Capitulo 1
Fanny.
Deixei o hospital totalmente desolada, mesmo sabendo que eu precisava ser forte, não era tão simples assim, estou prestes a perder o homem que eu amo, que após estar em coma durante meses finalmente acordou. Só que para minha infelicidade, nem se recorda de mim. Nunca havia me olhado de uma maneira tão fria como agora, ele realmente acreditou nas palavras daquela mulher, que agora está disposta a fazer de tudo para estragar meu casamento. Mas não irei permitir! Como já disse, amo meu marido e vou lutar por ele.
Peguei o carro seguindo rumo a casa da minha mãe, as lágrimas insistiam em cair, mesmo tendo me esforçado para ignorá-las, a verdade é que estou devastada, não queria questionar a Deus, sei que ele deve ter um motivo para isso. E no final, vai acabar tudo bem, tem que acabar, Talita com certeza tem razão quando disse: ‘Não existem erros nos planos de Deus.
Quando finalmente cheguei em casa, senti novamente o aperto no peito e a sensação de impotência, o qual foi banido rapidamente ao presenciar um serzinho vindo ao meu encontro sorridente.
__ Mamãe! - Me abraçou carinhosamente.
__Meu Amor, como você está cheiroso. - Inspirei seu perfume doce.
__ Vovó me deu banho, disse que tio Yuri volta hoje. -Meu sorriso morreu ao ouvir suas inocentes palavras. Lanço um olhar para minha mãe e parece que entende o recado.
__Querido, vai brincar com bob, tenho algo para conversar com sua mãe. - Ele acena sorrindo e sai correndo para fora.
__O que houve querida? Que carinha é essa? Toca meu rosto com as pontas dos dedos.
__ Ele não se lembra de mim mãe, Yuri perdeu a memória, não lembra de ninguém e agora aquela mulher vai se aproveitar dessa situação para nos separar. - Mordo o lábio inferior segurando as lágrimas, me abraça me confortando.
__ Calma Fanny, não tire conclusões precipitadas, pode ser algo passageiro.
__ E se não for mãe? Como vai ser? Se ele não me quiser mais como sua esposa. - Dá um leve sorriso.
__ Eu vi aquele garoto crescer, e nunca ninguém te olhou da mesma forma que ele te olhava, como te protegia de tudo e todos. O quanto se preocupava com seu bem-estar, mesmo o desprezando várias vezes. E quando se reencontraram, não se importou com o fato de ter um filho de outro homem, e dele ser uma má pessoa, sabia os riscos de se casar com você e mesmo assim em nenhum momento retrocedeu. Não acredito que um amor assim se acabe, mesmo que todas as memórias sejam deletadas, o sentimento continua vivo dentro dele. - Aceno concordando.
__ Tem razão. A senhora está certa, Yuri sempre me amou incondicionalmente que cheguei a pensar, que não merecia tamanho amor.
__ Você merece filha, é uma mulher incrível, fez escolhas erradas sim no passado, mas todos nós erramos e agora você tem a oportunidade de recomeçar. - Lute pelo seu marido, não faça menos do que ele faria por você.
__ Pode deixar, é exatamente o que irei fazer.
A semana prosseguiu vagarosamente, Yuri ainda não tinha entrado em contato comigo, descobri pelo Ricardo que já tinha pegado alta do hospital e foi ficar alguns dias com seus pais, estava ciente que quanto mais longe de mim permanecia, mas difícil seria recuperá-lo, contudo, precisava dar esse espaço para poder organizar seus sentimentos.
Fui para o trabalho cedo, consegui arrumar um trabalho de atendente em uma loja de joias, o salário não era grande coisa, mas o suficiente para sustentar a mim e meu filho, sem contar que Guilherme estava recebendo dinheiro do Gael.
Porém, não posso negar que estava me sentindo incomodada com o fato de ainda morar com minha mãe, queria poder viver na minha própria casa o quanto antes, só que isso não dependia apenas de mim.
