chapter 6
Reino Karnnack
Rustler, com os seus homens mais fieis, estavam numa banheira enorme, conversando sobre novos projectos . A maioria das vezes o rei, preferia banhar-se sozinho ou com a sua esposa, mas desta vez aproveitou a companhia dos amigos de longa data. Eram três homens na banheiro Tarnísio e Natfack.
– Então já houve a primeira chuva no reino Bolonia? – Rustler comentou
– Já, significa que o Hareed já pode se casar com princesa Rayana. – Tarnísio comentou
Rustler revirou os olhos, nunca teve simpatia pelo rei Marles. Logo ficou se sabendo que já havia ocorrido a primeira chuva no reino Bolonia.
– Promessa é promessa! – Natfack comentou.
– Se o meu filho gostou do Rayana, assim seja, que se marque a data do casamento! – Rustler comentou. – Ele se casará com ele e ele será o meu sucessor.
– Pretende mesmo fazer Hareed o seu sucessor? – Natfack perguntou.
– Ele é um bom garoto, creio que ele será um bom rei. – Rustler comentou, pensando no seu filho Rounan, que era conhecido como morto e ele nunca conseguiu encontrar o seu corpo. Fazia-lhe falta até hoje e nunca se perdoou por não ter tido mais cuidado.
Logo mais entraram três mulheres, as concubinas que serviam aos homens do castelo. Os três sorriram de lado, apreciando as mulheres, enquanto elas esperavam que lhes dessem permissão. Das três havia uma garota, de cabelos pretos e longos, que olhava para o rei de forma pervertida. Ela entrou na banheira junto com as outras, caminhando próximo ao Rustler estando de frente para ele.
– Majestade.... me chamo Madally e estou aqui para servi-lo. – Ela sorriu e passou a mão no peito do rei.
– Agradecido, mas eu estou de saída... – Rustler afastou, guiando -a para o Natfack que estava ansioso por tê-la. A garota sorriu, sem demonstrar o seu desgosto e aceitou sugestão.
Rustler se retirou do banheira, vestiu o seu robe e se retirou. Madally, tendo os beijos do Natfack no seu pescoço não conseguia tirar os olhos do rei. Apreciando o andar, a estrutura física do homem e admirando cada vez mais, tendo a certeza absoluta que rainha era uma mulher de sorte, por ter um homem que não tocava nas outras mulheres para além da mesma. Ela voltou a olhar para Natfack e fez o que fazer de melhor, dar prazer.
Reino Bolonia
Na sala de recepção Marles estava sentado no seu trono recebendo um casal de amigos, descendetes de familias reais de outros reinos. Um casal que vinha acompanhdo do seu filho mais velho, krigor. Um homem alto de cabelos marrons.
– Ilustres amigos… Sejam bem vindos. – Marles abriu os braços e os abraçou-lhes. – Rigor, Celia e Krigor
– Marles. – Rigor comentou
Celia cumprimentou a Feliscia.
– Podemos conversar, irmão?
– Claro! – Marles sorriu e acompanhou o Rigor até a outra sala, onde pudessem conversar mais a vontade. Feslicia e a Celia, faziam-se companhia uma a outra enquanto caminhavam pelo castelo, deixando apenas o Krigor que decidiu tomar o seu proprio rumo.
– A que devo a honra?– Perguntou o Marles entrando na sala e convidando o Rigor para se sentar a sua frente. Rigor suspirou pensando em como iria iniciar o assunto, que o preocupava.
– Temos um problema, a família real do antigo reinado, quer revindicar as minhas terras, então temos tido algumas guerras civeis…
– Entendo!
– Sei que o seu reino também tem sofrido esses ataques, lhe sugiro uma aliança! Meu fiho Krigor se casar com a sua fiha, Rayana
– Velho amigo, Rayana já prometida ao principe Hareed do reino Karnnack. – Marles comentou com um certo orgulho
– Então a sua filha Belina…
Marles pressionou as mãos tentando disfarçar o seu desgosto, nunca gostou de mencionassem o nome da sua filha mais nova. Um olhar maligno possessivo surgia quando algum pretende surgia para a Belina.
