capitulo 4
Yuri
Pisei fundo no acelerador, fazendo o ponteiro despencar em questão de segundos para 120 km, como ela ousa achar que me tem nas mãos? Porque não continua com seu olhar de desconfiança, ao invés de querer usar o acidente e o amor doentio que tinha por ela como desculpa para me impedir de machucá-la.
Com certeza, está definitivamente errada sobre mim, lancei um olhar para o garoto no banco detrás que parecia estar dormindo sereno, uma ideia maquiavélica surge na minha mente.
É por culpa dele que está assim.
Vai deixá-la achar que pode te controlar?
Pisa fundo e acaba com isso de uma vez por todas.
Foi por sua culpa que estou assim? Que tal se morrermos juntos e acabar com isso de uma vez por todas.
Percebo o sinal vermelho lá na frente, eu teria duas opções, ultrapassá-lo ou não, minhas mãos suavam conforme segurava o volante, algo na minha cabeça dizia para passa-lo, afinal quem se importaria? Minha mãe? que está me usando para se vingar, meu pai? um homem cujo é um estranho para mim? Ou minha querida esposa? uma grande mentirosa! Já estava deixando me levar pelo que meus pensamentos insinuavam, quando de repente uma vertigem me tomou me deixando tonto, minha cabeça começou a dar pontadas horríveis, percebo o carro tombar para o lado, estava preste a perder o controle, piso na embreagem e no freio de uma só vez, colocando minhas mãos sobre a cabeça.
___Ah! minha cabeça vai explodir. - Soltei grunhido retomando algumas possíveis recordações.
___ Por favor, Yuri deixa eu ver! Estefannya disse enquanto eu tampava seus olhos, estávamos na praia, ela parecia radiante com um vestido rosa comprido que não marcavam as suas curvas, porém a deixava uma graça.
__ Larga de ser curiosa, só mais um pouco. Venha e se apoie em mim, vou ajudá-la a subir. - Ela faz o que eu peço. A coloquei no barco com cuidado, e subo ficando ao seu lado.
___ Já posso ver? Sua voz soa um tanto ansiosa.
__ Sim... Cruzei os braços. - Dando lhe permissão, abriu os olhos surpresa colocando a mão sobre a boca.
__ Meu Deus! estamos mesmo em um barco? Me olhou animada correndo para dentro e a sigo curioso. Quando cheguei do outro lado, vejo que está posicionada na ponta com os braços abertos imitando a cena do Titanic, tinha um sorriso travesso nos lábios, e o vento batia contra seu delicado rosto. Me aproximei dela lentamente e abracei sua cintura á puxando para o chão.
__ Sabia que faria isso. - Sussurrou ainda com os olhos fechados.
__ é mesmo? Acha que sabe tudo sobre mim senhorita? Sussurrei no seu ouvido e abriu olhos me mirando exibida com suas safiras azuis.
__ Não queria me gabar, mas...
__ Então quero ver se está preparada para isso. - lancei um olhar ameaçador.
___Não Yuri! se afastou apontando para mim _ Não tem graça, não somos adolescentes, em seguida a abraço por trás e começo a fazer cocegas a fazendo rir de forma exagerada, ela consegue escapar dos meus braços e se afasta recuperando o fôlego, me aproximei dela lentamente, que abriu a boca para me advertir, mas não fez, ao inves disso me olhou totalmente paralisada quando me coloquei de joelhos na sua frente.
___ Estefanny, nunca foi segredo para ninguém o quanto eu te amo, não achei que seria possível amar alguém assim, mas é o que sinto por você, e dessa vez, não irei te perder novamente. __Amor, aqui diante desse céu, tendo Deus como nossa testemunha, aceita se casar comigo? - A encarei sorrindo enquanto vislumbrava seus olhos marejados de emoção.
(..)
___Não, por quê? Esbravejei socando o volante __ não posso me lembrar agora. Não, mil vezes não! Puxei meu cabelo nervoso.
__ Tio Yuri, está tudo bem?
__ Vou ficar, vamos tenho que te levar para casa da sua avó.
Deixei o garoto com sua avó, que perguntou se estava tudo bem com sua filha, forjei um sorriso agradável dizendo que ela estava ótima. Antes de me retirar, o garoto me pegou desprevenido me abraçando carinhosamente, confesso que por mais que eu tente odiar esse menino, não consigo, ele é só uma criança inocente, uma vítima de toda essa situação como um dia eu fui.
Entrei no carro sorrindo amargamente, minha primeira lembrança é do dia que a pedi em casamento, isso é patético!
Liguei o carro seguindo para empresa do meu patrão, por sorte, a dor da minha cabeça tinha diminuído, não posso me lembrar agora, se não colocarei tudo a perder.
Não demorei a chegar no meu real destino, estacionei em frente e desci do carro entrando no local.
