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Capítulo 4

4: o presente

O PONTO DE VISTA DE Camille

No dia seguinte, enquanto eu costurava um vestido para uma cliente, pensativa, um barulho incomum chamou minha atenção. A campainha da oficina toca insistentemente. Inès correu para abri-la, mas antes mesmo de dizer uma palavra, uma figura familiar apareceu na porta.

Natanael.

Sua aparência impecável e carisma natural iluminaram a sala. Ele usava um terno escuro e perfeitamente ajustado que parecia gritar “poder” a cada passo que dava. Senti meu coração disparar, mas rapidamente me recompus, fingindo indiferença.

“Olá, Camille,” ele disse suavemente, seu olhar imediatamente encontrando o meu.

Larguei minhas ferramentas, cruzando os braços para me recompor.

—O que você está fazendo aqui? Eu perguntei, tentando esconder minha surpresa e uma pitada de nervosismo.

Um sorriso torto esticou seus lábios.

– Eu queria ver você.

Inês e Jade, que observavam a cena com fascínio, trocaram olhares espantados. Dei-lhes um olhar significativo para irem embora, mas Jade sussurrou ao sair:

— Não o deixe ir, Camille.

Suspirei, virando-me para Nathaniel.

—Você costuma aparecer assim na casa das pessoas?

“Não”, ele respondeu calmamente. Mas para você, abro exceções.

Ele se aproximou lentamente, diminuindo a distância entre nós, e senti aquela tensão eletrizante, quase palpável, crescendo novamente.

“Olha, Nathaniel,” eu disse, evitando seu olhar ardente, “eu não acho que você deveria estar aqui.

- Para que ? ele perguntou, com um brilho de diversão em seus olhos. Porque você tem medo de como se sente?

Levantei a cabeça, magoada com sua audácia.

“Não sinto nada”, respondi rapidamente, rápido demais.

Ele parou, com um sorriso divertido no rosto, mas seu olhar era intenso.

— Você é uma péssima mentirosa, Camille.

Sua confiança me desestabilizou. Eu queria gritar, afastá-lo, mas outra parte de mim, a parte que eu não queria admitir, queria que ele continuasse, quebrasse minhas defesas.

— Nathaniel, não sou como essas mulheres que você vê. Não vou me apaixonar por você porque você é rico ou atraente.

“Isso é bom”, ele murmurou, aproximando-se um pouco mais. Porque não é isso que estou procurando.

Seu olhar olhou para o meu e senti um arrepio percorrer meu corpo. Ele estava tão perto agora que eu podia sentir seu cheiro amadeirado e inebriante. Meu coração batia forte, mas me recusei a ceder.

Dei um passo para trás, levantando a mão para criar distância.

— Você deveria ir embora.

“Se é isso que você quer, eu vou embora”, ele respondeu suavemente, mas não se mexeu.

Um pesado silêncio se instalou entre nós. Eu sabia que ele estava esperando por alguma coisa, um sinal, mas não pude dar a ele. Agora não.

“Você é tão... teimoso,” eu finalmente sussurrei, incapaz de desviar o olhar dele.

Ele sorriu, desta vez com uma gentileza que me desarmou.

—E você, Camille, é muito mais forte do que pensa.

Ele deu um passo para trás, deixando-me recuperar o fôlego, mas não precisou ir mais longe. O efeito que ele causou em mim já era imenso e eu sabia que ele sabia disso.

“Eu voltarei”, disse ele, indo em direção à porta. Não para forçar sua mão, mas porque acredito em nós.

Fiquei paralisado, observando-o sair, incapaz de se mover ou falar. Assim que a porta se fechou atrás dele, Jade e Inès saíram da sala dos fundos com os olhos brilhando de curiosidade.

- ENTÃO ? Jade exclamou. Ele está realmente lá para você, hein?

Fingi encolher os ombros, mas minhas bochechas traíram minha confusão.

“É impossível”, murmurei.

Inês ri.

“E você já o ama”, acrescentou ela com uma piscadela.

Virei-me, recusando-me a responder, mas as palavras deles ressoaram dentro de mim. Nathaniel já havia abalado minhas certezas e eu sabia que isso era apenas o começo.

Poucas horas depois de sua visita surpresa à oficina, enquanto eu costurava silenciosamente um vestido para uma cliente, um caminhão de entrega parou em frente à loja. Franzi a testa ao ver dois homens descerem e caminharem em direção à porta, carregando uma caixa enorme e cuidadosamente embrulhada.

— Com licença, esta é a oficina da Camille? perguntou um deles.

Olhei para cima, perplexo.

— Sim, aqui é bom.

O homem assentiu e colocou a caixa bem na minha frente, depois me entregou um papel.

—É para você. Você deve assinar aqui.

Peguei a caneta, ainda mais confuso.

— Mas… eu não pedi nada.

“Só entregamos”, respondeu ele com um sorriso antes de sair.

Inês e Jade, atraídas pelo barulho, aproximaram-se curiosas.

-O que é aquilo? Jade perguntou, apontando para o pacote.

Encolhi os ombros, tão perdida quanto ela.

-Eu não faço ideia.

Após alguns minutos de debate, decidimos abrir o pacote. Quando a caixa foi finalmente desembrulhada, um brilho metálico e brilhante nos deixou boquiabertos.

“Oh meu Deus,” Inès respirou. Isso é…

“Uma máquina de costura de última geração”, sussurrei, incapaz de desviar o olhar.

Ela era magnífica. Branco imaculado, com toques dourados, parecia saído de um sonho. O modelo era tão avançado que só tinha visto fotos dele em revistas profissionais.

Jade encontrou um envelope preso à caixa e me entregou.

— Há uma carta.

Abri com dedos trêmulos, já adivinhando o remetente. As palavras escritas em letras elegantes confirmaram minhas suspeitas:

“Camille, seu talento merece as melhores ferramentas. Espero que esta máquina inspire você a criar ainda mais maravilhas – Nathaniel”.

Meu coração deu um pulo e fechei a carta rapidamente, ciente do olhar insistente de meus amigos.

- ENTÃO ? De quem é? perguntou Inès com um sorriso malicioso nos lábios.

Eu suspirei.

– De Natanael.

A reação deles foi imediata: gargalhadas e exclamações entusiasmadas.

“Ele está realmente interessado nisso,” Jade comentou, cruzando os braços. E você, o que está esperando para ceder?

“Não é tão simples”, respondi, colocando a carta no bolso.

Mas, verdade seja dita, meu coração ainda batia rápido. A simples ideia de que ele tivesse pensado em mim, de ter encomendado algo tão caro e útil para o meu trabalho, despertou um estranho calor dentro de mim.

“Se um homem me oferecesse isso, eu me casaria com ele imediatamente”, brincou Inès.

Revirei os olhos, mas não pude deixar de sorrir ao olhar para a máquina.

Nathaniel estava jogando um jogo perigoso. Ele sabia como me desestabilizar, como superar minhas defesas, e isso me assustou tanto quanto me agradou.

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