Capitulo 2
Yuri.
Depois que tive alta do hospital, resolvi então voltar para casa dos meus pais, como Estefannya não veio me procurar novamente, percebi que talvez minha mãe tivesse razão, não é de me admirar tamanha beleza, deve ser por isso que todos os homens caem aos seus pés, inclusive eu.
Quando cheguei na loja de joias com a Mia, não fazia ideia que a encontraria lá, não estava preparado para vê-la, ainda havia uma grande confusão na minha mente, eu não a amava, não sentia nada por ela, exceto atração física, Mia era linda também, mas eram belezas totalmente distintas, de alguma forma Estefannya me atraia muito mais fisicamente. Quando fez aquela cena toda de ciúmes e me abraçou, por um minuto acreditei que realmente me amava, por isso decidi não julgar antes, e fui procurar uma terceira opinião.
__ Tem certeza de que quer fazer isso? - Mia apertou meu braço lançando um olhar inseguro.
__ Sim, tenho que saber quem é a mulher com quem me casei, se não quiser entrar tudo bem. - Levo meus dedos tocando seu rosto de forma delicada. Mia é uma garota muito especial, descobri que antes do acidente era segurança dela e do seu irmão, e acabei retornando ao meu antigo trabalho, também notei que ela é um pouco inconsequente pelas histórias que me contou, porém disse que estava mudando com minha ajuda.
__ Tudo bem, eu entro, mesmo não gostando daqui, afinal já estive nesse lugar, foi apenas dois dias, mas acredite é horrível. - Faz uma expressão de nojo e solto uma risada.
Entramos na delegacia juntos, o policial pediu para que ambos aguardássemos, sentamo-nos ao lado um do outro, minhas mãos estavam estranhamente suadas e minha boca seca, esfreguei elas sobre minhas coxas e respirei fundo. Mia me olhou e segurou minha mão.
__ Olha que coisa! quando me disseram, não acreditei. - Uma voz grossa e debochada atingiu meus tímpanos. - Girei o pescoço olhando para figura masculina responsável pelo meu suposto acidente. Era um homem comum, e provavelmente temos pouca diferença de idade, em termos de estatura era até mais forte que ele. Apesar da barba grande e olheiras profundas, não me causava nenhum temor.
__ Pois é, não foi dessa vez que conseguiu me matar. - Sorri provocativo após analisá-lo.
__Infelizmente. - Puxa a cadeira sentando-se na minha frente, e lança um olhar indiscreto para Mia me fazendo sentir incomodado.
__ E você boneca? não vai se apresentar?
__Não. Ela é só uma acompanhante. O corto - O assunto é entre nós dois. - O mirei interrogativo.
__ Pois bem, o que quer saber Yuri? Aliás até agora não consigo entender o que faz aqui, já que está casado com minha mulher, o que garanto não vai ser por muito tempo. - Quica os ombros indiferente, encostando na cadeira relaxado.
__Por que não? Estefannya me ama.
__Realmente acha isso? Sabe por que ela te largou? Ela não suportava a vida medíocre e entediante que tinha com você, acha que a conhece? Sinto lhe informar, a garota que conhece não é a verdadeira Estefanny. Nem mesmo sua família sabe quem ela é de verdade. - Me apoio na mesa sondando sua expressão. Como não tinha memoria, resolvi criar um hábito de ler a expressão facial das pessoas, para saber se estão mentindo, não era nenhum expecte nisso ainda, mas com o tempo posso melhorar. Como não consegui decifrar se estava mentindo ou não, apenas prossegui.
__O que quer dizer com isso? - Minha voz sai mais baixa que deveria.
__ Sabe por que nos separamos? Porque Fanny descobriu que eu a estava traindo. Porque cansei de ser controlado por ela, nunca deixei mulher nenhuma mandar em mim, mas fanny sempre teve tudo comigo, dinheiro, poder, luxo, com sua ajuda conseguimos tudo, na Europa eu tinha um cassino e Estefanny era a atração do lugar, com sua beleza e carisma chamava a atenção de todos. Seus olhos mostravam satisfação me causando repulsa. __ Ela amava isso, gostava de controlar a situação, mas eu nunca deixei ninguém a tocar, porque ela é minha e de mais ninguém, só que Fanny nunca foi muito obediente, um belo dia a peguei com meu melhor amigo, claro que deu suas desculpas esfarrapadas e obviamente não acreditei, devolvendo na mesma moeda, Fanny ficou furiosa claro, e para me pirraçar fugiu com o garoto me deixando de mãos abanando.