– Perdão caro amigo, mas tenho outros planos para Belina! O que posso fazer é lhe oferecer alguns soldados meus para lutarem por ti
Rigor acenou a cabeça aceitando a proposta do Marles. Eles eram amigos de anos, mas o facto do Rigor não ser um rei apesar de ser da familia real, preocupava o Marles. Ele não tinha intenções de destinar as suas filhas a homens que não iriam reinar. Krigor sentindo-se sozinho, deu-se a liberdade de dar uma volta pelo castelo observando o seu redor, na verdade ele procurava uma princesa que sempre apreciou. Pelo caminho, ele deparou-se com uma das criadas do castelo e entregou-lhe um papel, pedindo que entregasse a princesa. Para conseguir o seu silêncio, deu-lhe uma moeda de bronze. A criada acenou a cabeça e recebeu a carta, indo ao encontro da princesa que Krigor desejava.
– Princesa Rayana…
Rayana olhou para ela
– O Aidan, pediu-me que lhe entregasse… – A criada estendeu o braço amostrando-lhe a carta.
– Aidan? – Rayana ficou supresa ao escutar o nome, mas logo disfarçou e teve a carta em suas mãos.– Agradecida, pode se retirar. – Rayana pegou a carta, abrindo um sorriso no seu rosto e pos-se a ler.
“ Princesa Rayana, minha única estrea, encontre-me no mesmo local de sempre”
Rayana respirou fundo ao terminar de ler, lembrando-se dos momentos felizes que ela teve em segredo com Krigor, dos segredos que apenas os dois compartilhavam. Fazia um mais de um ano que eles não se viam e não tinham contacto, depois que o Krigor teve que ir a guerra para apoiar o seu tio. Ela sabia que estava vivo, mas perderam o contacto e meses depois, Rayana ficou prometida ao Hareed. Ela escondeu a carta, ajeitou o seu cabelo e foi ao encontro, do primeiro amor da vida dela. Caminhando até ao jardim, indo até um local mais discreto, onde tinham mais árvores e plantas mais altas com pouca iluminação. Um lugar que guardava todos os segredos de uma princesa que se apaixonou por um soldado.
– Rayana…
Rayana logo se virou vendo o Krigor na sua frente, ela sorriu e dois se abraçaram fortemente. Um abraço de saudade, carinho e paixão.
– Cada vez mais bela…
Rayana olhava para o Krigor, vendo o quanto ele havia mudado, já não era mais aquele garoto que ela conheceu.
– Se tudo der certo, estaremos destinado um ao outro – Krigor quis beija-la mas ela desviou o olhar, mostrando-se distante e indecisa.
– Sem chance, estou prometida ao príncipe Hareed.
– Aquele monstrinho?
Rayana respirou fundo.
– Ao menos serei rainha…
Krigor olhou para ela, percebendo o seu desgosto.
– Devia estar sorrindo, por ser futura rainha do reino mais poderoso…
– Ele é horrível, seu rosto me dá nojo! – Rayana comentou.
– E se fugir comigo?
– Fugir? Endoideceu?
– Eu um sou nobre, meu tio é rei, podemos fugir, casarmos e o meu tio nos protegera! – Krigor fala com convicção.
– Como sabe disso?
– Na guerra, eu salvei a vida! Ele deve um favor….
Rayana sorriu, mas ainda se parecia com receio.
– De que tens medo? Ou não me amas mais?
– Não somos mais aquelas crianças que sonhamos casar e ter filhos!
– Vai escolher a ele, do que a mim! – Krigor segurou-a pela cintura e puxou para junto de si. – Eu que a conheço melhor do que ninguém
Rayana suspirou, sentindo os beijos leves do Krigor no seu pescoço, fazendo-lhe recordar dos momentos felizes que tiveram.
