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CAPÍTULO 06 – A ISCA PERFEITA

Não demorou muito para que um grupo de lobos emergisse do fundo da floresta, como se deletassem a ameaça iminente. O Alfa havia se transformado em sua forma lupina pouco antes da matilha se aproximar.

- Eles são muitos", exclamei preocupada, pegando meu fiel estilete na mão e apontando para as feras que nos cercavam. - Você não é um rei? Cadê sua matilha? - O fitei em busca de respostas, o fazendo rir das minhas palavras.

- Para esses insetos, basta apenas eu e meu Beta - disse ele com convicção, eu não sabia dizer se era seu ego ou loucura.

- A humana nos pertence, Alfa, nos devolva ela e os deixaremos em paz sem muitos estragos - rosnou um lobo de tom escuro, parecia ser o líder daquele pequeno bando.

- A humana é uma aliada de vocês? - exclamou o Beta Oliver.

O lobo escuro farejou em meu sentido, buscando reconhecer, até que parou, semicerrando os olhos em dúvidas.

- Sua aparência é idêntica, mas seu cheiro não é o mesmo, que feitiço é este? Nunca vi nada assim antes - disse o lobo escuro, perplexo e confuso.

- Não sou a Agatha", reforcei. - Qual era o seu elo com ela? O que fizeram com a minha irmã? - Em um impulso determinante, me ergui do chão com dificuldade, pronta para obter as respostas que precisava.

- Irmã - Havia malícia no lobo ao fundo, que não estava em posição de ataque. Ele avaliava cada postura de cada membro presente próximo à cabana. - Vocês por acaso eram gêmeas idênticas? - perguntou intrigado, passando as patas na orelha como se o conflito à frente não estivesse acontecendo.

- E o que isso importa? - rugiu o Alfa, causando arrepios nos pelos de todos os lobos presentes. Sua aura era intensa.

- Ora, ora, Rei... não sabia que era curioso - zombou o lobo astuto de fundo, que parecia preguiçoso. - A Humana fora marcada por um de nós, segundo as leis, ela nos pertence!

- Segundo as leis, isto será determinado em sua transformação e local - rosnou o Beta, ficando em minha frente em modo de defesa. - Ela deve ser importante para arriscarem enfrentar nosso rei!

- SEU REI, BETA OLIVER - uivou esbravejando o lobo de tom escuro. - Não nos ofenda ou ofenda nosso Alfa da Lua Crescente!

- Se seu Alfa é tão digno assim, por que não veio lutar suas próprias batalhas? - me intrometi, sem saber ao certo de qual lado deveria ficar.

Os olhos do Alfa se voltaram aos meus em orgulho, pude sentir a satisfação diante do meu questionamento.

- Calada Humana, seus questionamentos perante nossa majestade são uma blasfêmia! - ameaçou o lobo escuro, prosseguindo mais alguns passos e incentivando os outros a criarem um meio círculo ao nosso redor.

O outro lobo que avaliava ao fundo continuou parado em seu canto e instruiu: "Matem o Alfa e o Beta, tragam a Humana com vida para nosso rei!", cantarolou divertido.

- Qual a importância dela para vocês? - brandiu o Beta enfurecido. - Se não responderem por bem, arrancaremos por mal as respostas de vocês.

- Tentem, se forem capazes! - Brincou o lobo preguiçoso, obrigando os demais de seu bando a olharem com medo diante do Alfa à sua frente. - Não sejam covardes, ele é amaldiçoado, abandonado por nossa Deusa, matem o logo!

Havia malícia no olhar do Alfa quando o lobo preguiçoso explanou as palavras. Habilmente, ele se lançou sobre um dos lobos, iniciando o conflito direto. Seu braço direito, o Beta, foi para cima de mais dois à frente, mordendo um na altura do ombro e outro na pata. O Alfa rugiu, fazendo o Beta travar no lugar e se afastar, deixando o campo de batalha para sua excelência.

Não podia negar, ele era de fato o predador dominante, mas algo em sua postura havia mudado, tornando-se uma fera violenta que atacava sem piedade. O Beta se voltou em minha direção apressado:

- VAMOS, aqui não é mais seguro! - me empurrou com o focinho, fazendo-me correr em direção à cabana.

- E com você por acaso é seguro? - manquei quase caindo indo para casa.

- Acredite, sim - disse o Beta, com um leve medo em seus olhos. Quando segui a direção, vi o Alfa dobrar de tamanho, tornando-se irreconhecível. Sua pelagem se tornou mais grossa e densa, suas presas estavam cheias de sangue e pedaços de pelo e carne dos outros lobos que havia arrancado pedaços.

Quando observei o ambiente, vi apenas dois indivíduos gravemente feridos tentando escapar, mas ele não permitia que se afastassem muito.

Logo, adentramos a cabana, e o Beta me conduziu a um quarto que parecia saído de um pesadelo. Entramos e continuamos a avaliar as filmagens... Aquele Alfa não se assemelhava ao que eu havia conhecido; era... Era... Uma verdadeira fera sedenta por sangue!

Só de imaginar ele próximo ao Conan, - Tapei a boca quando um soluço escapou, fazendo percorrer um arrepio pela minha espinha.

Vimos o Alfa se virar para o lobo preguiçoso e rugir:

- Avise ao seu Alfa que a Humana me pertence. Quando ela não me for mais útil, mandarei seus restos para que apreciem! – Um rosnado estrondoso explodiu – A menos que queira que eu o envie em pedaços para o seu rei.

Ele estava totalmente sombrio; o lobo preguiçoso estava acanhado, afastando-se enquanto as patas claramente tremiam. Ele se virou e correu, incentivando o Alfa a persegui-lo.

Não o vimos por horas, e o Beta não indicava que sairíamos do local tão cedo. Sentei-me, tocando a ferida que parecia estar levemente cicatrizando, mas ainda doía muito.

- Como isso é possível? – Analisei.

O Beta voltou seu olhar na minha direção.

- A transformação já está acontecendo. Ela se completará quando a lua atingir o seu pico mais alto. – Explicou.

- Eu vou morrer, não é mesmo? – Abaixei o olhar, triste. – Não posso deixar Conan nas mãos deste Lycan. Ele é...

- Ele foi amaldiçoado, mas jamais machucaria aqueles que ama. O filhote é fruto dele! – Interrompeu Oliver. – Você não o conhece, evite falar do que não sabe!

- Eu sei o suficiente. Ele assustou tanto minha irmã que ela se sentiu obrigada a fugir e se esconder dele... – Fiz uma pausa. – Mesmo em seus últimos suspiros, o seu pedido foi para proteger meu sobrinho. - Uma lágrima rolou pela dor da perda e a dor física. – Ele me caçou, machucou e...

- Ele também a salvou dos Lua Crescente. – Oliver franziu o cenho. Mesmo através de sua pelagem, era perceptível seu desconforto ao falar mal do seu rei.

- Para me usar como isca! – O lembrei.

- Precisamos entender suas intenções. Você não sabe quem sua irmã era para ele ou o que representou! – Oliver cerrou os punhos.

- Então me conte, por favor. – Ergui meu olhar para o lobo à minha frente. – O que ela fez de tão ruim que o fez odiar os humanos?

- Ela o traiu da pior forma! – Ele uivou feroz, declarando que aquela conversa havia se encerrado.

À medida que as horas passavam, cedi à exaustão e fraqueza, acabei adormecendo, segurando firme meu estilete junto ao meu corpo encolhido no canto.

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