CAPÍTULO 07 – PROVOCADA PELO ALFA
Despertei abruptamente com os raios de sol invadindo o quarto através da janela. Minha primeira visão foi da cama em que estava anteriormente. No entanto, percebi que algo estava diferente. Levantei-me, desorientada, e comecei a procurar freneticamente por Conan, meu coração acelerando à medida que minha busca se revelava em vão. Ele não estava mais em seu berço.
Uma onda de temor apoderou-se de mim, inundando minha mente com pensamentos angustiantes. Será que nunca mais o veria? Nunca mais sentiria seu doce aroma de bebê? Minhas passadas ansiosas me levaram de um lado para o outro pelo quarto, e minhas mãos tremiam quando tentei abrir a porta, que estava trancada. Uma cadeira próxima à janela chamou minha atenção, e em um acesso de raiva e desespero, a arremessei com força. Eu me sentia exausta e completamente nervosa.
Gritando, passei as mãos pelos cabelos e respirei profundamente, tentando recuperar minha compostura. 'Agatha, em que confusão você nos meteu?', exclamei, dirigindo minha frustração para mim mesma."
Finalmente, a porta se destrancou e deu lugar a Victoria, que entrou no quarto com um sorriso gentil. Seus olhos, agora humanos, refletiam uma compreensão que eu jamais imaginara encontrar.
Ela se aproximou de mim, segurando uma bandeja de café da manhã, e perguntou com delicadeza: 'Está se sentindo bem, querida? Você precisa se alimentar para aguentar o que está por vir.'"
Minha única preocupação naquele momento era Conan, e eu ignorava suas instruções. - Onde está Conan? - gritei.
- Neste momento, é muito perigoso para ele permanecer nesta cabana - ela explicou calmamente, colocando a bandeja em uma mesa próxima à cadeira que eu havia arremessado.
- Você acredita que seu todo-poderoso rei não pode proteger o próprio filho? - zombei, com um tom de ironia.
Victoria riu do meu comentário e deu de ombros com um gesto zombeteiro. - Você realmente não gosta dele, não é mesmo?
- Não costumo simpatizar com lobos ou caras que tentam me caçar - eu respondi com um sorriso sarcástico, sentando-me na cama. - Ele está bem?
Ela assentiu, entendendo que minha preocupação era com meu sobrinho. - Por favor, coma. Você está visivelmente fraca - Vick disse, pegando a bandeja e a aproximando da cama com cuidado, cada gesto demonstrando gentileza para não me assustar ainda mais.
- Eu não estou com fome...- suspirei, relutante, - mas vou me esforçar para comer. Preciso proteger meu corajoso sobrinho.
Decidi, com firmeza, que o protegeria pelo resto da minha vida. Focando nesse pensamento, sentei-me à mesa e comecei a comer, determinada a enfrentar o que estava por vir.
- Sua transformação acontecerá hoje – Como se lesse minha mente, ela avisou – Quero que coma e supere o processo!
Saltei da cadeira, tomada pelo susto.
- Eu não deveria ter três dias? - indaguei, visivelmente aflita.
- Querida, você esteve dormindo por dois longos dias - sua voz soava tranquilizadora. - Você está certa, o bebê não está seguro com o meu irmão no momento. Ele...- Ela olhou ao redor, garantindo que sua voz não fosse ouvida por ninguém. - Ele não costumava ser assim. Desde que foi amaldiçoado, seu comportamento tem sido estranho. Eu sempre acreditei que sua irmã o ajudaria a superar o mal. Talvez eu tenha me enganado...
Antes que ela pudesse concluir, o Alfa entrou abruptamente no quarto, olhando-nos com severidade.
- Que a Lua a abençoe e ilumine seu caminho conosco - Victória declarou ao se levantar e sair cabisbaixa, evitando olhar para o irmão.
- Todos o temem, não é mesmo? - desafiei-o com um olhar firme.
- Você me teme? - ele perguntou com sarcasmo.
- Não - respondi sem hesitar.
- Não? - ele se aproximou predatoriamente, tentando me encurralar. Pela primeira vez, o medo não se fez presente.
- Não. Sei que você não quer me matar. Ainda não entendi por que você quer me manter viva - afirmei.
- Você já é quase um cadáver. Seria covardia tirar sua vida agora. É necessário que você passe pela transformação, e somente nossa Deusa Lua determinará o seu destino - ele explicou.
- O que acontecerá se eu sobreviver à transformação? - perguntei, observando sua postura cordial. Era estranho ver como um lobo sanguinário podia se transformar em um homem tão belo. Devia ser ironia do destino!
- Se você chegar ao ponto de se tornar uma loba, então poderei caçá-la de verdade... - Ele me encurralou contra a parede, sua boca humana se aproximando do meu pescoço com delicadeza. Eu sabia que ele estava disposto a me provocar de todas as maneiras possíveis. - Dessa vez, humana, vou me deliciar com a sua carne e sangue.
Uma sensação estranha percorreu meu corpo. Apesar do medo que me dominava, uma chama ardente acendia no meu interior, ansiosa por brincar com o perigo. Engoli em seco e tentei empurrá-lo, mas ele não se moveu.
Deslizei por baixo dos seus braços, buscando um espaço seguro para respirar. Percebi um sorriso divertido escapar de seus lábios, mas optei por ignorá-lo.
- A transformação vai doer? – Abaixei o olhar, perguntando em um sussurro singelo.
- Mais do que você possa imaginar, humana... – A franqueza em suas palavras me fez erguer o queixo em sua direção.
- Como é a transformação? - Ele voltou a se aproximar falando pausado.
- Primeiro, seus ossos vão começar a quebrar, te lançando ao chão. – Seus olhos estavam cerrados. – Depois acontecerá o crescimento de pelos densos em todo o seu corpo. O alongamento dos membros, considero a parte mais excitante da dor. – Ele brincou com um tilintar da língua antes de prosseguir. – Aí vem o encurtamento do focinho e o desenvolvimento de garras e presas afiadas.
Respirei fundo, tentando processar o que estava por vir.
- Algo mais que devo saber? – Com a voz trêmula, perguntei.
- A perda de controle é iminente. – Seus olhos cintilaram, como se tivesse percorrido alguma lembrança escondida em sua mente. – A sede por sangue é insaciável, a fera a dominará, fazendo agir principalmente por instintos primitivos. Resultando em ataques violentos contra qualquer pessoa ou animal à sua frente!
- Me tornarei irracional? – Tapei a boca, tentando controlar o nó que se formara em minha garganta. – Como vocês controlam isso?
Rindo, ele já me alcançara, puxando-me para perto e fincando suas garras não muito fundo em meu quadril, provocando um gemido de dor.
- É necessário força, treinamento e ter a Deusa ao seu lado, humana...– Ele encolheu as garras, deixando apenas uma cumprida, e voltou ao meu queixo, arranhando-o e recolhendo uma gota de sangue. Lambeu-a e sorriu. – Não se preocupe, estarei aqui em todo o seu processo...
- Para garantir que morrerei? – Com lágrimas nos olhos, dei mais alguns passos à frente, entrando em seu jogo perigoso, notei sua respiração um pouco mais densa.
- Você lembra muito a ela. – Ele murmurou, encostando sua testa na minha. – Para garantir que sua transformação não saia do controle e para testemunhar a escolha da Deidade. – Com mais pressão na testa, me obrigou a ceder alguns passos com a dor.