– Lembra aquela noite, que prometeu ser minha, que se entregou a mim de corpo e alma… – Krigou tomou a sua boca, cheio de saudades e amor, sendo correspondido. – Foge comigo…
Raya parou de o beijar e olhou para o seu rosto, ela não via mais o Krigor do mesmo jeito que antes, mas não negaria que tinha um imenso carinho por ele. Ela achava que ao ve-lo estaria mais apaixonada que antes, mas não! Foi uma paixão… uma bela paixão, mas que valeria a pena arriscar.
– Eu fujo com você, mas no momento certo… Fugiremos sim!
– Quando? – Krigor mostrou um sorriso largo de felicidade.
– Eu lhe enviarei uma carta, em segredo! Fugiremos proximo a data do meu casamento… – Rayana fez um carinho no rosto do Krigor. – Não suportaria passar o resto da minha vida olhando para aquele deformado.
Krigor sorriu e voltou a beija-la intensamente, guiando-a até uma das arvores. Sua sudade era imensa que desejava te-la naquele instante, seu amor por ela nunca mudou. Rayana era uma garota que agia consoante o que lhe convinha, consoante o que lhe agradava mais. Aceitou se entregar ao Krigor, como antes, pois se ela tivesse que escolher entre Hareed e Krigor, ela escolheria o Krigor.
Vila florestina
Na vila florestina, existia um castelo abandonado que um dia pertenceu algum rei, mas que agora pertencia o clã dos caçadores e estava sob o comando do Travus. O castelo era uma ruina, não era nada luxuosa, com paredes quebradas e com plantas rastejantes por todo o lado. Era um lugar adequado para quem apreciava a escuridão e cheiro de terra. O clã dos caçadores aproveitou a ruina e fez de sua casa, aproveitando os compartimentos do castelo para ser o teto onde moravam. Um castelo que podia enxergar abertamente a lua com as estrelas no céu. Num dos quartos, havia um homem disfrutava o prazer carnal.
– Isso, toma sua vadia! – Travus gemeu enquanto tomava uma mulher de quatro e batia no seu traseiro. Puxou o cabelo da garota e aumentando as penetrações, indo fundo e soltando o ultimo gemido transbordado de prazer. Depois que termina, volta a dar-lhe outra palmada no traseiro da mulher e se afasta, dando espaço para ela se ajeitar. Travus apenas vestiu um robe, pegou um saquinho de moedas, atirou uma moeda e lhe atira.
– De o fora daqui – Afirmou e ficou indignado por a mulher ainda permanece deitada na sua cama.
A mulher pega a moeda, confusa e furiosa.
– Só isso? Você me fodeu a noite toda, no minimo seria 4 moedas.
Travus se aproxima e lhe da uma tapa bem forte no rosto da garota, fazendo-a gritar de dor.
– De o fora rameira!
A mulher limpa as suas lagrimas, enrola nos lençóis pega a moeda e sai do quarto, as pressas. Travus estando de costas para porta respira fundo, se lembrando de jogar o Lian para os lobos. Um sorriso vitorioso surge no seu olhar, ajeitou melhor o seu robe, sentando numa cadeira e colocou as mãos na mesa, onde um pequeno espelho. Travus fica um tempo olha para o seu rosto no espelho, apreciando o seu rosto maligno, enquanto acariciava a sua barba grisada. Os seus olhos estavam no seu colar de ouro, sentindo-se o homem mais poderoso. O sino começou a tocar. Travus olhou a volta surpreso pois sabia que um dos seus homens estava chamando o clã para se reunirem. O toque do sino simbolizava urgência. Ouvindo som, Travus apenas vestiu as suas calças, pegou a sua espada e foi até local onde todos se reuniam. Um campo aberto, que antigamente era uma sala conferencia com direito a um trono, mas por ter sido destruída tornou-se um lugar aberto. Restando apenas o trono, uma cadeira antiga, coberta de flores rastejantes. Chegado lá nunca ficou tão supresso quando enxergou o rapaz que ele jogou para os lobos.