Começo a limpar algumas peças com cuidado, não podia deixar de vislumbrar aquelas joias reluzentes; uma mais linda que a outra, e os valores doía meu bolso apenas de pensar, retomo a atenção da minha breve distração, quando escuto as assistentes cochichando ao meu lado.
__ Ela não perde tempo mesmo, olha o homem maravilhoso que está ao seu lado. Recomponha-se, parece que ambos veio comprar alguma joia...
__ O que essa garota tem de bonita, tem de perversa, faz todos caírem aos seus pés e com esse não será diferente, sinto até pena da esposa dele, porque com certeza é casado, afinal é sua especialidade roubar homens comprometidos. - Certamente eu deveria segurar minha língua, mas já estou cansada de ver essas duas fofocando por aqui.
__Por que vocês acham que o homem é casado? E essa moça? Já que nem devem conhecê-la direito para ficar julgando as pessoas dessa forma. Retruco levemente incomodada. - As duas me olham chocadas e quando uma delas abre a boca para retrucar, é interrompida por uma voz estridente.
__Venha Yuri! acho que gostei daquele. -Me viro imediatamente sem acreditar no que meus olhos conseguem avistar, seus olhos capturaram os meus e as suas sobrancelhas se elevam instantaneamente, minha mente fica em branco.
__ Moça, poderia pegar esse colar por favor. - Desvio o olhar dele e lanço um para ela, que já se encontravam na minha frente. - Crispei os olhos e balancei a cabeça recuperando meus sentidos.
__ Claro fofa! Respondo irônica. Ela direciona-se o olhar para mim se dando conta.
__Fanny é você? Que coincidência não é mesmo Yuri? - Sorrio humorada.
__ Sim Mia. - Responde sem graça passando a mão por trás da nuca.
__ Nossa! Esse é realmente perfeito! Pode colocar em mim por favor. - Pega o colar da minha mão e entrega para meu marido, que faz o que ela pede sem hesitar. - Desvio o olhar para o outro lado e fecho os punhos para não ver aquela cena ridícula.
__O que achou Fanny? Ficou perfeito em mim não? Se exibiu procurando atingir-me.
__ Sim, ficou muito bonito. - Sorri forjado.
__ Não achou Yuri? Está lindo nela. Indago e vejo contrair os cantos dos lábios para baixo demonstrando confusão.
__ Sim. Está linda. Responde tentando transparecer uma sinceridade. - Solto uma lufada de ar.
__ Quer saber? Bato a caixinha na mesa com força assustando todos _ você vem comigo agora! Semicerrei os olhos e dou a volta pelo balcão pegando sua mão o arrastando para fora, e caminhou comigo um pouco relutante...
__O que pensa que está fazendo? - Puxa sua mão assim que chegamos do lado de fora e cruza os braços contraindo as sobrancelhas.
__ Estou defendendo o que é meu, está louco se pensa que vou deixar um filhote de Jezabel te tirar de mim. - O olho enraivecido.
__ Filhote de quem? Reviro os olhos.
__Yuri, eu te dei uma semana para colocar sua cabeça no lugar. E você em vez disso está gravando novas memórias com outra. Qual é o seu problema? Estamos casados ou isso não significa nada para você?
__ Quer mesmo saber a verdade? Dá um passo na minha direção me olhando friamente e dou um passo para trás amuada.
__ é isso então? Vai escolher acreditar na sua mãe, sem ao menos me dá a chance de defesa? Não quer recuperar sua memória? Eu posso te ajudar com isso. - Diminuo o tom de voz e seguro sua mão o olhando minuciosamente.
__Sinceramente? Não sei se deveria, se o que todos dizem for verdade, eu te amei como um idiota, e não acho que quero voltar a ser aquele bobo da corte de antigamente.
__ Todos? seus pais quer dizer? Yuri não é bem assim, eu nunca te fiz de idiota. Por favor, me deixa mostrar o quanto te amo? - Me aproximo segurando seu rosto o forçando me olhar.