Subi o elevador, seguindo rumo ao seu escritório, a secretária me direcionou até sua sala.
__ Yuri que bom que veio. - Girou a cadeira com um sorriso amistoso. _ Sente-se rapaz, já somos íntimos. - Apontou para cadeira a sua frente .
__ O senhor disse que era algo urgente?
__ Sim, estou tendo alguns problemas pessoais, como deve imaginar dinheiro trás muito inimigos, e comigo não poderia ser diferente, estou sofrendo ameaças de morte. Por esse motivo, preciso que proteja minha Filha Mia. Como ela é a mais vulnerável da família, vou confiar sua integridade física a você. Meu filho Junior por sua vez, encarregarei de enviar outro segurança para ser responsável por ele, e como odeia ter alguém no seu pé não vai demorar para ele se livrar do homem, então fique de olho nele também, me mantenha informado acaso houver problemas. Já Mia, não creio que dará muito trabalho, afinal parece gostar muito de você. - Lançou um olhar interrogativo. __ E você Yuri? espero que não esteja gostando dela em outro sentido é claro. Afinal, isso seria trágico, odiaria perder um empregado tão competente como você. - Estreito meu olhos captando seu recado.
__ Na realidade é uma honra cuidar da sua filha senhor, é uma menina muito especial, apenas isso. - Afirmo sincero.
__ Mia é uma garota de uma personalidade forte, assim como o pai, então espero que a proteja como se fosse sua própria vida, aliás, quero que a esconda em algum lugar por um tempo. - Franzo o cenho.
__ Como assim? Indago.
__ Minha esposa e eu teremos que viajar, júnior consegue se virar, e não acho adequado deixar Mia sozinha em casa, mesmo com tantos seguranças ao nosso derredor, quem está tentando nos fazer mal virá atrás dela, e a mansão será o primeiro lugar que irão procurá-la, então te darei apenas duas opções meu caro, duas passagens para viajarem para longe, ou pode levá-la para morar na sua casa por um período. Prometo pagar muito bem, são apenas duas semanas. Tentei analisar toda a situação, Estefannya não vai gostar nem um pouco.
__ Então senhor. O problema é que estou recém-casado. - Falei relutante e interrompo minha explicação.Espera, e daí se ela não gostar? Por acaso me importo? __ Na verdade vou levá-la para minha casa. Quando devo buscá-la para vir morar comigo?
__Amanhã mesmo, essa noite já irei viajar, também quero que não a deixe faltar da faculdade por nada, conheço minha princesa, é bem traiçoeira às vezes.
__ Entendo senhor, então está tudo certo, amanhã mesmo vou buscá-la. - Me levantei e estendi a mão.
__ Gosto de você rapaz, decidido, racional, se continuar assim terá um grande futuro. Mia já sabe da mudança, pode voltar a seu trabalho normalmente, e levá-la a escola. - Aceno em concordância.
Segui para a mansão, minha querida esposa não vai gostar nenhum pouco das novidades, pena que não me importo com o que ela pensa, ou deixa de pensar.
Cheguei em frente à mansão, de longe a avistei no celular conversando com alguém, assim que me vê, acena sorrindo vindo ao meu encontro. Abri a porta do carro para que entre, me virei rapidamente na sua direção e me beija no canto da boca me pegando totalmente desprevenido. A encaro inexpressivo.
__ Desculpa, iria beijar seu rosto, mas você se virou rápido demais, meu Deus! que vergonha. - Passa o dedo no meu rosto limpando a marca do batom. Quase fico hipnotizado por seu jeito encantador. - Balancei a cabeça voltando a realidade, é apenas uma menina Yuri, não caia nas paranoias da sua mãe.
___ Tudo bem, sem problemas. - Seguro sua mão e sorriu sem graça.
___ Não quero que pense que sou uma oferecida. Se encolheu no banco cruzando os braços emburrada, solto uma leve risada. __Por que está rindo? não tem graça. - Me lançou um olhar repreensor.
__ Tem sim, seguro seu queixo. __ Não te acho oferecida, não me deu motivos para pensar isso, você é só uma menina. - Passei a mão no seu cabelo alisando.
__ Claro, para você sou apenas uma garotinha indefesa, não é mesmo? Me diz Yuri, nunca passou pela sua cabeça que já sou uma mulher? Me Afasto dela imediatamente.
__é melhor para nós dois que continue te vendo dessa forma Mia. Quero manter meu emprego e querendo ou não, sou um homem casado e você deve se concentrar em rapazes da sua idade.
__Para cima de mim Yuri? Sei muito bem que sua relação com sua mulher não é das melhores. E sempre gostei de caras maduros se quer Saber. Mas Fica tranquilo, não vou dar em cima de você, afinal não será preciso.