– Não pode ser...– Travus sussurra em choque.
– Surpreso ao meu ver Travus?– O homem gritou, ainda curativos na sua ferida, mas estava em pé e mais forte que antes. Nunca se sentiu tão vivo como agora.
Travus segurou firme a sua espada, pois sabia o que rapaz queria. Podia enxergar a fúria do Rounan no seu olhar.
– Travus traiu o clã, traiu a mim, quando secretamente me jogou na floresta negra para morrer. – Rounan gritou.
Todos do clã entre olharam-se a alguns que sabiam do que o Rounan falavam, se distanciaram, baixando a cabeça querendo passar por dispercebido.
– Eu exigo um combate mortal... – Rounan afirmou pressionando as mãos na espada.
– Pensa que pode me vencer garoto! Eu sou o Travus o vosso alfa, eu sou mais forte
– Então vem derrotar olho no olho e não pelas costas como fez! Igual a um cobarde, sem honra... – Rounan apontou-lhe a espada. Travus riu-se, disfarçando a sua agonia, pois não enxergava mais o Lian que ele conheceu, via um outro alguém muito mais destemido. Como se o Lian que ele conheceu tivesse ressuscitado do mundo mais obscuro, que até o Deus Onu (Deus do submundo) não se atreveria desafiá-lo. O clã gritou concordando com a disputa, Nemo foi um deles, pois nunca gostou da forma como o Travus. Os dois foram para o centro, estando frente a frente. Rounan irado e raivoso, correu contra o Travus atacando-o. Era uma luta violenta e bruta, dois homens ferozes e que manejavam a espada da sua melhor forma. Travus cai no chão, pega na areia e joga nos olhos do Rounan e nesse instante, aproveita lhe esmurra no abdómen onde tem a ferida. Rounan geme de dor e fica de joelhos.
– Achou mesmo que podia me vencer, seu garotinho! – Travus grtiou caminhando a sua volta. – Achou mesmo que tomaria o meu lugar, Lian...
Rounan respirou fundo, abriu os olhos e a cor verde nunca estiveram tão vivas quanto agora. Travus correu contra ele, erguendo a espada, pronto para cortar a sua cabeça mas por supresa o Rounan se defende e logo poe-se em pé. Mal põe-se em pé, luta contra o Travus, com toda a sua ira.
– Meu nome não é Lian! Eu sou o Rounan, filho do rei Rustler e da rainha Xira, herdeiro do reino Karnnack e dos cinco reinos. – Rounan ergue a espada lutando contra o Travus, jogando toda a sua bravura e ira contra o seu adversário. Travus escutando as palavras fica surpreso, assim como todos do clã ficaram ao escutar a verdade sobre a identidade do homem. Travus mais uma vez cai no chão, logo se levanta tentando se aguentar em pé. Estava cansado e exausto, pois o seu adversário era mais agil e mais forte.
– Você está velho Travus... – Rounan caminhava em direção a ele, enquanto o Travus dava passos para trás. – Está velho, está um fraco, está morto...
Rounan avançou contra ele, como toda sua ira que chegou a quebrar a espada do Travus, deixando o homem em desespero. Travus logo largou, segurou o seu punhal querendo se defender mas antes que pudesse, Rounan cortou-lhe mão. Travus gritou de dor, vendo a sua mão amputada.
– Grita mais que rameiras que você fode... – Rounan logo se aproximou ficou ficando por trás do Travus que estava de joelhos e gritando de dor. Quis se mover mas antes que pudesse, estava sendo asfixiado pelo cordão de ouro no seu pescoço.
