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capitulo 3

Fanny.

 

Me retirei daquele corredor segurando as lágrimas, Yuri nunca havia sido tão rude e grosseiro comigo, aquelas palavras ecoavam na minha mente repetidamente e por incrível que pareça, sentia a estranha sensação que era apenas o começo,  e que precisava ser forte, não sei que tipo de lavagem cerebral seus pais fizeram, mas certamente conseguiram o que queriam, Yuri acredita piamente que sou a pior das mulheres.

No entanto, mostrarei que está errado.

Peguei seu cobertor em minhas mãos dando um longo suspiro, não era exatamente isso que planejava a respeito do meu casamento, de qualquer jeito, estou agradecida por ele estar vivo, e por Deus ter permitido essa chance de recomeçar.

Passei pelo corredor, carregando o cobertor em mãos e coloquei sobre sua cama, me sentando logo em seguida, escutei o barulho da porta do carro, com certeza deve estar pegando suas malas, prefiro me retirar e deixar que arrume suas coisas em paz.

Fecho a porta do seu quarto e o avistei se aproximando, girei o corpo na direção contraria e sigo para a cozinha, não queria encará-lo.

Como cozinhar não é uma das minhas especialidades, liguei para minha irmã, e pedi para ela mandar uma de suas melhores receitas.

__ Como estão as coisas por aí? - Perguntou em um tom preocupada.

__ Bem. até agora, não temos conversado muito, mas logo vou mostrar minhas anotações. - Sorri despejando o molho na panela e checando no notebook.

__ Por que não disse a ele que não é acostumada cozinhar? Que antes tinha cozinheira em casa, e depois,  sempre era nossa mãe que fazia comida.

__ Para Yuri confirmar que eu sou uma inútil, como a mãe dele já deve ter mencionado? E outra, andei treinando esses meses que ele estava em coma. Acho que com a ajuda da receita que me mandou, vai ficar muito bom.

__ Tenho certeza de que sim, você é bem dedicada quando quer fazer algo. - Soltou uma risadinha.

__ Você me conhece tão bem, pode ter certeza, não vou cansar até conseguir ter um ótimo resultado.

__ Boa sorte Fanny! qualquer problema me avisa, se o Yuri te tratar mal, já sabe, não deixe ele fazer com você o que Gael fazia.

__sim mana tchau, vou desligar. Fica com Deus!

__Você também, te amo.

__Também te amo.

__Posso saber com quem está falando? - Sua voz grossa fez com que meu corpo desse um sobressalto. - Me virei e estava sentado na mesa já devidamente trocado, e com cara de poucos amigos.

__Talita. - Respondi sem muito animo e sua expressão se suaviza.

__Devia se concentrar no que está fazendo, ao invés de ficar falando no celular. - Disse e forcei um sorriso.

__ é exatamente isso que vou fazer. Quero fazer um jantar perfeito para meu marido.

Um tortuoso silêncio se instalou na cozinha. Desviei o olhar e voltei a me concentrar na comida. Mesmo sabendo que estava a inspecionar-me.

__ Vou dar uma volta ao redor da casa. - Comunicou de repente se levantando.

__ Aproveita e pede para o Guilherme vir que logo, vou dar banho nele. - Disse sem ter certeza de que ele escutou. Coloquei uma música gospel no aparelho da cozinha, e canto enquanto contínuo meus afazeres. Poder louvar a Deus é um grande privilégio, pena que demorei tanto para entender o quanto necessito dele.

Já estava quase terminando de arrumar a mesa, coloquei a mão na cintura satisfeita com o resultado. Tudo estava impecável.

__ Mãe, a senhora estava me chamando?  __Uau! quanta comida.

__Gostou filho? Está incrível, não é? - Alisei a toalha e alinhei os talheres. Balançou a cabeça em concordância. _ Então vai tomar banho que logo iremos jantar. __O Yuri está lá fora?

__ Tio Yuri saiu, disse que vai voltar a noite e não precisa esperá-lo acordada. - Abri a boca incrédula.

__ Ele realmente disse isso? Minha voz saiu mais aborrecida do que deveria.

__ Sim mãe, vou tomar banho, estou morrendo de fome. - Guilherme correu para o banheiro e puxei a cadeira me sentando deslocada. Por que ele está fazendo isso? Nem está ao menos me dando a chance de tentar reconquistá-lo.

.......

Términei o jantar com meu filho, em seguida tomei um banho e coloquei uma roupa confortável, antes de dormir Guilherme gosta de assistir desenho, então fiquei na sala com ele até pegar no sono, as horas do relógio passaram rapidamente, percebi que já era madrugada e nada dele voltar. Talvez tenha mudado de ideia, e resolvido dormir na casa da sua mãe, meus olhos começaram a pesar e desisto de esperá-lo. Peguei meu filho no colo e o coloquei sobre sua cama, dou lhe um beijo de boa noite, e vou direto para o meu quarto. Me ponho de joelhos ao chão.