__E se não bastasse?! depois de tanto sua irmã encher sua cabeça, se separou definitivamente de mim. Se quiser provas é só ir ao meu antigo apartamento, te dou autorização para entrar e ver as fotos e os vídeos de tudo que fazíamos juntos, incluindo festas, rachas e outras coisinhas mais. -Arqueia a sobrancelha sugestivo.
___ Não é necessário. Isso foi o suficiente. - Soco a mesa me levantando irado, tendo o desprazer de ver sua expressão triunfante.
Minha mãe estava certa o tempo todo. Por isso agora vou fazer o que ela quer, vou me vingar da Estefannya, por destruir nossa família. Não consigo entender como estive tão cego a ponto de me casar com essa mulher.
__ De qualquer forma, aproveite ela enquanto é tempo, logo ela vai se cansar de você, assim como fez comigo. - Ignoro sua provocação e me retiro totalmente transtornado.
__Calma Yuri! entendo que esteja transtornado diante de tantas revelações, só que tem que pensar antes de tomar qualquer decisão precipitada. - Mia me abraça fora da delegacia me tranquilizando.
__ Você é um anjo Mia. Devia ter me apaixonado por uma mulher como você. Confesso no calor do momento e levanta a cabeça sorrindo.
__ Ainda está em tempo senhor Yuri. Basta você querer. -Sorrio de forma atraente e consigo captar suas intenções, me afasto após perceber que falei besteira.
Levei Mia para casa, em seguida ligo Estefannya avisando que amanhã mesmo iria me mudar para nossa casa, ela soltou um grito de felicidade que quase me deixou surdo, uma das coisas que me chamava atenção nela, era sua personalidade, parecia ser muito energética e impulsiva e isso me intrigava.
Desligo o celular, começo a pensar em como as coisas funcionária de amanhã em diante.
__Vai mesmo se mudar amanhã? - Minha mãe apareceu na porta do quarto.
__ Sim, vou acabar com isso o quanto antes, não é vingança que a senhora quer? Irei fazer sua vontade. - Estefannya vai se arrepender por ter brincado conosco, irei ser o pior homem da vida dela, e vai se sentir obrigada a me dar o divórcio.
__Assim espero, tenho medo de que acabe se deixando levar pelas palavras doces e a carinha de santa dela. Caminha até mim se sentando do meu lado. __Lembre-se Yuri, ela não te ama de verdade, não importa o quanto diga que sim, o quanto distorça as coisas, ela nunca te amou ou jamais teria o deixado, você é só mais um brinquedinho dela.
__ Já entendi mãe, fica tranquila, se minha memória não retornar, certamente nunca irei amá-la, entretanto se isso acontecer não posso dizer o mesmo, porque talvez com as lembranças o sentimento retorne. A alerto seriamente.
__ Tem razão, por isso faça ela se divorciar-se de você o quanto antes. Para quando sua memória voltar, estar bem longe dela e talvez até em outra.
__ Mãe...
__Filho, acha que não vejo como aquela garota te olha? Ela está totalmente apaixonada e eu se fosse você, daria uma oportunidade para ela, diferente da Estefanny, ela te trata como você merece.
__ Está bem, agora tenho que ficar sozinho. Preciso arrumar minhas coisas. - Ela concorda e se retira. Vou até o armário e começo colocar as roupas nas malas, sem memória e recém-casado, poderia ser pior? Definitivamente não.
Estou quase terminando quando uma foto cai no chão, agachei-me pegando e quando olho vejo que é dela.
Ela era realmente belíssima, balanço a cabeça e coloco dentro do paletó. Não poderia deixar me levar pelo olhar inocente dela. No fundo é uma mulher perversa, capaz de tudo para conseguir o que quer.
Acordo, depois de tomar um banho e meu café diário, despeço da minha família, Estefânya já estava me esperando na nossa casa, me informou o endereço, como não sabia onde era liguei o GPS.
Era a 7 km daqui, não iria demorar muito, enquanto dirijo atento pela estrada, tentava colocar as coisas no seu devido lugar, não posso negar que me incomodava o fato de não me lembrar de nada, principalmente do meu passado, perguntas do tipo será que o Yuri de antes faria o que estou prestes a fazer? Envadiam sem permissão. De fato, não sei em quem acreditar e confiar, até agora as únicas pessoas que mais me pareceram verdadeiras foram Mia e Ricardo. Porém, devo pesar que ele é casado com a irmã dela e claro que a defenderia com afinco. Mia é a única que conheceu o verdadeiro Yuri, a única que não teve contato nenhum com ambas as partes, e me pareceu ser sincera quando falou que eu vivia falando da minha mulher, que realmente era apaixonado por ela e que confessei que nunca consegui me firmar em um relacionamento com ninguém, por isso, não me parece um amor coerente e saudável.