– Eu espero que tinha tido uma boa foda, porque foi a ultima... – Lian afirma asfixiando o cordão de ouro no pescoço do Travus.– Saiba que eu não morro tão facilmente!
Travus tentava se soltar, mas sem sucesso. O cordão de ouro era muito mais forte que qualquer metal e cortava a sua pele.
– Lian, eu...
– Meu nome é Rounan e esse cordão me pertence! Esse colar foi dado pelo meu pai e você roubou…– Rounan aperta mais o cordão no pescoço do Travus. – Você jogou nos lobos e agora eu estou de volta para liderar a alcateia!
Travus abriu os olhos de tanto espanto, não crendo no que ouvia. Tentava pegar em algo para se defende, mas estava tão desorientado, que estava perdendo forças. Sentindo o sangue a escorrendo no seu pescoço, pois o cordão estava cortando a sua carne. Sentindo a dor infinita na sua mão amputada e vazando sangue por tudo quanto é canto.
– Você tinha razão, está na hora de escolhermos um outro Beta, porque eu sou o alfa! Preciso que me devolva o que me pertence – Rounan estrangulou o Travus com o cordão, até o homem perder os sentidos, com a outra mão segurou o punhal e cortou seu pescoço do Travus lentamente. Jorrando sangue por toda a parte. O clã gritou e vibrou, mais que os estornos das trovoadas. Caçadores da noite não tinham compaixão para com ninguém, apenas amavam ou odiavam e só idolatravam o mais forte. Rounan ergueu a cabeça do Travus, mostrando a sua victória, o clã gritava de fervor. Com um olhar obscuro, Rounan atirou a cabeça do Travus para o chão, pegou o cordão de ouro, olhando para o pingente de tigre com olhos de esmeralda e colocou no seu pescoço. Estando em pé, coberto de sangue, Rounan caminhou até a cadeira onde apenas o alfa podia sentar, estava apenas alguns degraus acima. Um trono antigo, coberto de plantas rastejantes. Cansado, porém mais vivo do nunca, sentou na cadeira e olhou para o seu clã com um sorriso de lado. Os caçadores pararam de gritar, ficaram olhando para Rounan, como se estivessem cientes agora com quem estavam lidando.
– Caçadores da noite e companheiros de longa data, me chamem por Rounan!
O caçadores olharam para ele surpresos.
– Eu estou voltando para casa! Vocês terão o primeiro caçador que se tornará rei do reino Karnnack!– Rounnan afirmou pressionando a mão na sua pesada.
– Rounan...– Nemo gritou com um sorriso no rosto e assim fizeram os outros. Gritavam o seu nome com orgulhoso e sentindo-se mais fortes do nunca. Rounan estava voltando para casa, ele nunca se contentaria em se apenas alfa, sua ambição era enorme para ser menos que um rei.
Reino Karnnack
Na noite de lua cheia, Xira olhava para janela dos eu quarto apreciando a lua. Xira é rainha do Karnnack, mas a sua origem é do reino Uron. Um reino alegre, cheio de cores e que amavam a natureza, que acreditavam nas energias do universo e os seus deuses eram os animais. No dia que a Xira nasceu, um monte de tigres rodeou o castelo Uron e no meio deles havia um tigre de olhos que a encarava de forma insana, como se quisesse devorá-la. Desde esse dia, ficou sabido que ela pertenceria a um tigre, um dia ela seria por um animal felino... A profecia. A profecia não falhou quando destinava a Xira a um felino, que neste caso foi o seu marido rei Rustler. O tigre mais feroz e selvagem que o reino alguma vez teve. Xira acreditava na profecia, acreditava na lua, no sol e no universo, acreditava que os animais se comunicavam com os seres humanos do seu jeito. Desde o dia que teve o Rounan em suas mãos, ela sabia que ele seria tirado de si e se perderia no meio dos lobos. Sabia que teria um filho sem identidade, só não imaginou que morreria e que ela não poderia protege-lo. Lua cheia para ela e para os Urianos, era o dia que os deuses se exaltavam e se comunicavam com os humanos. Ela esperava uma resposta, todas as noites de lua cheia, a Xira olhava esperando respostas. Com um silencio, Xira afastou da janela e fechou as cortinas, se preparando para se deitar, mas de longe, bem longe ela escutou o uivar de um lobo que logo teve a sua atenção, que voltou para a janela e abriu cortinas e mais uivares surgiram. Vários lobos uivando, fazendo, o coração dela acelerar, um sufoco agoniante esquentou o seu peito.