__ Senhor, hoje só quero agradecer por esse dia, sei que as coisas estão meio difíceis aqui em casa, mas vou tentar ser perseverante, essa é apenas mais uma das batalhas que terei que enfrentar, apenas te peço forças para lidar com tudo isso e se possível, fazer com que Yuri volte a ser como antes, mas se sua vontade for outra, me ajude a compreender seus planos, não sei onde ele se encontra agora, mas o proteja de todo mal, eu entrego tudo nas suas mãos na certeza da vitória.

Me levantei e me preparei para dormir. Estava prestes a pagar as luzes, quando escutei barulho de algo caindo do lado de fora da casa, no primeiro momento pensei que não fosse nada, mas em seguida escuto risadas.

__ Não é possível. - Murmurei contragosto.

Sai pisando firme indo em direção a porta.

Destranquei me preparando para o que viria depois e foi o que mais temia, Yuri estava abraçado com aquela garota novamente,  totalmente bêbado.

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__Shiii! acho que acordamos alguém. - Colocou o dedo sobre seus lábios e me olhou chacoteador.

Cruzei os braços o olhando por um momento, sem saber o que fazer.

__Me desculpa por incomodar, Yuri passou um pouco da conta e viemos trazê-los. A culpa é minha confesso. - Ela ergue uma mão fazendo cara de inocente.

__Não. - Bate na sua mão. ___ Você não é culpada Mia, é um anjo que caiu do céu. Só esqueceu de um detalhe lucifer caiu do céu.- Sílaba enrolado acariciando seu cabelo como se fosse uma criança e reviro os olhos. ___ Já essa daí é uma mulher má, muito, muito má. - Aponta contra meu peito estreitando os olhos.

__Chega! não tenho estômago para ver isso, o coloque no sofá por favor. - Dou passagem. 

__Sinto muito por isso. Não sabíamos que ele era fraco para bebida. - Cruza os braços o olhando.

__ Sim, na verdade ele odeia beber ou odiava, nem o reconheço mais.

__ Bom eu já vou, meu pai deve estar uma fera, e meu irmão está me esperando no carro.

__Não vá, não me abandone com essa mulher manipuladora. - brada e ela solta uma risadinha nos deixando a sós.

__O que foi mamãe? Vai me dar bronca. - Me olha sarcástico enquanto tenta se ajeitar no sofá se encostando.

__Você não tem vergonha Yuri? é assim que pretende dar uma chance a nós? Saindo com outra para se divertir? __Me humilhando na frente dela. - Ele Esfrega as têmporas olhando para o teto.

__ Desculpa. - Inclina o pescoço me fitando. __ Mas o que devo fazer se não sinto nada por você? Não prometi ser um bom marido.

__ Então está fazendo de propósito?

__Não. - Fecha a cara. __ Apenas não sei ser um bom marido é o que quis dizer. - Desvia o olhar. E abro um sorriso acolhedor.

__ é claro que te desculpo meu amor. Sento-me ao seu lado tocando seu rosto delicadamente, encolhe os ombros se recuando para trás surpreso. ___ Sei que a falta de memória está te deixando confuso, mas vou te ajudar a se lembrar. - Estreita os olhos desconfiado em seguida suas safiras se tornam dilatadas e consigo presenciar certo brilho de excitação na sua íris, ele abre o mesmo sorriso de antes o sorriso que faz meu corpo estremecer. Tento tomar uma distância segura, mas puxa meu braço com força me impedindo. - O fito com os olhos esbugalhados.

__Que tal começarmos por isso? - Crispo os olhos e minha respiração aumenta de frequência, Yuri se curva tentando me beijar e me esquivo a tempo me desprendendo dele abruptamente.

__ Que tipo de mulher pensa que sou? Acha mesmo que vou te beijar nessas condições? Ainda mais depois de te ver com a aquela garota? Me levanto e começo andar de um lado para o outro nervosa,  tentando fazer meu coração se aquietar.

 

__ Achei que queria me fazer lembrar. - Breco e o vejo colocar os braços de baixo da cabeça encostando no sofá, me encara com um sorriso divertido nos lábios.

__Lembrar do que? Se você está bêbado. Yuri eu não sei o que disseram de mim para você, mas está redondamente enganado quanto ao meu caráter, eu te amo muito, mas nunca vou me entregar a você, se não tiver certeza de que sente o mesmo. Seu corpo não me interessa se por dentro estiver um espírito podre. - Disparo as palavras o mirando firme e saiu para meu quarto furiosa, era só o que me faltava!

Acordei no dia seguinte, com a luz da janela refletindo no meu quarto, me espreguicei olhando para o relógio e arregalo os olhos.