__ Se eu aceitar morar com você e não sentir nada, promete que vai me dar o divórcio? Engoli seco. - Sabia que era um alto preço a pagar, mas eu não tinha outra escolha.
Afinal de contas era isso, ou deixar aquela garota vencer e destruir meu casamento.
__ Prometo! Se depois de seis meses sua memória não voltar, e você não se apaixonar por mim, te darei o divórcio. - Falei convicta e abriu um sorriso de lado, mas não era qualquer sorriso, tinha algo obscuro ali, algo que eu tinha medo de decifrar o que significava. De uma coisa eu tive certeza, aquele na minha frente não era o meu Yuri e não tinha certeza se um dia voltaria ser.
O abracei apertado, rodeando meus braços em sua cintura e pousando minha cabeça sobre seu peito, como sempre fazia desde jovens, fechei os olhos por minutos imaginando que tudo não passava de um pesadelo, e que ele iria falar que ainda me ama, porém, constatei que era real quando soltou um suspiro frustrado não correspondendo o abraço.
{.....}
Arrumei-me para a escola. Hoje me sentia mais feliz que nunca, estava namorando o garoto mais popular da escola e me sentia realizada.
Depois de colocar minha melhor roupa, deixei Talita e Yuri ir na frente, sabia o quanto ele era ciumento, e com certeza estragaria meu encontro perfeito. Passei o glitter antes de entrar na sala de música, onde eu iria encontrar com meu suposto príncipe encantado. Mas antes de abrir a porta, senti alguém segurar minha mão, virei-me e encontrei seus olhos me fitando de maneira preocupada.
__Não faça isso Fanny. - Me alertou e revirei os olhos.
__O que? Namorar o garoto mais gato da escola? O garoto que eu sou totalmente apaixonada? Se toca Yuri, você e eu nunca vai acontecer, já disse somos apenas amigos entendeu? A M I G O S, devia parar de me perseguir e ficar com a Talita, já que ela é apaixonada por você.
__Depois não diz que não te avisei. Tira a mão da maçaneta frustrado e sorri entrando, em questão de segundos meu sorriso morreu, ao ver meu suposto namorado de amassos com minha melhor amiga bem ali, na minha frente. Senti as lágrimas descerem e cegamente dei meia volta esbarrando em algo fazendo barulho, ambos me olharam com pesar e sai correndo corredor a fora. Escutei me chamarem, com certeza para se explicar, o que eles poderiam dizer? Eu tinha visto com meus próprios olhos.
Estava preste a atravessar a rua da escola, quando alguém agarrou minha cintura.
__ Ei se acalma! Vai acabar sofrendo um acidente.
__ Me solta Yuri! Anda diga? bem-feito por não ter me escutado. Vai! joga tudo na minha cara. -Bati em seu peito chorando.
__Sabe que jamais faria isso. Não te machucaria ainda mais. -Me fitou intensamente.
__ Você é um idiota, por que não vai cuidar da sua vida? Vive no meu pé, cuida da sua vida Yuri, me deixa em paz!
__ O que acha que estou tentando fazer agora? - Ele me puxou pela cintura me abraçando e meu coração acelereu de forma estranha __ sabe que sempre irei te proteger não é nanica? Principalmente de todos esses moleques, que só querem se aproveitar de você. Você é muito mais que um rostinho bonito, se pudesse se ver como eu te vejo Fanny, não deixaria te tratarem dessa forma. Minhas mãos que antes estavam caídas ao lado do meu corpo, o abraçaram de volta agarrando sua camisa. De todas as coisas que poderia dizer naquele momento, e a forma como aquelas palavras tinha revirado algo dentro de mim, a única que eu disse foi.
__Não me chame de nanica, não sou tão baixa, você que é um gigante. - O escutei gargalhar.
Naquele momento descobri o quanto eu amava ouvir sua risada.
(....)
__Você ainda me ama Yuri, só não descobriu ainda. - Murmurei sentindo seu corpo se enrijecer. Sabia que tinha me escutado porque se afastou bruscamente logo em seguida.