– Rounan... – Xira deixou cair uma lagrima. Uma mãe... uma mãe nunca perde a esperança de um dia poder reencontrar o seu filho, ainda que esteja declarado morto, ela sempre terá esperancça que ele possa estar vivo em algum lugar e um dia irão se ver novamente. Seja neste ou no outro mundo.
(...)
– Não! – Hareed suspira acordando de um pesadelo. Ergue o seu tronco ficando sentada na cama, sentindo o suor no seu corpo, suas mãos tremiam e o seu coração batia forte. Passava a mão nos seus cabelos dourados que chegavam aos ombros, fechando os olhos, tentando encontrar alguma paz interior, mas era em vão. O rosto do seu irmão, sempre lhe em mente e por vezes era como se o chamas, desde daquela noite, ele nunca mais teve sonos tranquilos. Sua consciência pesava, que chegava a afundar-se numa solidão profunda.
Logo se levantou da cama, colocou um robe e saio do quarto, caminhando pelo castelo. Precisava apanhar o ar frio da madrugada e não mais, precisa de alguém! A única pessoa que leu os seus olhos e enxergou os seus medos, suas agonias e suas mentiras. As pressas ele vai até a porta que vai dar o belo jardim, continua caminhado até onde se encontra as arvores enormes e lá vê uma garota sentada na relva. A única pessoa que iria escutá-lo, a única que o conhecia, então se aproximou dela, ao seu lado. A mulher apercebendo da sua presença, logo se levantou.
– Alteza.... – Ela curvou-se cumprimentando-o.
– Também não consegue dormir Sanya... – Hareed olhou para a única garota que o entendia. Uma linda garota de cabelos longos, pretos, lábios carnudos, olhos negros, sua pele marron a deixava mais linda.
– Eu gosto de apreciar a lua cheia! Venho reino Uron, sabe nos apreciamos a lua...
– Sei, minha mãe que o diga. – Hareed riu-se se referindo a rainha Xira.
Sanya apenas mostrou um sorriso, olhando para ela, Hareed podia enxergar que ela estava um pouco triste.
– O que lhe faz estar acordado a esta hora alteza?
– Consegue ouvi-lo?– Hareed encarou-a apreensivo.
– Os lobos?
Hareed desviou o olhar pensativo e a Sanya logo soube do que se tratava.
– Ainda pensa no seu irmão?
– Todos os dias....– Hareed passou a mão na cabeça. – Como se ele fosse chegar e...
– E se vingar!
Hareed suspirou e pressionou as mãos uma na outra.
– Mais que isso... – Ele sussurrou.
Sanya encarou-o e abanou a cabeça, não crendo
– Ele não faria isso, ele é seu irmão.
– Você não conhece o Rounan! Se ele estivesse vivo e me encontrasse, ele me mataria...– Hareed segurou as mãos da garota, a única que ele conseguia se abrir.
– Mas ele morreu, certo?– Sanya encarou-o.
– Sim! E serei covarde se disser que sinto-me aliviado em saber que está e não desaparecido! Faz de mim alguém maldoso
Sanya fechou a cara, enrugando as sobrancelhas, soltou suas mãos e o encarou, mostrando um absurdo o que ele acabara de dizer. Hareed percebeu que comentou um desaforo, que o único sentimento que lhe restou foi a vergonha.