__Droga, eu estou atrasada! Levantei-me tropeçando nos meus próprios pés e acabei por quase levar um tombo, fui até o armário, peguei meu uniforme e minhas roupas intimas, e corri para o banheiro tomar um banho rápido. Enquanto estava me lavando, escutei risadas na cozinha, sabia de quem se tratava, senti por um momento meu coração borbulhar em contentamento, só de pensar em ver os dois juntos. Terminei o banho, e me arrumei, por fim fui para cozinha.

__ Bom dia mamãe, a senhora está linda, não está tio Yuri? - Beijei o rosto do meu querido filho, enquanto uma parede se virou do fogão e lançou um rápido olhar na minha direção.

__Acostuma acordar essa hora para trabalhar? - Indaga sério. Era ilusão demais achar que ele iria me elogiar?

__ Meu celular não despertou. -Puxei a cadeira me sentando. ___ E você? Não devia estar trabalhando ao invés de fazer panquecas para o Gui. - Sorri não contendo minha felicidade.

__Que estão deliciosas. - Murmura  com a boca cheia.

__Hoje vou um pouco mais tarde, o garoto acordou com fome e já que fiz para mim. -Colocou o prato na mesa a minha frente. _ Toma. Se não estiver boa, faça você mesma. - Mordo o lábio acenando.

__Gui você orou antes de comer? Pergunto e ele confirma. E Você? O encaro em expectativa.

__Eu o que? - Disse mastigando e semicerro os olhos.

__Devemos sempre agradecer a comida a Deus é o mínimo que se deve fazer. - Ele dá de ombros.

__ Então agradeça - Falou seco e juntei os olhos. - Coloco os braços sobre a mesa e junto minhas mãos fechando os olhos.

__ Meu Deus! obrigado por essa refeição maravilhosa que o senhor tem nos presenteado, é mais do que merecemos e te peço que nunca nos deixe faltar nosso pão de cada dia, amém! Em seguida começo a comer e sinto seu olhar sobre mim. - Lanço um olhar para ele que logo disfarçou voltando a comer.

__Já estou satisfeito, agora vou trabalhar.

__ Yuri Espere! Agarro seu braço. ___ Pode me levar até a loja? - Dou um sorriso sem graça e trava a mandíbula com os olhos cerrados.

__ Claro, Vamos.

__Vou pegar minha bolsa, Gui pega seu material, vamos passar na casa da vovó para depois ir à escola. - Ele correu em direção ao quarto.

Chegamos na sala, Yuri para de mexer no celular e se levanta. Seguimos em direção ao carro, Gui se senta atrás e dou a volta no passageiro, coloquei o cinto de segurança. Mesmo notando que ele parece incomodado com minha presença, ignoro, ele liga o carro e aproveito a deixa e começo a mexer na minha bolsa.

__Fiz algumas anotações nesse caderno, aqui estão os lugares que mais gostávamos de ir juntos, desde adolescentes, até o último lugar que me pediu em casamento. - Yuri mantém a postura ereta concentrado na estrada.

__Acha mesmo que completando sua Lista idio... quero dizer essa lista, vai me fazer recuperar a memória? Você pensa que tem tanto poder assim sobre mim?- Lança um olhar ácido.

__ Não acho nada, e não custa tentar. - Rebato seria.

__ Como quiser, até porque tenho certeza de que não vai acontecer. Aquele Yuri morreu junto com aquele acidente, devia começar a aceitar ou vai acabar se machucando ainda mais. - Breca o carro subitamente me assustando.

__ Chegamos. Eu levo o garoto para casa da sua mãe. - Percebo que estamos em frente à loja. O fitei desconfiada, sinceramente não sabia se podia confiar meu filho nas mãos desse homem que o Yuri tinha se tornado, que era totalmente estranho para mim.

__Não, eu mesmo levo. -  retruco com receio. - soltou uma risada inclinando a cabeça para trás. Tirou o cinto e se aproxima segurando meu queixo.

__O que foi? Não confia em mim? Seu olhar demonstra total frieza e me causa arrepios, sabia que tinha algo errado no Yuri, só não sabia explicar o que era. Mesmo assim custo a aceitar que meu Yuri tenha ido embora.

__ Na verdade tudo bem, tirei sua mão do meu rosto. __ Sei que jamais machucaria meu filho, você arriscou sua vida para salvá-lo, porque nos amava. - Sorri convicta e pego a bolsa descendo do carro. Antes de entrar na loja escuto sua voz.

__ Esse é seu problema, achar que aquele Yuri existe, você não sabe o que o Yuri que não é seu capacho é capaz de fazer. Não deveria confiar tanto assim em mim. - Paralisei no caminho e o escuto arrancar o carro, e meu coração se aperta.

Que o Senhor os proteja, seja o que for que o Yuri esteja tramando, que o Senhor com sua forte mão o impeça de fazê-lo. Orei mentalmente e respirei fundo entrando para a loja confiante, e mantendo meu Espírito em paz.

 

 

 

 

 

 

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