__ Seu pai me contou sobre ter que te esconder. - Comento mudando o assunto.
__ Para variar tem essa agora, creio que vamos para sua casa, não é mesmo? Acha que sua esposa irá concordar?
__ Ela não tem que concordar, é meu trabalho.
___ Não entendo, se a odeia tanto, deveria se divorciar de uma vez.
__ Não é tão simples. _E não quero que se envolva nisso, é assunto meu. - A mirei sério.
__ Está bem, não está aqui quem falou, ergue as mãos. ___ Não gosto de te ver assim tão cheio de rancor. Mesmo que goste de agir friamente com as pessoas, não vou aceitar que seja da mesma forma comigo. - Ela colocou sua mão na minha coxa. __ Eu realmente me importo com você, não faz ideia quanto.
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Meu trabalho terminou e já era noite, fiquei de segurança na mansão, depois a busquei na escola, cheguei em casa com fome e um pouco cansado.
Tirei o terno me sentando no sofá. Senti o cheiro de comida caseira, fazendo meu estômago roncar em resposta.
___ Parece cansado. A comida está pronta, não vai comer? - Senta-se ao meu lado colocando as pernas em cima do sofá e a encaro. Seu cabelo estava preso com alguns fios escapando pelas laterais, seu rosto levemente vermelho e suas bochechas rosadas, um rosto angelical. Dona de um olhar meigo e ao mesmo tempo com um certo mistério.
___ Deve estar feliz não é mesmo? Seu filho retornou totalmente salvo, assim como disse que não faria mal a ele, não consegui fazer. - Arregalou os olhos.
__ Você pensou em fazer? Sua voz soa horrorizada e dei um sorriso de lado.
__ Vou tomar banho minha adorável esposa.
Caminhei até o quarto, escolho as roupas e seguindo para o banheiro. Enquanto a água cai sobre meu corpo, lembro dos flashs que veio na minha mente, como posso ter sido tão idiota? Embora que de uma coisa eu tenho certeza, não irei cair novamente.
Términei o banho e fui jantar, dessa vez daria o gostinho dela bancar a esposa atenciosa, cheguei na cozinha e me sentei na mesa. Ela se virou e me olhou com um leve sorriso colocando tudo na mesa.
___ Cadê o garoto? Questiono pois não vejo o Guilherme.
__ Ele vai ficar com a minha mãe hoje, Talita e Ricardo querem gostar do sobrinho. Balança a cabeça sorrindo__ Seu amigo junto com meu filho parece um adolescente.
___ Ricardo me parece tão sério, não consigo imaginar ele com uma criança.
__ Sério o Ricardo? Definitivamente ele é tudo menos sério, Ricardo é um eterno moleque, aquele jeito engomado é só para disfarçar. Senta-se na minha frente colocando sua refeição. - Olhei para o prato que está com uma cara ótima. Começo a comer e definitivamente está muito bom.
__ Pelo visto gostou. - Comentou e parei de comer por um momento a olhando curioso, ela sequer tinha mexido no seu prato, e me mirava com expectativa.
__ Estou com muita fome. - Justifico e revira os olhos e começa comer.
___ Aliás, queria te avisar que amanhã a garota para qual eu trabalho, vai vir passar umas semanas morando aqui. - Escutei barulhos de talheres.
__ é algum tipo de piada? Porque se for Yuri, não tem graça. - Dou um sorrisinho.
___Não é piada, meu chefe vai viajar e pediu para escondê-la aqui, e tem medo de que algo aconteça, já que está recebendo ameaças de morte. - Explico e se levanta batendo palmas.
___Que lindo Yuri! vai colocar a família inteira em risco por causa de uma garota? _ Pois diga para seu chefe que não vai poder, que contrate outro segurança. -Dessa vez sou eu que soltei os talheres.
___ Não mesmo! acho que não entendeu minha esposa, não estou pedindo sua permissão, estou apenas avisando sobre o ocorrido. Se não concorda, me dê o divórcio simples assim. - Balança a cabeça incrédula.
__ é tudo que você quer né? Se livrar de mim, mas eu não vou desistir tão fácil, tudo bem, deixe-a vir, só que a garota vai ter que dormir no seu quarto querido e claro, você vai ter que se mudar para o meu. - Falou convencida e soltei uma risada irônica. Me levantei indo na sua direção.
__ Infelizmente vou ter que recusar, ela vai dormir com você, porque só se eu estivesse completamente louco, iria dividir a mesma cama com uma mulher feito você. Agora se não aceitar, sem problema! Eu dividirei com ela. - Faço uma expressão maliciosa e um tapa é desferido sobre meu rosto, a encaro enfurecido.
__ Como ousa me dizer tamanha baixaria?! - Me olhou furiosa correndo para o quarto, passei a mão no rosto no local onde me esbofeteou.
__Definitivamente você não deveria ter feito isso. - Murmuro surpreso.