– Sanya, eu…
– O que a minha opinião importa? Sou apenas uma criada! – Sanya encarou. – Pergunta a sua futura esposa... Soube que logo vai marcar a data do seu casamento! Uma princesa de sangue real, não é?– Sanya afirmou ainda magoada.
– Sanya, você sempre soube que nunca me casaria com você
Sanya nada comentou, pois no fundo ela sabia que não poderia nunca lhe cobrar, ela era uma concubina e nunca seria mais que isso. Depois de tantos anos juntos, Hareed nunca assumiu que lhe amava, pois desejava se ter uma esposa de sangue real. Ele deixou bem claro que ela nunca poderia ser sua esposa. Sanya sendo uma concubina entendeu que nunca se casaria com ele e que não devia se apegar a ninguém, mas o seu amor pelo Hareed era tao grande, que mesmo entendo, lhe custava aceitar.
– Eu entendo majestade! Familia real nunca quer manchar o seu sangue com o sangue de plebeus, ainda mais sendo uma concubina.
– Eu te tornei minha concubina exclusiva, não significa algo para você….
Sanya riu-se ironicamente, fazendo o Hareed engolir a seco.
– Podemos ser amigos?– Perguntou esperançoso.
– Não! Eu sou sua criada nada mais! Então alteza, precisa de alguma coisa?
– Eu desejo a sua companhia
– Pois muito bem, quer que eu tire a roupa, dance para você ou faça algo a mais?
– Não nesse sentido! – Hareed encarou-a por uns segundos, mas vendo o olhar triste da garota tornou-se um fardo que mal conseguia aguentar. Nunca na vida afirmou que lhe amava, nunca se quer pensava em casar com ela, apenas sabia que a companhia da sua criada era melhor sensação tinha. Vê-la magoada, fazia-lhe sentir pequeno. – Boa noite Sanya, obrigado por me ouvir…
– Alteza. – Sanya retirou-se, deixando o Hareed sozinho no jardim. Hareed ficou olhando para lua, escutando o uivar dos lobos, que aceleravam as batidas do seu coração. Desde o dia o Rounan sumiu, declarado morto, Hareed nunca mais teve um sono tranquilo. Nunca orou tanto apelando o perdão dos deuses pelo passado. Ficou horas olhando para lua e escutando os uivar dos lobos, fechou os olhos lembrando-se da ultima noite que viu o seu Rounan desemparado e pedindo socorro. Quando se dá por si, a madrugada tornou-se dia. Passou a noite inteira acordado, até o nascer do sol. Seu rosto estava com olheiras por não dormir.
– Filho...
Hareed vira-se assustado com voz grave do Rustler.
– Pai...
Rustler encarou-o de cima abaixo e passou a mão no seu ombro, vendo que passou a noite em branco.
– Está tudo bem
Hareed acenou positivamente a cabeça, apesar do seu olhar demonstrar o contrário. Rustler percebeu que lhe mentiu, mas deixou passar, entendia que todo homem tinha segredos. Olha para o Hareed vendo o seu garoto havia crescido.
– Prepare-se daqui uns dias irei nomeá-lo meu sucessor
Hareed ficou surpreso.
– Seu sucessor, eu?
– Claro, és meu filho
– Não de sangue e...
– És meu filho, então haja como tal… Entendeu. – Rustler afirmou encarando-o.
Hareed respirou fundo e acenou positivamente cabeça. Queria abraçá-lo mas, ao em vez disso, ele curvou-se mostrando seu respeito e gratidão. Rustler apoiou a sua mão no ombro do seu filho, lhe dando a bênção. Rustler era um rude, não demonstrava as suas emoções e sempre ensinou os seus filhos a manterem-se fortes, que sempre devem manter a postura mesmo se quiserem gritar de emoção. Nessa época da vida, um rei sempre devia se demonstrar como alguém forte o tempo todo, passando segurança ao seu povo, mostrando que nada o superaria.