Desligo o motor parando em frente à sua casa, vejo que é em um lugar afastado da cidade, uma casa de campo, eu realmente gosto desse tipo de lugar? Porque com certeza não tem nada a ver com ela. De longe a avistei na frente sorridente, está usando um vestido florado e uma bota de couro, dando-lhe um ar de doçura e delicadeza, seria tolo se não percebesse o quanto ela é linda, Estefannya é o tipo que não irá passar despercebida nem que quisesse, respiro fundo tirando o cinto e desço do carro.
Dou a volta tirando os óculos escuros analisando o lugar, era bem maior do que eu esperava.
__ Tio Yuri! - Uma voz fina toma conta do lugar, de longe avisto um garotinho correndo para mim com as mãos cheias de barro.
__ Guilherme não! Ela grita, mas é tarde, o garoto abraça minha calça a sujando de terra. Sorri e tiro os óculos me agachando o pegando no colo.
__ Ei garotão! - Agarra meu pescoço de forma inocente.
__ Senti muita sua falta, tio Yuri...
__ Desculpa por isso. - Ela se aproxima sorrindo envergonhada olhando para meu terno, que agora está totalmente sujo de barro.
__Sem problemas, roupas podem ser lavadas não é mesmo? Aliás uma criança é um ser totalmente inocente, diferente dos adultos, tão calculistas e sem escrúpulos.
__ O que está insinuando? - Cruza os braços e me lança um olhar ardiloso.
__ Nada, me apresente a casa.
A Sigo com o garoto no colo, em seguida o solto no chão entrando, minha esposa apresenta cada cômodo da casa orgulhosa e animada, me conta que tinha guardado uma boa quantia em dinheiro e quando nos casamos, não pensei duas vezes e comprei essa casa de campo.
__ No começo fiquei com receio de não me acostumar, sempre morei na cidade ou em apartamentos. Mas desde o dia que você entrou em coma visitava aqui diariamente, ficava um tempo olhando a lagoa, admirando as estrelas, sentindo o frescor da natureza e vendo o quanto Deus é maravilhoso. Orava todos os dias para que você recuperasse logo, e assim poderíamos desfrutar desse lugar juntos.
__ Então. Você tem uma religião?
__ Eu sirvo a Cristo, foi ele que me Deus forças para suportar quando não estava, você também estava o servindo, aliás foi o primeiro a ir. - Sorrio de lado.
__ Interessante, onde ficam os quartos? Passo por ela sério e escuto um bufar de frustração.
___ No corredor a direita, tem três quartos, e um é de visita. - Abro a porta e dou uma analisada.
__ Agora um deles é meu. - Inquiro a fitando enquanto fecho a porta de madeira.
__ Está falando sério? Achei que...
__ Achou errado, a minha condição é que enquanto não me apaixonar por você, não vamos ter nada, acredite ou não, sou um perfeito cavaleiro. - Sorri debochado.
__ Não gosto que me chame formalmente, pode me chamar de Fanny e eu não pretendia ter nada com você, mas não vejo nada demais dormimos juntos. - Se Justifica e dei uma risada e a olho de cima para baixo.
__De forma alguma. - Dou um passo na sua frente aproximando nossos rostos. Ela sustenta o contato visual mantendo a pose, porém por um segundo seus olhos vacilam e se desviam para meus lábios, inclinei-me perto do seu ouvido. __Eu posso não te amar, mas como você eu também não sou cego, e sei apreciar uma bela vista Fanny, e devo-lhe confessar que é uma mulher deslumbrante. - Sussurro e afasto meu rosto tendo o prazer de vê-la ruborizar. __ é uma pena que por dentro não vale nada. - Completo tornando minha expressão séria e observo seus olhos se encherem de lágrimas.
__ Vou pegar seu cobertor. força um sorriso e sai correndo para o outro quarto. - A observo retirar-se me sentindo um pouco desconfortável, sei que fui um cretíno, mas não poderia amolecer, afinal minha mãe disse que ela se faria de coitadinha, agora vamos ver quanto tempo vai demorar para sua máscara finalmente cair.