas simples, dessa forma eu não serei facilmente reconhecido pelos rebeldes, em minha mão esquerda está amarrada um faixa suja de sangue, me cortei em uma luta que tive ontem com um homem que tentou invadir o nosso acampamento acompanhado de outros sete homens, os tolos pensaram que eram fortes e treinados o suficiente para derrotar cem homens do rei incluindo seis dos cavaleiros reais? Pff. O tolo homem que me feriu em luta teve a sua garganta cortada pela ponta da minha espada, eu não perdoo rebeldes que não se entregam.

— Alteza, — os dois homens dizem em conjunto, fazendo uma mensura.

— O que aconteceu no Vale Branco?

— Alteza, durante a vigia capturamos um homem que saiu de onde fomos instruído a vigiar, não sabemos a forma como ele entrou...

— Era isso? vieram até mim para me contar que existe uma passagem secreta pelo Vale Branco?

— Em apenas cinco minutos de tortura conseguimos arrancar uma informação valiosa do homem, o rebelde Tyron e os treze homens dele estão planejando atacar a grande igreja do Vale Branco, vossa alteza estava certo quanto ao padrão de ataques dos rebeldes.

— Faremos uma emboscada, vamos pegar o Tyron — sorrio feliz com o pequeno avanço.

Tyron é um dos mais terríveis, esparrama o terror por onde passa e por isso não foi difícil seguir o rastro dele, quero resolver essas questões com ele antes do meu casamento, dentro de uma semana eu farei a viagem até Marlenout para me casar com a minha noiva e eu detestaria deixar as coisas pela metade por aqui.

Recebi há alguns dias atrás uma carta do meu pai dizendo para que eu termine o mais breve possível por aqui.

Pois é, infelizmente o tempo passou muito rápido desde que eu fiquei noivo da princesa Penélope, eu deveria ter aproveitado melhor os meus dias como solteiro, não me refiro à diversões com mulheres e sim em aproveitar o fato de não precisar me preocupar com uma esposa, ainda mais sendo a filha de um poderoso rei certamente vai me exigir ainda mais esforço. Espero que a minha mãe me ajude com isso, se a princesa Penélope for tão exigente quanto a minha irmã Lívia, então ficarei em apuros quanto aos meus compromissos, compromissos esses que eu não abro mão.

(...)

— BEBAM E COMAM À VONTADE! VOCÊS MERECEM PELO BOM TRABALHO! — falei segurando um copo de bebida no alto, animando os meus homens.

Não perdemos nenhum homem durante a emboscada que armamos para o Tyron e seu bando, tudo correu como o planejado.

— QUE A NOTÍCIA SE ESPALHE, E QUE TODOS SAIBAM QUE NINGUÉM DEVE SE METER COM O PRÍNCIPE ARTHURO! EM KAHABE NÃO HÁ LUGAR PARA REBELDES! URRA! — meu companheiro de batalhas, o Jucão, diz em voz alta, comemorando a nossa vitória.

— URRA! — os homens gritam em conjunto.

— NINGUÉM DEVE SE METER COM A GUARDA DO PRÍNCIPE ARTHURO! O MÉRITO DESSA VITÓRIA NÃO É SÓ MEU!  — os homens se alegram, gargalhadas e conversas ecoam pela taberna.

O que eu poderia ter feito sozinho além de ser morto pelo primeiro bando que eu encontrasse? A verdade seja dita: um líder não é ninguém sem os seus fiéis seguidores.

— Alteza, posso me juntar à vocês? — meu escudeiro, o jovem Mateo.

— Já penteou a crina do Fergus duzentas e vinte vezes?

— Sim, alteza.

— Já retirou as merdas de cavalo das minhas botas?

— Sim, alteza.

— Então está esperando o quê? Sente-se aqui, beba conosco, mas não exagere, amanhã eu não quero ver você indisposto.

— De certo que eu não vou exagerar, alteza.

O sorriso do jovem Mateo lembra o meu tempo de moço, sinto saudade de sorrir tão empolgado por uma simples conquista como ter conseguido segurar a espada da maneira correta... tudo se tornou tão monótono que a única coisa que consegue me deixar satisfeito é esse sentimento de ter vencido uma batalha, acredito que quanto mais velho se fica, isso só piora.

E estando casado então? Tudo bem, o bem do povo e a paz mantida vem antes de qualquer sorriso que eu queira dar.

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